sábado, 3 de novembro de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 106


I - NOTÍCIAS

1- Estoques de petróleo caem na semana nos EUA  
Os estoques de petróleo dos Estados Unidos recuaram em 2,045 milhões de barris para 373,081 milhões de barris, na semana encerrada em 26 de outubro, de acordo com dados divulgados  pelo Departamento de Energia.
As reservas estratégicas ficaram estáveis em 696 milhões de barris.
Os estoques de gasolina alcançaram 199,502 milhões de barris, alta de 935 mil barris. Os estoques de destilados recuaram em 93 mil barris, para 117,925 milhões de barris. A projeção era queda de 1,1 milhão de barris.
Na semana passada, as refinarias operaram com 87,7% da capacidade instalada, de 87,2% na semana anterior. A taxa ficou em linha com as expectativas dos analistas. 
Fonte: Valor Online

2- Ecovix acelera projetos de FPSOs  
A construção de oito plataformas de produção idênticas, chamadas de "replicantes", previstas para começar a operar no pré-sal da Bacia de Santos entre 2016 e 2018, deverá deslanchar a partir de agora. Na segunda-feira, o primeiro bloco da primeira das oito unidades, pesando cerca de 170 toneladas, foi colocado no dique-seco do Estaleiro Rio Grande (ERG1), na cidade gaúcha homônima. "É um evento importante pois representa a construção do primeiro casco de uma FPSO no Brasil", diz Daniel Peres, vice-presidente da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), empresa responsável pela execução dos "replicantes". A FPSO é a sigla em inglês para plataforma que produz, estoca e escoa petróleo.
O começo da montagem da primeira plataforma no dique-seco do ERG1 foi possível depois que a plataforma P-55 foi retirada do local. No dique, a P-55 passou por uma operação de deck mating, inédita no Brasil. Na operação, o convés da plataforma foi içado a mais de 47 metros e acoplado ao casco da unidade. A P-55 saiu do dique no dia 21 deste mês e, segundo informações de fontes próximas ao consórcio Quip, responsável pela plataforma, a unidade vai ficar ancorada junto ao cais do ERG1 para que seja concluída a integração e sejam feitos testes nos sistemas antes da entrada em produção, prevista para 2013.
Com a saída da P-55, o dique, uma estrutura de 360 metros de comprimento por 160 metros de largura, foi esvaziado de 642 milhões de litros de água e preparado para receber os blocos da plataforma. A partir de agora será possível montar os "replicantes" em série. A primeira FPSO deve sair do dique em outubro de 2013 e, a contar daí, haverá saídas de plataformas a cada seis meses até a oitava unidade.
Peres disse que a fabricação dos primeiros blocos no ERG1 começou fora do dique-seco em maio de 2011. "Hoje temos um depósito enorme de blocos." Segundo ele, a construção das FPSOs exige 288 blocos por unidade, mas o ERG partiu para um processo de produção que considera a união de mais de um bloco, o que resulta em "megablocos". "Assim, vamos ter 101 megablocos para formar o casco da primeira unidade no dique-seco", afirma Peres.
Esse conceito será aplicado a todas as oito unidades. O valor do contrato da Ecovix com a Petrobras para a construção dos oito cascos é de US$ 3,5 bilhões. Para construir os cascos, o estaleiro contratou a engenharia básica com a sueca GVA e acertou consultoria com a coreana Cosco.
Peres afirma que o cronograma de construção dos cascos está sob controle, mas admite que a obra representa um grande desafio. "O trabalho está dentro do que estava programado", diz Peres. Ele afirmou que, a partir de 2013, o estaleiro vai usar um novo guindaste, comprado por R$ 240 milhões, com capacidade de elevação de duas mil toneladas. O equipamento vai permitir acelerar o trabalho com os megablocos dentro do dique-seco do Estaleiro Rio Grande. 
Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico 

