terça-feira, 31 de julho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 93

I– NOTÍCIAS

1- Empresas norueguesas confirmam presença na Navalshore e Rio Oil & Gas
Fonte: Redação Portal Naval
A Innovation Norway - Agência de Promoção do Governo da Noruega - confirmou a participação da Noruega nos dois principais eventos dos setores de petróleo e gás, indústria naval e offshore do país: a Navalshore e a Rio Oil&Gas 2012.
O estande da Noruega na Navalshore, que está sendo organizado pelo NME (Norwegian Maritime Exporters), vai reunir grandes empresas do setor entre as quais a STX OSV Electro, Eltorque, Clayton Scandinavia, Sperre e Tamrotor Marine Compressors.
“Outras empresas da Noruega participarão da feira individualmente ou através de agentes”, destaca Helle Moen, nova diretora da Innovation Norway, que também integrará o estande da organização no evento, dando suporte às ações das empresas norueguesas.
Na Rio Oil&Gas, 35 companhias estarão expondo no pavilhão da Noruega, organizado pela Innovation Norway.
“Devido ao crescente interesse no mercado brasileiro, além de ocupar uma área maior no Pavilhão 4, diversas empresas norueguesas estarão reunidas no Anexo 4 do Riocentro”, conta.
Além disso, estão confirmadas a participação de delegações de duas cidades da Noruega, que são importantes polos da indústria naval e offshore: Stavanger - que tem memorando de entendimento assinado com o governo do estado do Rio de Janeiro - e Bergen - que tem compromisso similar com o Espírito Santo.

2- Em Londres, Dilma afirma que leilão do pré-sal sairá em breve
Fonte: Agência Petrobras
A presidente Dilma Rousseff afirmou a executivos britânicos, que há interesse em realizar os novos leilões do pré-sal. Ela esclareceu que as próximas rodadas dependem de finalização da parte regulatória do processo. A questão foi levantada por representantes de empresas do Reino Unido que investem no setor no Brasil.
O encontro não estava previsto na agenda de Dilma e ocorreu a pedido dos executivos no fim da tarde (horário local), no hotel onde ela está hospedada no centro da capital britânica. Compareceram 16 executivos, entre eles o presidente do conselho de administração do BG Group, Andrew Gould; o presidente da BG Brasil, Nelson Silva; o presidente da BP, Bob Dudley; o diretor executivo da Shell, Andrew Brown; a presidente da Anglo American, Cynthia Carrol; o presidente da Tecnologia da Arcelor Mittal, Louis Schorsch; o presidente da Balfour Beatty, Ian Tyler; e o presidente da Rolls Royce, John Rishton.
A área de petróleo e gás, que atrai maior volume de investimentos no Brasil, também foi tema da reunião de quarta-feira (25) entre Dilma e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, em sua residência oficial, em Downing Street.
O interesse dos britânicos por investimentos no Brasil nunca foi tão grande - em 2011 somaram US$ 2,7 bilhões. O Reino Unido busca formas de retomar o crescimento econômico, e a América Latina passou a fazer parte central da política externa britânica.

3- Produção de álcool ja caiu 25,5% neste ano, até maio
Fonte: Agência Estado
A produção nacional de álcool recuou 25,5% de janeiro a maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo cálculos do economista Silvio Sales, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), feitos a pedido da 'Agência Estado'.
Problemas climáticos prejudicaram a produtividade da cultura de cana este ano e atrasaram a moagem, mas também houve redução na área plantada, o que deve afetar ainda a safra de 2013. As perdas foram calculadas com base nos dados da Pesquisa Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Na produção industrial, o que está puxando o setor de refino são os derivados de petróleo, não o álcool. A produção de álcool está caindo muito", notou Sales.
A concorrência com os preços do açúcar e a falta de investimentos no setor também estão prejudicando a produção. Como consequência, torna-se menos viável uma decisão do governo em prol do aumento do porcentual de etanol na gasolina, de 20% para 25%, ainda este ano, conforme cogitou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em evento no Rio, no dia 10.
Segundo Lobão, a proposta de aumentar o teor do álcool anidro na gasolina foi apresentada pela Petrobras, na tentativa de reduzir a importação de gasolina. Porém, o ministro reconheceu, dez dias depois, que a oferta de etanol no país ainda é insuficiente para aumentar a mistura. "De onde vão tirar esse álcool?", questionou o engenheiro de produção Cristiano Guimarães, consultor da indústria sucroalcooleira.
Guimarães apontou como problema a margem de lucro apertada do setor sucroalcooleiro, o que deixa os empresários desestimulados a investir ante um cenário de incertezas e dos altos juros nas linhas de crédito. "A lavoura de cana é intensiva em investimentos. Mas a linha de crédito do BNDES para incentivar o setor não adianta nada. O produtor tem margem de lucro de 10%, enquanto a linha de crédito do BNDES cobra juros de 8%. O produtor só pega financiamento se for maluco".
O pesquisador Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, confirma que a crise no crédito vem atrapalhando o ritmo de crescimento da produção de cana desde 2008. Os planos de novas usinas não teriam saído do papel por falta de recursos disponíveis. Também houve perdas pela falta de renovação no plantio. "A cana dá vários cortes, mas, se não houver investimento na lavoura, o rendimento vai caindo", contou Andreazzi.
O IBGE calcula que a área plantada este ano é 10% menor do que em 2011. "Então a gente pode concluir que a produção também vai cair no ano que vem, porque se plantou menos", alertou o gerente do IBGE.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE estima produção de 662.014.177 toneladas de cana-de-açúcar em 2012, uma redução de 7,4% em relação a 2011. A estiagem no início do ano em São Paulo, maior região produtora, retardou o desenvolvimento da planta. As chuvas só chegaram na hora da colheita, o que também atrasou a moagem e prejudicou o conteúdo de açúcar.
A produção de açúcar vinha ganhando do etanol pela valorização do produto no mercado internacional. No entanto, os problemas climáticos que deixaram a cana com menor teor de açúcar este ano podem até favorecer a produção do biocombustível.

4- OSX espera assinar contrato com Petrobras na próxima semana
A OSX espera assinar contratos com a Petrobras para a construção de dois módulos para plataformas de produção da petroleira destinadas aos blocos BM-S-9 e BM-S-11, no pré-sal da Bacia de Santos. A companhia realizará o serviço em parceria com a Mendes Jr.
A informação foi dada por Carlos Eduardo Bellot, presidente da OSX, durante teleconferência com analistas sobre os resultados da empresa no segundo trimestres de 2012.
Na semana passada, a Petrobras anunciou que, junto com seus parceiros - BG, Petrogal e Repsol - havia aprovado a assinatura de dez contratos, no valor total de US$ 4,5 bilhões, para construção e integração dos primeiros seis módulos de oito plataformas de produção destinadas ao pré-sal da Bacia de Santos.
"Temos a felicidade de constar no cadastro de fornecedores da Petrobras, que, sem dúvida, é o principal cliente da indústria do petróleo no Brasil", disse Bellot.
Plataforma para OGX
A OSX adiou para o segundo trimestre de 2014 a previsão de entrega da plataforma fixa de produção de petróleo WHP-1 para a OGX, petroleira do mesmo grupo controlador. A previsão inicial de entrega da unidade era o terceiro trimestre de 2013.
"Houve uma mudança de lâmina d´agua demandada pela OGX. E isso implica em rever algumas coisas no projeto. Essa é a nova data da WHP-1", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da OSX, João Borges Neto.
De acordo com o executivo, a WHP-2 continua dentro do cronograma inicial, com entrega prevista para o quarto trimestre de 2013. Já as encomendas da WHP-3 e WHP-4 ainda aguardam especificações técnicas da OGX. "Não temos nenhuma preocupação com cronograma no momento", salientou.
Sondas de perfuração
Bellot afirmou também que a companhia está negociando contratos para o fornecimento de sondas de perfuração. Ele, no entanto, não quis fornecer mais detalhes para não atrapalhar as negociações.
"Estamos negociando também sondas, mas infelizmente não podemos falar no momento. Pelo menos um contrato relativo a sondas está bastante avançado. Mas não temos nada firme a esse respeito", contou o executivo.
Estaleiro no porto do Açu
O presidente da OSX afirmou ainda que a obra do estaleiro da companhia em construção no porto do Açu "continua no prazo". Segundo ele, o primeiro lote do empreendimento ficará pronto no quarto trimestre deste ano.
"Nossa obra continua no prazo. Estamos prevendo a disponibilidade do lote 1 no cais no quatro trimestre deste ano. E gradualmente outras partes do estaleiro estarão disponíveis para construção de unidades offshore. A última etapa do estaleiro está prevista para o segundo trimestre de 2014, que é o dique seco", disse o executivo.
No relatório trimestral da companhia, o início de operação da unidade de construção naval do porto do Açu está previsto para o primeiro trimestre de 2013.
Segundo Borges Neto, ainda não é possível saber o valor total do investimento no projeto, porque ainda estão sendo finalizados alguns contratos relativos ao empreendimento. "Os contratos estão em fase final de negociação comercial. Assim que terminarmos, poderemos dar o número fechado", afirmou.
Rodrigo Polito
Fonte: Valor Online

5- Pedidos de turbinas eólicas caem 30% no mundo em 2012
As encomendas de turbinas eólicas fechadas em todo o mundo no primeiro semestre de 2012 foram 30% menores do que as registradas no mesmo período do ano passado. A conclusão aparece em estudo da MAKE Consulting divulgado nesta semana.
Segundo o material, o desempenho foi puxado pela "fraqueza nos principais mercados", como Ásia e Europa, particularmente afetados por uma demanda menor em China, Índia e Alemanha. O movimento é atribuído a "incerteza regulatória, cortes de subsídios e questões de conexão à rede".
A queda nos pedidos acontece mesmo com "um bom crescimento nos mercados emergentes", como a América Latina, onde "diversos países" apresentaram alto índice de demanda. Nos Estados Unidos também houve aceleração, mas por outro motivo: uma lei que oferece incentivos a usinas eólicas acaba no final de 2012 e, sem saber se o mecanismo será renovado, os investidres têm acelerado os projetos.
Como o levantamento registra pedidos, que são feitos com antecedência, a consultoria prevê que 2013 será "um ano mais fraco para as instalações" de novos parques. A expectativa é de uma queda de 5% na capacidade a entrar em operação.
Ainda assim, a MAKE vê indícios de uma recuperação nos pedidos em 2013 e nos anos seguintes, uma vez que há mais de 11GW em turbinas já sendo negociadas e outros 18GW em pré-contratos que podem se tornar acordos efetivos.
Luciano Costa
Fonte: Jornal da Energia


II– COMENTÁRIOS

1- Petrobras preocupada com fornecedores
Fonte: Diário do Nordeste
Em campanha para listar possíveis fornecedores de serviços para a Refinaria Premium II há cerca de dois anos, a Petrobras conta apenas com 68 empresas devidamente cadastradas para a função em seu sistema, o qual contabiliza 32 empresas com documentação pendente e outras 657 apenas com o nome na lista de intenções para trabalhar com a petrolífera brasileira, mas que nunca preparam a documentação e se adequaram aos pré-requisitos exigidos.
"Essa é a nossa preocupação. A nossa equipe já entrou em contato com esse pessoal, mostrou as vantagens, fez o corpo a corpo, mas ainda não surtiu o efeito desejado", contou o analista de implantação de energia da Premium II, Daniel Pordeus.
Apesar da dificuldade declarada e admitida pelos grandes empreendimentos de conseguir fornecedores e parceiros para serviços mais específicos e que necessitam de mão de obra com qualificação maior, eles lamentam da falta de interesse até dos pequenos empresários.
Parcerias não captam
Durante reunião do Pacto pelo Pecém, o gerente de Negócios da Premium II, Raimundo Lutif, contou dos esforços para captar novos fornecedores junto a órgãos como a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), o que, como os números apontam, não tem surtido o efeito.
Eventos com sindicatos patronais de determinados setores - como o metal-mecânico - são promovidos pela petrolífera estatal desde 2010, segundo o gerente de Negócios, na tentativa de angariar esse pessoal. "Mas o que acontece é que num setor que tem mil pessoas, todos são convidados, mas apenas 100 respondem que vão e apenas 60 comparecem de verdade", exemplifica Pordeus.
Lutif ainda contou da dificuldade até de conseguir fornecedores menores, como os que trabalham com alimentação. "Aqui no Pecém tivemos que recorrer a uma parceria com o Sebrae para que os restaurantes usados por nós pudessem emitir nota fiscal eletrônica, pois a Petrobras exige a nota", contou.
Terreno gerará interesse
A expectativa dos dois funcionários da refinaria Premium II é de que os empresários cearenses despertem para as oportunidades geradas pelo empreendimento depois de o terreno ser liberado, o qual ainda não tem data certa. A administração ainda aguarda documento da Fundação Nacional do Índio (Funai).

