sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 117


I - NOTÍCIAS

1- Brasil entra na mira da Maersk Drilling
A perspectiva de o Brasil se tornar um grande produtor de petróleo e os investimentos em andamento de empresas instaladas no país, não apenas a Petrobras, estão atraindo mais empresas do grupo dinamarquês Maersk. Depois de a empresa de serviços de apoio marítimo anunciar que quer aumentar sua frota de navios no país, a Maersk Drilling, braço de serviços de perfuração, busca oportunidades para afretar sondas para empresas instaladas aqui.
O principal executivo da Maersk Drilling, Claus Hemmingsen, informa que a empresa já está conversando com companhias de petróleo e estaleiros, cujos nomes não revela, mas ainda vê restrições a investimentos no país devido às regras de conteúdo local. No seu entendimento, o cumprimento dos compromissos de conteúdo local das empresas obriga que elas aluguem apenas sondas construídas no país usando equipamentos e pessoal brasileiros, e isso aumentaria custos.
"O conteúdo local tem impacto no modo de se fazer negócios aqui. E isso complica a situação porque quando se tem que pensar em alocar recursos no Brasil ou em outros países as regras de conteúdo local podem ser restritivas e acabam aumentando os custos", afirma Hemmingsen.
O executivo chama a atenção ainda para outro desafio de investir no Brasil que é lidar com a falta de mão de obra qualificada, e ele vê como um desafio difícil a construção de sondas de perfuração complexas. "A tecnologia utilizada nessas embarcações é detida por empresas estrangeiras, principalmente da Noruega e dos Estados Unidos".
Ele cita como exemplo um acordo recentemente firmado entre o governo brasileiro e o dinamarquês para treinar cadetes da Marinha em navios de bandeira dinamarquesa, já que não existem navios brasileiros suficientes para esse treinamento.
Desde o acidente do campo de Macondo, no Golfo do México em 2010, as empresas de petróleo e as prestadoras de serviços, como é o caso da dinamarquesa, estão mudando procedimentos e padrões mais rígidos para se adequar às novas regras de segurança e também evitar indenizações bilionárias. A Maersk tem um centro de treinamentos em Svendborg, na Dinamarca, desde 1978 e depois da explosão da plataforma de sua concorrente Transocean em Macondo foram feitos mais investimentos para treinar equipes de perfuração, com simuladores. A ênfase é no controle de poços, emergências e gestão de crises.
A Maersk Drilling tem uma frota de 26 sondas de perfuração que estão operando sob contrato no Mar do Norte, África e Golfo do México, regiões que hoje competem com o Brasil pelos investimentos da indústria de petróleo. Existem ainda outras sete sondas em construção, quatro no estaleiro Samsung (Coréia) e três no Keppel (Cingapura), que vão custar US$ 4,5 bilhões. Mesmo ainda nos estaleiros, cinco embarcações já têm contrato de aluguel.
Mesmo apontando o que considera regras restritivas para investimentos, Claus Hemmingsen acha que é possível investir e até construir sondas no Brasil, desde que a empresa tenha contratos de longo prazo.
"O Brasil pode fazer parte da nossa próxima onda de investimentos. Mas queremos saber antes se os estaleiros são capazes de construir essas embarcações, já que nossas sondas têm um padrão de altíssima qualidade. Essa é uma regra nossa para o mundo inteiro e nos sentiremos confortáveis [para encomendar aqui] quando virmos que o estaleiro já fez esse trabalho antes", afirma.
Onze empresas do grupo Maersk já operam no Brasil em setores como navegação de longo curso (Maersk Line, Mercosul Line), apoio a plataformas (Maersk Supply Services), exploração e produção (Maersk Oil), terminais marítimos, tancagem e trading, entre outros negócios.
No ano passado a Statoil e sua parceira Sinochem pagaram US$ 1 bilhão à Maersk pela FPSO Peregrino, uma das plataformas de produção instalada pela norueguesa na Bacia de Campos. A venda faz parte da decisão do grupo de se desfazer de todas as suas cinco plataformas de produção. O grupo já investiu cerca de US$ 2 bilhões no Brasil, onde emprega 2,3 mil funcionários dos 108 mil empregados globalmente.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore

