segunda-feira, 4 de março de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 122


I –  NOTÍICIAS

1- Produção no pré-sal alcança 300 mil barris de petróleo por dia
Agência Petrobras
A produção de petróleo nos campos operados pela Petrobras na província do pré-sal nas bacias de Santos e Campos atingiu, no dia 20 de fevereiro, a marca de 300 mil barris de petróleo por dia (bpd). Desse volume, 83% (249 mil barris de petróleo por dia), correspondem à parcela da Petrobras e o restante, à das empresas parceiras da companhia.
Esse resultado foi alcançada sete anos, apenas, depois da primeira descoberta de petróleo na camada pré-sal, ocorrida em 2006. Um intervalo de tempo inferior ao que foi necessário para se chegar ao mesmo patamar em outras importantes áreas de produção marítima no mundo.
Na porção americana do Golfo do México, por exemplo, foram necessários 17 anos, depois da primeira descoberta, para se alcançar a produção de 300 mil barris por dia. Na Bacia de Campos, foram 11 anos. E no Mar do Norte, nove. Diferentemente dessas áreas, na camada pré-sal toda a produção de petróleo ocorre em águas profundas, o que torna esse resultado ainda mais expressivo.
A marca de 300 mil bpd, além disso, foi obtida com a contribuição de somente 17 poços produtores. Isso evidencia a elevada produtividade dos campos já descobertos. Desses poços, seis estão localizados na Bacia de Santos, que responde por 43% da produção (129 mil barris por dia). Os demais 11 poços estão localizados na Bacia de Campos e respondem por 57% da produção (171 mil barris por dia). A produção de gás natural nesses poços é de 9,8 milhões de m3/dia.
A produção média mensal de petróleo na camada pré-sal, no mês de fevereiro de 2013, já atinge 281 mil barris por dia, o que representa um crescimento de 138% em apenas 12 meses.
Atualmente, a produção do pré-sal ocorre em oito diferentes plataformas, quatro delas produzindo exclusivamente da camada pré-sal:
• FPSO Cidade de Angra dos Reis, operando desde outubro de 2010 no campo de Lula, na Bacia de Santos;
• FPSO Cidade de Anchieta, operando desde setembro de 2012 no campo de Baleia Azul, na Bacia de Campos;
• FPSO Cidade de São Paulo, operando desde janeiro de 2013 no campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos;
• FPSO Cidade de São Vicente, uma unidade itinerante utilizada para a realização de testes de longa duração que, desde fevereiro de 2013, está em operação também no campo de Sapinhoá, na área denominada Sapinhoá Norte.
As outras quatro plataformas são unidades que foram instaladas, no passado, na Bacia de Campos, para a produção de petróleo da camada pós-sal e que, por apresentarem capacidade disponível, viabilizam a rápida interligação de poços descobridores de petróleo na camada pré-sal.
Em maio deste ano, mais uma plataforma será colocada em produção no pré-sal de Santos: o FPSO Cidade de Paraty, com capacidade para processar 120 mil bpd e 5 milhões de m3/dia de gás. Essa plataforma, que se encontra em fase final de montagem, em Angra dos Reis, será instalada na área Nordeste do campo de Lula, na Bacia de Santos.
Entre 2014 e 2016 outras 11 novas plataformas entrarão em operação para a produção: dez na Bacia de Santos e uma na Bacia de Campos. Isso permitirá que a produção de petróleo operada pela Petrobras na camada pré-sal supere, já em 2017, 1 milhão de barris de petróleo por dia.
Fonte: Redação TN Petroleo

2- RJ inaugura primeira etapa de fábrica de submarinos
Inaugurada a Unidade de Produção de Estruturas Metálicas (Ufem), primeira etapa para a construção de submarinos. A fábrica está instalada na Base Naval de Itaguaí e faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
O programa é uma parceria entre o Brasil e a França e prevê a fabricação de cinco submarinos: quatro convencionais - de propulsão diesel-elétrica - e um com propulsão nuclear, segundo o Ministério da Defesa. Os equipamentos serão produzidos com tecnologia nacional, por técnicos treinados na França. O primeiro dos quatro submarinos convencionais deverá ser entregue em 2015. O prazo para a entrega do submarino nuclear é 2023.
O Prosub prevê também a construção do estaleiro e da base naval que abrigará os submarinos. O investimento nessas etapas será R$ 7,8 bilhões, com desembolsos até 2017.
Fonte: Redação TN Petróleo

