sábado, 12 de janeiro de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 115


I –  NOTÍCIAS

1- Empresas que seguem no edital do Inova Petro serão anunciadas a partir do dia 15/01 
A partir do dia 15/01, serão anunciadas as empresas cujas Cartas de Manifestação de Interesse em participar do Programa Inova Petro foram aprovadas. As companhias que seguirem na chamada, estarão habilitadas a apresentarem seus planos de negócio.
Após o encerramento da primeira etapa do edital do Programa Inova Petro, no dia 30/11, as três organizadoras – FINEP, BNDES e Petrobras – receberam uma demanda de R$ 2,7 bilhões por meio de 38 Cartas de Manifestação de Interesse.
Este número ainda poderá apresentar variações, considerando que foi solicitado às empresas, nessa fase, apenas a indicação da estimativa de apoio necessário.
A distribuição de projetos por Linha Temática teve 23 propostas na Linha 1 (Tecnologias Aplicáveis em Processamento de Superfície), 24 na Linha 2 (Tecnologias Aplicáveis em Instalações Submarinas), e 15 na Linha 3 (Tecnologias Aplicáveis em Poços). Vale lembrar que, de acordo com o edital, na Carta de Manifestação poderia ser indicada a necessidade de apoio em mais de uma Linha Temática.
Os recursos solicitados estão próximos do orçamento total previsto para o Programa Inova Petro, que é de R$ 3 bilhões.

2- SKF terá centro de pesquisa no Rio
O grupo sueco SKF, um dos maiores produtores de rolamentos do mundo, vai inaugurar, este ano, um centro de inovação tecnológico em serviços, voltado para o setor de óleo e gás, na cidade do Rio de Janeiro. Será o quarto no mundo com esse perfil. A unidade deverá ser instalada na Ilha do Fundão, zona norte da cidade do Rio, onde diversas companhias de petróleo como Petrobras, Schlumberger, FMC e Halliburton têm centros de pesquisa e inovação.
Hamilton Porciuncula, gerente do segmento de óleo e gás da SKF na América Latina, disse que a expectativa é que o investimento total e o local escolhido para a unidade sejam definidos até março. Inicialmente o centro terá, no mínimo, 400 metros quadrados e abrigará cerca de oito funcionários, podendo atingir cerca de 24 pesquisadores em dois anos. "Nosso investimento em inovação está em linha com a estratégia tão enfatizada pela presidente da Petrobras, Graças Foster, de aumentar a eficiência reduzindo custos", disse o executivo.
Atualmente, a SKF tem três centros de inovação tecnológica em serviços com foco no setor de óleo e gás nos Estados Unidos, em Cingapura e na Escócia. A Arábia Saudita também receberá um centro como esse ainda este ano. O grupo investe cerca de 1,5%, ao ano, do faturamento global em pesquisa e concentra todos os projetos globais de inovação na Holanda.
Além das unidades focadas em óleo e gás, o grupo tem ainda 17 centros de pesquisa e desenvolvimento com foco na indústria pesada, em 15 países. Um deles fica no município de Cajamar (SP). Construída em 2009, a unidade custou cerca de R$ 5 milhões e tem hoje 2,5 mil metros quadrados.
A iniciativa de construção de uma unidade de pesquisa dirigida ao segmento de petróleo e gás faz parte dos planos da SKF, tradicionalmente fornecedora de equipamentos para a indústria automotiva no Brasil, de expandir suas atividades nos atuais setores brasileiros de destaque: naval, óleo, gás e energia. "Estamos buscando expandir nossas atividades ligadas ao petróleo. O Brasil está em um momento muito bom", afirmou Porciuncula.
O executivo reiterou que os setores de petróleo, gás, energia e naval devem responder juntos por um faturamento de R$ 50 milhões na SKF Brasil em 2015, mais de quatro vezes a receita esperada pela empresa nesses setores para 2012, de R$ 12 milhões.
Presente em mais de 100 países, com mais de 120 unidades industriais, o faturamento mundial da SKF atingiu US$ 9,5 bilhões em 2011. O grupo chegou ao Brasil em 1915, oito anos depois de sua fundação. Em 2011, faturou cerca de R$ 800 milhões no País, onde tem duas fábricas na unidade industrial de Cajamar (SP), que produz rolamentos para veículos leves e pesados.

