sábado, 27 de julho de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 140

I – NOTÍCIAS

1- Gerdau quer 'superpasta' para área de transportes
Fonte: Valor Econômico  
O empresário Jorge Gerdau, um dos principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff na iniciativa privada, preparou um rascunho de diminuição do número de ministérios que atinge em cheio a área de infraestrutura logística. A ideia de Gerdau é enxugar radicalmente as pastas que lidam com essa área e juntar suas funções em um "superministério dos transportes". Ele já se reuniu com a presidente, no Palácio do Planalto.
A superpasta imaginada pelo empresário agruparia as responsabilidades hoje dispersas entre o próprio Ministério dos Transportes, a Secretaria de Aviação Civil e a Secretaria de Portos. Também poderia gerenciar questões relativas à mobilidade urbana, atualmente a cargo do Ministério das Cidades. Três agências reguladoras ficariam vinculadas ao superministério: a ANTT (transportes terrestres), a Antaq (transportes aquaviários) e a Anac (aviação).
Interlocutores de Gerdau não souberam informar se, na reunião com Dilma, ele chegou a apresentar esse esboço de reforma ministerial. O empresário criticou recentemente o inchaço da Esplanada dos Ministérios e defendeu uma estrutura administrativa mais enxuta, chegando a dizer que "tudo tem o seu limite", em referência à proliferação de pastas para atender às demandas de partidos da base aliada.
O ex-presidente Fernando Collor teve, entre 1990 e 1992, um Ministério da Infraestutura. A diferença é que, no governo Collor, essa pasta englobava também as atribuições dos ministérios de Minas e Energia e das Comunicações. Nos planos de Gerdau, que elaborou esse rascunho com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o "superministério" lidaria apenas com questões relacionadas à logística de transportes - de cargas e de passageiros.
A Secretaria de Aviação Civil foi criada por Dilma em 2011, com status de ministério, tendo a privatização de grandes aeroportos como prioridade máxima. Liderada hoje pelo pemedebista Moreira Franco, ela ainda tem que tocar um amplo programa de aviação regional, mas já cumpriu sua principal missão. Os três primeiros aeroportos - Guarulhos, Viracopos e Brasília - foram transferidos à iniciativa privada no ano passado. O leilão do Galeão e de Confins está previsto para outubro. Antes disso, o setor aéreo ficava sob responsabilidade do Ministério da Defesa.
A Secretaria de Portos, criada pelo ex-presidente Lula em 2007, é dominada politicamente pelo PSB desde seu início. O ex-ministro Pedro Brito e o atual, Leônidas Cristino, são ligados aos irmãos cearenses Ciro e Cid Gomes. Recentemente, ela foi fortalecida pela nova Lei dos Portos e ainda terá pela frente uma difícil tarefa: promover a licitação de mais de 150 áreas de arrendamento nos portos públicos e coordenar a instalação de dezenas de terminais privados, conforme o novo marco regulatório do setor.
Já a Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, dentro da estrutura do Ministério das Cidades, lida diretamente com um ponto que se tornou sensível após as manifestações de junho: a liberação de recursos federais para projetos de metrôs, veículos leves sobre trilhos e corredores exclusivos de ônibus em grandes e médias cidades. A pasta, que também surgiu no governo Lula, tem sido comandada pelo PP.
No esboço de Gerdau, cada uma dessas áreas - aviação civil, portos e mobilidade urbana - poderia ganhar secretarias específicas, com estruturas fortes, mas sempre dentro do mesmo "Superministério dos Transportes".

2- CENTRO DE CAPACITAÇÃO NAVAL E OFFSHORE
As empresas NAPRO SERVICE, RONA ASSESSORIA  e NAVALTECH  estão ultimando os preparativos para o lançamento na Ilha da Conceição/Niterói, um centro de capacitação técnica.