3- Brasil pode gerar mais de 280 MW a partir do biogás
“O potencial de geração de energia limpa e renovável tende a ser ainda maior, considerando o horizonte de tempo de 2009 a 2039, ou seja, 30 anos. Isso porque o país terá, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que universalizar a destinação final dos resíduos, já que quase 30 milhões de toneladas por ano ainda não têm tratamento adequado”, observa o diretor executivo da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
De acordo com o levantamento inédito, atualmente o Brasil conta com 22 projetos que preveem o aproveitamento energético do biogás, o que equivale a uma capacidade instalada de 254 MW. Essas unidades de destinação final de resíduos têm potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) da ordem de 12 milhões de toneladas de CO2 equivalentes por ano, quantidade que considera apenas os projetos brasileiros de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) registrados perante a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) da ONU (Organização das Nações Unidas).
Baseado no horizonte de 30 anos, o Atlas aponta ainda que as emissões de GEE pela destinação de resíduos sólidos atingiriam cerca de 892 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, o que representa uma média anual de 29,7 milhões de toneladas, que seriam mitigadas por meio da implantação de tais projetos.
Sudeste lidera geração de energia a partir do lixo
Dos 46 projetos de MDL brasileiros relacionados a resíduos sólidos registrados na ONU, 33 estão localizados no Sudeste do país, cujo potencial energético pode atingir, até 2039, 170 MW, o suficiente para abastecer a cidade de São Bernardo do Campo, que tem pouco mais 750 mil habitantes. No horizonte de tempo analisado pela Abrelpe, a região também responderia por cerca de 60% das emissões de GEE.
As regiões Nordeste, Sul e Norte possuem 7, 4 e 2 projetos respectivamente, enquanto o Centro-Oeste não dispõe de nenhum atualmente. O potencial de geração de energia e percentual de emissão de GEE em cada uma dessas regiões, respectivamente, é o seguinte: Nordeste, 49 MW e 18%; Sul, 23 MW e 8%; Centro-Oeste, 22 MW e 8%; e Norte, 18 MW e 6%.
“Trata-se de um estudo inédito e bastante atrativo, pois permite mensurar não apenas as emissões específicas da destinação de resíduos no Brasil, como também o potencial energético dessas unidades, demonstrando a plena capacidade do país desenvolver projetos nesse sentido que, além de mitigar as emissões de GEE, contribuirão, de alguma forma, com a ampliação do mix energético no país”, conclui o diretor Executivo da Abrelpe.
Para realizar a estimativa de biogás nos diferentes locais de destinação final de resíduos e regiões do Brasil, a associação contratou a consultoria especializada MGM Innova, que aplicou o método do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou, em português, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), utilizando como base os dados do setor de resíduos sólidos publicados no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil.
Fonte: Redação TN Petróleo

4- Produção de biodiesel no país chega a 2,7 bilhões de litros 
A média mensal foi de 181 milhões de litros. O volume total representa um incremento de quase 2% se comparada a produção de 2011, que foi de 2,672 bilhões de litros. Com esse desempenho, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a produção do combustível no Brasil chegaa um volume histórico, sendo o maior dos últimos oito anos. É preciso ressaltar que a produção do produto em 2005 chegava a apenas 736 mil litros. 
O Centro-Oeste brasileiro concentra a maior produção de biodiesel, somando 1,164 bilhão de litros, ou 43% do total. O segundo maior volume é encontrado no Sul do país, com 34% de participação nacional, a produção foi de 926 milhões de litros no ano passado. Entre os estado, o Rio Grande do Sul se destaca com 806 milhões de litros, seguido por Goiás, com 600 milhões de litros, e Mato Grosso, com 474 milhões de litros. 
Com base nos dados acumulados até novembro de 2012,percebe-se que as vendas de diesel B pelas distribuidoras superaram em 7,1% a quantidade comercializada em 2011. Mantido o ritmo, estima-se que o valor final, em 2012, aproxime-se dos 56 milhões de m³. 
O balanço de matérias-primas utilizadas para a fabricação de biodiesel indica que o óleo de soja deverá representar cerca de 76% do total produzido,seguido de sebo bovino (17%) e de óleo de algodão (4%). Essas informações também abrangem o período de janeiro a novembro de 2012.
As estatísticas de preços indicam que, em 2012, o valor médio recebido pelas usinas pelo metro cúbico de biodiesel foi de aproximadamente R$2.384,20. A base de referência são os leilões realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Outros preços do diesel mineral também encontram-se à disposição nas planilhas publicadas. 
Fonte: Expresso MT

