quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 119


I –  NOTÍCIAS

1- Petrobras ainda sem data para início da obra Refinaria Premium II 
Após o governador Cid Gomes afirmar que o início das obras da refinaria Premium II só depende da Petrobras e que pedirá à presidente Dilma Rousseff que interceda no caso, cobrando um cronograma para as primeiras intervenções no terreno onde o empreendimento será instalado, a estatal ainda não apresentou um posicionamento sobre quando começará de fato a construção. 
Na última semana, conforme mostrou ontem, com exclusividade, o Diário do Nordeste, Cid Gomes disse que a desapropriação do terreno que irá compor a Reserva Indígena Anacé não é - e também nunca foi - impedimento para que as intervenções comecem. O verdadeiro entrave, comentou, é de ordem financeira. Ele também informou que solicitou uma audiência com a presidente para tratar do assunto. 
Questionada sobre as declarações do governador e se possui um cronograma para o início das obras, a Petrobras limitou-se a informar, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o status do projeto continua inalterado. Ou seja, está em avaliação, como consta no Plano de Negócios 2012-2016". 
Cautela - Para o economista e diretor de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Francisco Lima Matos, um dos principais entraves para o começo da construção da refinaria é a cautela da Petrobras em relação a novos grandes empreendimentos. 
"Quando a nova presidente (Maria das Graças Foster)  assumiu, ela afirmou que a Petrobras estava num caminho não adequado", comenta, destacando o caso da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a qual foi apontada por Foster como um exemplo a ser estudado para que não se repita. Ele frisa, todavia, o anseio, "não só da indústria, mas de todos os cearenses", pela concretização da Premium II, que deverá implicar na atração de diversas empresas para o Ceará. "Quanto mais cedo isso acontecer, melhor para o Estado". 
Pressão política - Segundo o deputado federal Danilo Forte (PMDB-CE), a participação da presidente Dilma Rousseff, neste momento, "poderá ser decisiva" para o começo das atividades no terreno destinado à Premium II. Para o parlamentar, uma pressão política maior, não só por parte da presidente, pode fazer avançar o projeto. 
Forte também ressalta que, apesar dos possíveis receios da Petrobras, o projeto da Premium II "tem tudo para ser rentável" para a empresa, que registrou, em 2012, seu primeiro prejuízo líquido em 13 anos. "O único senão seria se a Petrobras não tivesse capacidade de investir, mas ela tem. Com todas as dificuldades, é a maior empresa do País", salienta. 
Etapas iniciais - Para que as primeiras obras sejam iniciadas, a Petrobras precisa de novas autorizações ambientais, que estão sob análise da Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace). Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) está analisando o documento revisado do Plano Básico Ambiental (PBA) da refinaria. 
As intervenções a serem realizadas são de desmatamento para construção do cercamento, o próprio cercamento e instalação de guaritas e áreas de servidão. 
Fonte: Diário do Nordeste,CE

2- Ingresso do casco da P-63 
As condições climáticas impediram que a operação de ingresso do casco da plataforma P-63 no porto de Rio Grande ocorresse na ultima  quarta-feira, como estava programado. O vento e a corrente estavam com velocidade acima da adequada para a entrada da embarcação. Para a operação, o vento tem que ser de no máximo 15 nós. Já a corrente tinha velocidade de dois nós, quando a velocidade não deveria passar de um nó. Por motivo de segurança, a operação foi abortada e transferida.
Conforme o secretário executivo da Praticagem da Barra, Pedro Calixto Luppi Monteiro, a previsão é de que a partir de 07 fev,  o clima favoreça a operação. O vento, por exemplo, deverá ter velocidade de nove nós. A base da P-63 chegou em Rio Grande por volta das 12h de segunda-feira e ficou ancorada em uma área de fundeio, fora da Barra, aproximadamente 25 milhas do porto.
A P-58 já foi deslocada do cais da Quip para o Estaleiro Rio Grande (ERG1), para que a P-63 atraque no lugar em que ela estava. Posteriormente, retornará ao canteiro de obras da Quip e atracará na parte nova do cais.
Fonte: Jornal Agora,RS