2- Governo e Ibama convidam população para audiência pública sobre Estaleiro
Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore 
O Governo do Estado de Alagoas, por meio da Secretária de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplande), e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis já confirmaram para o dia 7 de fevereiro [uma quinta-feira] a audiência pública, em Coruripe.
Hoje, por meio de nota divulgada pela Seplande, toda a população interessada na discussão foiconvidada a comparecer ao povoado de Barreiras, no Centro Assistencial Barreiras, localizado na Rua Luiz Lima Beltrão, às 17 horas do dia 7, para fazer parte da discussão de interesse público.
Durante a audiência, o licenciamento ambiental do Ibama e os empreendedores do EISA discutirão com a população os estudos complementares e o Relatório de Impacto Ambiental do empreendimento que pede a instalação do Estaleiro na área atribuída entre os povoados de Miaí de Cima e Barreiras, no município de Coruripe.
Saiba Mais:
Essa é a terceira vez que uma audiência pública discute a instalação do Estaleiro EISA Alagoas em Coruripe. A primeira, conduzida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), foi realizada em março de 2010, mas foi desconsiderada pelo Ministério Público Federal (MPF) que entendeu que tão licenciamento era de competência do Ibama.
Matérias Relacionadas
- Ibama: novo Estudo sobre estaleiro é aprovado após correções no documento;
- Empreendedor solicita e Ibama autoriza estudos em nova alternativa locacional para o Estaleiro EISA em Alagoas;
- Exclusivo: PE teve acesso a detalhes sobre a 'polêmica novela' do licenciamento do Estaleiro EISA
A segunda audiência pública acerca do empreendimento foi realizada em abril de 2012. Uma mobilização de políticos alagoanos e a população do Estado, em especial de Coruripe, formaram uma corrente de súplicas para que o Ibama, que estava à frente desta audiência, aprovasse a instalação do empreendimento. Apesar das pedidos, a área escolhida para o empreendimento foi considerada ambientalmente inviável por se apresentar 55% em área de proteção permanente, manguezal.
Agora pela terceira vez, com área nova e Estudo de Impacto Ambiental aprovado, a expectativa é que o projeto seja finalmente licenciado, já que a nova área proposta apresentou um grau menor de agressão a natureza e, segundo informações extraoficiais, o custo de investimentos ainda menor para o empreendedor.
Serviço:
Audiência Pública Sobre o Estaleiro EISA Alagoas
Local: Centro Assistencial Barreiras, localizado na Rua Luiz Lima Beltrão, no povoado de Barreia, em Coruripe/AL
Data: 7 de fevereiro de 2013
Horário: 17 horas
Aberto ao público
Fonte: Primeira Edição/Jessica Pacheco/ Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore

3- Primeiro leilão do pré-sal vai ocorrer em novembro, diz ministério 
A primeira rodada de leilão do pré-sal, sob regime de partilha, deve ocorrer entre 28 e 29 de novembro deste ano, informou nesta quarta-feira (23) o MME (Ministério de Minas e Energia). 
O leilão para exploração de óleo e gás não convencional, como o gás xisto, deve ocorrer entre 11 e 12 de dezembro. 
Segundo o MME, apesar de terem sido fechadas e divulgadas, as datas ainda podem sofrer alterações. 
O único leilão com data certa é a 11ª rodada para exploração de petróleo fora do pré-sal. 
Com 289 blocos anunciados pelo governo, esse leilão ocorrerá entre 14 e 15 de maio. 
"Algumas novas áreas para exploração do pré-sal ainda estão em estudo. Nada definido", disse o secretário de petróleo e gás, Marco Antônio Martins Almeida. 
Julia Borba
Fonte: Folha Online 