5- LLX tira foco do minério e investe em petróleo e gás no Superporto do Açu 
Fonte: Valor Econômico 
A LLX, braço logístico do grupo EBX, deu uma guinada no Superporto do Açu, principal projeto da empresa no município de São João da Barra, no norte fluminense. Construído para ter o minério de ferro como âncora, o Açu está voltando-se com força para a indústria de petróleo e gás. O primeiro embarque de minério de ferro da Anglo American pelo Açu está programado para o segundo semestre de 2014, com cerca de quatro anos de atraso em relação à previsão inicial. Mas ainda em 2013 devem começar no Açu operações de prestadoras de serviços à indústria de petróleo e gás, caso do estaleiro da OSX, empresa de construção naval e offshore da EBX, da Technip e da National Oil Varco (NOV).
Em nota, a LLX afirmou: "Com o início das operações previsto para este ano, o Superporto do Açu se qualifica como o hub [ponto concentrador] brasileiro para o setor de óleo e gás e como alternativa para a instalação de empresas que operam no Brasil neste setor", disse, em comunicado, Marcus Berto, diretor-presidente da LLX.
A empresa informou que estão se instalando no TX2, o terminal terrestre, empresas como Technip, NOV e Intermoor, além da OSX. Em fevereiro, a LLX assinou com a Asco contrato para a prestação de serviços de logística para empresas de exploração e produção de petróleo e fornecedores no Açu.
Em outra frente, o terminal marítimo, TX1, terá capacidade de receber navios de minério de ferro e petroleiros e realizar operações de transbordo, tancagem e blending (mistura). A LLX também tenta atrair a Petrobras para o Açu, projeto que tem investimentos previstos de R$ 4 bilhões, dos quais R$ 3,15 bilhões já realizados. O investimento remanescente será feito com recursos de financiamento enquadrado com o BNDES.
No ano passado, Eike Batista anunciou uma operação que poderia levar ao fechamento de capital da empresa, mas desistiu da operação. Na ocasião, a LLX disse que a decisão não afetava os planos e reafirmou que o Açu começaria a operar em 2013. O analista do UBS, Victor Mizusaki, descarta o risco de a companhia não conseguir financiar o projeto. Segundo ele, a LLX está capitalizada.
Em setembro, a companhia tinha R$ 877 milhões em caixa e endividamento de R$ 1,8 bilhão. Em dezembro, foi realizado o desembolso de R$ 318 milhões remanescentes referentes a um financiamento de R$ 518 milhões aprovado com o BNDES, alterando o caixa para R$ 1,2 bilhão e o endividamento para R$ 2,1 bilhões.
Mizusaki disse que a parte referente ao minério está garantida e vê boas possibilidades para o Açu no petróleo. "Nos últimos dois anos, o grupo se deparou com possibilidade de investir no business do petróleo. Era uma oportunidade, mas era distante e foi ganhando muito corpo."
Entretanto, a empresa tem enfrentado problemas. Dentre eles estão a desistência de algumas grandes empresas que se instalarem no local, como a norueguesa Subsea 7 e a chinesa Wuhan Iron and Steel, além de questionamentos ambientais e a forma como está sendo conduzida a desapropriação das terras. A LLX tem cerca de 60 memorandos de entendimentos com empresas interessadas em se instalar na retroárea do porto. Até agora, apenas nove fecharam contratos.