2- Energia de lixo atrai investimento
Fonte: Valor Econômico
Uma nova onda de investimentos contagia grandes empresas de saneamento. Apesar de os projetos ainda não terem saído do papel, aportes expressivos estão sendo direcionados para uma área que poderá mudar o setor, com a transformação de resíduos em energia, seja em aterros já existentes ou novos. As vantagens econômicas estão implícitas, com o maior aproveitamento do lixo tratado, porém os custos elevados e a falta de incentivo estatal ainda despertam insegurança com relação à viabilidade dos projetos.
O grupo Estre, do empresário Wilson Quintella Filho, iniciou uma operação experimental em 2011 que, atualmente, passa por um processo de licenciamento com os órgãos ambientais. Instalada em Paulínia, interior de São Paulo, onde a Estre tem seu maior Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR), a unidade é capaz de produzir combustível a partir dos resíduos sólidos do lixo urbano para utilização no processo produtivo (caldeiras e fornos). A usina tem capacidade para processar mil toneladas de lixo por dia, o que corresponde à geração de 500 toneladas ao dia de unidade de valorização de resíduos (UVR).
A Estre investiu cerca de R$ 50 milhões no projeto, entre equipamentos, terrenos e obras. Sem precisar uma data, o diretor de desenvolvimento organizacional do grupo, Alexandre Alvim, destaca que a expectativa é migrar de operação piloto para comercial ainda neste ano. "Estamos explorando diversas frentes, como as cimenteiras, tradicionais usuárias de combustíveis fósseis, e outras empresas que de alguma forma se baseiam em processo térmicos para geração de vapor ou energia", diz.
Além de Paulínia, a Estre avalia implantar o projeto em outras unidades no Estado de São Paulo, na região Nordeste e na cidade de Curitiba (PR).
A empresa cearense Marquise busca há seis anos uma tecnologia para fazer o tratamento dos resíduos sólidos, mas considera o custo elevado ainda um entrave ao desenvolvimento do projeto.
"As fábricas têm um valor muito alto e, na Europa, os preços que os municípios pagam pelo tratamento não têm referencia com o das cidades brasileiras. A conta não fecha. Os valores que serão gerados para tratar e vender energia não são suficientes para remunerar o dia a dia da fábrica, nem o investimento feito", afirma o diretor operacional da Marquise, Hugo Nery.
De toda forma, ele avalia que os projetos estão sendo barateados. "Antes, uma unidade com capacidade para queima de 900 toneladas de lixo por dia e geração de cerca de 20 megawatts (MW) de energia custava € 400 milhões. Hoje, o valor está em torno de € 210 milhões", aponta.
Nesse contexto, a Marquise se associou à Foxx em um projeto no município de Osasco (SP), em que fornecerá os resíduos coletados para geração de energia via tratamento térmico, a ser realizado pela empresa paulista.
Novata no setor de saneamento, a Foxx já anunciou a intenção de investir R$ 3,2 bilhões em cinco anos para implantar 16 Usinas de Recuperação de Energia (UREs) com capacidade para receber 825 toneladas de resíduo ao dia cada.
Uma das maiores do setor, a Foz do Brasil, controlada pela Odebrecht, também pretende entrar nessa área por meio de projetos de tratamento térmico de resíduos. Ela entrou em três PMIs (Procedimentos de Manifestação de Interesse) nas cidades de Mauá (SP), Porto Alegre (RS) e Camaçari (BA) e avalia que, a partir de 2015, terá condições de operar essas unidades.
Já a Essencis, joint venture formada pelos grupos Solví e Estre, está de olho nas oportunidades em biogás no aterro de Caieiras (SP), que recebe 8 mil toneladas de lixo ao dia. A empresa negocia a construção de uma termelétrica e também projeta a operação efetiva até 2015. "A ideia é pegar o metano e utilizá-lo para geração de energia através de motores a combustão", diz o coordenador de biogás da Essencis Soluções Ambientais, Fernando Freitas.
Na prática, o aterro tem sua vida útil encerrada em 2030, mas pode gerar energia até 2045. A usina teria capacidade para abastecer uma cidade de 500 mil pessoas, com produção entre 25 e 30 megawatts hora (MWh). No pico, em 2030, o volume pode alcançar 40 MWh, atendendo 650 mil pessoas.
Lúcia Coraça, diretora de química e energia da Pöyry, empresa finlandesa especializada na implantação de usinas térmicas a partir de lixo, chama atenção para a saturação dos aterros brasileiros e destaca que a melhor solução para as novas unidades está no processo de incineração.
"O tratamento térmico é o caminho mais adequado técnico e ambientalmente. Mas o que vai estimular esse tipo de investimento é a necessidade, já que ele não tem um retorno tão convidativo", diz.
O gerente do setor de projetos especiais da paulista Cetesb, Milton Norio Sagabe, destaca o maior potencial de aproveitamento da energia gerada em projetos de tratamento térmico, quando comparado aos de biogás, e chama atenção para seu menor impacto sobre o meio ambiente. "Nos aterros, num bom processo de geração de energia, se aproveita no máximo 70% do gás gerado", observa.

3- Visão estratégica da matriz energética
O governo federal não tem uma visão estratégica da nossa matriz energética. O curioso e ao mesmo tempo preocupante é que vivemos um momento em que o que diferencia o Brasil de outros países, em particular, entre os Brics, é a nossa independência energética. Portanto, o mais difícil a natureza nos deu, basta que elaboremos políticas públicas para que a energia passe a ser, de fato, uma vantagem comparativa. Hoje estamos perdendo essa oportunidade e com isso comprometendo a competitividade da indústria brasileira.
No setor elétrico, chama a atenção a insistência do governo em manter os leilões de energia com caráter nacional e englobando todas as fontes. Outro ponto é o fato de o governo, no seu planejamento, afirmar que a expansão da oferta a partir de 2014 será feita, exclusivamente, com fontes renováveis.
A atual metodologia dos leilões teve importância no passado, assegurando a oferta de energia, uma vez que naquele momento a prioridade era evitar um novo racionamento.
A ideia, defendida por poucos membros do governo, de que é necessário manter a atual metodologia dos leilões em função da modicidade tarifária não é uma verdade e, mesmo que fosse, o argumento não é suficiente. Se considerarmos unicamente o aspecto preço da energia comercializada para o mercado cativo, realmente passa a impressão de se ter conseguido contratar energia a preços antes não imaginados. E de eólicas, mais ainda. Das demais fontes, nem tanto.
Mas seria o preço da energia o único parâmetro que se deveria levar em consideração nos leilões? E caso a resposta seja sim, será que esse parâmetro nos conduzirá à construção da matriz de energia elétrica de que o País vai precisar no futuro? É inteligente e estratégico abandonar fontes de geração que, por diferentes motivos, não estão sendo beneficiadas por subsídios específicos, financiamentos privilegiados e mesmo garantia de oferta, e com isso não têm preços competitivos? Seria estratégico não levar em consideração nos preços obtidos nos leilões a localização do mercado consumidor? Não estamos escondendo com isso o verdadeiro preço da energia?
Quanto a abandonar as fontes térmicas a partir de 2014, esse é um grave erro estratégico. O Brasil não pode e não deve abrir mão do gás natural e do carvão, até porque serão essas fontes que vão regularizar a energia produzida pelas usinas a fio de água. Aí entra outro questionamento: até que ponto o País vai ceder a pressões externas e de falsos ambientalistas, mantendo reservatórios a fio de água? A visão estratégica seria partirmos para leilões por fonte e regionais, implantando uma matriz hidrotérmica, rediscutir os reservatórios a fio de água, reduzir tributos e encargos setoriais.
No setor de gás natural, o desafio é aumentar a oferta, promover a concorrência, reduzir o preço e, com isso, contestar o monopólio da Petrobrás. A estratégia para alcançar esses objetivos seria os Estados, que possuem o monopólio da comercialização e distribuição, proporem políticas que incentivem, em particular, as distribuidoras de gás e as geradoras de energia elétrica a construir, por meio de consórcios, terminais de gás natural liguefeito para atender aos seus respectivos mercados. Além disso, os Estados que não promoveram licitações das áreas de concessão de distribuição de gás canalizado deveriam seguir o exemplo do Rio de Janeiro e de São Paulo, lançando programas de privatização. No curto prazo, a Petrobrás deveria passar a cobrar pelo gás natural associado a um valor menor, dado que é um subproduto do petróleo. Por exemplo: na Colômbia, o preço do gás natural associado vendido pela Ecopetrol é 50% do preço do gás não associado ao petróleo.
No setor de petróleo, a estratégia é a retomada dos leilões, mudar o rumo da política de conteúdo local, modificar o marco regulatório do pré-sal e a política de preços dos combustíveis. Nos oito anos de governo do presidente Lula, a Agência Nacional Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou apenas cinco leilões e a área exploratória, que alcançou um máximo de 341 mil quilômetros quadrados em 2009, será reduzida a 114 mil quilômetros quadrados no final de 2012. Isso acabará comprometendo o nível futuro de reservas e a produção de petróleo e gás natural, bem como o montante de royalties.
No conteúdo local, a estratégia seria voltar a adotar um arcabouço não mandatório, em que os objetivos principais são garantir a igualdade de condições de tratamento de empresas fornecedoras locais competitivas, incentivar o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a transferência de tecnologia; retirar da lei da partilha o monopólio da Petrobrás na operação dos campos e os 30% mínimos nos leilões do pré-sal; e a política de preços dos combustíveis ter como meta a paridade com o mercado internacional.
No setor de etanol, a estratégia seria o governo, no curto prazo, permitir que a Petrobrás aumente o preço da gasolina. No médio e no longo prazos, promover uma desoneração tributária, acompanhada de melhores condições de financiamento. Em contrapartida, cobrar das empresas redução de custos, aumento de produtividade e investimentos em novas tecnologias.
*Texto originalmente publicado no jornal Estado de São Paulo.
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

domingo, 29 de julho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 92

I - NOTÍCIAS

1- Petrobras aprova contratos para construção de plataformas do pré-sal
Fonte: Redação TN Petróleo
A Petrobras, juntamenteo com seus parceiros BG Group, Petrogal Brasil e Repsol Sinopec, e por meio de suas afiliadas Tupi-BV e Guará-BV, aprovou a assinatura de dez contratos para a construção e integração dos primeiros seis módulos topside (planta de processo, utilidades e alojamento) das oito plataformas replicantes do tipo FPSO (unidade que produz, armazena e transfere óleo e gás). Elas estão sendo construídas no Brasil para o desenvolvimento dos projetos do pré-sal nos blocos BM-S-9 e BM-S-11, localizados na Bacia de Santos. Os investimentos somam US$ 4,5 bilhões.
O processo de contratação dos dois módulos de topsides e dos pacotes de integração restantes deverá ocorrer nos próximos 18 meses.
Paralelamente, o consórcio do Bloco BM-S-11 optou por iniciar o processo de contratação de pelo menos uma FPSO adicional, a ser afretada e usada em áreas que necessitam de plantas de processo diferentes daquela adotada para as replicantes.
O consórcio do Bloco BM-S-11 é operado pela Petrobras (65%), em parceria com a BG E&P Brasil (25%) e Petrogal Brasil (10%). Já o consórcio do Bloco BM-S-9 é operado pela Petrobras (45%), em parceria com a BG E&P Brasil (30%) e Repsol Sinopec Brasil (25%).Os contratos serão assinados nos próximos dias.
Segundo a nota da estatal, divulgada na quinta-feira (19), serão contratadas para a realização dos serviços as empresas DM Construtora de Obras/TKK Engenharia, IESA Oleo e Gas, Tome Engenharia/Ferrostaal Industrieanlagen GmbH, Keppel FELS do Brasil, Jurong do Brasil Prestação de Serviços e Mendes Jr Trading Engenharia/OSX Construção Naval. Os contratos serão assinados nos próximos dias.

