sábado, 29 de junho de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 136

I – NOTÍCIAS

1- Novo diretor da ANP é empossado
José Gutman. ANP 
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) celebrou hoje (27) a posse do seu novo diretor José Gutman. O evento na Escola Naval, no Rio de Janeiro, contou com a presença de cerca de 200 pessoas. O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão foi representado pelo secretário de Petróleo e Gás do Ministério, Marco Antônio Martins de Almeida. A diretora-geral Magda Chambriard e os diretores Helder Queiroz e Florival Carvalho também compuseram a mesa da cerimônia.
Primeiro servidor de carreira a ocupar o cargo de diretor na ANP, Gutman enfatizou o amplo escopo de atuação da Agência e os esforços para o contínuo aprimoramento da gestão administrativa, a implantação do planejamento estratégico para os próximos anos e a intensificação da capacitação dos servidores da ANP.
Natural do Rio de Janeiro, José Gutman formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro pela UFRJ em 1995 e em Direito pela Universidade Cândido Mendes, em 2005. Tornou-se Mestre em Planejamento Estratégico pela COPPE da UFRJ em 1998 e especialista em Regulação, Concorrência e Reestruturação de Setores de Infraestrutura, pelo Instituto de Economia da UFRJ, em 2000.
É servidor da ANP desde junho de 1999, quando foi contratado como servidor temporário para exercer a função de analista técnico. Em dezembro de 2005, tomou posse como servidor efetivo, após aprovação em concurso público, no cargo de especialista em regulação. De janeiro de 2005 até maio de 2013, atuou na Superintendência de Participações Governamentais como superintendente adjunto (2005 a 2008) e como superintendente (2008 a 2013).
Em quase uma década e meia atuando na ANP, participou de inúmeras vistorias, fiscalizações e visitas técnicas em instalações relacionadas à indústria de petróleo e gás natural, para fins de cálculo e distribuição dos royalties, em diversos Estados brasileiros.
Participou de diversos cursos e congressos no Brasil e no exterior. É é autor ou co-autor de publicações na área, entre as quais destaca-se o livro “Tributação e Outras Obrigações na Indústria do Petróleo” (Ed. Freitas Bastos, 2007).
Leilão do pré-sal
Durante o evento, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, anunciou que o leilão do pré-sal, que será realizado em 21 de outubro, atrairá todas as grandes empresas do mundo, 30 das quais já foram qualificadas como operadoras A (para águas profundas) na 11ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios realizada em maio.
Magda Chambriard destacou o excelente potencial do setor de petróleo e gás no Brasil e citou ainda a redução do preço do etanol em quatro estados: São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso, e em parte de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, estados responsáveis por 70% do consumo nacional do combustível.
Fonte: Revista TN Petróleo, Redação

2- Brasil passa a ser 4º destino mais procurado por investidores estrangeiros 
O Brasil subiu da quinta para a quarta posição entre os destinos mais procurados por investidores estrangeiros para produção no ano passado, mostrou um levantamento da Unctad, braço das Nações Unidas para o desenvolvimento. 
O país recebeu US$ 65 bilhões em 2012, volume inferior apenas aos registrados por Estados Unidos, China e Hong Kong. 
A melhora da posição do Brasil no ranking é explicada pela queda apenas suave no fluxo de investimentos para o país, de 2%, enquanto o fluxo mundial recuou 18% no período. Como a Bélgica --que ocupava a 3ª posição da lista em 2011-- deixou os primeiros lugares do ranking em 2012, o Brasil conseguiu avançar uma posição. 
"O Brasil teve investimentos praticamente estáveis no ano passado. Em relação ao mundo, recebeu 4,8% dos aportes. Isso não é pouca coisa. Não dá pra dizer que o Brasil deixou de ser o queridinho dos investidores", disse Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), que analisa os dados da Unctad para o Brasil. 
O investimento direto estrangeiro produtivo mundial foi de US$ 1,3 trilhão, cifra superior apenas à verificada em 2009, quando somou US$ 1,2 trilhão, e abaixo da média pré-crise de 2005 a 2007. 
O levantamento mostrou ainda que, pela primeira vez, os países emergentes passaram a receber mais da metade dos recursos produtivos mundiais. Eles foram responsáveis por 52% do total de investimentos, ante 44,5% em 2011.