4- Comitiva britânica se reúne com Júlio Bueno no RJ
Fonte: Redação/ Agência 
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, se reuniu  com o enviado especial do Primeiro-Ministro para Comércio Britânico, Kenneth Clarke, e uma delegação de 15 empresas do setor naval e offshore do Reino Unido. O encontro teve o objetivo de discutir as oportunidades de negócio no setor e apresentar os incentivos oferecidos pelo estado às companhias com interesse em se instalar no Rio.
As empresas interessadas em negócios no estado foram identificadas por representantes da Petrobras e do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) em visita feita ao Reino Unido em setembro de 2012. O potencial de investimentos britânicos no Rio chega a US$ 1 bilhão. Julio Bueno destacou que o desejo das empresas se instalarem no Rio mostra que as políticas empreendidas no Brasil estão dando resultado.
"O Rio de Janeiro é o grande alvo. Aqui, nós mostramos para eles as possibilidades e os instrumentos disponíveis para os investidores", explicou.
Os representantes assistiram a uma apresentação sobre o papel da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio (Codin) em auxiliar as empresas a encontrar o melhor lugar e os processos para se instalar, por exemplo, e da Agência de Fomento do Estado (AgeRio). O ministro Kenneth Clarke afirmou que esse é o melhor momento para investir.
"Nosso objetivo é incrementar os nossos investimentos no Rio de Janeiro e temos muitas empresas interessadas em vir para cá. O setor de petróleo daqui cresce e com grande destaque. O futuro do Brasil é empolgante e o do Rio também é muito empolgante", disse.
A delegação britânica visita ainda hoje empresas do setor naval e de petróleo da região

5- Casco da P-63 deve chegar em Rio Grande no final do mês
A Praticagem da Barra de Rio Grande vai apresentar para a Quip S/A, Capitania dos Portos, Superintendência do Porto de Rio Grande (Suprg) e Conselho de Autoridade Portuária (CAP) do porto rio-grandino, entre outros, o plano para ingresso do casco da plataforma P-63 no porto. O casco dessa plataforma, já com seis módulos, saiu de Dalian (China), em 15 de novembro, e deve chegar na área de Rio Grande de 27 a 30 deste mês. O ingresso no porto está previsto para o próximo dia 31 e exigirá a execução de uma mega operação.
Quando entrar no porto, o casco da P-63 irá atracar no canteiro da Quip, empresa responsável pela construção dessa plataforma, localizado na avenida Honório Bicalho, na ponta sul do Porto Novo. Porém, para isso, será preciso tirar a plataforma P-58 do local e atracá-la no cais do Tecon. Essa operação será necessária porque as duas embarcações são grandes e com apêndices, o que impede a passagem de uma pela outra. Em função disso, no início da manhã do dia 31, a P-58 será rebocada para o cais do Tecon e, por volta do meio-dia, deve ter início a entrada do casco da P-63.
Concluída essa operação, às 6h, do dia 1º de fevereiro, a P-58 retorna ao cais da Quip. A base da P-63 irá atracar na área de cais, hoje ocupada pela P-58, e esta, depois, ficará no cais novo da empresa. Após a chegada no porto rio-grandino, o casco da P-63, resultante da conversão do navio tanque BW Nisa, receberá outros módulos, construídos em Rio Grande, e sua integração será completada.
A P-63, cujo custo total é de 1,3 bilhão de dólares, terá capacidade de produção de 140 mil barris de óleo por dia e de 1 milhão de m³ de gás. Será operada por uma Joint Venture entre a Quip e o Grupo BW Offshore, por um prazo de 36 meses antes de ser entregue, definitivamente, à Petrobras. Ela deve ficar pronta para operar, ainda, no primeiro semestre de 2013.
Fonte: Jornal Agora (RS)/Por Carmem Ziebell/ Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore


II – COMENTÁRIOS

1- O IX Congresso Nacional de Excelência em Gestão irá promover minicursos abordando diversas temáticas.
Os mini-cursos são uma oportunidade objetiva e prática de ampliar seus conhecimentos em determinado tema ou ferramenta de gestão.
Duração: 3:30 horas
Preço: R$ 50,00 (cada minicurso)
Data: 22 de Junho de 2013
Local: Escola de Engenharia da UFF, R. Passo da Pátria 156 bl D, São Domingos, Niterói / RJ
Acesse o site do IX CNEG 2013 (clica aqui), veja a programação completa, as inscrições estarão disponíveis à partir do dia 01 de Dezembro de 2012. É possível participar de até 2 minicursos, um na parte da manhã e outro na parte da tarde. Observe a agenda de horários disponível.