II –  COMENTÁRIOS

1- Fiesp atribui baixo crescimento à perda de competitividade
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atribui o baixo crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 à perda de competitividade brasileira nos últimos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou hoje (1º) que a economia brasileira cresceu 0,9% na comparação com o ano passado.
Na avaliação do presidente da entidade, Paulo Skaf, o país já apresentava sinais ao longo do ano de que não conseguiria crescer de forma mais vigorosa. “Com a indústria de transformação caindo 2,5%, em 2012, depois de ficar estagnada em 2011, não há PIB no Brasil que consiga crescer”, declarou por meio de nota.
Ele destacou um estudo recente da Fiesp que mostra que o produto brasileiro tem um custo 34% maior ao consumidor do que o produto importado. "Esse custo adicional vem unicamente das dificuldades estruturais do país: o chamado Custo-Brasil. Com esse peso nas costas e o real valorizado, fica muito difícil competir com os importados. Com menor perspectiva de venda, acontece um processo de redução do investimento por aqui”, avaliou.
Skaf aposta em medidas que reduzam essa desvantagem para que a economia brasileira tenha melhores resultados neste ano. "Temos de buscar agora a ampliação da competitividade brasileira por meio da redução de custos nos portos do nosso país, além do combate constante à alta carga tributária, burocracia elevada, aos juros ainda entre os mais altos do mundo, ao câmbio instável, à infraestrutura deficiente e ao preço do gás”, sugere.
A Fiesp calcula que a indústria de transformação vai crescer 2,4% este ano e que o PIB avance 3%.
Fonte: Agência Brasil

2- Brasil tem menor crescimento econômico entre Brics em 2012
O crescimento econômico de 0,9% registrado pelo Brasil em 2012 foi o menor entre os países do Brics. A China teve o maior crescimento (7,8%), seguida pela Índia (5%), Rússia (3,4%) e África do Sul (2,5%).
O crescimento da economia brasileira também ficou abaixo da média mundial, que foi 3,2% no período. O Japão (com alta de 1,9%), os Estados Unidos e a Coreia do Sul (ambos com 2,2%) também tiveram aumentos do Produto Interno Bruto (PIB) superiores ao do Brasil.
O crescimento brasileiro se equiparou ao da Alemanha, mas foi superior ao da França (0,1%). Na zona do euro, houve queda (-0,5%), assim como no Reino Unido (-0,1%), na Espanha (-1,4%), na Itália (-2,2%) e em Portugal (-3,2%).
Fonte: Agência Brasil