2- Brasbunker entrega primeiro OSRV construído no Brasil
Fonte: Redação TN Petróleo
A Brasbunker entregou sua mais nova embarcação, o Oil Spill Recovery Vessels (OSRV) Mar Limpo II, que irá ser operado por uma equipe da própria empresa, atendendendo a um contrato com a Petrobras - com duração de 8 anos, prorrogáveis por mais oito. A embarcação, projeto do Estaleiro São Miguel, executado em parceria com a Rolls Royce, é a primeira a ser construída no Brasil e será totalmente dedicado a atuar em áreas de vazamentos. O Mar Limpo II somou investimentos da ordem de R$ 71 milhões, com mais de 70% de conteúdo local.
Este é o primeiro da frota de embarcações que serão finalizadas pela companhia até 2014 (Mar Limpo III,IV,V,VI e VII), o que dará qualidade, agilidade e segurança às operações de recolhimento de óleo no mar, seja nas áreas do pós ou pré-sal.
O Mar Limpo II reúne o estado da arte em equipamentos para atuação em vazamentos no oceano, como radares capazes de detectar derramamentos de óleo em um raio de 20km, mostrando inclusive a espessura da mancha, e um sistema de posicionamento dinâmico que dá inteligência às ações no mar. Este OSRV é o único projetado exclusivamente para esta função.
A embarcação conta com um skimmer que tem capacidade de drenar 250 mil litros de resíduos por hora, além de tanques para o armazenamento de até 750 mil litros de material coletado - a embarcação drena o equivalente a 250 caixas d’água de 1.000 litros cada por hora. Possui também o workboat à bordo, que permite se aproximar da mancha de óleo e cercá-la com rapidez, impedindo que o derramamento se expanda - um investimento de cerca de R$ 2,4 milhões. Outra importante ferramenta é o firefight, com alcance para extinguir focos de incêndio em líquidos inflamáveis.
A construção do navio levou 22 meses, e atende a todos os padrões internacionais de qualidade, economia, conforto e sustentabilidade - todos os resíduos produzidos durante a operação são tradados. Com uma tripulação de 12 pessoas, o Mar Limpo II conta com backup dos principais equipamentos, o que garante ainda mais segurança às operações.
Para Renato Nascimento, presidente do Grupo Brasbunker, este é um marco da capacidade da indústria naval do Brasil.
“O Estaleiro São Miguel está orgulhoso de ter desenvolvido o projeto do Mar Limpo II dentro dos prazos e dos orçamentos. Entregar um navio com tanta complexidade, e com recursos inéditos no país, é a prova de que estamos preparados tanto tecnologicamente como profissionalmente para dar conta das demandas que cada vez serão mais intensas na crescente indústria do Petróleo e Gás”, afirma.
O executivo destaca que o próximo OSRV do grupo será entregue com menos dois meses de tempo na produção, e que este tempo deverá ser o mesmo gasto para construir os demais navios que começarão a renovar a frota nacional.
Para a construção do navio, o Grupo Brasbunker gerou, entre empregos diretos e indiretos, 3 mil postos de trabalho.
Especificações Técnicas:
Mar Limpo II
- PSV (Plataform Supply Vessel - Carrying of pipes and deck cargo, Liquid cargo Fuel Oil and Fresh Water);
- OSRV (Oil Spill Recovery Vessel - Flash point below 60 degr. C);
- Oil Spill Dispersing;
- External Fire Fighting IMO Class I;
- Dynamic positioning DP-1;
- Clean Class and Confort Design;
- Comprimento Total - 61,70 m;
- Boca - 14,0 m;
- Calado - 5,0 m.
Notação de Classe: Det Norske Veritas (DNV) +1A1, SF, E0, OILREC, Fi-Fi I, DYNPOS AUT (DP1), Clean Class.

3- Cresce o potencial para novas fontes renováveis
Fonte: Valor Econômico
A eletricidade gerada de fontes eólica, solar e de biomassa tem potencial para ocupar em breve uma maior fatia na matriz energética brasileira. As condições são favoráveis: o país domina a tecnologia, a indústria está se consolidando, a demanda existe, os investimentos estão sendo feitos e os preços são competitivos. A produção oriunda dessas fontes pode ser um complemento à das hidrelétricas, que respondem por mais de três quartos da energia no Brasil.
Das três fontes de energia, a eólica e a de biomassa já são consideradas maduras. Com o início da operação de novos parques e a entrega da energia contratada, as projeções são de que ao final de 2016 o Brasil terá 8 mil Megawatts (MW) de potência instalada de energia originada do vento. Confirmado esse cenário, a participação da energia eólica na matriz energética nacional saltará dos atuais 1,2% para 5,5%.
A espanhola Gestamp Wind Steel instalou no Recife uma fábrica de torres eólicas que abastece empresas como GE, Alstom e Vestas. A maioria dos projetos se concentra entre os estados da Bahia e do Ceará, diz Paulo Coimbra, diretor da empresa. Resultado de um aporte de R$ 100 milhões, a planta está ativa desde 2010. No ano passado produziu 230 torres e a expectativa é encerrar 2012 com 450 unidades. A empresa, que fatura R$ 450 milhões, estuda abrir uma nova unidade fabril na região Sul.
A argentina Impsa Wind tem uma fábrica de aerogeradores em Suape (PE) e pretende construir outra unidade perto de Porto Alegre, que deve entrar em operação em 2013. Os investimentos na primeira etapa somam R$ 100 milhões e a capacidade de produção é de 140 turbinas por ano. Responsável por parques eólicos no Ceará e em Santa Catarina, com potência instalada de 100 e 222 MW, a Impsa Wind quer ter participação expressiva no mercado brasileiro, diz Luiz Menghini, vice-presidente da empresa.
Na biomassa, a oferta de energia cresceu 7,1% entre 2010 e 2011, passando de 34.940 para 37.411 Gigawatts/horas (GWh). Uma novidade no mercado é a tecnologia de Pré-Hidrólise (PH), desenvolvida pela Senergen Energia Renovável, que aproveita a biomassa de fontes ricas em celulose, como eucalipto, sabugo de milho, casca de coco verde, bagaço de cana.
A sua aplicação substitui a queima do bagaço da cana para a geração de energia elétrica, explica Roberto Paschoali, presidente da empresa. "A vantagem é o baixo custo de produção", diz, A Senergen tem uma fábrica em Lorena (SP) onde, através da tecnologia de Conversão de Baixa Temperatura (CBT), transforma por dia 20 toneladas de resíduos em matéria-prima para geração de energia limpa. A planta iniciou a suas atividades em maio, depois de um investimento de R$ 15 milhões em sua construção. Uma nova unidade fabril será erguida também em Lorena graças a um aporte de R$ 30 milhões aprovado pelo Finep (Financiadora de Estudo e Projetos).
Uma resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de abril, regulamentando o uso da geração distribuída com fontes renováveis incentivadas é tida como o "empurrão" que faltava para a energia solar deslanchar no Brasil. Isso porque estabelece regras de conexão à rede elétrica da energia gerada a partir de painéis fotovoltaicos de até 1 MW e cria o conceito de compensação, que concede crédito equivalente ao excedente de energia gerada injetada na rede.
O Brasil é favorecido por altos índices de insolação em grande parte do território, o que faz da energia solar uma opção bastante atraente não apenas em áreas afastadas que não têm acesso a rede elétrica convencional, mas também em centros urbanos. "Os prédios públicos e escritórios que ficam com o ar-condicionado ligado o dia inteiro são um fator de carga muito elevada", observa Clarice Ferraz, pesquisadora do Grupo Economia de Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEE/UFRJ).

4- Brasbunker avalia abrir o capital
Fonte: Valor Econômico
Em setembro de 2010, o BTG Pactual comprou uma fatia do capital da Brasbunker, holding com atuação crescente em serviços de apoio marítimo. A entrada do banco levou a empresa a fazer uma reestruturação que deve deixá-la pronta para abrir o capital em 2014. A listagem das ações em bolsa vai depender das condições de mercado, mas a direção da empresa está otimista com o crescimento do negócio. Em 2015, a Brasbunker deverá faturar R$ 1,18 bilhão, uma vez e meia a receita projetada para 2012, de R$ 460 milhões.
"Devemos estar preparados para abrir o capital em 2014", disse Marcelino Nascimento, presidente da Brasbunker. Ele afirmou que o BTG levou para a empresa padrões de governança e uma nova cultura, além de alterar práticas internas. O banco nomeou o diretor financeiro e a empresa trocou de auditoria passando a ser auditada por uma das grandes empresas do setor, disse Nascimento. A empresa foi criada pelo pai e por um tio dele na década de 1960. Hoje a holding familiar Rio Alva tem 60% do grupo e os 40% restantes estão em mãos de um fundo de participações em ações gerido pelo BTG.
A Brasbunker começou fazendo o transporte marítimo de combustível em portos do país, atividade que ainda mantém e é responsável por 29% da receita líquida do grupo. O apoio marítimo, que presta serviços à indústria de petróleo, responde por 48% da receita e a operação de proteção ambiental, outra das atividades, por 23%. Em 2015, a atividade offshore deve responder por 56% da receita da Brasbunker, o transporte marítimo de combustível, por 18%; a atividade ambiental, por 16%, e um novo negócio, a operação de robôs submarinos, por 10%.
No fim de 2011, a Brasbunker comprou 70% da empresa RRC Robótica, de Macaé (RJ), da área de operações submarinas. Aquisições como essa vão assegurar novos contratos e receitas para a Brasbunker e vão ajudar a alavancar o crescimento da empresa, disse Nascimento. Este ano a RRC participou de licitação da Petrobras para contratar serviços de robôs submarinos.
Nascimento disse que a empresa apresentou a melhor proposta para fornecer os robôs à Petrobras e, segundo ele, a expectativa é que o contrato possa incluir 24 robôs, um pacote cujo valor total é de R$ 1,2 bilhão. A RRC tem hoje cerca de 30 empregados, número que deve chegar a quase 300 pessoas caso se confirme o contrato com a estatal.
Nascimento disse que os robôs serão fornecidos pela americana Schilling, mas em um segundo momento os equipamentos devem passar a ter partes feitas no Brasil. Procurada, a Petrobras não se pronunciou. A entrada nesse negócio vai levar a Brasbunker a investir R$ 2,2 bilhões em cinco anos. A maior parte dos recursos irá para a construção de navios de apoio offshore. O plano considera construir 23 desses navios até o fim de 2016.
A ampliação da frota também vai sustentar o crescimento da receita do grupo. No total, entre navios para o transporte de combustível e barcos de apoio marítimo, a Brasbunker terá, a partir de agosto, 94 embarcações em operação. O número do apoio inclui navios próprios e de terceiros com os quais a Brasbunker tem acordos operacionais.