3- Autorizada a realização da 11ª Rodada
Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão
A presidenta Dilma Rousseff reuniu-se na manhã desta quinta-feira (10) com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão para discutir a exploração de gás e petróleo no país. Na audiência, a presidenta assinou as disposições legais para a autorização da 11ª rodada de licitações de blocos exploratórios de petróleo e autorizou o cancelamento da 8ª rodada, suspensa desde 2009.
Em coletiva, Lobão destacou que o país passará a explorar o gás de xisto e que uma licitação especial deverá ser feita até dezembro deste ano. Sobre possível crise no setor elétrico, o ministro disse que o assunto não foi discutido e garantiu: "Estamos produzindo energia elétrica na medida da necessidade brasileira".
Segundo Lobão, a data divulgada no final de setembro do ano passado para a realização da 11ª rodada de licitações, maio de 2013, será mantida. Houve, no entanto, a redução da quantidade de blocos, que passou de 174 para 172, devido a questões ambientais. Os blocos estão divididos entre terra e mar. Em novembro, serão realizados novos leilões, incluindo pela primeira vez a região do pré-sal.
A questão dos royalties não deve ser impedimento para os leilões, segundo o ministro. "A discussão no Congresso não terá influência. A lei foi aprovada, a presidenta vetou partes e agora está em vigência", disse Lobão.
A exploração do gás de xisto, de acordo com o ministro, deverá receber destaque em 2013. A intenção será descentralizar a área de exploração. As bacias que participarão das licitações serão as do Parnaíba, nos estados do Maranhão, do Piauí e Tocantins; do São Francisco, em Minas Gerais e na Bahia; do Recôncavo, também na Bahia; e do Paraná, que compreende faixa que vai do Rio Grande do Sul a Mato Grosso.
O gás de xisto, conhecido como shale gas nos Estados Unidos, poderá tornar o país mais competitivo. O gás, de petróleo ou de xisto, é a principal matéria-prima para a fabricação de componentes básicos da indústria petroquímica.
Segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, também presente à coletiva, recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desde 2007 favorecem a exploração do solo brasileiro. "Precisamos nos apoderar do subsolo do nosso país", disse.
A presidente Dilma Rousseff reuniu-se na manhã desta quinta-feira (10) com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão para discutir a exploração de gás e petróleo no país. Na audiência, a presidente assinou as disposições legais para a autorização da 11ª Rodada de licitações de blocos exploratórios de petróleo e autorizou o cancelamento da 8ª Rodada, suspensa desde 2009.
Em coletiva, Lobão destacou que o país passará a explorar o gás de xisto e que uma licitação especial deverá ser feita até dezembro deste ano. Sobre possível crise no setor elétrico, o ministro disse que o assunto não foi discutido e garantiu: "Estamos produzindo energia elétrica na medida da necessidade brasileira".
Segundo Lobão, a data divulgada no final de setembro do ano passado para a realização da 11ª Rodada de licitações, maio de 2013, será mantida. Houve, no entanto, a redução da quantidade de blocos, que passou de 174 para 172, devido a questões ambientais. Os blocos estão divididos entre terra e mar. Em novembro, serão realizados novos leilões, incluindo pela primeira vez a região do pré-sal.
A questão dos royalties não deve ser impedimento para os leilões, segundo o ministro. "A discussão no Congresso não terá influência. A lei foi aprovada, a presidenta vetou partes e agora está em vigência", disse Lobão.
A exploração do gás de xisto, de acordo com o ministro, deverá receber destaque em 2013. A intenção será descentralizar a área de exploração. As bacias que participarão das licitações serão as do Parnaíba, nos estados do Maranhão, do Piauí e Tocantins; do São Francisco, em Minas Gerais e na Bahia; do Recôncavo, também na Bahia; e do Paraná, que compreende faixa que vai do Rio Grande do Sul a Mato Grosso.
O gás de xisto, conhecido como shale gas nos Estados Unidos, poderá tornar o país mais competitivo. O gás, de petróleo ou de xisto, é a principal matéria-prima para a fabricação de componentes básicos da indústria petroquímica.
Segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, também presente à coletiva, recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desde 2007 favorecem a exploração do solo brasileiro. "Precisamos nos apoderar do subsolo do nosso país", disse.