3- Qualificação de mão de obra é tema de seminário no Naval Summit
Em um seminário especial dentro da programação do 3º Naval Summit, executivos da indústria naval vão se reunir para colocar em pauta as soluções para atender a demanda de força de trabalho qualificada. O seminário acontece no Rio de Janeiro, no dia 27 de novembro, com a presença de representantes do Sinaval, Ministério do Trabalho, Sebrae/RJ, Senai Niteroi, Sindmestres, Gogesn-Marinha do Brasil, Mundivisas e Estaleiro Sermetal.
Para Augusto Mendonça, presidente da Abenav e que estará no evento, “o problema no Brasil é a falta de um grande plano de investimento para instituições de ensino técnico e uma grade curricular nos cursos existentes que contemple a real necessidade dos estaleiros”. Com a demora na formação de novos profissionais, a saída encontrada pelo governo para reduzir o gargalo foi flexibilizar, até o fim de 2013, o cumprimento da exigência de contratação de dois terços de tripulação brasileira em 91 embarcações estrangeiras que operam no país.
No ano passado, foram concedidos 17,7 mil vistos de trabalho para estrangeiros em embarcações e offshore, 16% a mais que em 2010, incluindo oficiais marítimos. Para falar sobre a contratação e gestão de estrangeiros no setor naval, o Naval Summit contará com a presença da diretora da Mundivisas, Mariangela Moreira, que esclarecerá as regras para admissão de estrangeiros no Brasil e os reflexos da resolução normativa 72.
A formação de mestres de cabotagem e contramestres da Marinha Mercante será discutida pelo diretor presidente do Sindmestres, Valter Martins Ramos, enquanto a contribuição do programa de desenvolvimento de submarinos para a qualificação de mão de obra será avaliada pelo vice-almirante (EN) Cesar Pinto Corrêa, e pelo contra-almirante (EN) Sydney dos Santos Neves, do Cogesn da Marinha.
De forma geral, a maioria dos estaleiros tem um centro de treinamento. No Naval Summit, a plateia poderá conhecer a iniciativa do estaleiro Sermetal e de seu Centro de Formação, que está servindo de case para o Sesi aperfeiçoar a formação de mão de obra qualificada para o setor naval. A apresentação será conduzida pelo diretor de relações industriais do Sermetal, Paulo Valdez.
Além do seminário sobre mão de obra, a terceira edição do evento terá dois dias de sessão plenária e um workshop, na tarde do dia 29, sobre o desenho e construção de FPSOs. Na sessão plenária os principais problemas que impactam na competitividade da indústria naval brasileira serão debatidos.

Serviço
3º Naval Summit
Dias 27, 28 e 29 de novembro de 2012.
Local: Windsor Barra Hotel - Rio de Janeiro, RJ
Horário: das 8h30 às 18h
Organização: IBC, empresa do Informa Group
Informações: 11-3017-6808 ou imprensa@informagroup.com.br
www.informagroup.com.br/navalsummit

4- Empresas esperam manter investimentos de produção e logística em 2013 
Em 2013, a maioria das empresas tende a manter o nível de investimentos voltados à produção e à logística realizados em 2012. Segundo pesquisa da Amcham (Câmara Americana do Comércio), quase 70% profissionais desta área afirmam essa tendência, enquanto 25% apostam que o volume de aportes de suas empresas crescerão.
Em relação ao ano passado, os empresários apresentaram-se menos confiantes: a maioria, 65%, previa um aumento nos investimentos, enquanto 30% criam na estabilidade. Aqueles que preveem queda nos investimento somam 5%.
cana de açúcar
Para o plano dos investimentos em operações para 2013, as prioridades das empresas são a modernização das instalações, com 20%, e aquisição de equipamentos e maquinários, 15%. No ano passado, as duas categorias tinham 15% e 6%, respectivamente.
A busca por novas tecnologias é prioridade para 10%, sendo que, na pesquisa de 2011 (apontando perspectivas para 2012), essa categoria tinha 20%. Outros 10% priorizam investimentos em aumento da produção – mesma proporção identificada no levantamento do ano passado. Tem destaque a queda de ênfase na expansão fabril, que tinha 25% das respostas na pesquisa anterior e agora apenas 5%.
No que diz respeito a infraestrutura logística, os aportes têm se concentrado principalmente eficiência em processos e controle de custos, 40%, qualificação da mão de obra, 30%, e tecnologia da informação, com 15%.
Metodologia
Para captar percepções quanto a 2013, a Amcham ouviu, em parceria com o Ibope, 214 altos executivos de empresas de variados portes em diversas regiões do País. Neste recorte focado em operações e logística, participaram apenas profissionais dessas áreas.
Fonte: Infomoney/Luiza Belloni Veronesi
Noticiário cotidiano - Portos e Logística