3- OOG fecha contrato offshore com a Petrobras
Fonte: Revista TN Petróleo, Redação
A Odebrecht Óleo e Gás assinou um novo contrato de manutenção e serviços offshore com a Petrobras para atendimento às plataformas em operação na Unidade de Operação do Rio de Janeiro (UO-RJ). O acordo, no valor total estimado de até R$ 460 milhões, tem prazo de quatro anos e pode ser prorrogado por até igual período com um backlog total de até R$ 940 milhões.
A contratação está inserida no Programa de Eficiência Operacional da Petrobras (PROEF) e envolve a prestação de serviços de construção e montagem, como fabricação e reparo de estrutura e tubulação, pintura industrial, elétrica e instrumentação, além de atender as paradas programadas das plataformas.
O contrato de manutenção prevê a execução de serviços a partir de uma Unidade Flutuante de Serviços (UMS/flotel). A  cada 6 ou 8 meses, uma plataforma definida pelo cliente será atendida,  totalizando 6 a 8 plataformas distintas durante o primeiro exercício contratual de 48 meses. A expectativa é que a Odebrecht Óleo e Gás inicie as atividades ainda neste mês, após a liberação da autorização de serviços (AS) pela Petrobras.

4- A importância da gestão de energia elétrica para pequenas e médias empresas
Tema tão discutido ao longo dos últimos anos, o consumo de energia elétrica não é uma questão que deva ser analisada apenas por governos e consumidores residenciais. Fazer com que os gastos diminuam também precisa ser meta presente no universo das empresas, que, em muitos casos, ainda não se atentaram a isso e continuam a desperdiçar tempo e dinheiro com uma má gestão desse recurso.
Muitas das grandes companhias possuem um setor específico destinado à questão e, por conta disso, conseguem administrar melhor o seu portfólio de compra de energia elétrica, adequando-o à sua real necessidade de consumo. Porém, o mesmo não ocorre com as pequenas e médias empresas, que comumente ficam à deriva, sem saber o momento e o preço mais adequados para adquirirem energia. Mas como não comprometer o crescimento dos negócios, sofrer menos com os impactos de medidas governamentais, e evitar cair na conversa de previsões e leituras equivocadas?
Para evitar riscos que possam comprometer os resultados almejados, toda e qualquer empresa deve possuir um planejamento de gestão de energia, do mesmo modo que faz com gestão financeira, de investimento, de RH, de TI entre outros recursos fundamentais para a existência do negócio. Para isso, é fundamental que o empresário saiba qual seu atual cenário de consumo e contratação de energia, por meio de uma análise detalhada que deixe claro os erros identificados e as oportunidades de melhoria, para que então busque entender quais são as mudanças viáveis que podem ser postas em prática.  
Outro fator fundamental, e ainda uma dificuldade para muitas companhias, é a contratação de energia elétrica para atender a sua previsão de consumo. Em outras palavras, a análise minuciosa do cenário energético e o acompanhamento sistemático dos preços futuros de energia elétrica são fundamentais para que as melhores oportunidades sejam aproveitadas no momento certo e os custos sejam reduzidos. Uma empresa, por exemplo, que tem um gasto mensal de aproximadamente R$ 100 mil, com um planejamento correto e uma gestão de energia eficiente pode chegar a economizar algo em torno de R$ 20 mil mensais, dependendo da sua localização e condições de contratação atuais.
Claro que adotar uma gestão de energia não é algo simples, que se faça do dia para a noite. O fato é que a maioria das empresas ainda não possui colaboradores especializados no assunto, e muitas vezes, manter um departamento com profissionais para tratar diretamente desse item seja inviável ao negócio. A boa notícia é que o mercado conta com profissionais dedicados especificamente a esse tipo de gestão e análise. Portanto, fica por conta do gestor do negócio fazer a escolha desse prestador de serviço com base na experiência de mercado, reputação e resultados atingidos.
Afinal, gestão energética já faz parte da realidade das grandes empresas. Agora, é preciso constar na agenda dos pequenos e médios empreendedores, como fator a ser gerenciado para evitar os prejuízos, maximizar os resultados e colaborar com o sucesso do negócio.