Fonte: Agência Brasil

4- Petrobras confirma acumulação de óleo leve no ES
Mapa da região. Agência Petrobras
A Petrobras comunicou que o poço de extensão 3-BRSA-1128-ESS, cujo objetivo é a delimitação de acumulação, confirmou a ocorrência de petróleo leve e gás em reservatórios arenosos no pós-sal da Bacia do Espírito Santo. A descoberta da acumulação já havia sido anunciada em 17 de dezembro de 2010, quando ocorreu a perfuração do poço 1-BRSA-882-ESS, conhecido como Indra.
O novo poço, informalmente denominado como Arjuna, faz parte do Plano de Avaliação do 1-BRSA-882-ESS (Indra), e está localizado a cerca de 130 km da costa do estado do Espírito Santo e a 0,9 km a noroeste do poço descobridor.
Os reservatórios com petróleo têm espessura total em torno de 200 metros e estão a aproximadamente 3.679 metros, em profundidade d’água de 2.143 metros.
Será realizado teste de formação, cujo objetivo é avaliar a produtividade do reservatório. Conforme constatado no poço descobridor, o óleo encontrado é de boa qualidade (29º API).
O consórcio da concessão BM-ES-22A (Bloco ES-M-527), formado pela Petrobras (75%), como operadora, e Vale (25%), dará prosseguimento às atividades e aos investimentos previstos no Plano de Avaliação da Descoberta (PAD), aprovado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Petrobras comunicou que o poço de extensão 3-BRSA-1128-ESS, cujo objetivo é a delimitação de acumulação, confirmou a ocorrência de petróleo leve e gás em reservatórios arenosos no pós-sal da Bacia do Espírito Santo. A descoberta da acumulação já havia sido anunciada em 17 de dezembro de 2010, quando ocorreu a perfuração do poço 1-BRSA-882-ESS, conhecido como Indra.
O novo poço, informalmente denominado como Arjuna, faz parte do Plano de Avaliação do 1-BRSA-882-ESS (Indra), e está localizado a cerca de 130 km da costa do estado do Espírito Santo e a 0,9 km a noroeste do poço descobridor.
Os reservatórios com petróleo têm espessura total em torno de 200 metros e estão a aproximadamente 3.679 metros, em profundidade d’água de 2.143 metros.
Será realizado teste de formação, cujo objetivo é avaliar a produtividade do reservatório. Conforme constatado no poço descobridor, o óleo encontrado é de boa qualidade (29º API).
O consórcio da concessão BM-ES-22A (Bloco ES-M-527), formado pela Petrobras (75%), como operadora, e Vale (25%), dará prosseguimento às atividades e aos investimentos previstos no Plano de Avaliação da Descoberta (PAD), aprovado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Fonte: Agência Petrobras

5- Empresa nacional faz parceria com grupo francês para tecnologias
Algolix, empresa 100% nacional reconhecida na prestação de serviços de usinagem, firmou parceria com o grupo francês Europe Technologies, visando introduzir no país novas competências tecnológicas voltadas para os setores de energia, defesa, aeronáutica e agroalimentar, por exemplo, em crescente expansão.
A parceria que se baseia na área de atuação histórica da Algolix no mercado nacional proporcionará a expansão dos negócios como representante local de soluções completas de alta qualidade e custos competitivos da Europe Technologies, já reconhecidos por grandes clientes mundiais como Airbus, Safran, General Electric, DCNS, EDF, Renault, Valeo, Danone, Mars, entre outros.
Esse acordo que já se iniciou pela representação de produtos e pelo aprendizado entre as partes via colaboração técnica em projetos e compra de serviços entre as empresas, tem o foco no fortalecimento e na consolidação de ambas nos mercados brasileiro e global.
Em termos práticos, a parceria é a entrada no painel de fornecedores da Embraer com venda, via representação da empresa brasileira, de equipamento de corte por ultrassom.
Além da divisão mecânica, a parceria abrange negócios com as demais divisões da Europe Technologies, que contam com a disponibilidade de equipamentos de alta tecnologia para manutenção de grandes estruturas móveis e imóveis, tecnologias avançadas de 'shot peening' e alívio de tensão de soldas por ultrassom, máquinas e soluções para solda por ultrassom (peças plásticas, embalagens, corte alimentar, etc.), soluções para processos de materiais compósitos, contando com laboratório interno para validação de produtos e processos, entre outros.