EXPECTATIVA 
A expectativa da Sobeet é de que o Brasil receba US$ 60 bilhões em investimentos produtivos neste ano, diz Lima, considerando o fluxo que já recebeu até maio. Foram US$ 64 bilhões nos 12 meses encerrados em maio. 
Para o diretor do departamento de competitividade industrial do Ministério do Desenvolvimento, Alexandre Comin, uma recuperação do investimento está em curso no Brasil, porém, as manifestações dos últimos dias pioraram o humor dos empresários, o que levanta dúvidas sobre o comportamento do fluxo de recursos para a produção neste ano. 
Fonte: Editoria de Arte/Folhapress

3- Subsea 7 sofre com projeto da Petrobras e culpa dificuldades no Brasil
O grupo de engenharia offshore Subsea 7 enfrenta obstáculos em um de seus maiores projetos, culpando as dificuldades em fazer negócios no Brasil e aumentando as preocupações sobre o já abalado setor de serviços de petróleo. 
Listada em Oslo, na Noruega, a empresa afirmou na última quinta-feira ter reduzido perspectivas para 2013, enfrentando excesso de custos e atrasos em um grande projeto offshore da Petrobras, anúncio que fez seus papéis caírem 19 por cento. 
A Subsea 7 afirmou que os custos no seu projeto Guará-Lula, que faz parte das descobertas em águas ultraprofundas na bacia de Santos, ficaria entre 250 e 300 milhões de dólares mais caro que o estimado previamente, forçando a empresa a abandonar planos de fazer "progresso" no lucro a este ano. 
Alertas em relação ao lucro e projetos com problemas abalaram a confiança dos investidores na indústria de serviços de petróleo, que recebeu uma série de investimentos das empresas de energia, de olho no aumento dos preços do petróleo. 
A Subsea 7, que já havia alertado para atrasos em grandes projetos no Brasil, já não espera que o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) melhore na comparação com 2012. 
A companhia, que presta serviços de engenharia e construção onshore e offshore para diversas empresas pelo mundo, afirmou que seus resultados atuais no Brasil são "inaceitáveis" e que ela não participaria de mais nenhuma licitação para projetos com risco similar. 
A companhia está preocupada com sua capacidade de operar no país, que corre para explorar sua vasta nova reserva de petróleo enquanto constrói uma indústria naval e de serviços do zero. 
"É parcialmente em função do projeto, mas em maior extensão devido ao ambiente brasileiro", afirmou o presidente-executivo Jean Cahuzac durante conferência com analistas. 
Ele disse ser difícil trabalhar no Brasil dada a exigência para conteúdo local, problemas com administração, restrições de importações e impostos que vão muito além dos termos e condições acordados em contrato. 
O projeto na bacia de Santos, para o qual a Subsea 7 foi contratada em 2011 em acordo de 1 bilhão de dólares, enfrentou problemas relacionados ao clima após a entrada na fase offshore, no segundo trimestre, ponto que se soma a outros reveses de operar no Brasil. 
"Atrasos foram experimentados durante o trimestre como resultado dos problemas contínuos com a cadeia de fornecedores, início tardio de fabricação de gasoduto principalmente devido a problemas de desembaraço aduaneiro e às condições meteorológicas adversas na temporada de inverno", disse a empresa, em comunicado. 
"Diante desse novo alerta de lucro ... o sentimento do mercado no setor de serviços de petróleo deverá manter-se pressionado. Entretanto, o projeto Guará-Lula já foi identificado como sendo problemático", afirmou o banco Goldman Sachs em uma nota.
Fonte: Agência Reuters 

4- Halliburton inaugura Centro de Tecnologia no Fundão, no Rio 
A Halliburton anunciou a abertura de seu novo Centro de Tecnologia localizado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, no Rio. A multinacional do petróleo escolheu o Parque Tecnológico para facilitar a parceria com universidades brasileiras, principalmente com a UFRJ, e a ligação com clientes que atuam em águas profundas e campos maduros. 
"A tecnologia tem desempenhado um papel importante na resolução dos desafios dos nossos clientes, particularmente em águas profundas do Brasil, e também em ambientes de campos maduros. Este centro, perto dos nossos clientes, nos permite acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias e possibilita que a Halliburton ofereça mais rapidamente soluções inovadoras para os nossos clientes", disse Tim Probert, presidente de Estratégia e Desenvolvimento Empresarial da Halliburton. 
O centro de tecnologia tem 3 andares, num total de 7.062 metros quadrados, laboratórios especializados, uma sala de colaboração, uma área de testes, e salas de conferências e salas de treinamento. 
“Para nós é uma grande honra receber no Parque Tecnológico da UFRJ uma empresa com a excelência e capilaridade da Halliburton, que vai se juntar a outras companhias de porte semelhante que escolheram o Rio de Janeiro e o nosso arque para sediar suas atividades de P&D", disse Mauricio Guedes, diretor-executivo do parque, que completa 10 anos em 2013. 
O Parque Tecnológico da UFRJ fica no campus da universidade, na Ilha do Fundão, numa área de 350 mil metros quadrados. Segundo Guedes, os investimentos passam de R$ 1 bilhão no período entre 2003 e 2014. No local, estão instalados centros de pesquisa de pelo menos 13 grandes empresas, seis laboratórios da Coppe e 28 empresas, sendo 19 start ups, localizadas na Incubadora Coppe/UFRJ, e nove pequenas e médias empresas. Cerca de 3 mil pesquisadores trabalharão nas empresas que estão sendo instaladas no parque. A incubadora da Coppe, por onde já passaram outras 48 empresas de base tecnológica que já foram graduadas, também faz parte do Parque Tecnológico da UFRJ.