RELAÇÃO DE MINI-CURSOS
     MANHÃ (9h às 12:30h )
1. Sistemas de Gestão Ambiental
2. Introdução aos Systems Dynamics
3. Desenvolvimento Imobiliário – Fundamentos E Sustentabilidade
4. The Natural Step (TNS) aplicado à elaboração de projetos socioambientais
5. Simulação em Excel
6. Finanças Sustentáveis
7. Recrutamento e Seleção
8. Sistemas de Segurança em Instalações Offshore
9. CEPAC`s - A Mais Moderna Ferramenta para Financiar Projetos de Infraestrutura.
10. Estratégia para sustentabilidade: Técnicas de Diálogo com as partes interessadas
11. Construção Sustentável e Certificação Green Building
12.Introdução Gerenciamento de Riscos
13. Mapeando e gerenciando ativos intangíveis para agregar valor às organizações (da teoria à prática)
14. Ferramentas da Qualidade e 5 S
15. Gerenciamento de Projetos
16. Introdução à Eficiência Energética: Aplicação na Revitalização de Edifícios Existentes
17. Sistemas de Segurança em Instalações Offshore
     TARDE ( 13:30h às 17h)
18. Certificação LEED no Brasil, com Materiais, Tecnologias e Conceitos 
19. Gestão por Processo
20. Logística Empresarial
21. Gestão com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade
22. Indicadores de Desempenho
23. Ferramenta para apoio ao Gerenciamento de Projetos
24. Marketing Pessoal e Técnicas de Apresentação
25. Gestão do Conhecimento: Métodos e Ferramentas
26. Tecnologias de Produção usando Lego: MRP, JIT e Teoria das Restrições
27. Gestão por Resultados, foco em indicadores de desempenho
28. Criação coletiva
29. Fundamentos da Análise de Risco
30. Gestão por Competências
31. Fundamentos da Análise de Risco