3- A crise de energia e as soluções 
As causas da crise de eletricidade que enfrentamos têm sido amplamente discutidas na imprensa e parecem ser bem compreendidas: a expansão do sistema de hidrelétricas - a principal fonte de energia elétrica no Brasil - tem sido feita nas últimas décadas em usinas a fio d´água. Isto é, sem reservatórios de água que mantenham as usinas em funcionamento mesmo quando não chove durante longos períodos de tempo.
Isso não é culpa do atual governo federal, mas da incapacidade geral dos governos, desde 1990, de se engajarem num diálogo maturo com os ambientalistas e os movimentos sociais contrários à construção de barragens para a formação de reservatórios. A oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso estimulou esses movimentos e paga agora o preço elevado que deles resultou.
Várias organizações ambientalistas, como a WWF-Brasil, tentaram iniciar esse diálogo, mas suas propostas foram recebidas com indiferença pelo governo, apesar de serem eminentemente razoáveis: escolher na Amazônia as bacias hidrográficas nas quais barragens e hidrelétricas poderiam ser construídas e preservar outras bacias em seu estado natural.
Atualmente os reservatórios das hidrelétricas estão praticamente no mesmo nível de 2001 e certamente teríamos um racionamento se não tivessem sido instaladas usinas termoelétricas, que usam gás, óleo combustível e até carvão. Sua construção foi iniciada no fim do governo Fernando Henrique e o governo Lula/Dilma Rousseff deu-lhes andamento. Mas energia gerada por elas é muito mais cara do que a das hidrelétricas.
Mesmo assim, o risco de racionamento não foi afastado, porque todas as termoelétricas disponíveis já foram acionadas e se a seca continuar faltará energia. A razão para tal é simples: as alternativas de geração de eletricidade disponíveis - que são as usinas eólicas (movidas pela força do vento) e as termoelétricas queimando bagaço - não foram estimuladas pelo governo, no fundo, por motivos ideológicos.
A partir de 2002 o governo decidiu expandir o parque gerador de eletricidade por meio de leilões que a Empresa de Planejamento Energético (EPE) realiza regularmente. Recebem as concessões as empresas que apresentam preços mais baixos para a energia produzida, seja ela hidrelétrica, térmica, eólica ou solar. A justificativa para esse procedimento é a de garantir a "modicidade tarifária", quer dizer, o preço mais baixo da energia produzida, que, em tese, favoreceria as camadas mais pobres da população.
Essa é uma visão equivocada: por motivos técnicos, diferentes formas de gerar eletricidade têm custos diferentes de produção e, também, fortes componentes regionais. Se a energia eólica for gerada no Estado do Piauí e consumida no Rio de Janeiro, é preciso construir as linhas de transmissão adequadas. Além disso, gerar eletricidade para ricos e para pobres custa o mesmo.
Se o governo federal deseja fazer programas sociais com eletricidade para beneficiar os pobres, deve fazê-lo na venda, e não na sua geração. Foi isso que o governo Franco Montoro fez em São Paulo, em 1982, estendendo as redes de eletricidade às favelas e cobrando preços reduzidos dos habitantes dessas áreas, por meio de subsídios cruzados, em que os mais ricos pagavam tarifas maiores do que os mais pobres.
Ao nivelar nos leilões da EPE todas as formas de energia, o governo federal tornou inviável, na prática, o uso de bagaço de cana para gerar eletricidade em grande escala no Estado de São Paulo. Essa energia pode até ser um pouco mais cara do que a das hidrelétricas, porém está perto dos centros de consumo, o que reduz significativamente os custos de transmissão.
Apesar dos esforços do governo paulista, menos de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar - que é comparável à potência da Usina de Itaipu - está sendo utilizado, por causa da falta de interesse do governo federal. O que torna a situação ainda mais paradoxal é que a ideologia da "modicidade tarifária" levou o governo a usar térmicas a gás, cujo custo da eletricidade é cerca de três vezes superior à média nacional.
Os problemas que enfrentamos na área de energia elétrica não serão resolvidos com medidas intempestivas como a Medida Provisória (MP) 579 e a redução forçada de cerca de 20% nas tarifas, que está tornando o Sistema Eletrobrás e outras empresas geradoras inviáveis. Como foi feita, essa medida tem claramente um conteúdo demagógico e o Tesouro Nacional - ou seja, toda a população brasileira - vai pagar por ela. Vamos ter agora, além da Bolsa-Família, uma "bolsa-eletricidade", que, aliás, vai beneficiar grandes indústrias eletrointensivas.
As consequências negativas da MP 579 já são evidentes na queda do valor das empresas, que terão, daqui para a frente, mais dificuldades para fazer investimentos, o que, como consequência, vai dar origem a mais "interrupções de fornecimento", na linguagem oficial.
Soluções para a crise atual existem.
No curto prazo, é preciso remover os obstáculos para que a eletricidade do bagaço de cana-de-açúcar possa competir nos leilões da EPE e tomar providências para completar a ligação de centrais eólicas ao sistema de transmissão.
No longo prazo, é preciso reanalisar o planejamento de novas hidrelétricas - incluindo reservatórios adequados de água - e acelerar medidas de racionalização do uso de eletricidade, que até agora são voluntárias. Não basta, por exemplo, etiquetar geladeiras alertando os compradores sobre quais são os modelos mais eficientes, é necessário proibir a comercialização das geladeiras com alto consumo de energia, como fazem muitos países.
Um pouco mais de competência na área energética é do que o País precisa agora.
*Texto originalmente puplicado no Estado de S. Paulo, no dia 18/02/2013. 
José Goldemberg
Professor emérito da Universidade de São Paulo

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