domingo, 26 de maio de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 131

I – NOTÍCIAS

1- Paradeira no segmento de equipamentos  
Passados cinco anos do agravamento da crise sucroalcooleira, a indústria que produz equipamentos para usinas segue inerte em função da falta de projetos, após um forte declínio de faturamento. Desde 2007, não há sequer uma única encomenda para construção de novas usinas, e a sobrevivência vem de serviços de manutenção de máquinas e ajustes nas fábricas de açúcar e etanol já existentes.
A Dedini Indústrias de Base, a maior produtora de equipamentos sucroalcooleiros do país, amarga neste ano uma ociosidade de 60% de seu parque industrial. "Dá para jogar futebol dentro da fábrica", diz Sérgio Lemeo, diretor-presidente da companhia.
A empresa vem tentando, desde 2005, diversificar sua carteira para clientes de outros setores, como os de bebidas e siderurgia. Mas nem essa estratégia ajudou a melhorar seus resultados. "O país passa por um processo de desindustrialização. Quase não há setores investindo", diz Leme.
Dado esse cenário, a meta é faturar em 2013 os mesmos R$ 600 milhões de 2012. O número ainda está muito distante dos R$ 2,2 bilhões de receita obtidos pela empresa no auge da onda de investimentos em etanol, em 2008. Mas, ao menos, significará uma estabilidade, afirma o executivo.
O faturamento da Dedini no ano passado veio de serviços de manutenção em usinas, além de instalação de equipamentos de produção de etanol anidro e de concentração da vinhaça. "Desde 2007 não entra um projeto de construção de usina nova. Daqui a duas safras, o Centro-Sul terá mais cana do que capacidade instalada de processamento", antevê.
Já a principal concorrente da Dedini, a Sermatec, espera faturar este ano em torno de R$ 205 milhões. O valor está bem abaixo dos R$ 700 milhões faturados no auge do "boom" do etanol, em 2008. Mas pelo menos não deve ser muito menor que o realizado no ano passado, quando a empresa faturou R$ 218 milhões. "Esperávamos que o ano de 2012 fosse ruim, mas erramos. Foi pior", afirma Antônio Carlos Christiano, diretor-presidente da Sermatec. Em 2011, a empresa havia faturado R$ 320 milhões. Em 2012, a receita caiu 31%.
Apesar das últimas medidas de estímulo aos produtores de etanol concedidas pelo governo - isenção de PIS/Cofins e aumento da mistura de etanol anidro na gasolina -, Christiano não acredita que serão retomados investimentos em unidades novas. "As usinas estão com problemas financeiros acumulados há quatro ou cinco anos. Esse incentivo vai ser suficiente apenas para ajudar a compor caixa. Investimentos, somente com políticas de longo prazo".
Para Leme, da Dedini, as medidas foram "um bom começo". "Foi uma aspirina para um paciente na UTI. A febre será reduzida, mas não resolverá o problema´, diz Leme. 
Fabiana Batista
Fonte: Valor Econômico 

2- Petrobras descobre óleo de boa qualidade em novo poço no pré-sal  
A Petrobras confirmou a descoberta de "petróleo de boa qualidade" na área da cessão onerosa denominada Florim, no pré-sal da Bacia de Santos. A estatal comunicou hoje ao mercado a conclusão do teste de formação do poço descobridor 1-BRSA-1116-RJS, perfurado no local.
O poço localiza-se em profundidade d´água de 2.009 metros, a uma distância de 206 quilômetros da costa do Estado do Rio de Janeiro. O poço comprovou a descoberta de petróleo de 29º API, a partir da profundidade de 5.342 metros.
"O poço foi concluído na profundidade de 6.004 metros, após atingir os objetivos previstos pelo contrato de cessão onerosa", disse a companhia.
"Após a conclusão da perfuração foi realizado um teste de formação onde foi constatada a excelente produtividade dos reservatórios portadores de óleo de boa qualidade", acrescenta o comunicado, ressaltando que não foi detectada a presença de dióxido de carbono e de ácido sulfídrico.
A Petrobras informou que dará continuidade às atividades na área com a perfuração, ainda em 2013, de mais um poço de delimitação. O contrato de cessão onerosa estabelece um volume de 467 milhões de barris de petróleo para a área de Florim e o final da fase exploratória previsto no contrato é setembro de 2014. 
Rafael Rosas
Fonte: Valor Online 