5- Petrobras vai reajustar combustíveis até dezembro
Apesar do esforço da presidente da Petrobras, Graça Foster, para aumentar a eficiência operacional, o resultado do terceiro trimestre (lucro de R$ 5,567 bilhões, abaixo da expectativa do mercado), mostra  ainda que enfrenta desequilíbrio. E novo reajuste de combustível deve ocorrer até o fim do ano.
As razões da queda acentuada da produção e os aumentos das despesas da Petrobras ainda são foco das preocupações de especialistas e, agora, a expectativa é de um novo aumento de preços dos combustíveis. Como resumiu a analista Paula Kovarsky em relatório para clientes do Itaú BBA, é esperado um fraco desempenho operacional que influencie as ações da Petrobras. Passadas as eleições, a analista acredita em um potencial aumento nos preços dos combustíveis que pode acontecer a partir desta semana.
Analistas do banco Credit Suisse afirmam que "não há muito para gostar ou dizer" sobre o balanço, avaliando que ainda vai demorar para os gestores da Petrobras corrigirem o curso da empresa e que "os investidores estão pagando caro por isso".
Os efeitos positivos dos aumentos de preço da gasolina e do diesel foram praticamente anulados pelo incremento dos custos de refino e de extração de petróleo, entre outros, tudo isso associado a uma queda acentuada da produção de 4% em setembro - foram produzidos apenas 1,844 milhão de barris por dia, o pior resultado desde 2008 - e de 3% no trimestre.
Com menos petróleo produzido, o custo de extração do óleo, antes do pagamento dos royalties e da Participação Especial, subiu 15% em dólares, de US$ 13,40 por barril no segundo trimestre para US$ 15,42, no terceiro. Apesar de explicado por manutenções em alguns campos gigantes da Bacia de Campos previstas no programa de aumento da eficiência operacional (Proef), essa alta foi ajudada pelo aumento salarial.
No terceiro trimestre, a receita de vendas foi de R$ 73,79 bilhões, mas com os preços dos combustíveis defasados, a estatal tem perdas com o crescimento das vendas, contrassenso provocado pelo governo ao evitar reajustes.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, lembrou que a companhia prevê aumento de 15% no diesel e na gasolina em 2012 para bancar os investimentos previstos de US$ 208,7 bilhões a US$ 236,5 bilhões. E os aumentos de junho e julho, de 10% no diesel e 8% gasolina estão abaixo disso. "O nosso Plano de Negócios previa reajustes maiores do que ocorreram até agora para este ano, portanto, ainda existe espaço para uma expectativa [de aumento] no período".
Não por acaso, a área de Abastecimento registrou mais uma vez resultado negativo, de R$ 5,652 bilhões no terceiro trimestre. O prejuízo é de R$ 17,28 bilhões no acumulado do ano até setembro. As perdas só diminuirão, segundo analistas, quando o governo acabar com o subsídio. O diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, explicou que parte da alta de custos do refino foi causada pela entrada de unidades mais modernas nas refinarias Repar (PR) e Revap (SP).
Outros custos até setembro chamam a atenção, entre eles a despesa de R$ 875 milhões do acordo coletivo de trabalho (ante os R$ 596 milhões do ano passado) e os gastos de R$ 1,012 bilhão com publicidade e propaganda, patrocínios culturais, esportivos, ambientais e sociais e despesas administrativas. O valor está próximo ao R$ 1,178 bilhão gasto com paradas não programadas de plataformas e gastos pré-operacionais.
O Credit Suisse considera o aumento de preços da gasolina e diesel e uma taxa de utilização de 98% da capacidade de refino da Petrobras como os únicos pontos positivos no balanço da companhia. Mas, segundo a instituição, não foram suficientes para alavancar o balanço do trimestre, repleto de dados negativos. Em relatório intitulado "A soma de todos os medos", os analistas Emerson Leite e Andre Sobreira citam uma longa lista de desapontamentos, incluindo queda da produção e taxa de declínio natural dos reservatórios de 11%.