5- Rodada de licitações de gás pode incluir 240 blocos
Fonte: Agência Estado 
A 12ª Rodada de licitações de blocos exploratórios de gás convencional e não convencional, marcada para novembro, poderá ter uma oferta de 240 blocos em uma área total de 168.348 km quadrados, informou o Ministério das Minas e Energia (MME). Os dados constam de apresentação feita mais cedo ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) pela diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, e pelo secretário da área no MME, Marco Antônio Almeida.
Na reunião, Magda e Almeida também relataram as providências para a 1ª rodada de licitação de áreas do pré-sal sob o regime de partilha, que deverá ocorrer em outubro e contará com a oferta de blocos no Campo de Libra.
No encontro, presidido pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, também foram apresentados os resultados da 11ª Rodada de licitação de blocos exploratórios de petróleo, feita no mês passado. Dos 289 blocos oferecidos, 142 foram adquiridos com uma arrecadação de R$ 2,83 bilhões em bônus de assinatura.
De acordo com o MME, Magda considerou a experiência adquirida com o leilão fundamental para a organização das próximas rodadas.


II – COMENTÁRIOS

1- GE estimula desenvolvimento da cadeia eólica no Brasil
Divulgação GE
GE inaugurou  o Centro de Serviços para energia eólica na cidade de Guanambi, Bahia. O investimento estratégico na unidade garantirá mais flexibilidade e eficiência no atendimento de clientes de um mercado que deve crescer cerca de 40% entre 2012 e 2016, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Os 100 técnicos que atuarão na unidade serão responsáveis por monitorar operações e clima, realizar a manutenção nos parques eólicos e manter um estoque de peças essenciais para o funcionamento das turbinas.
A empresa conta atualmente com 450 turbinas eólicas instaladas no Brasil. Até o fim de 2013, deve ultrapassar a marca de mil turbinas instaladas em solo nacional, totalizando 1GW de capacidade instalada. A marca garantirá que a companhia torne-se a principal fornecedora para o país. “A GE quer cada vez mais estreitar a parceria com o Brasil para fornecer tecnologia e os serviços necessários, visando garantir oportunidades significativas no mercado de energia eólica do país”, conta Jean Claude Robert, líder de energias renováveis da GE Power & Water para a América Latina. Ainda este ano, um segundo centro deve ser inaugurado no Rio Grande do Norte.
Desde que entrou no mercado de energia eólica no Brasil, em 2011, a GE se dedica a entender as necessidades do setor e identificar maneiras de contribuir para os avanços na produção de energia por meio dos ventos, com preço final competitivo em relação a outras fontes. Esse novo movimento da GE conta com investimento de US$ 1,5 milhão e é vital para que a companhia consiga manter-se próxima de seus clientes. “A criação dos Centros de Serviços é prioridade em nossa estratégia. Nossa velocidade de resposta multiplica com a criação desses centros, o que reforça nossa parceria com os clientes, que terão novos canais para contato” detalha Jean Claude.
Mathias Becker, CEO da Renova, um dos principais clientes da companhia, ressalta que o Centro de Serviços será de grande importância para os negócios na região “Estabelecer um centro local com técnicos capacitados irá nos ajudar a garantir disponibilidade para fornecer energia confiável para a rede do Brasil”, conta o executivo.
Além disso, a GE investirá em parcerias com escolas técnicas para capacitar engenheiros que irão atuar com energia eólica, uma indústria ainda em crescimento. “Com tecnologias que se desenvolvem constantemente e o crescimento da importância da energia eólica na matriz energética do país, a GE irá gerar oportunidades de aprendizado nos Centros de Serviços, além de doar equipamentos para escolas técnicas” explica Aldo Vacaflores, Líder de Serviços da GE Power & Water para o Brasil “Desse modo, criamos novas vagas de estágio e disponibilizamos os principais treinamentos internos da GE para estudantes”.
A GE produz 25% da eletricidade global e é uma das maiores fornecedoras de turbinas eólicas do mundo. Neste mercado, está presente em 21 países, com mais de 20 mil unidades instaladas, 277 milhões de horas de funcionamento e 163 mil GWh de energia gerada, utilizando equipamentos com capacidade de 1.5 a 4.1 MW. O novo Centro de Serviços na Bahia será fundamental para a expansão local.
Fonte: Ascom GE

