sexta-feira, 8 de novembro de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 154

I – NOTÍCIAS

1- Executivo da Gerdau fala sobre o futuro da siderurgia em seminário
Fonte: Ascom Gerdau   
O vice-presidente da Operação de Negócios Brasil da Gerdau, Manoel Vitor de Mendonça Filho, fará a palestra de abertura do 50º Seminário de Laminação - Processos e Produtos Laminados e Revestidos promovido pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), de 18 a 21 de novembro, em Ouro Preto (MG). O executivo, que integra o Comitê Executivo da Gerdau, falará sobre 'O futuro da siderurgia'.
Outra presença confirmada é a do diretor Tecnológico da Evraz, Franz Holy, que na terça-feira, 19, discorrerá sobre 'Laminação de hoje e os desafios de amanhã'.
A edição comemorativa ao Jubileu de Ouro do evento será realizada no Centro de Artes e Convenções da Ufop, onde são esperados aproximadamente 300 especialistas nacionais e estrangeiros, profissionais da indústria e da academia ligados à produção e transformação do aço e do alumínio.
O especialista canadense Doug Stalheim, presidente da DGS Metallurgical Solutions, vem ao Brasil para ministrar o módulo de aplicação prática (cases) do curso Fundamentos, Prática Industrial e Simulação da Laminação Controlada de Aços Microligado, que abre o evento.
Trata-se de um curso intermediário, que terá ainda mais dois módulos: o de fundamentos da aplicação de aços microligados, a cargo do professor Ronaldo Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o de simulações, com duas propostas de modelamentos, a cargo dos especialistas Antonio Augusto Gorni, da Usiminas, e Marcelo Arantes Rebellato, consultor da CBMM.
A programação inclui apresentações de 116 trabalhos da indústria e da academia, além de visita técnica à usina Ouro Branco da Gerdau, empresa anfitriã do evento.
A Gerdau (Vilares Rolls) é a empresa anfitriã do 50º Seminário de Laminação, que terá ainda uma área de exposição com a presença das seguintes empresas/instituições patrocinadoras: Açokorte, Akers Brazil, Amepa, Andritz, Aperam, ArcelorMittal, Atomat Services Industrial, Brasmetal, BRC, Castellini, CBMM, CMI Brasil, Cognex, CSN, Danieli, EMG, ESW, IMS,  Inoxihp, James Walker, Lemasa, Linde, Maina, Metalserv, NSK, Pomini Tenova, PML Kelk, Russula do Brasil, Senai / Fiemg, Siemens, SMS Siemag, Sprayng Systems, Timken, Usiminas, Vallourec e Voith.
Serviço
50º Seminário de Laminação - Processos e Produtos Laminados e Revestidos
Realização: ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração
Data: 18 a 21 de novembro
Local: Centro de Artes e Convenções da Ufop, em Ouro Preto (MG)
Site: www.abmbrasil.com.br/seminarios