Apesar do esforço da presidente da Petrobras, Graça Foster, para aumentar a eficiência operacional, o resultado do terceiro trimestre (lucro de R$ 5,567 bilhões, abaixo da expectativa do mercado), mostra que a estatal ainda enfrenta desequilíbrio. E novo reajuste de combustível deve ocorrer até o fim do ano.
As razões da queda acentuada da produção e os aumentos das despesas da Petrobras ainda são foco das preocupações de especialistas e, agora, a expectativa é de um novo aumento de preços dos combustíveis. Como resumiu a analista Paula Kovarsky em relatório para clientes do Itaú BBA, é esperado um fraco desempenho operacional que influencie as ações da Petrobras. Passadas as eleições, a analista acredita em um potencial aumento nos preços dos combustíveis que pode acontecer a partir desta semana.
Analistas do banco Credit Suisse afirmam que "não há muito para gostar ou dizer" sobre o balanço, avaliando que ainda vai demorar para os gestores da Petrobras corrigirem o curso da empresa e que "os investidores estão pagando caro por isso".
Os efeitos positivos dos aumentos de preço da gasolina e do diesel foram praticamente anulados pelo incremento dos custos de refino e de extração de petróleo, entre outros, tudo isso associado a uma queda acentuada da produção de 4% em setembro - foram produzidos apenas 1,844 milhão de barris por dia, o pior resultado desde 2008 - e de 3% no trimestre.
Com menos petróleo produzido, o custo de extração do óleo, antes do pagamento dos royalties e da Participação Especial, subiu 15% em dólares, de US$ 13,40 por barril no segundo trimestre para US$ 15,42, no terceiro. Apesar de explicado por manutenções em alguns campos gigantes da Bacia de Campos previstas no programa de aumento da eficiência operacional (Proef), essa alta foi ajudada pelo aumento salarial.
No terceiro trimestre, a receita de vendas foi de R$ 73,79 bilhões, mas com os preços dos combustíveis defasados, a estatal tem perdas com o crescimento das vendas, contrassenso provocado pelo governo ao evitar reajustes.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, lembrou que a companhia prevê aumento de 15% no diesel e na gasolina em 2012 para bancar os investimentos previstos de US$ 208,7 bilhões a US$ 236,5 bilhões. E os aumentos de junho e julho, de 10% no diesel e 8% gasolina estão abaixo disso. "O nosso Plano de Negócios previa reajustes maiores do que ocorreram até agora para este ano, portanto, ainda existe espaço para uma expectativa [de aumento] no período".
Não por acaso, a área de Abastecimento registrou mais uma vez resultado negativo, de R$ 5,652 bilhões no terceiro trimestre. O prejuízo é de R$ 17,28 bilhões no acumulado do ano até setembro. As perdas só diminuirão, segundo analistas, quando o governo acabar com o subsídio. O diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, explicou que parte da alta de custos do refino foi causada pela entrada de unidades mais modernas nas refinarias Repar (PR) e Revap (SP).
Outros custos até setembro chamam a atenção, entre eles a despesa de R$ 875 milhões do acordo coletivo de trabalho (ante os R$ 596 milhões do ano passado) e os gastos de R$ 1,012 bilhão com publicidade e propaganda, patrocínios culturais, esportivos, ambientais e sociais e despesas administrativas. O valor está próximo ao R$ 1,178 bilhão gasto com paradas não programadas de plataformas e gastos pré-operacionais.
O Credit Suisse considera o aumento de preços da gasolina e diesel e uma taxa de utilização de 98% da capacidade de refino da Petrobras como os únicos pontos positivos no balanço da companhia. Mas, segundo a instituição, não foram suficientes para alavancar o balanço do trimestre, repleto de dados negativos. Em relatório intitulado "A soma de todos os medos", os analistas Emerson Leite e Andre Sobreira citam uma longa lista de desapontamentos, incluindo queda da produção e taxa de declínio natural dos reservatórios de 11%.
Fonte: Valor Econômico