2- Em crise, as siderúrgicas do país vão ao Governo
A siderurgia no país vive uma crise sem precedentes. Demanda interna estagnada e sem sinais de crescimento no curto prazo; as empresas não conseguem exportar por falta de competitividade e por encontrar excesso de oferta em regiões em crise, como Europa; as margens de ganhos das empresas vêm se definhando ano a ano; há fornos paralisados sem perspectivas de religamentos; os investimentos em novas capacidades foram suspensos; e o parque siderúrgico já opera com um nível de ociosidade na faixa de 30%. É um dos mais elevados do mundo.
Esse cenário foi apresentado por mais de duas horas esta semana, em Brasília, a dois ministros da presidente Dilma Rousseff - Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo era torná-los cientes do que consideram uma grave situação e esperar que algumas medidas, pelo menos as ligadas à defesa do mercado brasileiro de aço, sejam implementadas.
Do lado da indústria encabeçavam o grupo o empresário Jorge Gerdau, dono da maior companhia de aço do país e consultor do governo Dilma em assuntos de gestão, e Albano Chagas Vieira, presidente do conselho do Instituto Aço Brasil (IABr) e da Votorantim Siderurgia. Além de vários presidente de empresas, como a Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal mais Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do IABr.
A siderurgia do Brasil, à parte os problemas peculiares que enfrenta, como o câmbio desfavorável há anos, falta de crescimento do consumo interno, carga de impostos e de custos bem acima dos seus concorrentes, não é uma exceção, disse ao Valor Mello Lopes.
A crise no setor será tema de discussão em encontros organizados pelo do Comitê do Aço da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, (OCDE) que reúne 34 países, nos dias 1 e 2 de julho na capital francesa. E o Brasil já tem garantida a presença de um representante.
O consumo interno de produtos siderúrgicos no Brasil patina no mesmo ritmo do PIB. Cresceu 1% no ano passado e assim caminha em 2013. "Nossa previsão de crescer 5% a 6% neste ano não vai mais acontecer. Já estimamos algo na casa de 2,5%, depois do esfriamento da economia de janeiro e maio", disse Vieira, dirigente do IABr, ainda com leve otimismo.
A situação das siderúrgicas, que amargam perdas há vários trimestre, levou ao desabafo de um dos líderes do setor durante recente encontro, segundo relatou uma fonte ao Valor. "Eu produzo aço rigorosamente igual há mais de dez anos, nada mudou. Antes eu ganhava dinheiro e agora não. O que houve?". Os resultados operacionais de Gerdau, CSN, Usiminas e ArcelorMittal, no negócio aço vêm emagrecendo cada vez mais. As margens de ganhos que até superavam 40% antes de 2008, ficaram no passado.
A Mantega e Pimentel, além das questões internas, que vão do câmbio, elevada carga tributária e continuo processo de desindustrialização, afetando a cadeia industrial de consumidores de aço, foi destacado o excesso de oferta de aço no mundo, um temor para os fabricantes locais. "Neste ano, já vai passar de 600 milhões de toneladas de capacidade excedente e isso tende a se agravar até 2015 com a entrada prevista de mais 200 milhões de toneladas de novas usinas na China, Índia e países do Oriente Médio e Norte da África", afirma Mello Lopes. A questão é que o consumo mundial cresce menos que 3% (ainda puxado pela China) e a oferta sobe acima de 3,5% ao ano. "Até lá, esse excedente poderá piorar", disse.
O maior receio vem de Pequim, pois a desaceleração da economia chinesa pode levar as usinas locais a ampliarem cada vez mais a desova de aço excedente para o Ocidente, como já fazem nos EUA, Europa e América Latina. A China já faz 49,5% do ano no mundo, no ritmo de 750 milhões de toneladas. "Quando a demanda interna cai, o governo dá incentivos à exportação, o 'Tax Rebate', que varia de 9% a 17%", afirma Vieira. E a medida é imediata.
O problema, diz, é que todas siderúrgicas do país são estatais, dominadas por governos provinciais, que, sem compromisso com lucro, resistem em fechar usinas e desempregar milhares de pessoas. Até maio, das importações brasileiras de aço direto, 41% veio da China. Mas também da Rússia, Coreia do Sul, Taiwan e Turquia.
Estudos de uma consultoria internacional de renome apontam que, para o setor voltar a operar dentro de "um padrão de normalidade", seria necessário o corte de 300 milhões de toneladas do excedente que há hoje. "Quem será o primeiro a fazer isso?", pergunta Vieira, pois 65% da produção mundial é atualmente estatal.
Outra fonte de preocupação vem da desindustrialização, com o aumento da entrada indireta - aço contido em automóveis, autopeças, máquinas e equipamentos e bens de linha branca. Neste ano, a projeção já indica quase 6 milhões de toneladas, segundo o IABr. O volume é equivalente à capacidade da usina da CSN.
Um fato que talvez os empresários do setor não atentaram é que, neste momento, o governo está centrado em duas grandes preocupações, ou três, incluindo o câmbio: controlar a inflação e atender os pedidos das manifestações populares que chacoalharam o país nas últimas semanas.
Fonte: Valor Econômico