5- Americana Anadarko desiste da venda de seus ativos no Brasil
A petrolífera americana Anadarko engavetou os planos de venda de seus ativos no Brasil por não ter recebido preços aceitáveis, sinal da perda de entusiasmo das grandes empresas ocidentais com o país, outrora considerado a fronteira mais interessante no mundo do petróleo.
A Anadarko confirmou ao "Financial Times" que estava "atualmente em compasso de espera em relação a quaisquer vendas no Brasil". O grupo não quis dar mais detalhes sobre o assunto.
De início, petrolíferas como Statoil, Total e Maersk Oil haviam mostrado interesse nas operações, avaliadas em mais de US$ 3 bilhões. No fim das contas, no entanto, os ativos não atraíram um preço alto o suficiente, segundo fontes a par do assunto.
A decisão da Anadarko coloca em evidência a perda de entusiasmo das petrolíferas estrangeiras com o Brasil, anteriormente considerado o ativo mais "quente" do setor. "Foi fogo de palha", disse Fadel Gheit, analista de petróleo na Oppenheimer & Co., em Nova York. "Há outras áreas economicamente mais viáveis pelo mundo."
Há apenas cinco anos, o país era visto como a maior fonte de atração para a indústria petrolífera. Havia descoberto vastas quantidades de petróleo abaixo de uma grossa camada de sal no Atlântico e as principais petrolíferas estavam desesperadas para ficar com uma parte disso.
Nos últimos anos, entretanto, a atração exercida pelo chamado "pré-sal" perdeu força. O Brasil não vendeu nenhuma licença marítima desde as grandes descobertas em 2007. Paralelamente, a Petrobras, encarregada dos novos contratos no pré-sal, está às voltas para atingir suas próprias previsões de aumento de produção. Recentemente, reduziu as metas de produção até 2016. A OGX, outra grande empresa local do setor, também encolheu as projeções.
Os processos e multas por vazamentos de petróleo na costa do Rio de Janeiro contra a Chevron e sua sócia nas perfurações Transocean também esfriaram a comunidade de investidores.
Todos esses fatores complicaram a venda dos ativos da Anadarko. "As pessoas estão com um olhar mais clínico em relação ao Brasil nos dias de hoje", disse um executivo especializado em fontes de energia que trabalha para um banco ocidental. "Estão dizendo: Só porque é o Brasil, não devemos pagar acima do que vale."
Também há outras questões, como a insistência do governo em exigir altos graus de conteúdo local nas novas plataformas de perfuração marítimas e nas instalações de produção. "As pressões de custo e limitações de capacidade estão impactando o preço que as companhias estão dispostas a pagar por ativos brasileiros", afirmou o executivo de banco.
O contexto político também torna o Brasil menos atraente. "Agora, há muita interferência política no setor petrolífero", disse um importante executivo de uma grande petrolífera ocidental.
As decepções levaram algumas empresas a sair. A Exxon Mobil abandonou seu único bloco no país neste ano, após encontrar três poços secos em suas perfurações.
Há, contudo, um grupo de petrolíferas estrangeiras cujo entusiasmo não diminuiu - as que entraram no Brasil há muitos anos e agora são parceiras da Petrobras nos campos do pré-sal. "Aqueles entre nós que apostaram no Brasil quando ninguém estava interessado se deram bem", disse o executivo de uma das empresas que entraram cedo no Brasil.
Um exemplo é o BG Group, que adquiriu uma área na Bacia de Santos em 2000. A empresa projeta que suas operações no Brasil - incluindo participações em imensas descobertas como as dos campos de Lula e Sapinho - cheguem a uma capacidade instalada de 2,3 milhões de barris por dia de até 2017 e estejam produzindo 600 mil barris diários em 2020. Essas estimativas não foram afetadas pelas novas metas da Petrobras.
Mesmo a primeira leva de empresas no Brasil, no entanto, teme que fatores como a lei de conteúdo local estejam tornando o país um lugar mais complicado de se fazer negócios. "Cria gargalos e torna as coisas mais caras", diz o executivo de uma petrolífera ocidental.
Anousha Sakoui e Guy Chazan
Fonte: Financial Times para Valor Econômico


II – COMENTÁRIOS

1- As ameaças da nova geopolítica do petróleo
Os combustíveis fósseis vivem um novo ciclo de expansão, cujos resultados vão alterar de maneira drástica a geopolítica da energia global. O pré-sal brasileiro é parte deste processo, mas seu epicentro decisivo encontra-se nos Estados Unidos. Longe do declínio previsto por muitos especialistas e sintetizado na expressão "pico do petróleo", a capacidade da produção mundial diária deve passar dos atuais 93 milhões de barris para 110 milhões em 2020. Dois são os requisitos fundamentais deste verdadeiro "oil revival", que tem mobilizado investimentos superiores a US$ 500 bilhões anuais, desde 2010: o primeiro é que o preço do barril do petróleo esteja acima de US$ 70 e o segundo é que sejam vencidas as barreiras socioambientais que ameaçam este avanço.
Sob o ângulo geopolítico, dos quatro protagonistas centrais desta ampliação da oferta (Estados Unidos, Canadá, Brasil e Iraque) três encontram-se fora do círculo de influência do Golfo Pérsico, o que modifica completamente a ligação entre segurança nacional e energia, sobretudo nos Estados Unidos que devem tornar-se a segunda potência petrolífera mundial até 2020. Esta virada torna-se mais provável caso os preços mantenham-se elevados ao menos até 2015, o que estimulará os investimentos necessários a que ela se concretize.
Estas são algumas das conclusões de um trabalho fundamental lançado em junho pelo Belfer Center for Science and International Affairs da Harvard Kennedy School. Leonardo Maugeri, seu autor, hoje pesquisador visitante sênior da prestigiosa instituição, é uma das grandes autoridades mundiais em petróleo e dirigiu a ENI, grande multinacional italiana na área de petróleo e gás. Não há qualquer exagero no título de seu estudo: "Petróleo, a próxima revolução" que vem ocupando um espaço crescente na imprensa e nos círculos especializados em energia no mundo todo.
O que está em jogo nesta discussão são os próprios caminhos pelos quais vai passar o processo de descarbonização da economia global. Mais do que constatar fatos objetivos e estabelecer hipóteses sobre as tendências daí decorrentes, o trabalho de Maugeri preconiza uma rota em que a exploração crescente de petróleo seria compatível com as exigências socioambientais das sociedades contemporâneas. Por um lado, Maugeri procura mostrar que os problemas das novas tecnologias de exploração do petróleo (o fraturamento hidráulico, "fracking", em inglês) são menores do que se imagina.
A infiltração de gás natural nos aquíferos, o envenenamento do sub-solo por meio do uso excessivo de produtos químicos e mesmo os pequenos terremotos em algumas áreas de exploração não passam, a seu ver, de episódios esporádicos derivados de técnicas mal aplicadas. Quanto às consequências do aumento da oferta sobre o aquecimento global, estes são temas que a captura e armazenagem de carbono, bem como a geoengenharia, seriam capazes de enfrentar. Em outras palavras é um caminho em que mais extração e maior uso de combustíveis fósseis em nada comprometem o objetivo de luta contra o aquecimento global.
Apesar de sua importância o trabalho de Leonardo Maugeri deixa na sombra ao menos dois problemas decisivos desta nova geopolítica do petróleo. O primeiro foi denunciado na parte do recém publicado Global Environmental Outlook referente à América do Norte. Estados Unidos e Canadá, diz o trabalho, têm sido "lentos na expansão de fontes renováveis de energia, capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa". As oportunidades de negócios trazidas por estas novas técnicas de extração de petróleo são imensas. E na prática seu aproveitamento reduz o potencial de investimentos e de inovação nas fontes renováveis. Em 2010, por exemplo, dos US$ 710 bilhões gastos em energia, no mundo, apenas US$ 70 bilhões foram para renováveis, como mostra um importante relatório das Nações Unidas.
Os efeitos desta revitalização do petróleo são de longo prazo: cada dólar investido em energias fósseis (não só na extração, mas também na armazenagem e na distribuição) encarece os investimentos em fontes renováveis. Isso não apenas para o petróleo e o gás, mas para o conjunto da indústria petroquímica. Por mais promissoras que sejam as inovações tecnológicas voltadas à exploração do petróleo em locais e circunstâncias inimagináveis há alguns anos, elas trazem o inevitável inconveniente de fortalecer as estruturas materiais e institucionais da economia baseada em combustíveis fósseis. Quanto a captura e a armazenagem do carbono o jornalista neozelandês Gordon Campbell lembra que, até aqui, trata-se de uma técnica que foi pouco além da prancheta dos engenheiros.
O segundo problema do revigoramento recente da exploração de combustíveis fósseis está em seus custos energéticos. Nenhum dos defensores da tese do pico do petróleo imagina que o precioso líquido negro vá desaparecer das profundezas do planeta. A questão está nos custos de sua exploração. Estes custos devem ser medidos não apenas em termos econômicos, mas também energéticos, com base na pergunta: quanta energia se gasta para obter uma unidade de energia sob a forma de petróleo? Em 1930 a resposta era de 1 para 100. Os poços eram tão férteis que, com técnicas energeticamente pouco dispendiosas, obtinha-se muito petróleo.
O pico do petróleo consiste, em grande parte, no fato de que estes rendimentos vão caindo com o passar do tempo. A média mundial hoje gira em torno de dez unidades de energia para cada uma que se investe na extração de petróleo. E mesmo com as técnicas revolucionárias aplicadas no fraturamento hidráulico norte-americano, as médias das jazidas mais promissoras está muito aquém disso: no local mais emblemático destas novas formas de exploração, no Estado de North Dakota, a média é de apenas quatro unidades de energia para cada uma investida na sua obtenção. Nas areias asfálticas do Estado de Alberta, no Canadá, a proporção é de apenas três para um.
Quando se somam a estes custos energéticos aqueles embutidos na armazenagem e na captura do carbono (condição básica para que o aumento da oferta não agrave ainda mais o aquecimento global) o resultado é inequívoco: há um contraste evidente entre o entusiasmo que este novo ciclo dos combustíveis fósseis desperta em governos e investidores e a ineficiência energética em que ele se apoia. O mais recente boom do petróleo pode contribuir para a segurança energética dos Estados Unidos. Mas certamente não ajuda a aumentar as chances de compatibilizar a expansão do sistema econômico global com a manutenção dos serviços ecossistêmicos dos quais as sociedades humanas dependem.
*Texto originalmente publicado no Portal Folha de São Paulo, em 20/07/12
Ricardo Abramovay
Professor titular da FEA e do IRI/USP, pesquisador do CNPq e da Fapesp

2- Um ícone do setor de etanol !
Existem pessoas, que leem a história!
Existem pessoas, que vivem a história!
E existem aqueles: que constroem a história!
Ao me deparar há alguns anos com a sentença acima comecei a pensar sobre qual seria o modo correto de se viver: o de construir valor a cada dia. Assim, pelo menos, tenho tentado pautar meus dias e meus ofícios, sem o arrependimento do que deixei de fazer, ou o fiz por impulso, mas sim, a certeza de que se errei, foi tentando acertar. Sempre !
José Paulo Stuapiello é um ícone do setor. Ao longo de toda a sua vida vem se dedicando diuturnamente para criar e inovar, sempre com suas ponderações racionais e lógica apurada, que aliada ao conhecimento que lhe é natural, e fruto de muito estudo, o torna ímpar entre seus pares. CanaSauro na real essência da palavra !
Engenheiro agrônomo por formação, consultor técnico de mais de 100 indústrias entre usinas e destilarias do Brasil e do exterior, além de Institutos e Agências Governamentais, Stupiello arruma tempo, ainda, para um de seus hobbies preferidos, a coleção de relógios de parede. Parece que gosta de ver o tempo passar...
Com justa homenagem recebeu, no final de maio, o prêmio de personalidade acadêmica durante o 3º Prêmio TOP Etanol, iniciativa do Projeto Agora, em reconhecimento a sua contribuição de forma decisiva para a consolidação do setor da bioenergia brasileira.
Hoje, acredito que quase todos os agrônomos de usinas e destilarias assistiram às suas aulas, quer seja na Esalq/USP - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, ou em um dos muitos congressos e cursos que tem ministrado. Assim, podemos atestar que seus dedos, e conhecimento, estão amplamente difundidos por todo o nosso segmento.
Como se não bastasse tudo isso, Stupiello se destaca ainda por sua liderança à frente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB), entidade que promove o intercâmbio científico, técnico e cultural entre as diversas regiões produtoras de cana-de-açúcar do país e do exterior.
Na STAB, sua visão voltada para a importância da qualificação profissional, o fez ainda firmar parceria com a UniUDOP - Universidade Corporativa da UDOP, onde em conjunto, as duas entidades realizam os cursos agrícolas e industriais, que nas últimas mais de duas décadas e meia já qualificaram mais de 100 mil profissionais para o setor. Ainda com a UDOP, o engenheiro agrônomo apoiou e deu sustentação à pesquisa de custos industriais que a entidade lançou neste ano, e que tem atraído a atenção de muitas usinas, que buscam um parâmetro de custos nesta época em que o setor enfrenta mais uma crise.
Tive a honra de tê-lo como meu professor e hoje posso me sentir ainda mais honrado de poder tê-lo como amigo. Nossos primeiros contatos datam na década de 1970, quando ainda esalquiano me aventurei a vender chapéu Panamá, canivete e sapatão astronauta, e fui flagrado por ele com um estoque de produtos num de seus armários, graças a parceria com seu braço direito Armindo. Faço questão de relembrar esta história, pois até hoje, o próprio Stupiello não se cansa em declamá-la.
O agrônomo Stupiello é ainda autor de 178 trabalhos de pesquisa e técnicos, livros, livros textos sobre processamento de açúcar e de álcool, além de conferencista e palestrante de mais de 156 congressos dentro e fora do Brasil, enfim, uma sumidade em matéria de cana-de-açúcar.
Ouso dizer que recentemente discutia-se qual deveria ser o nome desta planta mágica e maravilhosa chamada cana-de-açúcar, uma vez que o mesmo já foi muito superado, pois produz, além de açúcar, etanol, bioeletricidade, diesel, plástico verde, etc, etc, etc, e nada mais justo que sua nova nomenclatura pudesse fazer alusão a seu nome, numa mais que justa homenagem.
E para quem pensa que todo o farto currículo já é o bastante, ledo engano. José Paulo Stupiello se debruça hoje sobre seu novo desafio, a realização de mais uma edição da ISSCT - Congresso da International Society of Sugar Cane Tecnologies, ou Sociedade Internacional de Tecnologia da Cana-de-Açúcar, no Brasil entre os dias 24 e 27 de junho de 2013, em São Paulo.
A escolha do Brasil para a 28ª edição do ISSCT tem seu nome e empenho por trás, afinal há 24 anos que o país, líder mundial na produção de açúcar, não sediava o evento, que tem como objetivo promover o intercâmbio de ideias e conhecimentos sobre o desenvolvimento tecnológico dos países membros, através de congressos realizados a cada três anos.
Sua visão e paixão pela cana é tamanha que ainda formou os filhos, um casal, para este mesmo setor. Jaime Stuapiello, diretor agrícola da Guarani, do Grupo Tereos; e Maria da Graça Stupiello Andrietta, professora da Unicamp e grande pesquisadora de bioetanol. Mas este é outro capítulo...
*Texto originalmente publicado na Revista STAB, edição Maio/Junho
Antonio Cesar Salibe
Presidente executivo da UDOP

segunda-feira, 16 de julho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 91