3- Em quatro anos, Petrobras investiu US$ 2,4 bilhões  
O continente africano está no radar da Petrobras desde a década de 1990. Hoje, a companhia participa de atividades em sete países - Angola, Nigéria Tanzânia, Líbia, Namíbia, Benin e Gabão - e investiu entre 2008 e 2012 cerca de US$ 2,4 bilhões, o que incluiu a construção de um navio-plataforma na Coreia do Sul para atuar na costa Oeste do continente. O principal foco está no ramo de Exploração & Produção, onde a empresa está presente em 14 blocos offshore, sendo que em oito deles a Petrobras atua como operadora - são três na Tanzânia, três em Angola, um na Líbia e outro na Namíbia.
A próxima investida da estatal deverá acontecer em Moçambique, por meio da Petrobras Bicombustível, em parceria com a Tereos Internacional, líder global em açúcar e bioenergia. O objetivo é atuar na produção de etanol, a partir do melaço da cana, em uma usina que já está instalada no país. A Petrobras se tornou mais presente em função do ambiente político, hoje muito mais propício ao ingresso de companhias estrangeiras.
Situação bem diferente da encontrada em 1979, em Angola, país que havia se libertado do domínio português quatro anos antes. Durante 27 anos, a companhia foi apenas sócia não-operadora em dois blocos. Somente em 2006, a empresa passou a ter direitos de exploração e produção em mais quatro blocos, sendo operadora em três deles. O contrato foi fechado sob a compromisso de perfurar 11 novos poços. Em 2009, anunciou a descoberta de reserva de petróleo a 200 km da capital Luanda.
Na Nigéria,onde está desde 1998, as atividades vão além da exploração e produção no delta do Rio Niger, o terceiro mais longo do continente, com 4.180 quilômetros. Naquele país, a Petrobras desenvolve ações sociais para populações ribeirinhas. A região é atrativo devido ao tipo de petróleo encontrado, classificado como leve e de forte valor comercial. A companhia também concentra as atividades na costa Oeste (entre Benin e a Namíbia), similar à costa Leste brasileira, onde estão as principais reservas de petróleo e gás natural.
Em Benin, onde chegou em 2011, a Petrobras concentra seus trabalhos em águas profundas e ultraprofundas da região. A empresa detém participação de 35% em um bloco, ao lado da Shell, que participa com outros 35% e a CBH (Compagnie Béninoise des Hydrocarbures). Trata-se de uma área de cerca de 7,4 mil quilômetros quadrados, com profundidade entre 200 metros a 3 mil metros, a 60 quilômetros da costa. A expectativa é de encontrar petróleo leve.
A Petrobras também atua como operadora no mar do sul da Namíbia, em parceria com a Chariot&Ga e a BP. O trecho é de cerca de 5,5 mil quilômetros quadrados, com profundidade de até 1,5 mil metros, a uma distância de 80 quilômetros da costa. Os estudos geológicos e geofísicos avaliam a possibilidade de exploração comercial com possibilidade de perfurar um poço. 
Guilherme Meirelles
Fonte: Valor Econômico 

4- Campo com reserva gigante de petróleo será leiloado 
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) fez ontem um anúncio que muda o quadro da exploração do pré-sal brasileiro. Novos dados geológicos do prospecto gigante de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, sugerem que o campo de Libra pode ser a maior descoberta já feita no Brasil. O campo teria o equivalente a dois terços de todas as reservas provadas no país.
Com isso, o governo decidiu que Libra será a única oferta no primeiro leilão do pré-sal, que foi antecipado ontem para outubro e terá a presença da presidente Dilma Rousseff. O edital do primeiro leilão do pré-sal, referente à área de Libra, a cerca de 183 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, deverá ser publicado dentro de 15 dias.
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse que os novos dados, revelados neste mês, deixaram o governo e ela própria “deslumbrados” com o potencial de Libra. “É muito grande, muito maior do que tínhamos na mão até agora”, disse. Libra foi uma das áreas usadas para a cessão onerosa de 5 bilhões de barris da União para a Petrobrás.
A estimativa é de que a área tenha o dobro de petróleo do que se imaginava há apenas um mês - um óleo leve (27º API) de boa qualidade. Magda disse que os novos dados apontam para entre 8 bilhões a 12 bilhões de barris recuperáveis - que podem ser extraídos em produção comercial. Todas as reservas provadas do Brasil somam 15,7 bilhões. Em abril, a reguladora estimara que Libra teria entre 4 bilhões e 5 bilhões de barris.“Acho que 10 (bilhões de barris) é um bom número”, disse.
Magda lembra que o maior campo produtor no Brasil, Marlim, na Bacia de Campos, tem 2 bilhões de barris recuperáveis. O campo gigante de Lula no pré-sal, o maior até agora, tem estimados entre 5 a 8 bilhões de barris.
A decisão de só ofertar Libra e antecipar o leilão de novembro para outubro foi tomada ontem, em Brasília depois de chegarem os novos dados. A ANP reavaliou a área com base no resultado de sísmicas em 3D no fundo do mar, uma espécie de raio X, e de um poço perfurado a mando da agência no local. “Não há por que ofertar mais do que Libra no leilão”, disse.
Participaram da reunião Dilma; o ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; e o secretário de óleo e gás do MME, Marco Antonio Almeida. A data exata do leilão ainda não foi marcada e depende da agenda da presidente, mas Magda disse que deve ser na segunda quinzena de outubro. Por conta da presença da presidente, o leilão, geralmente realizado no Rio, pode ser transferido para Brasília
Lobão afirmou que o leilão do pré-sal pelo sistema de partilha foi antecipado de novembro para outubro para dar coerência aos processos de licitação feitos pelo governo este ano. “Passamos o leilão para outubro porque é melhor. Fizemos um leilão de petróleo agora (na semana passada), vamos fazer na sequência outro de petróleo no pré-sal e, depois, fazemos o de gás”, disse, ao chegar ao Ministério do Planejamento para a reunião do Comitê Gestor do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal


II – COMENTÁRIOS

1- Conteúdo da edição 89 da revista TN Petróleo já está disponível
O leitor já pode acessar o site, www.tnpetroleo.com.br, a versão online da nova edição da revista TN Petróleo (número 87). A atual publicação conta com matéria especial sobre o resultado da 11ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de uma matéria sobre o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras 2013-2017. 
A edição traz também um especial sobre o Estado de Pernambuco e a cobertura da Offshore Technology Conference (OTC) 2013, realizada em Houston, que teve recorde de visitantes este ano.
O perfil profissional de Antonio Müller, presidente da Tridimensional Engenharia, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI), e vice-presidente do Centro de Excelência em EPC (CE-EPC). Além de entrevista exclusiva com Celso Magalhães, presidente de novos negócios e do Conselho da Georadar, que fala sobre a atual busca da companhia por negócios no mercado internacional e dos resultados do ingresso da Georadar na área offshore.

2- Maricá vai abrigar logística do pré-sal
FPSO Cidade de Angra dos Reis. Agência Petrobras
A Prefeitura de Maricá (RJ) apresentou, em audiência pública, proposta de alteração da Lei de Uso do Solo que permitirá a criação de uma Zona de Especial Interesse Industrial (ZEII) no município, que tem 364 km de área e é um dos que mais cresce no estado do Rio. A ZEII compreende em torno de 30 km quadrados e engloba pelo menos quatro grandes regiões, todas ainda com grandes extensões livres, concentradas, sobretudo, no eixo da rodovia RJ-106 (que liga Niterói à Região dos Lagos), e nas proximidades do futuro Polo Naval de Jaconé.
O objetivo da mudança idealizada pelo prefeito Washington Quaquá é atender à crescente demanda de instalação de indústrias vinculadas à logística do petróleo, seja por conta da proximidade do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a 45 km de distância a Oeste, seja pela confrontação com o campo Lula, do pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km do litoral.
Um dos pilares dessa política é a implantação do heliporto de apoio às operações offshore, cuja capacidade poderá chegar a 120 voos diários. O próprio aeroporto municipal, com sua pista de 1.200 metros passível de ampliação para 1.800 metros, integra o rol de equipamentos urbanos que serão submetidos a uma completa renovação. Com a nova legislação, o terminal poderá ser administrado pela iniciativa privada, em regime de concessão remunerada e, depois de pronto, movimentará até 68.000 passageiros/ano e 3.500 toneladas de carga/ano.
Depois do boom imobiliário recente - há pelo menos 18 condomínios de luxo, um deles com 9 milhões de metros quadrados, sendo lançados ou já em implantação na cidade - a medida permitirá ao município abrir caminho não só para a instalação de empresas como definir áreas específicas para cada aplicação. A alteração no marco legal é urgente e necessária: em 2010, eram analisados de 20 a 25 processos de licenciamento urbano por semana. Hoje esse número, segundo a secretaria de Desenvolvimento Urbano, passou de 300 a 320 por semana.
Nas proximidades do futuro porto - cuja excepcional localização geográfica, com 30 metros de calado a menos de 3 km da orla, permite a operação até de embarcações VLCC de 300 mil DWT - o projeto de um condomínio industrial está em análise e pelo menos um fabricante de tintas especiais para plataformas já encaminhou consulta formal à cidade. Além da instalação do Polo Naval, a região de Jaconé foi escolhida pela Petrobras para receber o gasoduto do pré-sal.
Por conta disso, há previsão também de uma área destinada para grandes galpões de armazenamento. A nova legislação vai entrar em vigor de forma a impulsionar o aporte de capital estrangeiro. Segundo o prefeito, duas empresas italianas já assinaram cartas de intenção com o município: um estaleiro especializado em embarcações esportivas e uma montadora de carrocerias de trens, bondes e caminhões especiais.
Fonte: Ascom Prefeitura de Maricá