3- EUA serão o maior produtor mundial de petróleo até 2020  
Os EUA poderão tornar-se no principal produtor de petróleo ainda nesta década. Um estudo recente prevê que a produção do petróleo de xisto (não convencional, vulgo shale oil) irá triplicar até 2017, atingindo um total de 16 milhões de barris por dia. A análise é de Leonardo Maugeri, investigador do Belfer Center, da Harvard Kennedy School.
Segundo aquele estudo, este fenômeno energético deve-se a características particulares dos EUA no domínio petrolífero. Primeiro, a abundância do recurso de petróleo de xisto é significativa. Segundo, a lei da propriedade privada norte-americana permite que esta se estenda até ao ativos localizados no subsolo, facto que não acontece na Europa, por exemplo.
E como a exploração do "shale oil" é mais intensa do que a do petróleo convencional - é necessário realizar mais perfurações a fim de manter um elevado nível de produção, devido à exiguidade geológica dos reservatórios -, a legislação dos EUA motiva a capacidade de iniciativa privada na exploração daquele recurso energético. 
Estes dois factos aliados ao enorme progresso nas tecnologias extrativas de petróleo não convencional geram as condições necessárias para que existam poços em operação em quantidade suficiente para assegurar um nível de produção elevado, aos preços atuais da cotação do barril de cru. 
Além disso, Leonardo Maugeri frisa também que se o preço do barril descer, a produção do petróleo de xisto rapidamente pode ser ajustada em conformidade. Ou seja, "basta" diminuir o número de perfurações de novos poços.
Esta nova análise do Belfer Center vem sinalizar que a afirmação dos EUA como principal potência energética mundial pode acontecer uma década antes do previsto pela Energy Information Administration e pelo próprio Leonardo Maugeri no ano passado.
Um baralhar de cartas  geopolítico 
Se assim acontecer, assistiremos no curto prazo uma profunda transição geopolítica de consequências imprevistas. Por um lado, o hemisfério ocidental democrático volta a ser auto-suficiente em petróleo e gás, com base no domínio de um novo paradigma tecnológico nas tecnologias extrativas. Além disso, o Atlântico ganha uma nova centralidade, tornando-se num corredor energético alternativo e de maior segurança de abastecimento para a Europa.
Portugal não pode ter miopia estratégica e tem de urgentemente se posicionar neste novo quadro da indústria petrolífera e do gás, onde se pode tornar interessante a sua posição geoestratégica para fins de armazenamento e re-exportação de cru e gás, bem como da prestação de serviços industriais para a exploração sustentável em offshore.
Por outro lado, se esta tendência se confirmar, significa que os EUA deixarão de ficar tão dependentes do fornecimento de petróleo da OPEP e provavelmente reduzirão a sua intervenção no Médio Oriente ao mínimo indispensável para manter a estabilidade na formação do preço global do barril de cru. 
Mas só diminuirá o poder de mercado do cartel da OPEP face aos EUA e a quem comprar petróleo aos EUA e aos produtores atlânticos. A OPEP (e a Rússia) terá um poder enorme sobre a China, que está a ocupar o lugar dos EUA em termos de dependência energética.
Significa isto que a China tenderá a acelerar o reforço do seu aparelho militar e força naval para assegurar a não disrupção das rotas petrolíferas nos pontos de estrangulamento de Ormuz e de Malaca. 
E a Europa (Alemanha) tem a oportunidade de reduzir a sua dependência da importação de petróleo do Médio Oriente e de gás da Rússia se olhar para o Atlântico e para o Mediterrâneo Oriental (Chipre e Grécia).
Pois é - a esperança geopolítica da Europa está no seu Sul. 
Ruben Eira
Fonte: Expresso XL

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