I – NOTÍCIAS

1- Petrobras realiza cerimônia de batismo da P-59
Fonte:Agência Petrobras
A Petrobras realizou a cerimônia de batismo da plataforma P-59, no Canteiro de São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe (BA). A presidente Dilma Dilma Rousseff e a presidente da Petrobras, Graça Foster, estiveram presentes na ocasião.
Os representantes da área de Exploração e Produção da Petrobras, Robson Pacheco de Moraes, gerente de sondas próprias e contratadas, e José Venâncio Lima Cardoso Júnior, gerente geral de construção e manutenção de poços - sondagem auto-elevatória, juntamente com Rômulo de Miranda Coelho da área de engenharia, deram explicações técnicas sobre a construção da plataforma.
A P-59 foi construída no canteiro de São Roque do Paraguaçu, de propriedade da Petrobras, e é uma plataforma do tipo autoelevatória de perfuração (jack up), apta a operar em águas rasas em condições de alta pressão e alta temperatura.
A plataforma jack-up, de perfuração offshore, com casco flutuante, é munida de pernas retráteis, que podem ser abaixadas até o leito do mar para sustentar a estrutura do casco acima do nível da água.

2- Polo Naval de Rio Grande é Tema do SINAVAL
Após quatro anos de sua inauguração o pólo industrial naval de Rio Grande (RS) já é uma realidade e com perspectiva de ser o mais competitivo do país. Atualmente, o empreendimento conta com dois estaleiros (Quip e Ecovix), já em operação, e do Wilson Sons que já recebeu, recentemente, a liberação da licença ambiental. Isso sem mencionar o estaleiro EBR, no município ao lado (São José do Norte), que irá agregar mais valor ao pólo na atração de novos investimentos e empresas, principalmente da cadeia produtiva, conforme disse nesta quinta-feira ao MONITOR MERCANTIL o prefeito peemedebista Fábio de Oliveira Branco, acrescentando que os investimentos iniciais do empreendimento foram cerca de R$ 10 bilhões em contratos com a Petrobras, e algo em torno de R$ 2 bilhões dos estaleiros (Quip R$ 500 milhões; Ecovix R$ 1 bilhões e Wilson Sons R$ 500 milhões).
- O município de Rio Grande está passando por uma grande transformação a partir da implementação do pólo naval. Primeiro, em termos de visibilidade do município, tanto do porto, de seu calado, que está batendo todos os recordes, além de ter uma área retroportuária invejável, que nós estamos sabendo aproveitar as oportunidades que a Petrobras tem nos dado - disse, acrescentando que, a partir dessa conjuntura, está sendo possível gerar emprego e renda de forma perene no município: "o pólo foi um divisor de águas a partir da construção da primeira plataforma P-53, que foi um aprendizado muito importante da atividade metal-mecânica totalmente novo em nossa região".
O prefeito Fábio Branco, que esteve visitando nesta quinta-feira na sede do Sinaval, no Rio, fez questão de ressaltar que o pólo de seu município está construindo as plataformas P-55, P-63, P-58, além do processo de construção inicial de oito cascos em seu dique seco para a Petrobras. Todos esses empreendimentos, segundo ele, estão gerando 7.500 empregos diretos e com perspectiva para os próximos meses de chegar a 10 mil empregos diretos.
- O trabalho que estamos fazendo junto com o governo do Estado do Rio Grande do Sul visa a dar cada vez mais competitividade ao pólo para que tenha uma condição futura de competitividade de longo prazo, dando oportunidade de desenvolvimento dos riograndinos para que sejam inseridos nesse processo.
Branco disse ainda que um fator importante no pólo e a capacitação profissional dos riograndinos. Segundo ele, essa é uma equação que precisa resolvida.
- Temos que somar esforços, governos federal, estadual e municipal, além do Sinaval, que representa as indústrias, para que possamos aproveitar esse bom momento e transformar esse projeto do pólo para que seja cada vez mais competitivo no futuro - disse, informando que os contratos com a Petrobras somam cerca de R$ 10 bilhões, gerando cerca de 15 mil empregos diretos e algo em torno de 35 mil indiretos. O pólo industrial naval do Rio Grande terá capacidade de processar cerca d 200 mil toneladas de aço/ano.
Fonte: Monitor Mercantil

3- Nova Área para Estaleiro em ALAGOAS
Governo de Alagoas, Ibama, Ministério do Meio Ambiente e bancada federal alagoana devem trabalhar em parceria na busca de uma solução para o impasse criado após o veto do órgão ambiental federal à construção do Estaleiro Eisa, em Coruripe, Litoral Sul de Alagoas.
Foi o que ficou definido em reunião, na noite de ontem, em Brasília, da qual participaram a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Volney Zanardi, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e o prefeito de Coruripe, Marx Beltrão (PMDB), além dos três senadores e dos deputados da bancada federal alagoana. O deputado estadual Judson Cabral (PT) também participou do encontro.
A ministra Izabella Teixeira ouviu os argumentos da comitiva alagoana. Ela garantiu apoio, mas disse que não vai aceitar “conotação política” no veto do Ibama ao estaleiro e que tudo será feito dentro do que determina a legislação ambiental.
Fonte: Gazeta de AlagoasGoverno de Alagoas, Ibama, Ministério do Meio Ambiente e bancada federal alagoana devem trabalhar em parceria na busca de uma solução para o impasse criado após o veto do órgão ambiental federal à construção do Estaleiro Eisa, em Coruripe, Litoral Sul de Alagoas.
Foi o que ficou definido em reunião, na noite de ontem, em Brasília, da qual participaram a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Volney Zanardi, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e o prefeito de Coruripe, Marx Beltrão (PMDB), além dos três senadores e dos deputados da bancada federal alagoana. O deputado estadual Judson Cabral (PT) também participou do encontro.
A ministra Izabella Teixeira ouviu os argumentos da comitiva alagoana. Ela garantiu apoio, mas disse que não vai aceitar “conotação política” no veto do Ibama ao estaleiro e que tudo será feito dentro do que determina a legislação ambiental.
Fonte: Gazeta de Alagoas

4- Pesquisadores usam óleo de fritura em veículos para viagem ao Peru
Um grupo de pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia e um professor convidado da Universidade do Minho, em Portugal, iniciam na manhã desta quinta-feira (12) uma viagem até a cidade de Ilo, no Peru, utilizando o biodiesel B100, produzido a partir da reutilização do óleo de fritura e azeite de dendê. A iniciativa integra o "Projeto Travessia Interoceânica B100" e a equipe parte do Porto da Barra, em Salvador, nesta manhã.
De acordo com o professor Edlnildo Torres, coordenador do Centro Interdisciplinar de Energia e Ambiente da Politécnica, o grupo deve percorrer 15 mil quilômetros em via terrestre em um prazo de 20 dias. Para realizar o projeto, os pesquisadores irão utilizar dois veículos doados por uma montadora. Um dos carros terá a maior parte do tanque abastecida por combustível comum e apenas 5% de outro tipo de biodiesel. O segundo carro viaja abastecido com com o biodiesel B100. O professor destaca que os dois veículos estão equipados com analisadores dos gases de exaustão do motor para avaliar o comportamento dos combustíveis.
Segundo Ednildo Torres, o projeto foi testado durante oito meses na Escola Politécnica e a proposta vem sendo trabalhada há dois anos, mas o Laboratório de Energia e Gás da UFBA já trabalha com a utilização de biodiesel há 30 anos. "Essa iniciativa é única e é o primeiro teste que faremos com essa característica. A expectativa é muito boa porque o comportamento em laboratório foi bastante significativo e esperemos ter um combustível renovável e que atenda a questões econômicas e ambientais" afirma Ednildo.
Segundo ele, o trajeto deve percorrer uma média de 700 a 800km por dia e a chegada a fronteira do Peru está prevista para o dia 20 de julho e o grupo deve ficar em Ilo durante sete dias. O projeto deve ser divulgado nas cidades de Luis Eduardo Magalhães, Brasília, Porto Velho, Comodoro, Ilo, além de Salvador.
Ainda segundo o professor, o combustível utilizado na viagem é totalmente renovável e a Escola Politécnica tem capacidade de produção de 10 milhões de litros por ano. Para o projeto estão sendo utilizados 1,2 mil litros de B100 distribuídos em recipientes de 50 litros e cada caminhonete irá transportar 600 litros de combustível.
Durante a viagem, os pesquisadores devem coletar dados sobre a performance, rendimento e emissões do motor com o biocombustível. Questões relacionadas à qualidade das estradas também serão avaliadas, através de vídeos, fotografias e mapeamento eletrônico. Quando retornarem da viagem, os veículos serão submetidos a estudos e testes para avaliar o desgaste e desempenho dos carros no percurso. O retorno para Salvador está previsto para o dia 31 de julho.
Fonte: Portal G1

5- Sondas do pré-sal feitas no exterior
12/07/12 - As sondas para exploração de petróleo no pré-sal, cuja condição contratual é a de serem construídas no Brasil, começaram a ser feitas, mas no exterior, para cumprir os prazos de entrega à Petrobras. A primeira de um total de 21 sondas já começou a ser cortada no estaleiro Jurong, em Cingapura. A Petrobras vai alugar os equipamentos junto à empresa Sete Brasil, que, por sua vez, encomendou as sondas ao estaleiro asiático.
A medida foi tomada porque o estaleiro que o grupo asiático está construindo no Espírito Santo - o Jurong Aracruz - começará a operar em junho de 2013 e só estará totalmente concluído em 2014. O problema é que a primeira sonda encomendada pela Sete Brasil terá que ficar pronta em junho de 2015, para atender ao cronograma de afretamento da Petrobras.
A diretora institucional do Jurong Aracruz, Luciana Sandri, destacou que as peças (seções) do casco começaram a ser feitas em Cingapura, para o cumprimento dos prazos. Ela garantiu, porém, que isso não vai desrespeitar a cláusula de conteúdo nacional prevista no contrato, que é de 55%. O custo total dessa sonda é de US$ 800 milhões.
- Assinamos o contrato para a construção da primeira sonda em dezembro do ano passado. E vamos cumprir o prazo - disse Luciana.
A Sete Brasil espera assinar até agosto o contrato de aluguel das 21 sondas com a Petrobras. Para garantir o cumprimento dos prazos, a companhia assinou em dezembro passado contrato de encomenda para construção das duas primeiras peças: uma com o Jurong Aracruz e outra com o Keppel Fels, que, segundo fontes, vai iniciar nos próximos dias a construção da sonda no estaleiro Brasfel, em Angra dos Reis. O mercado aguarda também para breve a assinatura pela Petrobras da encomenda de outras cinco sondas junto à Ocean Rig, cuja construção deverá ser realizada no estaleiro Mauá, em Niterói.
A Jurong está investindo R$ 1 bilhão na construção do estaleiro no Espírito Santo e já realiza cursos de qualificação para 675 pessoas. Das 21 sondas que serão encomendadas pela Sete Brasil, os estaleiros Jurong Aracruz, Keppel Fels e Paraguaçu, na Bahia, construirão seis cada um. As três últimas sondas serão encomendadas ao estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
ANP: licitação de blocos de petróleo só após eleições
O anúncio da tão esperada 11 rodada de licitação de blocos de exploração petróleo e gás deverá ficar para depois das eleições de outubro. Em audiência pública ontem na Câmara dos Deputados, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, afirmou que a votação do projeto de lei que altera a alíquota dos royalties do petróleo, que só deve ocorrer após o pleito, ainda é uma barreira para a análise econômica por parte dos concessionários.
Dessa definição depende também a 12 rodada, que, segundo a diretora-geral, incluirá campos de exploração dos estados de Acre, Maranhão, Piauí e Paraná:
- A tramitação no Congresso é que vai dizer - afirmou a diretora da ANP.
11/07/12
Ramona Ordoñez, Cristiane Bonfanti e Bruno Rosa
Fonte: O Globo