Mikio Kawai Jr. é economista pela FEA-USP (1995), mestre em economia pela Unicamp (1999 - dissertação sobre gestão de riscos) e Advanced Executive Management pela IESE Business School (Espanha 2011). Iniciou a carreira no mercado financeiro em bancos de investimentos, tanto nacional como estrangeiro, migrou para o mercado de energia na sua genese, em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia ate 2004, atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil, gerente de operações na Openlink (Nova York e SP). Desde 2008 ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira, companhia que atua na comercialização de energia, além de consultoria e prestação de serviços em representação de entidades no âmbito da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
Fonte: Revista TN Petróleo
Autor: Mikio Kawai Jr.


II – COMENTÁRIOS

1- Foster garante negócios no Ceará
A presidente da Petrobras, Graça Foster, garantiu os compromissos da estatal no Ceará para os próximos anos, segundo afirmou ontem o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), após reunir-se com ela na manhã desta segunda-feira, no Rio de Janeiro. Segundo contou o político, tanto a instalação da refinaria Premium II quanto os poços de petróleo em águas profundas planejados para o Estado despertam "boas expectativas" na chefe da companhia.
Segundo Inácio Arruda, Foster afirmou que o movimento dentro da Petrobras é para acelerar a instalação da refinaria Premium II no Estado Foto: KlÉber Gonçalves
"O que ela passou para a gente foi de que o movimento dentro da Petrobras é para acelerar a instalação da refinaria", contou o senador, lembrando que os diretores de Gás e Refino da empresa também estiveram presentes na reunião da manhã de ontem.
Não é de hoje que políticos cearenses agendem reuniões com a presidente da Petrobras como forma de reforçar o apelo do Estado na chegada da refinaria. O empreendimento é prometido pelo executivo nacional desde quando Lula era o chefe de e nunca havia estado tão perto de acontecer como agora.
Terreno
Depois de evento que anunciou reforço para os estados atingidos pela seca, ainda em abril deste ano - quando a primeira parte do terreno localizado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) foi entregue à presidente -, Dilma Rousseff recebeu do governador Cid Gomes a segunda parte da área na semana passada, quando veio inaugurar a estação do Centro, do Metrô de Fortaleza (Metrofor).
Convite da AL
Depois de o terreno destinado ao empreendimento ser repassado à Petrobras nestas duas ocasiões - uma delas também com a presença de Graça Foster - o momento se desenha propício à concretização do projeto. Mesmo assim, Inácio contou que reforçou o convite do presidente da Assembleia Legislativa cearense, José Albuquerque (PSB-CE), para que Foster venha ao Estado participar de cerimônia em prol da refinaria na casa dos deputados do Ceará.
Desde o início do ano, os parlamentares empregaram uma campanha pública para que a Premium II fosse confirmada e instalada pela Petrobras. "Ela se mostrou com a maior satisfação e disse vir sem problemas se a data não chocar com nenhum compromisso oficial", disse. A solenidade planejada pela AL tem indicativo para agosto.
No entanto, Inácio também informou de um convite de Foster para o deputado José Albuquerque: "Ela se colocou a disposição para receber o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará lá no Rio de Janeiro (onde fica a sede da Petrobras".
Sem sócio no negócio
Ainda sobre a Premium II, o senador do PC do B cearense repassou a informação da presidente da Petrobras de que o sócio estrangeiro buscado pelo governo estadual para o empreendimento ainda não foi definido. Mesmo assim, de acordo com afirmação de Inácio, a instalação da refinaria está mantida.
Poços em avaliação
Outro ponto de pauta da reunião do Senador do PC do B cearense com a chefe da Petrobras foi a da avaliação dos poços de petróleo localizados em águas profundas achados pela estatal no litoral do município de Paracuru, no litoral Oeste do Estado.
"Eles estão em uma etapa de discussão para avaliar a viabilidade econômica de se comercializar ou não os poços", disse.