3- Estaleiro de São José do Norte tem encomendas antes de existir 
Apesar dos temores da presidente da Petrobras, Graça Foster, com atrasos na entrega de sondas e plataformas para o pré-sal, o Brasil está prestes a ganhar mais um “estaleiro virtual” - como são chamados os canteiros que recebem encomendas, mas ainda não existem. Seria o nono a entrar em construção no País, numa corrida contra o tempo para entregar à Petrobras, sem atrasos, equipamentos que antes eram importados. A empresa Estaleiros do Brasil (EBR) apresentou o menor preço (US$ 1,374 bilhão) em concorrência para integração de duas plataformas da Petrobras (P-74 e P-76) e aguarda assinatura da companhia nas próximas semanas. 
Se o contrato for fechado, a pequena cidade gaúcha de São José do Norte, receberá um dos maiores estaleiros do País. A EBR precisará erguer o estaleiro a jato. Teria nove meses para reassentar famílias, abrir estrada de acesso e começar a construir os módulos na região à beira de um canal. As duas plataformas serão usadas pela Petrobras na área da cessão onerosa e não podem atrasar, sob risco de comprometer as metas de produção da empresa. Juntas, produzirão até 300 mil barris por dia, equivalente a 15% da atual produção nacional. 
A EBR apresentou preço cerca de 40% abaixo da média dos concorrentes, que alegam só ser possível fazer barato com atraso. “Fazer rápido não sai barato. Cada dia de atraso na produção de uma plataforma dessas seria uma perda enorme”, diz o presidente de uma das empresas concorrentes que prefere não se identificar. Interessado na próxima concorrência de plataformas que deve ser aberta neste trimestre, o presidente do Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), Fernando Barbosa, disse que não teria condições de ofertar o mesmo preço. “Se fosse o EEP, não iríamos acompanhar preços baixos simplesmente porque alguém fez preço baixo. Vamos botar o preço que for o nosso preço, que atenda o nosso orçamento, não o de terceiros”, disse. 
Os “estaleiros virtuais” fazem parte dos esforços do governo de retomar a indústria naval brasileira, através de contratos bilionários de embarcações para a Petrobras. Antes, boa parte das encomendas era importada de países asiáticos. Há oito “estaleiros virtuais” em construção no País (EEP, Jurong Aracruz, CMO, OSX/UCN, Oceana, STX Promar, Rio Tietê e Wilson Sons). O EBR - uma associação da brasileira Setal Óleo e Gás (SOG) e da japonesa Toyo Engineering Corporation - seria um dos maiores. 
São José do Norte é uma cidade de 25.503 habitantes, numa área de península no Sul do País, a 360 quilomêtros de Porto Alegre. O principal atrativo da cidade é um canal de calado natural de 18 pés. A EBR e o governo local têm esperanças de iniciar as obras tão logo o contrato com a Petrobras seja assinado. Serão deslocadas 48 famílias que moram na região, incluindo pescadores, e haverá a construção de uma estrada de 9 quilômetros ligando a BR-101 à entrada do estaleiro. Hoje, não há acesso para veículos pesados. 
O vice-prefeito da cidade, Francisco Xavier, diz que a administração corre contra o tempo para resolver duas pendências: o reassentamento das famílias e a construção de um acesso temporário à área do estaleiro. Posteriormente, será construída uma estrada permanente, com recursos federais. “Estamos tomando todas as providências para viabilizar os investimentos. Esperamos que as obras comecem em fevereiro”, disse. A área de 1,4 milhão de m2 é três vezes maior do que a do estaleiro Rio Grande, polo naval já consolidado em cidade vizinha, onde são feitas plataformas para a Petrobras há anos. 
Fonte: Jornal do Comércio,RS

4- Greve atinge plataformas da Petrobras em Campos 
Uma greve nacional de 24 horas, realizada  por trabalhadores da Petrobras, afetou pelo menos 34 das 45 plataformas na Bacia de Campos, responsável por mais de 80% da produção da empresa no país. Os funcionários reivindicavam a definição de indicadores e de uma nova a metodologia para o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-NF), José Maria Rangel, afirmou que as 34 plataformas com cerca de 5 mil funcionários, suspenderam a emissão de Permissão de Trabalho (PT) e serviços de rotina. As atividades com objetivo de manter a segurança foram mantidas. 
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, disse que até 85% dos funcionários que trabalham em turnos, no país, aderiram à greve. Já os que trabalham em horário comercial, o percentual atingiu 60%. Moraes afirmou que houve adesão em terminais e refinarias da companhia, mas que não foi possível estimar a quantidade exata de participantes. 
Os sindicalistas não querem mais que a PLR seja calculada com base no lucro da empresa. Segundo o Moraes, em 2012, a Petrobras informou uma queda significativa nos lucros, mas mesmo assim não diminuirá o valor provisionado para os dividendos de seus acionistas. "Queremos os mesmos direitos", disse o sindicalista. 
O conselho deliberativo da FUP vai se reunir amanhã para avaliar a greve e as interlocuções com a Petrobras e com o governo. A FUP e seus 14 sindicatos filiados, que representam quase todos os 80 mil funcionários próprios da empresa, não descartam a realização de uma greve por tempo indeterminado, caso não haja avanços nas negociações. 
Em nota, a Petrobras informou que está aberta a negociar para chegar a um entendimento sobre a PLR 2012. Também disse que tomou, ontem, todas as medidas administrativas e operacionais para garantir a normalidade das atividades companhia e a segurança dos trabalhadores e instalações. No entanto, a empresa não respondeu quais as medidas que foram adotadas e se foi impactada pela greve. 
Fonte: Valor Econômico 