II – COMENTÁRIOS

1- Roberto Viana/PETRA diz que Eike/EBX é vitima de Mercado Imaturo
Roberto Viana, dono da Petra Energia e um dos empresários mais discretos do setor de óleo e gás do Brasil, saiu em defesa de seu sócio Eike Batista. Avesso a entrevistas, ele quebrou o silêncio para falar sobre o sócio, que enfrenta uma crise de credibilidade em função de metas de desempenho não cumpridas pela OGX na Bacia de Campos. E respondeu a perguntas sobre o atual momento das empresas do setor, cujas ações estão perdendo valor, sob críticas de investidores.
Viana tem uma posição singular no mercado brasileiro de óleo e gás. Ainda dono de concessões em Minas onde busca gás, Viana é, de certa forma, responsável pela existência da HRT (vendeu para o empresário Márcio Mello os 55% de 21 blocos na bacia do Amazonas que deram início à empresa) e da OGX, para quem vendeu os blocos no Maranhão onde 1,1 trilhões de pés cúbicos (TCFs) de gás foram declarados como reservas provadas no ano passado.
Esse volume corresponde a 11,1% das reservas provadas de gás da Bolívia. No país vizinho as reservas totais se elevam para 18 TCFs se incluídas as reservas prováveis, segundo cálculos da consultoria Gas Energy. A explicação é importante porque ficaram famosas as declarações de Batista sobre descobertas de "meia Bolívia" de gás na área, quando na realidade o empresário faz referência à possibilidade de produzir ali - ainda não comprovados - 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O volume equivale à metade da capacidade de transporte do Gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol) e não às reservas totais do país vizinho.
O gás encontrado pela OGX no Maranhão vai suprir um projeto termelétrico da MPX que já tem 3,6 gigawatts com licença ambiental, dos quais apenas a metade já tem contratos de venda de energia. Em outubro do ano passado o empresário saiu da HRT ao vender os 45% que ainda detinha para a anglo-russa TNK-BP, por R$ 1,28 bilhão.
Na opinião de Viana, Eike Batista é um pioneiro que teve a tarefa de abrir uma frente na exploração privada de óleo e gás no Brasil e, por isso mesmo, ficou exposto ao que ele chama de processo de amadurecimento do mercado. E é justamente o que ele quer evitar ao manter a Petra longe do mercado, bem diferente da estratégia da OGX e da HRT. Segundo o empresário, " é melhor ter limitação de acesso a capital mas tranquilidade para trabalhar, do que ter mais capital com intranquilidade". Veja aqui os principais trechos da entrevista, feita por telefone e email.
Valor: Na sua avaliação, por que as empresas brasileiras de óleo e gás estão sendo punidas pelo mercado nesse momento?
Roberto Viana: Primeiro porque estamos numa conjuntura internacional de crescentes incertezas e forte retração. Segundo, o Brasil passou a ser duramente questionado pela imprensa, por analistas e investidores internacionais. Terceiro, não houve tempo para amadurecer uma cultura nas empresas de petróleo no mercado brasileiro de ações. A combinação desses fatores gera instabilidades com fortes movimentos negativos para as poucas empresas listadas.
Valor: O caso da OGX e outras empresas do grupo EBX, ao que o senhor atribui esse mau humor dos investidores?
Viana: Existe uma grande incompreensão sobre o papel do Eike. Ele é, sem dúvida alguma, o empreendedor que historicamente marca um novo paradigma empresarial em nosso país, pois não vem a reboque do Estado. Eike tem a coragem visionária de desenvolver grandes projetos puramente privados, estruturadores e transformadores, a exemplo do Complexo de Açu, bem como de criar um grupo empresarial com alta potência de integração. Além da incompreensão para tanta ousadia e ineditismo, o imenso sucesso do Eike provoca ressentimentos de várias formas, inclusive atiça o pecado capital da inveja. Esses e outros fatores se combinam para formar uma multiplicidade de ataques contra ele, sobretudo no atual momento do mercado.
Valor: Que medidas, decisões, declarações do controlador do grupo EBX, a seu ver, podem ter dado razão para uma compreensão equivocada por parte do mercado?
Viana: Lembro o exemplo do Parnaíba, que conheço muito de perto. Num certo momento o Eike falou sobre esses ativos e foi duramente questionado. A tal ponto que, pelo que tenho sido informado, a imensa maioria dos investidores não precifica adequadamente e no geral não atribui valor algum a este ativo de altíssima importância. Trata-se de uma patente irracionalidade do mercado pois, na verdade, o consórcio liderado pela OGX-MPX vai produzir volumes acima do que importamos dos bolivianos. Só para suprir os 3,6 gigawatts já licenciados pela MPX teremos capacidade instalada para produzir mais da metade do gás que importamos da Bolívia. E ao se introduzir o segundo complexo térmico de tamanho similar, ultrapassaremos o total que importamos da Bolívia.
A diferença extraordinária, que só aumenta o valor do projeto liderado pelo grupo EBX, é que não necessita ter a construção de gasoduto de transporte. O da Bolívia hoje custaria entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, segundo a [consultoria] Wood MacKenzie. No Parnaíba foi criado um modelo em que o gás é utilizado no próprio local, assim gerando ainda mais valor. Ou seja, é aberração lógica os investidores desprezarem um ativo extraordinário como o Parnaíba. A Petra, por exemplo, não vende sua participação de 30% no Parnaíba por US$ 3 bilhões pois consideramos o potencial "upside" do ativo muito maior.
Valor: Onde acha que Eike Batista acertou ou falhou?
Viana: Mesmo antes da crise, o mercado reagiu de maneira muito negativa quanto ao Parnaíba e o Eike então se retraiu. Considero que o erro do Eike foi não divulgar mais o que está sendo construído no Parnaíba, pois em tempo recorde a OGX assegurou o volume capaz de gerar uma produção de mais de 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, o que significa aumento de 40% de todo o gás produzido no "onshore" brasileiro.
Outra contribuição histórica foi a MPX ter colocado o preço da energia térmica abaixo da hídrica de PCHs e isso demonstrou a importância que o gás natural irá assumir na matriz elétrica brasileira. Existem muitas outras contribuições marcantes com elevada geração de valor do grupo EBX no Parnaíba, mas o mercado não precifica adequadamente ou simplesmente despreza algo de altíssimo valor. Em resumo, não me parece haver racionalidade nesse comportamento dos investidores que agora vêm dizer que o Eike promete e não entrega. Sou testemunha direta no Parnaíba, o grupo EBX está entregando sim, muito acima do inicialmente esperado e antes do tempo, inclusive batendo recordes mundiais de performance.
Valor: Algum alívio por ter saído da HRT?
Viana: Na verdade houve o exercício de um direito de compra por parte da HRT em articulação com a TNK-BP. Tudo foi concluído de maneira adequada para todos.
Valor: Que perguntas recebe de investidores estrangeiros?
Viana: Há hoje, equivocadamente, uma grande perplexidade no exterior sobre o que está ocorrendo no Brasil. Tranquilizo os que me procuram mostrando que não houve nenhuma mudança dos fundamentos. Talvez antes o mercado tivesse romantizado demais nossas condições objetivas. Ocorre que o mercado é ciclotímico, subitamente tomado por irracionalidades perceptivas, geralmente seguidas de comportamentos coletivos erráticos. Quando a situação é boa então só vê maravilhas e quando está ruim só vislumbra desgraças. Isso é claramente insano, pois a realidade é muito mais contraditória e complexa, sempre plena de nuances.
Valor: Porque a decisão de manter a Petra uma empresa de capital fechado?
Viana: Não temos perspectiva de ir para mercado público exatamente porque entendemos que o mercado brasileiro ainda é muito imaturo e em formação, diria até mesmo em gestação. E considero que é melhor ter limitação de acesso a capital mas tranquilidade para trabalhar, do que ter mais capital com intranquilidade. Porque isso aí afeta demais a vida da empresa.
Valor: Diante da queda das ações da OGX, HRT, QGEP e a própria Petrobras, o que aconselha aos acionistas delas?
Viana: Recomendo cautela, sem precipitações e observando atentamente ativos, management e grupo empreendedor de cada empresa, sempre pensando no longo prazo. O setor de petróleo e gás natural, em particular, tem prazos de maturação muito longos e exige uma expectativa de retorno também de longo prazo por parte dos investidores.
Fonte: Valor

2- ANP diz que 12ª rodada incluirá AC, PI, MT, MA e PR
Fonte: Redação TN Petróleo/ Agência Petrobras
Durante participação em audiência pública da Comissão de Minas e Energia, realizada na quarta-feira (11) em Brasília, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, apresentou as regiões brasileiras com potencial de exploração de óleo e gás onshore. Segundo ela, a 12ª rodada de licitações de blocos de petróleo e gás poderá incluir os estados do Acre, Piauí, Mato Grosso, Maranhão e norte do Paraná.
A executiva aproveitou para reclamar do adiamento da votação da redistribuição dos royalties do petróleo (PL 2565/11), e disse que a indefinição sobre o valor a ser cobrado das empresas exploradoras impede a realização da 11ª rodada de licitação de áreas exploratórias, aguardada pelo setor e ainda sem data prevista.
“Sem a definição em lei dos royalties, não é possível esperar que um concessionário faça uma oferta se não souber quanto o projeto irá render”, justificou.
O relator do projeto, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), havia afirmado no último dia 3 que a proposta deverá ser votada somente depois das eleições de outubro. Já o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que, para a inclusão do projeto em pauta, será preciso definir um acordo entre os parlamentares, já que a proposta envolve interesses regionais, não somente partidários.
A postergação da retomada das rodadas, disse Chambriard, está prejudicando particularmente os pequenos produtores de campos terrestres, que aguardam a realização da 11ª rodada.
Multas maiores
No encontro, Magda Maria Chambriard também anunciou que o governo deve enviar ao Congresso um projeto de lei que eleva para até R$ 150 milhões a multa para petrolíferas que causarem acidentes com mortes ou derramamento de óleo. Hoje a penalidade máxima é de R$ 2 milhões.
A ideia que, segundo ela, está em fase de negociação final no governo, é fixar a multa máxima em R$ 30 milhões, que poderá ser multiplicada por cinco nos casos mais graves - chegando assim aos R$ 150 milhões. “Essa sim é uma multa compatível com o porte de uma grande petroleira”, disse a diretora-geral.
Mesmo com a aprovação dessa proposta, no entanto, os valores não serão aplicados no caso do vazamento causado pela Chevron no ano passado. O relatório da ANP sobre esse acidente, segundo Magda Maria, ficará pronto na próxima semana.
Gás
A diretora-geral da ANP disse também que não há poço sem indício de hidrocarbonetos na bacia do São Francisco, e que todos os poços perfurados até agora mostraram indícios de gás, mas não se sabe ainda se todos são comercialmente produtivos.
"Não há poços secos" na bacia do São Francisco, afirmou ela.