Fonte: Diário do Nordeste,CE 

2- UTC Engenharia deixa de ser sócia da empresa Quip
A empresa Quip, sediada em Rio Grande e com foco no trabalho em plataformas de petróleo, perderá uma de suas sócias: a UTC Engenharia. Além dessa companhia, que detém 27,25% das ações, o restante da participação está divido entre: Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, cada uma com 29,75%, e Iesa Óleo e Gás com 13,25%.
Em nota, a UTC Engenharia esclarece que a decisão de descontinuidade de participação na composição acionária da Quip, prevista para ocorrer ao término da construção da P-55, leva em conta o planejamento estratégico da empresa. Assim como as oportunidades observadas no mercado de plataformas offshore para exploração de petróleo. Já a assessoria de imprensa da Quip comentou que o grupo perderá uma sócia ativa e positiva, mas já está suficientemente madura para prosseguir adiante.
Quanto aos possíveis desdobramentos, o especialista tributário da IOB Folhamatic EBS, uma empresa do Grupo Sage, Edino Garcia argumenta que, muitas vezes, nesses casos, as ações são oferecidas primeiramente aos sócios restantes. O coordenador da Área de Societário e Contratos do escritório Queiroz e Lautenschläger Advogados, Victor Lucio Mokodsi, concorda. “Uma regra muito utilizada é o direito de preferência aos outros acionistas”, salienta. Fontes do setor da construção naval que acompanham a situação informam que será justamente isso que acontecerá, entretanto ainda não se sabe a proporção que caberá à cada sócia.
Quanto a valores, Mokodsi detalha que, salvo em casos específicos, a lei não estabelece formas de avaliação das ações. Entretanto, normalmente são definidos critérios, no estatuto social ou no acordo de acionistas, para a compra e venda de ações. O advogado reitera que os sócios de cada companhia podem determinar livremente formas de avaliação ou mesmo não estabelecer quaisquer regras sobre o assunto. Uma possibilidade é que os valores das ações sejam dimensionados por uma empresa especializada. Garcia salienta que grandes companhias abandonarem sociedades não é algo inédito e, em várias ocasiões, isso acontece porque uma das empresas começou a se considerar como o elo fraco da parceria.
Criada em 2005, o primeiro trabalho da Quip foi a construção da plataforma de petróleo P-53, para a Petrobras. A última encomenda finalizada pela companhia, no mês passado, foi a integração e o comissionamento da P-63. No segundo semestre, deverão ser concluídas as plataformas P-55 e P-58 (nessa estrutura a Quip presta serviço para a CQG Construções Offshore).
A sede da Quip está instalada no cais do Porto Novo, em um terreno de 320 mil metros quadrados. Possui filiais no Rio de Janeiro (engenharia e suprimento) e no Estaleiro Rio Grande, também na cidade de Rio Grande. Para se ter uma ideia do porte que a empresa atingiu, em junho a Quip foi a segunda companhia do Brasil que mais exportou com vendas de US$ 1,626 bilhão e participação de 7,7% no cenário nacional (o resultado deve-se à conclusão da P-63, entregue a uma subsidiária estrangeira da Petrobras). Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O primeiro lugar ficou com a Vale, com vendas de US$ 2,094 bilhões e participação de 9,91% sobre os embarques totais do País no mês (US$ 21,134 bilhões).
Fonte: Jornal do Commercio

3- OGX deve deixar lições ao mercado
A ascensão e queda da OGX vai entrar para a história como um dos casos mais emblemáticos do mercado de capitais. Como ocorreu com a quebra da Sadia e da Aracruz, após apostas das duas empresas em derivativos cambiais de risco, a trajetória meteórica de cinco anos da empresa na Bovespa tem tudo para virar o motivo central de algumas lições.
Desde o julgamento da Sadia, em 2010, não há dúvidas sobre a responsabilidade que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atribui ao conselho de administração e seus participantes na gestão e fiscalização do negócio.
No caso da OGX, o saldo da discussão será a qualidade da comunicação e o velho hábito das companhias de vestir a noiva da melhor maneira possível, algumas vezes, beirando o limite do disfarce.