2- As Perspectivas da Cana em 2013/14 
Este artigo tem como objetivo compartilhar as visões para a próxima safra, que se inicia em abril/maio deste ano, a chamada safra 13/14. Divido a análise em relação a produção de cana, produção e mercado de açúcar, de etanol, cogeração e outros aspectos relevantes ao momento do setor sucroenergético, concluindo com algum otimismo.
Em relação à produção de cana, fechamos a safra 2012/13 já em ligeira recuperação. A moagem no Centro-Sul ficou próxima a 540 milhões de toneladas, um crescimento ao redor de 7% em relação à safra anterior, porém com produtividade 1% menor em ATR. No ciclo 2013/14 as estimativas indicam que a safra de cana deve chegar a 580/590 milhões de toneladas no Centro-Sul. Com uma produção esperada em quase 60 milhões de toneladas no Nordeste, o Brasil colherá a maior safra de cana da história, cerca de 640 milhões de toneladas - ainda aquém, porém, do potencial de consumo existente na frota flex e aquém do necessário para voltarmos a conquistar mais de 50% do mercado mundial de açúcar.
O clima, bem como os investimentos feitos em renovação, vêm contribuindo para que possamos ter melhor produtividade também. Espera-se que a produtividade possa voltar a se aproximar dos patamares de 80 toneladas/hectare, consequentemente com alguma redução nos custos de produção, que se tornaram insustentáveis nos últimos anos.
A produção de açúcar no Centro-Sul, que nesta safra foi de pouco mais de 34 milhões de toneladas, quase 9% maior que no ciclo 11/12, deve chegar a 36 milhões de toneladas nesta nova safra no Brasil, mas é uma previsão complicada, pois tal produção é muito suscetível ao que acontecerá no mercado de etanol, onde as variáveis são de maior interferência e menos controláveis pelo setor privado.
Existe uma previsão de superávit de cerca de 7 milhões de toneladas no mercado mundial de açúcar, que deve contribuir para manter os preços próximos a US$ 0,20/libra-peso. O consumo segue forte na Ásia, devido a seu crescimento econômico e urbanização, e devemos ter boas importações originárias da China, Indonésia e outros países. Estima-se inclusive que já neste ano a Indonésia possa se tornar o maior importador mundial, com mais de 3 milhões de toneladas. Suas importações estão crescendo 10% ao ano. Como sempre, resta torcer pelo consumo, uma vez que o mundo deve crescer mais em 2013 que no conturbado ano de 2012.
Para comentar do etanol - onde, na minha visão, revela-se uma das maiores miopias do governo federal - antes temos que contar a triste história da gasolina em 2012. As importações de gasolina em 2012 foram de quase 3,8 bilhões de litros, 70% a mais que em 2011. Isto representou um desfalque de US$ 2,91 bilhões para a balança comercial brasileira em importações que poderiam ter sido evitadas. Comparando-se com 2011, o Brasil importou US$ 1,3 bilhão a mais em gasolina, algo absolutamente desnecessário se um bom planejamento tivesse ocorrido. Eu mesmo alerto sobre isso há quatro anos em textos na grande mídia.
Ao vender a preços inferiores aos pagos no mercado internacional, a defasagem por litro superou 30 centavos em média, o que comprometeu fortemente a capacidade de investimento e o valor da Petrobras. Parece que finalmente o governo foi sensibilizado por esse fato. Já foi veiculado o aumento de 7% para a gasolina, o que deve permitir alguma recuperação de margens e trazer ainda um maior consumo do hidratado pelos brasileiros. É um alento ao setor e à Petrobras. Pena que tenha vindo tão tarde, pois os prejuízos são enormes.
A volta da mistura na gasolina para 25% deve ocorrer ainda em maio/junho, o que pode trazer um consumo adicional de etanol de quase 2 bilhões de litros, além de contribuir para o caixa da Petrobras e ajudar para um menor impacto inflacionário. Como a safra deve começar mais cedo, o quanto antes forem anunciadas essas medidas, mais ganhará o Brasil pelos seus efeitos no mercado. É um governo teimoso - isto vem sendo dito há três anos. Se essas medidas viessem antes, a situação da Petrobras, da balança comercial e do setor de cana seriam muito mais saudáveis.
A produção de etanol na safra que se encerra no Centro-Sul foi de pouco mais de 21 bilhões de litros, quase 4% a mais que no ciclo anterior. Foram quase 9 bilhões de litros no anidro (cerca de 18% a mais que em 11/12) e 12 bilhões para o hidratado. Foi uma safra em que 50,3% da cana foi destinada a etanol.
Existem boas perspectivas de continuar a exportação de etanol para os EUA, um mercado de quase 50 bilhões de litros, onde o Brasil ocupou pouco mais de 3 bilhões de litros em 2012, representando importantes US$ 2,2 bilhões na balança comercial brasileira. Especialistas em clima dizem que a seca que atingiu a área produtora de milho americana em 2012 será mais frequente. Os estoques de grãos estão relativamente baixos, o que deverá manter os preços do milho em patamares mais altos. O Departamento de Agricultura (Usda) estima uma produção de etanol 10% menor nos EUA em 2013, algo próximo a 12,6 bilhões de galões, abrindo importante janela para a colocação de etanol brasileiro.