2- Regra de licitação de concessões de gás obriga consórcios a realizar pesquisas
Empresas e consórcios que arrematarem áreas na 12ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) serão obrigadas a perfurar o primeiro poço de forma mais completa, até que sejam atingidos determinados objetivos previstos em contrato. A afirmação é de Magda Chambriard, diretora-geral da ANP. É a primeira vez que a regra está prevista em um contrato de concessão de blocos exploratórios pela agência reguladora.
O objetivo é reunir informações e desenvolver de forma mais estruturada o avanço da indústria de gás não convencional no país, ou "shale gas", que no Brasil é traduzido como gás de folhelho. "As empresas serão obrigadas a coletar amostras de rocha geradora e fazer uma série de análises de laboratório para ajudar o governo brasileiro a ter informações que vão viabilizar no futuro o projeto não convencional", disse Magda.
As rochas geradoras são responsáveis pela formação de hidrocarbonetos (gás natural ou petróleo), que pode migrar para superfície ou encontrar no subsolo formações rochosas, com características de reservatório, que impedem que o gás continue subindo e se disperse. É em volta das rochas geradoras que se pode encontrar o "shale gas".
O gás convencional é encontrado em rochas-reservatórios, com elevada porosidade e, teoricamente, é mais fácil de ser extraído. As técnicas para o aproveitamento do "shale gas", por outro lado, são mais complexas e pouco conhecidas no Brasil. Para extraí-lo, é necessária a injeção de produtos químicos e a perfuração de poços horizontais, com fraturamento hidráulico, quando as rochas são quebradas para soltar o gás, o que não está previsto na regulação ambiental do país.
Está em consulta pública, até dia 18, na ANP, uma resolução que tem como objetivo regulamentar a atividade exploratória de "shale gas" no país. A audiência pública será no dia 21. Segundo Magda, a agência teve até agora poucas contribuições. "Talvez as pessoas não tenham percebido a importância da consulta pública", afirmou.
Magda destacou que todos os contratos de concessão assinados no Brasil preveem o direito a explorar até a profundidade considerada conveniente pelo concessionário. No entanto, a aprovação de novas regras irá permitir um maior aproveitamento da área, caso as companhias achem interessante. "Vamos disciplinar direitos que já existem, mas ainda não foram exercidos", disse a executiva.
A partir da aprovação da nova resolução, todas as empresas que já têm contratos de concessão poderão, em um determinado momento, desenvolver a exploração de gás não convencional, a partir das novas regras.
Magda disse que "tudo indica" que o "shale gas" possa começar a ser explorado, de forma mais rápida no país, em bacias já consideradas maduras, onde empresas já extraíram muitos dados geológicos. Mas isso não é uma regra, afirmou. As bacias maduras com áreas ofertadas na 12ª rodada de licitação são Sergipe e Alagoas, Recôncavo e São Francisco.
Até agora, estão habilitadas 19 empresas para a licitação, prevista para acontecer nos dias 28 e 29. Há algumas empresas de energia inscritas, como Companhia Paranaense de Energia (Copel) e Eneva, que podem estar interessadas em ter acesso mais fácil a reservas de gás, para a geração de energia térmica.
Fonte: Valor Econômico

3- Construção de sondas para o pré-sal movimenta mercado
Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP)
A construção dos primeiros navios-sonda no país tem movimentado o setor de equipamentos e acessórios. Segundo a Sete Brasil, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) já adquiriu mais de 34 mil ítens para a construção das unidades. O montante corresponde a 70% do total de aquisições necessárias.
Entre os equipamentos estão sistemas de perfuração e guindastes, propulsão, automação, instrumentação e elétrico, acomodações e calefação, ventilação e ar-condicionado. Além do Brasil, os materiais foram encomendados de empresas dos Estados Unidos, Reino Unido, China e Noruega, cujas atividades de engenharia estão sendo acompanhadas por profissionais do EEP, para troca de conhecimento e desenvolvimento do projeto.
O contrato para construção dos seis navios-sonda, que começarão a ser entregues a partir de 2016 até 2020, tem valor estimado de US$ 5 bilhões.
Fonte: Revista TN Petróleo, Redação com Assessoria

4- Techint Engenharia entra com pedido de execução de título contra a OSX
A Techint Engenharia e Construções , empresa do grupo ítalo-argentino Techint, entrou com pedido de execução de título extrajudicial (CPC) contra a OSX Brasil, empresa de construção naval do grupo EBX, de Eike Batista. O pedido foi encaminhado à 28ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. O valor do título não foi revelado nem pela Justiça, nem pela Techint. 
Em julho, a OSX já tinha informado, em comunicado ao mercado, interrupção de encomenda de duas plataformas que a Techint estaria construindo no Paraná. Na época, fontes informaram ao Valor que os contratos somavam em torno de R$ 1 bilhão, e que teriam sido o motivo de um investimento de R$ 300 milhões que a Techint teria feito em obras no Pontal do Paraná. 
Reportagem do Valor, também em julho, detalhou que, com o cancelamento do contrato pela OSX, a Techint teria demitido em torno de 900 trabalhadores, um terço do total de seus funcionários em sua unidade em Pontal do Paraná. 
Em 2011, a Techint Engenharia e Construção foi contratada pela empresa de Eike Batista para construir duas plataformas de exploração de petróleo, WPH-1 e WPH-2, na Bacia de Campos (RJ). Mas, em meados desse ano, a OGX, petroleira do grupo EBX, divulgou comunicado mostrando a frustração com a produtividade de poços no local.
Fonte: Valor Econômico