Segundo Patrick Cheppe, CEO do grupo Europe Technologies, a parceria reflete o desenvolvimento de sua estratégia global a partir da diversificação geográfica, tendo o Brasil como um dos principais focos de sua atuação, além de responder localmente às necessidades dos clientes internacionais. “A escolha da Algolix nos pareceu óbvia ao se basear nos valores humanos e profissionais da direção da empresa, que conta ainda com um profissional experiente em ambas as culturas que nos suporta em todas as tratativas”.
A Europe Technologies quer promover sua inovação tecnológica em soluções junto com o reconhecimento de seu parceiro no mercado brasileiro, em setores como aeronáutica, energia e defesa.
Ao compartilhar dos mesmos valores e ideais, Reginaldo Finisguerra de Azevedo, CEO da Algolix, acredita no acerto dessa parceria e representação do grupo Europe Technologies no país. “Nós sempre buscamos a inovação e o desenvolvimento contínuo e este passo representa novos desafios para nós. Estamos certos que ambos ganharão com este acordo em termos sociais, econômicos e em satisfação de nossos clientes”, completa.
Algolix, empresa 100% nacional reconhecida na prestação de serviços de usinagem, firmou parceria com o grupo francês Europe Technologies, visando introduzir no país novas competências tecnológicas voltadas para os setores de energia, defesa, aeronáutica e agroalimentar, por exemplo, em crescente expansão.
A parceria que se baseia na área de atuação histórica da Algolix no mercado nacional proporcionará a expansão dos negócios como representante local de soluções completas de alta qualidade e custos competitivos da Europe Technologies, já reconhecidos por grandes clientes mundiais como Airbus, Safran, General Electric, DCNS, EDF, Renault, Valeo, Danone, Mars, entre outros.
Esse acordo que já se iniciou pela representação de produtos e pelo aprendizado entre as partes via colaboração técnica em projetos e compra de serviços entre as empresas, tem o foco no fortalecimento e na consolidação de ambas nos mercados brasileiro e global.
Em termos práticos, a parceria é a entrada no painel de fornecedores da Embraer com venda, via representação da empresa brasileira, de equipamento de corte por ultrassom.
Além da divisão mecânica, a parceria abrange negócios com as demais divisões da Europe Technologies, que contam com a disponibilidade de equipamentos de alta tecnologia para manutenção de grandes estruturas móveis e imóveis, tecnologias avançadas de 'shot peening' e alívio de tensão de soldas por ultrassom, máquinas e soluções para solda por ultrassom (peças plásticas, embalagens, corte alimentar, etc.), soluções para processos de materiais compósitos, contando com laboratório interno para validação de produtos e processos, entre outros.
Segundo Patrick Cheppe, CEO do grupo Europe Technologies, a parceria reflete o desenvolvimento de sua estratégia global a partir da diversificação geográfica, tendo o Brasil como um dos principais focos de sua atuação, além de responder localmente às necessidades dos clientes internacionais. “A escolha da Algolix nos pareceu óbvia ao se basear nos valores humanos e profissionais da direção da empresa, que conta ainda com um profissional experiente em ambas as culturas que nos suporta em todas as tratativas”.
A Europe Technologies quer promover sua inovação tecnológica em soluções junto com o reconhecimento de seu parceiro no mercado brasileiro, em setores como aeronáutica, energia e defesa.
Ao compartilhar dos mesmos valores e ideais, Reginaldo Finisguerra de Azevedo, CEO da Algolix, acredita no acerto dessa parceria e representação do grupo Europe Technologies no país. “Nós sempre buscamos a inovação e o desenvolvimento contínuo e este passo representa novos desafios para nós. Estamos certos que ambos ganharão com este acordo em termos sociais, econômicos e em satisfação de nossos clientes”, completa.
Fonte: Redação


II –  COMENTÁRIOS

1- Osório de Brito, do INEE: Esgota-se o modelo atual do setor elétrico brasileiro?