5- Cabral espera convite da Câmara e do Senado para tratar de royalties
Governador do RJ Sérgio Cabral inicia ano letivo na Alerj
O governador do Rio, Sérgio Cabral, diss que aguarda um convite dos novos presidentes da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para conversar sobre a questão da redistribuição dos royalties do petróleo.
“Nesses sete anos como governador eu tive uma relação muito positiva com os chefes dos poderes do Senado e da Câmara, respeitando muito as duas casas”, destacou Cabral. Perguntado se iria procurar os novos presidentes legislativos, ele respondeu: “Vamos esperar o momento [para reunir]. A agenda da Casa [Legislativa] quem faz é a Casa”.
A lei aprovada pela Câmara em novembro do ano passado, redistribuindo os recursos dos royalties do petróleo entre todos os estados da federação, foi parcialmente vetada pela presidenta Dilma Rousseff, em seu artigo 3º, que mudava a regra em campos petrolíferos já em exploração. O veto presidencial poderá voltar à pauta e ser mantido ou derrubado pelo Plenário.
O governador do Rio participou da abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre outros assuntos, Cabral afirmou aos deputados que ampliará este ano o processo de implantação de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Fonte: Agência Brasil


II –  COMENTÁRIOS

1- Custo de logística é estimado em 10,6% do PIB 
Para reduzir o custo de logística do país, estimado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) em 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), quase 50% mais alto do que o verificado nos Estados Unidos, o governo federal irá acelerar a transferência de parte de sua malha rodoviária à iniciativa privada.
Em agosto, foi anunciada a retomada da terceira etapa de concessões, que envolve 7,5 mil quilômetros de estradas federais que cortam oito Estados (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal). Os nove trechos a serem concedidos receberão no total R$ 42 bilhões, sendo que R$ 23,5 bilhões serão investidos em cinco anos, e R$ 18,5 bilhões em 20 anos. "A retomada é um sinal muito positivo para o setor", diz o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte.
Segundo as regras estipuladas pelo governo nestas concessões, os investimentos nas rodovias serão concentrados nos primeiros cinco anos, com foco na aplicação de recursos em duplicações, contornos, travessias e obras de arte. O vencedor da licitação será o que oferecer a menor tarifa de pedágio, que só começará a ser cobrada quando 10% das obras estiverem concluídas. A expectativa é de que os primeiros lotes sejam leiloados até o fim do primeiro semestre.
Para gerenciar os projetos e as obras, o governo criou a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), em moldes semelhantes ao da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), que faz o planejamento do setor elétrico desde 2004. Se de um lado o governo busca conceder mais lotes de rodovias, de outro trabalha para colocar de pé mais de dez mil quilômetros de trilhos, para aumentar a participação das ferrovias no transporte de cargas, o que terá impacto sobre o modal rodoviário. "Se todos os projetos de ferrovias saírem mesmo, uma parte das cargas poderá ir para os trilhos e reduzir a participação geral das rodovias", diz o diretor do Ilos, Paulo Fleury.
Nos Estados Unidos, 43% da circulação de cargas é feita por ferrovias e 32% pelas estradas, enquanto na China 50% é feita pelas rodovias e 37% por trilhos. No Brasil, quase 60% das cargas trafegam sobre rodas. Pior: sem contabilizar o transporte de minério de ferro, feito exclusivamente por trilhos e um dos principais produtos exportados pelo país, o modal rodoviário responderia por 73% da circulação de mercadorias, com as ferrovias respondendo por 5% e o transporte aquaviário por 16%. As condições das estradas brasileiras são ruins. Dos 1,7 milhão de quilômetros que cortam o país, apenas 200 mil quilômetros são pavimentados, sendo que desse montante cerca de 50 mil quilômetros estão nas mãos da União. "O Brasil precisa melhorar muito sua malha rodoviária, e os recursos privados são importantes nessa equação de melhoria", afirma Fleury, do Ilos.
A ampliação dos investimentos em ferrovias e rodovias deverá manter uma tendência em alta: o crescimento dos serviços de operadores de logística, segmento que vem crescendo a dois dígitos anuais. "A multimodalidade tenderá a crescer, criando oportunidades para prestadores de serviços logísticos", afirma Fleury. Com a malha férrea crescendo no Centro-Oeste e no Nordeste, um produtor de soja que mandava toda sua safra pela rodovia agora ganha uma nova opção. "Se ele estiver a 300 quilômetros da ferrovia, precisará de transporte rodoviário e armazenamento da sua carga até os trilhos", exemplifica Fleury.
As 142 maiores empresas do setor faturaram R$ 48 bilhões em 2011, 20% de alta sobre 2010. A expansão tem se dado pela terceirização de operações a empresas especializadas na área. "Há espaço para ampliar esse mercado, porque as deficiências da malha de transporte pesam no bolso do setor produtivo", diz Fleury. Pesquisa do Ilos aponta que, em 2008, 37% das empresas faziam elas próprias sua logística, enquanto 63% contratavam prestadores de serviços. Três anos depois, 69% das consultadas contratavam serviços de terceiros. Nos EUA, esse percentual está em 47%. Há uma grande pulverização de operadoras logísticas no Brasil. No setor rodoviário, estima-se que haja mais de 200 mil transportadoras, sendo que 75% delas possuem até cinco caminhões. A idade média da frota de caminhões é antiga: estava em 17,6 anos em 2011. Diante de clientes cada vez mais exigentes, ganhar mercado pressupõe ter serviços diferenciados e maior profissionalização da gestão.
Fonte: Valor Econômico