5- Assinatura do contrato de Libra é postergada para 17/12--ANP

A assinatura do contrato da área de Libra foi postergada para 17 de dezembro, um mês depois do previsto, para que as chinesas CNPC e CNOOC, que fazem parte do consórcio vencedor, possam constituir empresas no Brasil. 
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, também disse que o adiamento da assinatura do contrato não muda o prazo inicial para o pagamento do bônus.
Agência Reuters



II – COMENTÁRIOS

1- Brasil e China intensificam parceria
Divulgação/ Anderson Riedel
O Brasil e a China firmaram o Plano Decenal de Cooperação para o período de 2013 a 2022 na 3ª reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), em Cantão, na China. O plano fora acordado em 2012, na visita do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, ao Brasil.
No encontro, que teve a participação do vice-presidente Michel Temer, as relações entre a China e o Brasil foram elevadas à parceria estratégica global. Na ocasião, foi feita uma avaliação positiva do contato bilateral, do desempenho nas áreas comercial, de investimentos e da cooperação em ciência, tecnologia, inovação, cultura educação. As trocas entre os dois países atingiram US$ 80 bilhões em 2013.
Ficou acertado na reunião intensificar o esforço conjunto para diversificar mais a relação sino-brasileira, com ênfase em agricultura, energia e infraestrutura. A Cosban é o mecanismo de encontro permanente de mais alto nível entre os governos do Brasil e da China, com a participação dos vice-chefes de governo dos respectivos países.
"A bem-vinda participação de empresas chinesas no consórcio para a exploração do Campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, abre importantes novas perspectivas para nossa atuação conjunta no setor de petróleo e gás. Estimulo a participação chinesa nesses empreendimentos, que haverão de fortalecer ainda mais nosso conhecimento e confiança mútuos, com ganhos compartilhados", disse o vice-presidente Michel Temer.
"Estamos abertos a investimentos chineses no Brasil, em especial nas áreas ferroviária, de portos, aeroportos e rodovias. Muitos desses projetos estão inseridos no contexto maior da integração física na América do Sul, o que os torna ainda mais atraentes para investimentos externos", declarou o vice-primeiro ministro chinês, Wang Yang.
Os dois países reiteraram a necessidade de cooperar no âmbito do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), do G20 - grupo das 20 maiores economias mundiais -, e do Basic - formado por Brasil, África do Sul, Índia e China -, sobre mudança do clima.
O documento elaborado na reunião confirma a visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil em 2014, quando serão celebradas quatro décadas de relação bilateral entre Brasília e Pequim. Representantes da China também deverão vir ao Brasil no próximo ano para participar da 6ª Cúpula do Brics, em março, em Fortaleza. Um dos pontos mais importantes no âmbito desse grupo de países emergentes é a criação de um banco de desenvolvimento.
Sobre a segurança e a privacidade de dados na internet, no contexto das recentes denúncias de espionagem dos Estados Unidos a diversos países, a China e o Brasil reiteraram a importância de a comunidade internacional alcançar regras e padrões de regulação universalmente aceitas sobre tecnologia da informação e comunicação. Na última sexta-feira (1º), o Brasil e a Alemanha apresentaram à Organização das Nações Unidas (ONU) um projeto de resolução sobre o tema, em que enquadram a espionagem como uma violação aos direitos humanos.
Sobre a reforma da governança global, com ênfase à do Conselho de Segurança da ONU, a China voltou apoiar a aspiração brasileira de desempenhar um papel mais proeminente no órgão, sem, no entanto, mencionar apoio expresso ao pleito do Brasil em assumir um assento permanente no conselho, depois de uma possível reforma. Também foi mencionada a necessidade de atualização da fórmula de estabelecimento de quotas do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o aumento da participação e do poder de decisão de países em desenvolvimento sobre a aplicação dos fundos.
No âmbito do comércio, o Brasil pediu à China a suspensão do embargo às exportações brasileiras de carne bovina; a habilitação de novos estabelecimentos exportadores de carne de frango e suína; e a assinatura do Protocolo Fitossanitário do Milho, cuja negociação foi concluída com sucesso, na Subcomissão de Inspeção e Quarentena da Cosban.
Na área de ciência e tecnologia, foi confirmado o lançamento do satélite China-Brasil 3 (Cbers-3, sigla em inglês para Brazil-China Earth-Resources Satellite) em dezembro deste ano e do Cbers-4, em 2015. O Cbers-3 será o primeiro da família de satélites sino-brasileiros a integrar uma câmera para satélite 100% desenvolvida e produzida no Brasil. Ela vai registrar imagens para o monitoramento de recursos terrestres. Desde o inicio da parceria entre os países, em 1988, foram lançados os Cbers 1, 2 e 2-B.
*Na foto: O vice-presidente do Brasil, Michel Temer e o vice-primeiro ministro chinês, Wang Yang.
Fonte: Agência Brasil