No foco da questão, está o papel dos executivos no diálogo com o mercado, em especial aqueles com responsabilidade legal - ou seja, presidente e diretor de relações com investidores, além do controlador.
A CVM, na Instrução 480, é bastante clara. Diz em seu artigo 45: o diretor de relações com investidores (DRI) é responsável pela prestação de todas as informações exigidas pela legislação e regulamentação do mercado. Mas o dever desse executivo não diminui o dos demais administradores. "A responsabilidade atribuída ao diretor de relações com investidores não afasta eventual responsabilidade do emissor, do controlador e de outros administradores pela violação das normas legais e regulamentares que regem o mercado", completa a mesma regra, no artigo 46.
A OGX é uma oportunidade para a CVM explorar a aplicação dessas regras de comunicação, assim como Sadia e Aracruz foram sobre os deveres do conselho de administração. A comunicação com o mercado é de responsabilidade direta do presidente da companhia e de seu diretor de relações com investidores.
Eike Batista, idealizador e controlador da OGX, sempre esteve à frente do conselho de administração. Como controlador, é o maior acionista e, portanto, também é o principal afetado pela perda de valor do negócio.
Comunicação é responsabilidade do presidente e do diretor de relações com investidores
A gestão executiva sempre ficou nas mãos de profissionais de mercado. O primeiro presidente foi Luiz Rodolfo Landim, que ficou até abril de 2009, dez meses após a estreia da companhia na bolsa. O cargo então foi assumido por Paulo Mendonça, que ficou até junho do ano passado, quando foi substituído por Luiz Eduardo Carneiro, já em meio ao agravamento da crise de confiança que começou a se abater sobre a empresa em 2011. Na diretoria de relações com investidores, Marcelo Torres conduziu os trabalhos até abril de 2012, quando a área passou aos cuidados de Roberto Monteiro. Cabia a esses executivos, portanto, a tarefa de frear e filtrar os arroubos otimistas do controlador.
A OGX, de 2008 a 2013, divulgou 114 fatos relevantes. Para se ter uma ideia de volume, desde fevereiro de 2003, após instalação do atual sistema eletrônico da CVM, a Ambev, a maior companhia da bolsa brasileira, emitiu 41 comunicados deste tipo e a Petrobras, um total de 155.
Os comunicados da OGX chamavam atenção pelo conteúdo técnico. Dos textos, a parte com linguagem simples e acessível eram, na maioria das vezes, as aspas do então diretor presidente Paulo Mendonça ou do próprio controlador Eike Batista. Quase sempre, mais do que traduzir os dados técnicos, essas declarações comemoravam as informações e falavam da campanha exploratória "promissora" da empresa.
Essa foi a rotina durante 2009 e boa parte de 2010: uma longa sequência do registro de presença de "hidrocarbonetos" nos poços da empresa. Foi nesse período que o valor de mercado da OGX atingiu sua máxima.
A companhia chegou à Bovespa às vésperas do estouro da crise, em junho de 2008, com uma oferta pública inicial de R$ 6,7 bilhões. Em novembro de 2007, havia levantado US$ 1,3 bilhão com investidores privados, sem abrir capital, para ter recursos para o leilão dos campos.
Em sua história, a companhia investiu US$ 7 bilhões, entre campanha sísmica, pagamento de bônus de exploração e perfuração. Para tanto, captou com ações e papéis de dívida um total de US$ 9,4 bilhões.
Quando estreou na bolsa, a OGX foi avaliada em R$ 35 bilhões. Já nasceu grande. Mas, em outubro de 2010, após os primeiros resultados da campanha exploratória, ultrapassou a cifra de R$ 75 bilhões de capitalização. Chegou a ser, portanto, a maior empresa privada não financeira atrás apenas das três gigantes - Ambev, Petrobras e Vale.
Hoje, após admitir que a impossibilidade de operar seus principais poços, a companhia está avaliada em R$ 1,6 bilhão.