3- Lance de Mestre
O mercado de açúcar em NY fechou a semana com alta de 124 pontos, ou 27 dólares por tonelada. O vencimento outubro encerrou a sexta-feira cotado a 22,25 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses de vencimento fecharam com variações positivas na semana entre 11 e 25 dólares por tonelada.
Teve enorme repercussão no mercado internacional o fato de um dos maiores produtores de açúcar do Brasil receber 112,578 toneladas de açúcar no vencimento do contrato de julho de NY ocorrido na semana retrasada. Ora, se um produtor vai para o recebimento no momento em que a safra no Centro Sul está iniciando isso impacta o mercado internacional que passa a acreditar que não há produção suficiente no curto prazo para atender à demanda.
Em algumas situações o fato em si é menos relevante do que a versão que se dá para ele. O volume que a empresa vai receber representa pouco menos do que ao equivalente a duas semanas de sua exportação, mas o impacto é o que vale. Mesmo atuando como trading, o que o mercado enxergou foi positivo. Foi um lance de mestre que ajudou ao mercado mudar de patamar. O spread outubro/março que todos imaginavam iria alargar em função da pressão de produção que se deslocou do vencimento julho para o vencimento outubro, devido às chuvas, em verdade estreitou até 30 pontos. O atraso de 70.000.000 de toneladas de cana, segundo um executivo do setor, contribui para essa menor pressão e também torna irrecuperável, segundo a mesma fonte, a ATR da safra, que deve ficar em 136-137.
O mercado parece ter mudado ligeiramente de patamar. Se antes estávamos entre 19 e 22 centavos, agora parece que subimos um degrau entre 21 e 24 centavos de dólar por libra-peso. Muitas usinas aproveitaram a subida repentina de preços e hedgearam parte do açúcar que destinarão à exportação para a próxima safra 2013/2014 concentrando nos meses de maio e julho e travando o dólar. Os valores líquidos apurados com essas operações, dependendo da estrutura de custos da usina, podem chegar a mais de 40% do custo de produção posto usina. Por outro lado, o etanol...
A queda na produção de açúcar no estado indiano de Maharashtra pode ultrapassar a estimativa anterior de 10%. Segundo o secretário de agricultura daquele estado, "os produtores estão vendendo cana para alimentação animal e o fornecimento para as usinas pode cair em até 20%". O atraso nas monções deve colocar a produção indiana (outubro 2012-setembro 2013) em 25 milhões de toneladas (abaixo da previsão inicial de 26 milhões de toneladas).
Com a safra atrasada qual é a única maneira de a usina fazer caixa imediatamente para atender aos compromissos de inicio de safra? Vendendo etanol. E assim, continua o mercado de hidratado bem pressionado com valores negociados ao redor de R$ 1,28 por litro que equivalem ao açúcar vendido no mercado internacional a 425 pontos de desconto!! Socorro!
O consumo de combustível no Brasil, nos doze meses acumulados encerrados em abril/2012, aponta 10,263 bilhões de litros de etanol e 36,676 bilhões de litros de gasolina. Comparando os números ao período de doze meses anterior obtemos 14,454 bilhões de litros de etanol e 31,216 bilhões de litros de gasolina. O consumo Ciclo Otto cresceu 5,5% nesses doze meses. 5,450 bilhões de litros de gasolina foram consumidas a mais. Se tivéssemos mantido o mesmo consumo de gasolina de um ano atrás e completado a demanda com etanol, esse ano teríamos um potencial de consumo de 17,5 bilhões de litros. Entre o que foi efetivamente consumido e o potencial de consumo via demanda de combustíveis, pode-se dizer que o setor deixou de fornecer 7,250 bilhões de litros de etanol, uma perda de receita equivalente a 4,5 bilhões de dólares aproximadamente. Socorro de novo!!
A política esdrúxula do governo - pauta dos principais comentaristas econômicos nesta última semana - fez com que o Brasil tivesse que importar gasolina mais cara do que vende no posto, com enorme prejuízo para a estatal do petróleo, e "joga no lixo todo o investimento no etanol", segundo a comentarista Miriam Leitão. Não é possível que o Brasil aguente gente tão incompetente por tanto tempo.
Arnaldo Luiz Corrêa
Diretor da Archer Consulting

sábado, 7 de julho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 90

I - NOTÍCIAS

1- Petrobras e UFRJ inauguram núcleo de biocombustíveis, petróleo e derivados
Fonte: Agencia Petrobras
A Petrobras e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inauguraram, nesta sexta-feira (6), o Núcleo de Biocombustíveis, de Petróleo e de seus Derivados (NBPD), na Cidade Universitária, Ilha do Fundão (RJ). Com investimentos de R$ 5,2 milhões, o complexo de laboratórios vai realizar pesquisas nas áreas de biotecnologia e de engenharia química. Serão estudadas linhas de pesquisa voltadas para o desenvolvimento de processos químicos e bioquímicos, com base em matéria-prima renovável, para obtenção de biocombustíveis, e estudos avançados com petróleo e seus derivados.
Para o reitor da UFRJ, Carlos Levi, que participou da cerimônia, o modelo de organização do Núcleo, coordenando vários laboratórios, promove a articulação das equipes e garante eficiência nos resultados. “Tenho certeza que daqui surgirão vários trabalhos que vão sustentar iniciativas e projetos de grande alcance e interesse nacional”, afirmou.
O gerente de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível, João Norberto Noschang Neto, lembrou que o projeto de produção do etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço de cana, começou na UFRJ há oito anos. “Avançamos muito e, em 2015, vamos produzir comercialmente”. Ele afirmou que a companhia quer ter uma relação cada vez mais próxima da comunidade científica. “Vamos acompanhar, testar o resultado do trabalho e preparar nossa companhia e o nosso país para os desafios do abastecimento energético e do crescimento das fontes renováveis”, disse.
O coordenador do Programa Tecnológico de Biocombustíveis do Cenpes, Francesco Palombo, destacou a satisfação em inaugurar o novo núcleo de pesquisas, que ampliará a capacidade e as oportunidades em desenvolvimento na área de renováveis. “São grandes os desafios nesse setor e as expectativas aumentam com mais esse empreendimento”, falou.
Infraestrutura para pesquisas
Composto por 16 laboratórios e três plantas piloto, que ocupam uma área de 2 mil m2 na Cidade Universitária, o núcleo faz parte da Rede de Bioprodutos e dará suporte ao desenvolvimento dos estudos em uma escala maior, a fim de avaliar a viabilidade das pesquisas antes de desdobramentos industriais.
O diferencial desse núcleo será o trabalho de forma associada de matérias-primas renováveis e fósseis. No NBPD, será utilizado o conceito de Biorrefinaria, que se baseia na utilização de biomassa para a produção de biocombustíveis para transporte, bioprodutos e energia, seguindo diferentes plataformas tecnológicas - bioquímica, termoquímica e oleoquímica -, com mínima geração de resíduos e emissões.
No núcleo, há reatores de cultivo de microalgas, por meio dos quais será possível aprofundar os estudos sobre o potencial da biomassa como alternativa futura para produção de biocombustíveis. Além disso, serão realizadas pesquisas em processamento de biomassa, microbiologia e biologia molecular, bioprocessos, engenharia de produto, processos termoquímicos, desenvolvimento de catalisadores, produção e caracterização de biodiesel, biomateriais, fluidodinâmica computacional, automação e controle de processos, reologia e termo-análise, modelagem e cinética, formação de hidratos na Exploração e Produção de Petróleo, termodinâmica e fluidodinâmica computacional aplicadas à indústria petrolífera, emulsões água-óleo, entre outras.

2- Brasil será o primeiro a produzir biocombustível de algas em escala comercial
Fonte: Redação TN Petroleo
A See Algae Technology (SAT), empresa líder no fornecimento de infraestrutura para produção industrial de algas, anunciou nesta sexta-feira (6) a assinatura de um acordo para fornecer e instalar a sua primeira planta comercial para produção de Biodiesel e Bioetanol de Algas no Recife para o grupo brasileiro JB, um dos líderes na produção de etanol de cana na Região Nordeste do Brasil.
Sob um contrato de € 8 milhões, a SAT vai projetar uma fazenda de algas - que começará a ser construída no início de 2013 adjacente à usina de Vitória de Santo Antão - e fornecer a tecnologia de produção ao Grupo JB, além de supervisionar a instalação e garantir sua produtividade inicial.
Esse é o primeiro projeto comercial de produção de biocombustível a partir de algas no Brasil e no mundo. A tecnologia possui impacto ambiental menor do que outras fontes tradicionais de biocombustíveis, por alcançar grandes volumes de produção em uma área menor, sem ocupar terras férteis necessárias para plantio da agricultura.
Quando instalada, a fazenda será utilizada para produzir bioetanol a partir de algas geneticamente modificadas e biodiesel, bioquímicos e ração animal por meio de algas naturais. A unidade terá capacidade de produção de até 1,2 milhão de litros de biodiesel, ou até 2,2 milhões de litros de etanol por ano. A proteína das algas naturais será utilizada como substituição para a soja na alimentação de rebanhos na pecuária e na criação de peixes.
Para tanto, o projeto consumirá 5 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) separadas da caldeira que queima bagaço de cana do Grupo JB, evitando que estas sejam emitidas para a atmosfera. Este processo é conhecido como Captura e Utilização de Carbono, uma das mais importantes estratégias para mitigação das mudanças climáticas atuais.
Separadamente, a SAT também fechou uma marketing joint venture com o Grupo JB para, em conjunto, comercializar a tecnologia de produção de alga da companhia no Brasil.
“Estamos muito orgulhosos de ter o Grupo JB não apenas como nosso primeiro cliente de tecnologia de produção de algas, mas também como nosso parceiro estratégico de marketing”, afirmou o CEO da SAT, Joachim Grill. “Acreditamos que nossa parceria marca um significante passo na evolução de nossa companhia e valida tanto a nossa tecnologia exclusiva quanto a viabilidade comercial das algas, especialmente para uso como ração e biocombustível”, acrescentou.

3- Espírito Santo quer ter o primeiro porto de águas profundas
Redação TN Petróleo/ Agência Petrobras
O Espírito Santo tem grandes chances de ser o primeiro estado a ser beneficiado com a construção de um porto de águas profundas, de acordo com o ministro dos Portos, Leônidas Cristino. O ministro esteve em Vitória para assinatura da ordem de serviço de dragagem e de aprofundamento do Porto de Vitória.
A obra de dragagem será realizada pela Secretaria de Portos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no valor de R$ 108,8 milhões.
Atualmente está sendo realizado um estudo que irá definir a localização do porto de águas profundas. As opções são: Vitória (Porto de Tubarão), Vila Velha (mar a dentro, na região da Barra do Jucu), Aracruz (em Barra do Riacho) e Anchieta. A previsão é que essa análise esteja pronta antes do final deste semestre.
“Seria interessante que o Espírito Santo fosse incluído neste processo piloto da nova modelagem para construção de portos de águas profundas”, disse.
O governo Federal pretende trabalhar com uma nova modalidade de concessão e construção de portos com participação da iniciativa privada, como prevê o Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP). Existem diferentes propostas, nada está definido, mas Brasília estaria a um passo de se comprometer com o Espírito Santo em primazia na construção de um porto em águas profundas dentro do novo modelo, acredita o governador Renato Casagrande (PSB).
“Sinto confiança na relação com o governo Federal. Nós estamos com um bom andamento nas obras do Porto de Vitória. Estamos recebendo investimentos como nunca havíamos recebido até agora. Isso mostra uma mudança de relação com Brasília no que diz respeito a infraestrutura”, disse.
No contrato da obra de dragagem está prevista a retirada de 1,8 milhão de metros cúbicos de sedimentos, 115 mil metros cúbicos de derrocagem (retirada de rochas submersas) e posteriormente, a manutenção por mais dois anos de 502 mil metros cúbicos, nos 7,5 km do canal.
Com a obra, o porto poderá receber embarcações de até 244 metros de comprimento e 12,5 metros de calado. A dragagem aumentará o volume de cargas no Porto de Vitória. Ainda estão previstas obras de contenção e ampliação do cais comercial (R$ 133,4 milhões), construção de berços com retroárea no porto da capital (R$ 140 milhões) e estruturação do pátio de estocagem para carga pesada no cais comercial (R$ 40 milhões).