2- Cientistas Alertam para a Exploração de Xisto
Estudiosos demonstram preocupação com a exploração de blocos exploratórios de xisto, que fará parte da 12ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), marcada para este mês
À frente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) a da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader e Jacob Palis pedem em carta à presidenta Dilma a suspensão das licitações das áreas de gás de xisto na 12ª Rodada por um período suficiente para aprofundar os estudos realizados pelas instituições científicas e tecnológicas (ICTs) públicas do país. Querem ter certeza da real potencialidade da utilização da fratura hidráulica das rochas para obter o polêmico gás e também sobre os possíveis prejuízos ambientais provocados por sua exploração.
De acordo com a própria Agência Nacional de Petróleo (ANP), na 12ª. Rodada de Licitações serão leiloados 240 blocos exploratórios terrestres com potencial para gás natural em sete bacias sedimentares, localizados nos estados do Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná, São Paulo. A área totaliza 168.348,42 quilômetros quadrados. Do total dos blocos que vão a leilão, 110 estão em áreas de novas fronteiras nas bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba e outros 130 nas bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas. Em todas elas serão exigidas a exploração de gás convencional e não convencional, segundo texto sobre o edital publicado no site da agência.
A extração do gás não convencional foi discutida exaustivamente na 65ª reunião da SBPC, em Recife, Pernambuco, realizada no último mês de julho. E foi exatamente com base no resultado das discussões que as duas entidades resolveram alertar o governo brasileiro sobre o caráter preliminar de levantamentos otimistas que pressupõem enormes reservas de gás de xisto no Brasil, que, se confirmadas, poderiam contribuir para impulsionar a economia do país.
A Agência Internacional de Energia dos Estados Unidos sugere que há, em solo brasileiro, reservas do gás da ordem de 7,35 trilhões de metros cúbicos nas bacias geológicas do Paraná, Parnaíba, Solimões e Amazonas, do Recôncavo e do São Francisco (as duas últimas bacias situadas no norte da Bahia e sul de Minas). Já a ANP estima que sejam muito mais do que isso: pelo menos, o dobro.
Sem qualquer propósito de estragar a festa de comemoração da fartura brasileira em gás de xisto, já considerado o combustível do século XXI – que nos EUA deve representar, de acordo com cálculos otimistas do próprio país, mais de 50% da oferta de energia nos próximos anos – , a comunidade científica adverte que falta conhecimento das características petrográficas, estruturais e geomecânicas das rochas consideradas para o cálculo das reservas brasileiras do shale gas – informação que altera significativamente a relação custo/benefício da extração do produto – , lembra que a sua exploração, apesar de se mostrar um sucesso econômico e tecnológico nos EUA, tem sido muito questionada pelos riscos e danos ambientais que acarretam e até mesmo põe em cheque os anúncios otimistas do país norte-americano sobre suas reservas internas do óleo.
O geólogo Luiz Fernando Scheibe, professor aposentado da Universidade de Santa Catarina, duvida, por exemplo, que as reservas norte-americanas sejam suficientes até mesmo para o abastecimento interno. Na sua avaliação, o óleo pode suprir o déficit energético dos EUA, tornando o país autossuficiente, mas não exportador mundial do produto, como alardeiam alguns norte-americanos. Em entrevista concedida à IHU On Line, revista produzida mensalmente pelo Instituto Humanitas Unisinos, ele revela que o xisto pode representar apenas 30% a 40% das reservas totais do país, que depende fortemente de fontes externas de petróleo.