De tal forma, acredito que um impulso no etanol e uma safra bem mais alcooleira podem interferir já nos preços do açúcar e trazê-los de volta a patamares remuneradores, o que seria um alento para o setor e para as exportações.
Outro fator que deve jogar favoravelmente é que a Índia está iniciando um programa de adição de 5% de etanol em sua gasolina, o que deve também contribuir para a redução na oferta de cana.
No tocante à cogeração, estamos aí mais uma vez frente a uma possibilidade, ainda que remota, de racionamento de energia no Brasil. Mesmo que este não aconteça, estamos desperdiçando rios de recursos com as poluentes termoelétricas. Mais uma vez o país é surpreendido, pela sua dificuldade de planejar.
O BNDES concedeu US$ 350 milhões em 2012 para investimentos em cogeração, um número 18% menor que o volume de 2011. Estima-se que o custo desta energia esteja ao redor de R$ 150/MWh, muito acima dos preços de R$ 100/MWh ofertados em 2012.
Talvez o risco de apagão e o enorme custo político que isso trará possam sensibilizar o governo para a questão da eletricidade vinda da cana. As ferramentas de políticas públicas (estímulo financeiro aos investimentos, diferenciação na tributação, investimentos em transmissão) estão amplamente disponíveis ao governo. Estima-se que o setor hoje possa fornecer 6,5 mil MW, mas oferece cerca de 10% desse potencial. O impressionante é que em toda esta crise que aí está colocada, pouco se fala da capacidade do setor sucroenergético de suprir o equivalente a uma Itaipu, ou três Belo-Montes. Trata-se de mais uma miopia.
Entre os movimentos empresariais de destaque no período, vale ressaltar a compra, pela São Martinho, dos ativos agrícolas da Dreyfus na usina de São Carlos por um múltiplo próximo a US$ 50/tonelada. É um movimento que mostra que na produção de cana teremos uma concentração e especialização cada vez mais fortes, trazendo grandes mudanças.
Com todas as dificuldades existentes, foi anunciado pela Adecoagro um greenfield para processar 4 milhões de toneladas de cana na cidade de Ivinhema (MS). O grupo espera moer 9,3 milhões de toneladas em 2014. Obteve o financiamento do BNDES, na casa de US$ 480 milhões. É um sinal de que os investimentos estão voltando. O BNDES também deu declarações de que espera para 2013 a volta de investimentos. Não é possível que um setor tão crucial para o desenvolvimento brasileiro tenha tido, em 2012, um desembolso pelo BNDES de R$ 4,2 bilhões, quase 30% a menos que o valor investido em 2011. Algo está errado.
Vale destacar também os movimentos feitos pela Copersucar, que pelo controle da trading americana Eco-Energy, já conta com quase 20 usinas nos EUA (com contratos de exclusividade na comercialização do etanol). Um volume de 10 bilhões de litros levou a empresa a ter uma participação mundial de 12% no etanol comercializado em 2012, devendo chegar a 12,5 bilhões de litros em 2013. Tal como se observou nos setores de suco de laranja, carne bovina e frango, é uma empresa do Brasil avançando na comercialização mundial.
Outro assunto que voltou à tona nestas férias foi o da eficiência dos motores a etanol. Esta é de 68% em relação à gasolina, segundo o Inmetro, em ampla pesquisa. O melhor motor, de 327 modelos testados, teve apenas 72,8% de eficiência. A indústria automobilística está definitivamente nos devendo uma solução melhor, ainda mais quando o carro flex comemora já dez anos de vida.
Uma boa notícia é que a mecanização já atingiu 85% da colheita e 53% do plantio no Centro-Sul do Brasil. De acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o setor de cana já investiu R$ 14 bilhões neste processo, o que mostra o compromisso da cana com o setor público e com a modernidade, mesmo que a um custo e com perdas elevadas de produtividade, que foram totalmente absorvidas pelo setor privado.
Para concluir, acredito que superamos o fundo do poço no primeiro semestre de 2012, e que 2013 será melhor. A mensagem final é a de que quanto antes o governo anunciar o aumento da gasolina e da mistura do etanol para 25%, maiores serão os benefícios colhidos na balança comercial brasileira, pois substituiremos gasolina importada com produto nacional e aumentaremos os preços do açúcar no mercado mundial, recebendo mais pelas nossas exportações. Pode-se até receber o mesmo volume de recursos exportando menor quantidade de açúcar. Fora isso, trará a retomada de investimentos, revigorando o setor de bens de capital, gerando empregos e desenvolvimento no interior do Brasil. Coragem, minha gente!
*Texto originalmente publicado no Portal Nova Cana
Marcos Fava Neves
Professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat

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