A necessidade de reservar quantidades expressivas de gás para as termelétricas vem causando distorções no mercado do combustível. O Setor Elétrico brasileiro desenvolveu-se a base da hidroeletricidade, alcançando, no passado, a quase 90% da geração elétrica do país; por uma dádiva da natureza, as principais usinas localizavam-se próximas dos centros de consumo, de certa forma concentradas no Sul-Sudeste-Centro Oeste. Concomitantemente, desenvolveu-se o aproveitamento hidrelétrico do Rio São Francisco e da própria Região Nordeste, permanecendo, apenas, a Região Norte não interligada. Esta característica exigiu a construção de uma rede de transmissão com dupla função, a de transmitir a energia para o seu consumo e a de interligar as regiões pois, como todas estas usinas estavam dotadas de reservatórios, tornava-se possível a transferência de energia de uma região para outra, de uma com alta pluviometria para outra sofrendo uma estiagem prolongada.
Ademais, o setor acostumou-se aos “favores” da natureza, isto é, se a demanda crescia, uma nova hidrelétrica era construída. O país pautou a sua estratégia de crescimento pelo lado da oferta e, de certa forma, desincentivou o desenvolvimento da autoprodução e, consequentemente, da geração distribuída. A medida que o sistema interligava-se, crescia e tornava-se complexa a rede de transmissão. O Sistema Interligado, então, passou a exigir um órgão central de controle, para organizar o despacho das diversas usinas em função das variações da demanda e da capacidade dos reservatórios. Originou-se, consequentemente, um sistema centralizado, como passou a ser o setor elétrico brasileiro.
Quando o gás boliviano chegou, o país, preso a uma cultura de “sistema centralizado”, ao contrário da maioria dos países europeus que o priorizou pela sua eficiência de uso, a cogeração, decidiu criar uma “Plano de Termelétricas”, a serem controladas centralizadamente; este Plano frustrou-se por razões várias.
É claro que, com uma base hídrica, com o crescimento do país e, obviamente, da demanda, o setor tornou-se refém do regime de chuvas. Em 2001, com os reservatórios vazios, sem capacidade de transferência de energia e com um parque térmico ainda pequeno, o país conheceu um racionamento. Na época, a média do acumulo de água nos vários reservatórios alcançou níveis mínimos, menos de 23% do total. Somente com a volta das chuvas, foi possível encerrá-lo e, embora forçado pela redução compulsória do consumo, a sociedade brasileira manteve, por longo tempo após este encerramento, uma eficientização no uso da eletricidade, inaproveitada pelas autoridades pois esta eficientização foi se reduzindo paulatinamente até que os níveis de consumo voltaram aos anteriormente obtidos.
O país, então, desenvolveu um parque térmico a fim de evitar novo episódio desta natureza. Gerou-se, então, ao lado do parque hídrico, um parque formado, hoje, por 68 termelétricas, cerca de metade a base da queima de gás e a outra metade a base de óleo combustível ou diesel, parque térmico este refém das chuvas pois as termelétricas só são despachadas diante da possibilidade de sua falta ou de aumentos desmesurados ou imprevisíveis de demanda. Esta característica tornou o gás também refém da pluviometria pois houve a necessidade de reservar parcela significativa deste gás para atender o setor elétrico, agora não mais só boliviano mas, também, brasileiro.
Observa-se, agora, a manutenção da base hídrica setorial com a continuação da construção de novas usinas só que, as de maior porte, (1) não se localizam mais próximas dos centros de consumo e, (2) por razões topográficas e, principalmente, ambientais, não são mais dotadas de reservatórios extensos ou são a fio d´água, além de se situarem majoritariamente na Região Amazônica. Reduz-se, consequentemente, a capacidade de transferência de energia das regiões densamente abastecidas por chuvas para as assoladas por estiagens duradouras.
2012: Situação extremamente perigosa para o setor: (1) Furnas apresentou-se em dezembro, inicio do período chuvoso, com apenas 12% de sua capacidade de reservação, apenas a 3,4 m acima do mínimo necessário para que a usina possa operar normalmente; (2) os demais reservatórios localizados no Centro-Oeste e no Sudeste, com apenas 30% de sua capacidade: (3) conclusão:: 68 termelétricas estão em plena operação. Esta estiagem levou o consumo de gás natural no país ao segundo recorde histórico: 70,9 milhões de metros cúbicos por dia demandados pelos consumidores em novembro, o que significa uma alta de 41,5% sobre o mesmo mês de 2011. Esta é a diferença para a situação de 2001 pois, hoje, o parque térmico, antes pouco desenvolvido, tem capacidade para sustentar a oferta de eletricidade na expectativa da presença de chuvas até o final do período chuvoso, que se finda em abril. Evidencia-se, assim, uma situação de risco, de como o país, hoje, voltando a crescer, tornar-se-á refém das chuvas.