3- Primeira licitação do pré-sal terá uma só mega-área e será em outubro  
Uma estimativa mais precisa e muito mais otimista sobre o potencial de reservas no prospecto de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, fez o governo antecipar a primeira licitação no modelo de partilha, de novembro para outubro. A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, informou que o leilão terá uma única área ofertada, Libra, reservatório de cerca de 1,5 mil quilômetros quadrados com uma coluna de 326 metros de óleo leve, com 26 graus na escala do American Petroleum Institute (API).
De acordo com a ANP o potencial estimado de óleo "in situ" (volume total de óleo na área) de Libra é de 26 bilhões a 42 bilhões de barris, bem acima dos 18 bilhões de barris da última estimativa do órgão. Para efeito de comparação, o total de reservas provadas de petróleo do Brasil, segundo a ANP, é de 14,5 bilhões de barris. Apenas a Petrobras, pelo mesmo critério da agência, tem reservas provadas de 13,7 bilhões de barris.
"Eu tenho mais de 30 anos na indústria do petróleo e nunca vi ninguém licitar algo parecido. Uma coisa desse porte vai chamar a atenção do mundo todo", disse Magda. "Isso aqui [o leilão] é para gente grande", completou, ressaltando que espera a presença de todas grandes petroleiras mundiais.
O edital com as regras do primeiro leilão do pré-sal sairá em junho. O local do leilão também deve ser alterado, do Rio para Brasília, para ter a presença da presidente Dilma Rousseff. A nova estimativa de reservas de Libra foi obtida com uma interpretação feita pela ANP, a partir de resultados da perfuração de um poço e na última sísmica feita pela CGG Veritas.
"Se estimarmos uma recuperação de 30%, teremos um prospecto de Libra capaz de produzir de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo", afirmou Magda. "Libra é uma coisa muito diferente do que tínhamos até agora. Só para ter uma ideia, o campo de Marlim, maior produtor do Brasil, tem volume recuperável de 2 bilhões de barris", completou.
De acordo com Magda, os contratos de concessão dos vencedores terão prazo de 35 anos, improrrogável. O prazo, diz, vai estimular o desenvolvimento mais rápido da área. A 12ª Rodada, que ofertará áreas com potencial de descobertas de gás natural, foi adiada de outubro para novembro.
O presidente da francesa Total no Brasil, Denis Palluat de Besset, disse que espera mais detalhes, observando que a indústria esperava também a oferta de prospectos de menor tamanho, também mapeados e que poderiam também ser oferecidos. "Vamos ver as condições oferecidas pelo governo, depois vamos estudar o edital e ver o bônus que o governo vai fixar. É uma jazida já descoberta e é preciso uma avaliação, já que nunca houve uma oferta desse tamanho no mundo", disse Besset.
Magda disse que, devido ao potencial de volume de petróleo no polígono do pré-sal, licitações desse tipo não deverão ser anuais. Provavelmente os leilões serão a cada dois anos e o segundo só deve ser entre 2015 e 2016. No leilão de outubro, os concorrentes terão que fixar um bônus por assinatura, um valor de programa exploratório mínimo e um percentual de compromisso de conteúdo local.
Magda não quis comentar as metas de conteúdo local para o leilão do pré-sal, mas ressaltou que os percentuais mínimos utilizados na cessão onerosa da Petrobras foram muito parecidos com os ofertados pelas petroleiras para os blocos em águas profundas na 11ª Rodada, na última semana. Segundo ela, o conteúdo local ofertado para essas áreas foi da ordem de 37% na fase de exploração e de 55% na etapa de desenvolvimento da produção.
Pela lei, a Pré-sal Petróleo S A (PPSA) entrará como operadora, com 30% de participação em Libra após o resultado da licitação. 
Rodrigo Polito e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico

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