2- Comédia de erros 
Não foi por falta de aviso. Inúmeros analistas alertaram para o jogo de perde-perde que o governo estava jogando na área de combustíveis. O consumidor acha que paga demais, o investimento no setor de transporte perdeu uma fonte de arrecadação, os produtores de etanol ficaram confusos. A Petrobras tem perdas, o déficit externo da empresa cresceu, a poluição aumentou.
O governo vem errando há anos no setor de combustíveis. Deu incentivo anos seguidos, através de redução do IPI, para o carro particular, sem investir na melhoria das vias urbanas e nas rodovias. Uma fonte importante para esse financiamento era a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, a Cide. Ela foi sendo reduzida para não aumentar o preço da gasolina na bomba.
O fato é que o consumidor não sentiu alívio porque ora foi o álcool que ficou mais caro, ora foram os postos de gasolina que elevaram preços. Mas a Petrobras ficou na estranha situação de ter que importar gasolina a um preço maior do que poderia cobrar das distribuidoras. Para diminuir a perda da estatal, o governo foi reduzindo impostos que incidem sobre o produto e assim o consumo foi aumentando. Incentivou o aumento da demanda de um combustível que precisava ser importado.
Incentivar a gasolina, cuja produção interna é insuficiente, já é bem esquisito, mas fazer isso aumentando o prejuízo da Petrobras e o seu déficit da balança comercial é realmente sandice. No ano passado, o Brasil importou US$ 9,1 bilhões a mais do que exportou no grupo combustíveis e lubrificantes. O rombo, na verdade, é maior, porque a Receita alterou as regras para o envio das estatísticas e grande parte das importações feitas em 2012 será contabilizada em 2013.
Além disso, esse produto cujo consumo o governo incentivou durante tanto tempo tem dois efeitos colaterais ruins: piora a qualidade do ar, aumentando doenças respiratórias; torna incerto o planejamento das empresas que fazem o combustível derivado da cana-de-açúcar. Canavieiros deixaram de investir em renovação de canavial, usinas programadas deixaram de ser instaladas, usineiros preferiram exportar açúcar. O etanol ficou mais escasso e, portanto, mais caro, até porque a gasolina estava subsidiada. Todo investimento feito em ter uma frota de carros flex foi inútil porque os carros, tendo duas opções, preferiam a gasolina. Houve um tempo tão maluco que o Brasil começou a importar etanol após passar anos brigando para derrubar barreiras ao etanol brasileiro no mercado americano.
Os equívocos da política energética vão muito além do setor em si. O vice-presidente da Abimaq, José Velloso, explicou que 35% das 1500 empresas que participam da associação estão direta ou indiretamente ligadas à cadeia de óleo e gás. Por isso, o fraco desempenho da Petrobras, com atrasos em projetos importantes, e também o travamento do setor sucroalcooleiro afetaram as encomendas de máquinas nacionais.
- Há cinco anos não há rodadas de licitação decampos de petróleo, a refinaria Abreu e Lima sofre atrasos constantes, o Comperj ainda não saiu do papel. O setor de álcool travou, porque o subsídio à gasolina tirou competitividade do produto. Mais de um terço das empresas da Abimaq têm relação com o setor de petróleo e gás. Então os equívocos da política energética nos afetaram bastante nos últimos anos. Houve menos encomendas de máquinas por causa disso - disse Velloso.
E como se tudo isso não bastasse, as ações da Petrobras despencaram durante esse período porque o mercado está convencido de que ela é usada para objetivos que não têm racionalidade econômica. Nada justifica, por exemplo, o gasto com uma refinaria feita sob encomenda para o petróleo venezuelano e na qual a Venezuela se negou a fazer os investimentos prometidos.
Os subsídios e isenções tributárias são dados para informar à economia sobre a direção que o governo pensa ser a mais adequada ao longo prazo. Até agora, os sinais dados foram que se deve consumir bastante gasolina, abandonar o álcool, emitir mais gases de efeito estufa, gastar o volume de dinheiro que for necessário para que o petróleo da Venezuela tenha uma usina no Brasil, e reduzir a tributação que seria destinada aos investimentos das rodovias e transportes coletivos. E o dono do carro continua achando a gasolina cara demais. Não teve o efeito político desejado.
*Artigo originalmente publicado no Blog Miriam Leitão no Portal O Globo, em 01/02/13. 
Miriam Leitão
Fonte: O Globo
Jornalista, atua na área do jornalismo econômico e de negócios