A partir de 2009, quando começaram as surgir os primeiros resultados dos estudos exploratórios e o registro dos hidrocarbonetos, o mercado chegou a questionar a quantidade de fatos relevantes para relatar apenas o indício da existência de petróleo nos poços. Para uma minoria crítica, os fatos relevantes já eram uma maneira da OGX vestir a noiva ao mercado.
Mas a maioria dos investidores, otimistas com a perspectiva do negócio, destacavam que a comunicação era a esperada para uma companhia pré-operacional. Entendiam que a OGX estava prestando contas ao mercado sobre o que fazia com os bilhões captados. No limite, estava sendo transparante.
A dinâmica da comunicação da companhia só mudou quando o cenário deixou de ser tão azul. E as novidades, já não tão boas, não eram mais alvo de fatos relevantes. Viraram comunicados ao mercado.
A partir de 2011, vieram as primeiras decepções. As informações negativas trouxeram frustrações pelo conteúdo e pela forma.
Em abril de 2011, um relatório da consultoria DeGolyer & MacNaughton (D&M) apontou para um volume menor de óleo do que o esperado para a OGX. A reação da administração foi minimizar o resultado. Mendonça chegou a comparar o relatório com o personagem "Benjamin Button", do cinema, alegando que a avaliação "nasceu velha".
Pouco menos de um ano depois, em março de 2012, os investidores souberam de novidades pouco animadoras sobre o campo Waikiki por meio de apresentações feita pela OSX. Por fim, a maior frustração veio, então, em junho de 2012 - antes da declaração de inviabilidade comercial. A produção do principal campo em atividade ficou em 5 mil barris diários, quando o esperado eram 15 mil barris.
Contar boas novas com festa e minimizar notícias ruins tende a ser prática corriqueira das companhias abertas. O limite desse comportamento não está nada claro e a expectativa é que a questão seja avaliada agora pela CVM.
Contar boas novas com festa e minimizar notícias ruins tende a ser prática corriqueira das companhias abertas
A mesma Instrução 480 que aponta o diretor de relações com investidores como responsável pela comunicação diz em seus artigos 14 e 15: "O emissor deve divulgar informações verdadeiras, completas, consistentes e que não induzam o investidor a erro" e "Todas as informações divulgadas pelo emissor devem ser escritas em linguagem simples, clara, objetiva e concisa".
O Valor apurou que as decisões da CVM de colocar em revisão as Instruções 358 e 480 têm como objetivo colocar no papel aprendizados com a vida prática das companhias - muitos deles com o Grupo X.
Há preocupação em deixar claro o que é um fato relevante e quais são os princípios gerais da boa comunicação com o mercado.
A ideia da existência de princípios gerais é que eles possam ser aplicados e cobrados, pela CVM, sobre divulgações feitas em qualquer plataforma, seja a comunicação oficial, seja comentários e declarações em redes sociais.
O Twitter, por exemplo, era amplamente usado por Eike Batista para demonstrar a confiança na empreitada. Suas declarações costumavam gerar grande repercussão.
Por enquanto, o que está sendo investigado, conforme apurou o Valor, é se a OGX forneceu as informações corretas no momento adequado e prontamente. Não há, até o momento, suspeitas de comportamentos mais graves, como fraude.
Outro saldo que deve ficar da destruição de mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado é o reforço de uma lição aprendida fora do Brasil com o estouro da crise financeira a partir dos Estados Unidos: nada substitui a diligência dos investidores e acionistas.
A despeito da investigação que a CVM conduz na companhia, diversos especialistas destacam que muitas bandeiras com alertas importantes estavam escancaradas ao mercado há tempos.
Além do fato de o negócio ser de elevado risco, afinal a OGX é uma companhia pré-operacional de exploração de petróleo, as frustrações com a comunicação feita pela empresa e rotatividade incomum no quadro de executivos e até de conselheiros deveriam ter sido consideradas pelos investidores.
Desde 2008, cresce a cobrança para que os acionistas sejam mais participativos na atuação junto às empresas, no lugar de simplesmente venderem as ações quando ficam descontentes.
Fonte: Valor Econômico

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