Esta situação tem provocado uma distorção significativa no mercado de gás pois tem impedido a sua oferta firme para a indústria, que o utiliza seja como matéria prima, como, por exemplo, alguns segmentos químicos, seja como energético adequado para queima, como nos segmentos cerâmicos, de vidros e a cogeração. A necessidade de reservar quantidades expressivas para atender as estiagens, a exemplo do que está ocorrendo hoje, está obrigando este mercado gasífero a estabelecer uma parcela para atendimento interruptível, que não atende nem a indústria nem a cogeração e nem permite a expansão do mercado secundário ainda incipiente e limitado regionalmente. Somando-se a este aspecto altamente limitativo, o alto preço e os freios criados para os novos leilões mostram uma inadequação do emprego do gás e de sua real participação, como um energético nobre, na matriz energética brasileira.
Esgota-se ou não o modelo atual praticamente calcado na hidreletricidade? Não será o momento de alterar o emprego das termelétricas no sentido de criar um verdadeiro modelo termo-hídrico, onde elas complementam o parque hídrico na base do sistema? De incentivar a geração distribuída, como acontece em todos os países europeus e norte- americanos? De liberar o mercado de gás para que ele cumpra com as suas reais características, aquelas que permitem um fornecimento firme e não interruptível, como é o desejo de seus principais consumidores?
Fonte: Canal Energia

2- O mercado brasileiro de biocombustíveis em 2012 
A produção de etanol, até setembro de 2012, registrou uma queda de 11,3% em relação ao mesmo período de 2011. Tanto a produção de etanol anidro quanto a de hidratado sofreram redução de 7,5% e 13,6%, respectivamente, no período analisado. 
O volume comercializado de etanol hidratado foi o menor registrado nos primeiros dez meses do ano desde 2008, enquanto a gasolina registrou um crescimento de 12,9% no período. Com o preço da gasolina subsidiado, o uso do etanol perde competitividade deixando claro que a política de congelamento de preço da gasolina desequilibra o mercado de combustíveis.
Este período adverso para o setor de etanol se segue a uma época de grande crescimento, quando o elevado preço do petróleo e as pressões ambientais trouxeram o biocombustível para o centro das atenções, como um combustível renovável alternativo à gasolina. 
As idas e vindas do setor de etanol, que se repetem desde a década de 70 com o Proálcool, tiram previsibilidade do investidor, gerando custos e inviabilizando o aumento da produtividade no setor. 
Com relação ao mercado de biodiesel, a produção nacional até setembro em 2012 apresentou um leve decréscimo de 0,7% em relação a 2011, atingindo uma média de 218 mil megtros cúbicos por mês. A produção nacional, ainda, permanece concentrada nas regiões Centro-Oeste e Sul. 
O óleo de soja e a gordura bovina continuaram sendo as principais matérias-primas utilizadas, representando mais de 90% do total. A capacidade instalada continua crescendo, porém em um ritmo muito mais lento do que o observado nos últimos anos. Essa diminuição é reflexo da baixa utilização que o setor vem apresentando, com uma ociosidade média de 58% no ano. 
A principal mudança no mercado de biodiesel foi o estabelecimento de um novo modelo para os leilões do biocombustível. Nas novas regras, a variável preço não é mais o único determinante para escolha do vencedor, uma vez que serão considerados outros fatores como a qualidade do produto, as condições de logística e localização, além da garantia de entrega. 
Tanto o setor de biodiesel quanto o de etanol carecem de uma política de longo prazo. O estabelecimento de marcos regulatórios é necessário para a definição de um horizonte de planejamento destinado aos investimentos e ao crescimento da produtividade. O Brasil não pode abrir mão de sua vantagem comparativa na produção de biocombustíveis limpos e renováveis. 
A posição de vanguarda na produção de biocombustíveis é estratégica e exerce papel importante para a competitividade do país, principalmente num cenário no qual questões ambientais, como as emissões de gases do efeito estufa, se tornam mais relevantes.
*Texto originalmente divulgado no Portal Brasil Econômico em 10/01/2013. 
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

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