3- Petrobras prevê ano difícil; ação despenca 
Um dia depois da divulgação do balanço de 2012, que apontou lucro de R$ 21,2 bilhões, queda de 36% em relação ao ano anterior e o pior resultado em oito anos, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que 2013 será ainda mais difícil.
Para preservar o caixa, a Petrobras anunciou que pagará um dividendo menor para as ações ordinárias (ON, com direito a voto), que historicamente recebem o mesmo que as preferenciais (PN). A notícia fez as ON cair 8,4%. As PN subiram 0,4%.
A executiva listou os problemas que a estatal vai enfrentar: começa o ano mais endividada do que no anterior; ainda enfrenta a defasagem do preço dos combustíveis, já que o reajuste autorizado foi menor do que o pedido; a produção, que teve queda de 2% em 2012, não vai crescer; e a importação de gasolina e de GNL (Gás Natural Liquefeito) para abastecer as usinas termelétricas vai se manter.
Graça afirmou que continuará pedindo ao Conselho de Administração, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, paridade do preço dos combustíveis com o mercado internacional.
Mantega disse que a tendência é os preços internos acompanharem mais de perto os internacionais.
Entre 2012 e janeiro deste ano, a companhia aumentou três vezes o preço do diesel (alta acumulada de 16,1%) e duas vezes a gasolina (alta de 14,9%).
Os percentuais não corrigem a defasagem ante o mercado externo -de 6% para gasolina e 20% para o diesel, diz a SLW Corretora.
"Se há uma diferença no barril de petróleo de 17% por causa do câmbio, é nosso dever mostrar aos conselheiros o impacto negativo na capacidade de geração de caixa", disse Graça.
A Petrobras não foi a única entre as grandes petrolíferas a ter ganhos menores em 2012. Shell, BP e Chevron tiveram quedas de 14%, 55% e 3%, respectivamente. A exceção foi a Exxon (EUA), cujo lucro aumentou 9%.
Investimentos
Apesar de começar o ano mais endividada, a estatal vai investir R$ 97,7 bilhões para dar continuidade aos projetos já iniciados. Em 2012, foram R$ 84 bilhões.
"Os investimentos mais uma vez serão recordes e a geração de caixa vai continuar fraca", afirmou o analista da Àgora Luiz Otávio Broad, que elogiou a sinceridade de Graça:
"Melhor ser sincera do que passar para o mercado o que não existe, como era antes [na gestão de José Sergio Gabrielli]. O mercado quer isso".
Mas as perspectivas da empresa melhoram no segundo semestre, quando sete novas plataformas entrarão em operação.
A estimativa da estatal é que as importações de gasolina aumentem de 90 mil barris diários para 110 mil barris diários neste ano.
Para reforçar o caixa, a Petrobras terá a partir de abril uma sala virtual (data-room) com informações sobre seus ativos à venda (reservas, produção esperada, qualidade do óleo).
A empresa quer arrecadar US$ 14,5 bilhões com a venda e, com isso, reduzir o endividamento, que causa temor de que perca o grau de investimento da companhia pelas agências de classificação de risco.
A polêmica refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, cuja compra em 2006 está sendo analisada pelo TCU (Tribunal de Contas a União), fará parte da lista. 
Denise Luna e Pedro Soares
Fonte: Folha de S. Paulo

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