4- Modelo do pré-sal atrasa expansão, aponta Harvard
O estudo de Harvard sobre o panorama do petróleo em 2020 traz duas notícias para o Brasil. Por um lado, o país deve ter a quarta maior expansão de produção do mundo. Por outro, essa expansão poderia ser duas vezes maior se o modelo de exploração do pré-sal fosse diferente.
Leonardo Maugeri, autor do estudo, estimou em 6 milhões de barris por dia a capacidade adicional de produção brasileira em 2020. O número, porém, foi ajustado para 4,5 milhões de barris devido às limitações da Petrobras, em cujas mãos ficou quase exclusivamente o pré-sal.
Com isso, o Brasil se torna o sexto maior produtor do mundo, ao lado da China, passando a Venezuela, a Noruega e o México.
A projeção é parecida com a análise feita pelo grupo de Alexandre Szklo, da Coppe-UFRJ. Os pesquisadores do Rio estimam em 5,6 milhões de barris por dia o potencial brasileiro em 2020, mas ajustaram o valor final para 3,8 milhões de barris devido a problemas regulatórios.
"Os requisitos financeiros são muito altos. Não podemos botar todo o ônus sobre uma empresa só", afirma Maugeri a respeito do pré-sal e da Petrobras. "Quando você opera num ambiente tão difícil, precisa de muito mais operadores para ter um resultado mais rápido."
Szklo concorda que a decisão do governo de ter a Petrobras como principal operadora das novas reservas e a política de conteúdo nacional para as sondas atrasam a produção. Ele, porém, alerta:
"Isso não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma maratona. O importante é saber como o pré-sal vai gerar o máximo valor para a sociedade em um tempo longo".
Segundo Szklo, o Brasil não pode entrar em produção excessiva de óleo agora, pois, com juros altos, pouca inovação e indústria pouco madura e vulnerável ao dólar, dinheiro demais do pré-sal tornaria o país vítima da doença holandesa -nome dado à desindustrialização advinda da exploração de uma commodity muito rentável.
Por outro lado, afirma, existe um risco na opção de operar as novas reservas com uma empresa cujo acionista majoritário é o governo. "Sempre há outros projetos que podem atrasar o desenvolvimento do pré-sal."
Claudio Angelo
Fonte: Folha de S. Paulo

5- Fusões e aquisições no setor elétrico devem crescer no Brasil em 2013
As fusões e aquisições no setor elétrico brasileiro devem aumentar no início do próximo ano. Aos poucos, os temores com a Europa diminuirão e os investidores terão uma visão mais clara sobre o crescimento da maior economia da América Latina, aponta o escritório de advocacia que auxilia a chinesa State Grid a comprar ativos no Brasil.
"Há muitos projetos e, quando as condições financeiras forem mais favoráveis, eles serão concretizados", afirma José Roberto Martins, sócio da Trench, Rossi e Watanabe, escritório encarregado de projetos de energia, mineração, petroquímica e infraestrutura. A empresa ajudou a State Grid a comprar os ativos brasileiros da espanhola Actividades de Construccion y Servicios, por R$ 1,86 bilhão.
É nas áreas de transmissão e energia eólica que Martins espera a maior consolidação. "Não há como evitar fusões e aquisições no setor de energia eólica. Acredito que veremos muito disso nos próximos dois anos", diz em entrevista a Dow Jones. "O setor de transmissão também tem muitas oportunidades", continuou.
As empresas europeias ajudaram muito a expandir a rede de energia brasileira, mas a atual crise no continente levou algumas delas a se desfazer de ativos.
Os temores continuam grandes por causa da crise soberana europeia e do crescimento abaixo do esperado do Brasil. Por isso, as fusões não devem aumentar tanto neste ano, segundo Martins. O excesso de dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obtenção de empréstimos é outro impedimento para as aquisições.
"O modelo de empréstimo até agora foi via BNDES, com o setor elétrico recebendo uma boa parte dos recursos. Mas, com a demanda de outras áreas, não deve ser suficiente para o que o setor elétrico precisa", avalia Martins. Por causa da tradicional dependência das empresas brasileiras do banco público, tudo é padronizado e há uma criatividade limitada das companhias para procurar financiamento, afirma.
Com a produção industrial brasileira em desaceleração, as companhias elétricas também enfrentam o risco de terem sobrestimadas a demanda e as receitas. "A indústria elétrica brasileira tem muitos riscos pré-operacionais", diz Martins. "Você precisa ter um produto bem definido e que ofereça algumas garantias", conclui.
Fonte: Valor Online

6- V&M inagura fábrica no RJ
A V&M do Brasil inaugurou sua fábrica de acessórios instalada em sua base de serviços na cidade de Rio das Ostras (RJ). O objetivo da empresa é aumentar a gama de produtos e alcançar a excelência no atendimento a seus clientes através da produção de acessórios premium para completação de poços petrolíferos utilizando sua tecnologia V & M Tube Alloy.
A escolha pela planta de Rio das Ostras para a construção da nova fábrica deve-se à sua localização estratégica, já que está a 30 km de Macaé, cidade conhecida como "A Capital do Petróleo Brasileiro" por deter cerca de 90% da atividade no país.
Na unidade fluminense, serão executadas atividades de inspeção, fabricação e reparo de tubos e acessórios para a exploração de petróleo. Os equipamentos instalados em Rio das Ostras têm a capacidade de executar a usinagem externa e interna nos tubos e acessórios, permitindo mais flexibilidade para o atendimento das necessidades de seus clientes.
Fonte: energiahoje


II – COMENTÁRIOS

1- Petróleo dá reviravolta até 2020, diz analista
Fonte: Folha de São Paulo
A produção de petróleo no mundo está sofrendo um aumento sem precedentes, o que pode levar a uma crise de superprodução antes do fim da década. A conclusão é de um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, que põe o Brasil entre os seis maiores produtores de óleo em 2020.
A análise foi feita pelo italiano Leonardo Maugeri, ex-diretor da gigante petroleira Eni. Pesquisador-visitante do Centro Belfer para Relações Internacionais, ele é considerado um dos principais analistas do setor no mundo.
Somando dados de produção dos maiores campos de petróleo do globo, Maugeri estimou que o suprimento do combustível saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.
Hoje o mundo já tem cerca de 5 milhões de barris/dia em "capacidade ociosa". Se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer, a superprodução poderá chegar antes do fim desta década, afirma.
Os dados de Maugeri são uma pancada na tese do "pico do petróleo", segundo a qual as reservas são finitas e várias partes do mundo já alcançaram seu pico de produção. Daqui para a frente, reza a teoria, o óleo vai ficar cada vez mais escasso e caro.
"As pessoas do mercado nunca levaram a tese do pico do petróleo a sério", disse Maugeri à 'Folha'. "Sabemos que preço e tecnologia são os únicos fatores reais que controlam o fornecimento".
Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. Ele será puxado, afirma o estudo, pela retomada da produção no Iraque e, principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil.
O maior acréscimo virá dos EUA, graças a uma tecnologia conhecida como fraturamento hidráulico ("fracking", em inglês). Ela permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis.
Efeito Geopolítico
A exploração por essa via começou em 2007. Em 2020, Maugeri calcula em 4,17 milhões de barris o petróleo adicional extraído dessa forma, o que fará dos EUA o segundo maior produtor, atrás somente da Arábia Saudita.
A precondição para essa expansão toda é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro.
Isso produziria um efeito colateral geopolítico: "O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio", diz.
"Isso não significa que o hemisfério ocidental se torna independente", afirma Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe-URFJ. "Mas põe os EUA numa posição muito mais confortável".
Segundo Maugeri, "o mercado toma consciência de que o petróleo iraniano não é mais necessário". Ele atribui a alta do barril para US$ 100 nesta semana a uma "reação psicológica" à crise persa, não a incertezas em relação ao suprimento do produto.

2- Falta de política para combustíveis gera distorções no mercado
A falta de uma política para o setor de combustíveis no Brasil criou uma situação de escassez generalizada, aumentando as importações de diesel, gasolina e até mesmo etanol, na contramão da desejada autossuficiência energética.
Desde 2000, o Brasil nunca importou tanta gasolina, diesel e etanol.
Esse panorama é reflexo da capacidade limitada de refino e do aumento expressivo da demanda por gasolina e diesel, puxada por uma política de subsídios e pelo incentivo do governo ao setor automobilístico.
Para garantir o suprimento da demanda, foram importados em média, até maio de 2012, 73 mil e 148 mil barris por dia de gasolina A e diesel, respectivamente, representando crescimento de 98% para a gasolina e redução de 8% para o diesel.
Apesar da queda na importação de diesel observada até maio de 2012, a quantidade média importada, de 149 mil barris por dia, é substancialmente maior do que a verificada no ano 2000, de 100 mil barris por dia.
O aumento da importação é resultado do descasamento entre o aumento da demanda e a estagnação da produção doméstica.
Ao comparar a média de vendas internas de gasolina e diesel para as distribuidoras no ano de 2012 com as do ano de 2000 verificam-se aumentos de 67% e de 46%, respectivamente.
Entretanto, o crescimento da produção nacional de derivados no período, de 24%, não foi suficiente para acompanhar o ritmo de crescimento da demanda.
Enquanto do lado da oferta a perspectiva é de aumentos limitados, a demanda por combustíveis fósseis continua a ser impulsionada pela concessão de subsídios velados, uma vez que os preços domésticos não vêm acompanhando as variações dos preços internacionais dos derivados.
Mesmo os reajustes concedidos na refinaria para aliviar a pressão sobre o caixa da Petrobras vieram acompanhados de reduções da Cide, mantendo os preços constantes para o consumidor final.
Dessa forma, o preço doméstico não fornece o sinal correto ao consumidor, que não consegue fazer uma escolha eficiente e continua a demandar o combustível a despeito da elevação do preço internacional.
Sem a correta sinalização de preço para os combustíveis fósseis, o setor de biocombustíveis acabou prejudicado, em especial o etanol, que perdeu competitividade diante da gasolina, comprometendo o futuro do etanol na matriz de combustíveis no Brasil.
Aliada aos impactos da crise internacional sobre as condições de financiamento, a perda de competitividade culminou na redução de investimentos, na queda da produção e, mais uma vez, no aumento das importações.
A ausência de políticas de longo prazo e de incentivos econômicos corretos está gerando distorções e desequilíbrios no mercado de combustível.
O reflexo disso é o desalinhamento entre demanda e oferta internas, traduzindo-se no aumento das importações, no desequilíbrio de preços relativos e na redução de investimentos.
*Texto originalmente publicado no jornal A Folha de São Paulo, em 16/07/12.
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

3- Internacionalização da China abre oportunidades ao Brasil
Neste mês aconteceu o 22º encontro anual de agronegócios, alimentos e bioenergia, congregando cerca de 400 empresários em Xangai, na China.
Em termos de oportunidades, a população chinesa deverá crescer para 1,4 bilhão de pessoas em 2015, em 1,45 bilhão em 2020 e em 1,5 bilhão em 2030, quando deverá se estabilizar.
Outro fato é a evolução da urbanização, que vai de 55% em 2015 para 60% em 2020, atingindo incríveis 70% em 2030. Isso significa quase 300 milhões de pessoas indo do campo para as cidades. A renda per capita evolui de US$ 5.500 em 2015 para US$ 15 mil em 2030.
O impacto calculado desses fatos é que o consumo per capita de carnes pula de 57,3 quilos por habitante em 2015 para 68,6 quilos em 2030. Serão quase 12 quilos a mais por chinês. Isso abre amplas oportunidades de negócios.
Quando indagados sobre quais são os desafios principais, foram citados custos e qualificação de mão de obra, que cresceram 30% nos últimos dois a três anos.
Novas regulamentações governamentais referentes à segurança do alimento (a China é famosa em contaminações) estão elevando os custos de produção e restringindo os componentes utilizados nas rações. Pela concentração da produção, doenças e epidemias se espalham rapidamente.
Existem também pressões cada vez mais fortes pela sustentabilidade, em como conciliar o crescimento necessário com a restrição de recursos e as questões ambientais.
Outras preocupações envolvem a volatilidade do mercado de grãos (componentes das rações), logística no interior, crédito insuficiente e ainda a política agrária.
As políticas governamentais de desenvolvimento urbano avançam sobre áreas de agricultura, trazendo mais competição pela terra. Fora isso, existe amplo debate sobre a contaminação e a disponibilidade de água e de solo na China.
A boa mensagem para a produção brasileira é que os custos de produção sobem muito na China também, bem como o consumo. Esses fatos levam os empresários chineses a destacarem a necessidade de internacionalizar cada vez mais suas empresas, e aqui abrem-se as oportunidades ao Brasil, em receber esses investimentos para abastecer parte do mercado chinês com os excedentes de alimentos aqui produzidos.
A mensagem dada aos chineses é que não é necessário comprar terras, mas sim "originação" (redes de suprimento) de produtos no Brasil. Após 20 dias, chega-se cada vez mais à conclusão de que a China fascina.
*Texto originalmente publicado no jornal Folha de São Paulo, em 30/06/12
Marcos Fava Neves
Professor titular de planejamento e estratégia na
FEA/USP (campus Ribeirão Preto) e coordenador científico do Markestrat.