Os Estados Unidos também não se mostram preocupados com a contaminação de sua água, tanto que no governo de George Bush a exploração do xisto foi isentada do atendimento às questões ambientais. "Eles têm um ato específico sobre a água potável, mas quando se trata de xisto essas determinantes não precisam ser atendidas. Isso chama a atenção para esta ânsia de explorar o gás não convencional", disse o professor, acrescentando que ficou muito impressionado porque nos EUA diversas empresas contrataram o serviço de esgoto municipal para purificar a água utilizada durante a extração do produto, o que, na sua opinião, é ineficaz, uma vez que essas empresas possuem apenas determinada capacidade e estãos voltadas a um tipo de elemento químico.
No mundo inteiro, e até mesmo em alguns estados dos EUA, está havendo uma grande mobilização popular para impedir a extração imediata do produto. Na França e na Bulgária, a extração de xisto está suspensa. Em Nova Yorque, estado que fica ao lado da Pensilvânia, considerado o paraíso do xisto, sua obtenção foi proibida. Na Alemanha, está suspensa, enquanto no Canadá alguns estados proibiram o gás, caso de Ontário. Já a Inglaterra tenta fazer as primeiras perfurações, enquanto a população luta para impedir. Na China ainda há barreiras, inclusive burocráticas, para a regulamentação da extração do produto. A Shell, que tentou diversas maneiras de transformar camadas de xisto betuminoso em petróleo bruto desde 1981, anunciou que a empresa vai encerrar suas operações de pesquisa de xisto de petróleo no Colorado.
Os dirigentes da SBPC e da ABC relataram à presidente as formas diferentes da exploração do gás natural, do petróleo e do xisto, com o objetivo de adverti-la dos riscos econômicos embutidos na ilusão de ganhos imediatos. A exploração do gás natural e do petróleo ocorre em estruturas geológicas e nichos próprios. Já o gás de xisto impregna toda a rocha ou formação geológica. "Nesta condição, a tecnologia de extração de gás está embasada em processos invasivos da camada geológica portadora do gás, por meio da técnica de fratura hidráulica, com a injeção de água e substâncias químicas, podendo ocasionar vazamentos e contaminação de aquíferos de água doce que ocorrem acima do xisto", afirma a comunidade científica brasileira na carta enviada à Dilma Rousseff.
O Brasil precisa, portanto, pesar na balança os ganhos e as perdas com a obtenção do xisto, uma vez que os aquíferos de água doce existentes em seu solo podem ser muito mais valiosos do que a extração do shale gas. Os cientistas advertem que o processo de obtenção de xisto exige grandes volumes de água, e elas vão retornar à superfície poluídas por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha, assim como pelos próprios aditivos químicos utilizados na extração do gás não convencional. E a purificação e o descarte dos resíduos exigem caríssimas técnicas. "A própria captação desta água pode representar uma forte concorrência com outros usos considerados preferenciais, como, por exemplo, o abastecimento humano", dizem textualmente a SBPC e a ABC na carta enviada à presidente.
As duas entidades lembram que boa parte das reservas de óleo de xisto da bacia do Paraná, no Brasil, e parte das reservas do norte da Argentina situam-se logo abaixo do Aquífero Guarani, considerado a maior fonte de água doce de ótima qualidade da América do Sul. "Logo, a exploração do gás de xisto nessas regiões deveria ser avaliada com muita cautela, já que há um potencial risco de contaminação das águas deste aquífero."
O geólogo Aldo Rebouças, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de São Paulo (USP), garante que o Aquífero Guarani é um oceano de água doce no solo do Brasil (que detém 75% do manancial), Argentina, Paraguai e Uruguai. Já haveria, inclusive, gestões da Organização das Nações Unidas (ONU) para transformar em recursos internacionais todos os mananciais de água transfronteiços do mundo. No Brasil, o Aquífero Guarani é apontado como solução imediata de abastecimento para centenas de cidades do interior de São Paulo.
Fonte: Jornal do Clube de Engenharia, edição nº 535 (outubro/2013).

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