II – COMENTÁRIOS

1- Recuperar o etanol  
Sem contar com políticas públicas estáveis para incentivar e assegurar a produção, o etanol perde espaço na matriz energética brasileira. A competitividade desse estratégico combustível renovável sucumbe ao artificialismo do preço da gasolina que, importada em volume cada vez maior, aumenta a emissão de gases de efeito estufa e pressiona o déficit da conta de combustíveis. 
A participação relativa do etanol caiu 34% nos últimos anos, enquanto a da gasolina e diesel, muito mais poluentes, dispararam no mesmo período.
A possibilidade do etanol da cana de açúcar conquistar outros mercados por sua vantagem competitiva e pelo seu diferencial de sustentabilidade ambiental vai ficando mais distante. Em 37 anos de existência do Proálcool, o etanol combustível substituiu até o último mês de junho mais de 2,2 bilhões de barris de gasolina, o que contribuiu para a geração de emprego e renda e na redução do aquecimento do planeta. Imagine a atmosfera da cidade de São Paulo sem o nosso etanol. 
O etanol da cana é um patrimônio nacional. Com a importação em 2011 de 1,15 bilhão de litros de etanol anidro produzido nos EUA a partir do milho, criamos empregos lá e deixamos de movimentar o setor sucroalcooleiro aqui. O volume importando foi 15% além do necessário porque a mistura à gasolina foi reduzida para 20%, e mais de 500 milhões de litro "se transformaram" em etanol hidratado, numa virada brusca que evidenciou a falta de planejamento do governo.
O aumento da importação de etanol, gasolina e diesel está na contramão do discurso oficial de que o Brasil não pode e não deve abrir mão do uso de energias renováveis e limpas. Some-se a isso o fato de que a anunciada independência energética não se concretizou. Não conseguimos aumentar a oferta de combustíveis renováveis e fósseis de forma condizente com o aumento da demanda.
Para o setor sucroenergético recuperar fôlego e colocar o Brasil na vanguarda mundial dos biocombustíveis, depende muito mais da ação do governo do que propriamente do mercado. Os investimentos em inovação tecnológica aplicada à cultura da cana de açúcar, que em grande parte é responsável pelo boom que a agricultura brasileira vive nos últimos anos, são fundamentais para continuarmos avançando na produtividade e na qualidade do etanol. A pesquisa e a inovação podem avançar na consolidação do etanol de segunda geração.
A recuperação do preço do etanol hidratado, via desoneração de impostos cobrados pela União e estados, é a questão central, como a definição de seu padrão e fixação do percentual de mistura à gasolina, ou seja, sua participação na matriz de combustíveis.
A ANP (Agência Nacional de Petróleo) anuncia que o aumento do percentual de etanol anidro na gasolina voltará em maio ou junho de 2013. A redução foi a toque de caixa, o aumento é projetado a médio prazo e assim a referencia capaz de determinar a previsibilidade e cenários firmes fica indefinida.
Outra solução para retomar a competitividade desse combustível é a utilização da CIDE em seu aspecto regulatório, inclusive incorporando a sua dimensão ambiental. Sem contar que o regime de redução do IPI para indústria automobilística precisa ser estendido para os carros flex. Quem tem carro com esse tipo de motor precisa ser incentivado. As montadoras que conseguissem reduzir o consumo de etanol, com maior eficiência em seus motores, por exemplo, teriam uma redução mais substancial de IPI.
São necessárias também regras duradouras e a criação de linhas de crédito para estimular o setor ainda abalado pela crise de 2008 e por fatores climáticos que reduziram a produtividade dos canaviais. Na safra 2011/2012, a produção do biocombustível recuou 17%, o que representa algo em torno de 5 bilhões de litros a menos de etanol no mercado que tem de ser compensado por importações.
A recuperação do setor tem que levar em conta a ampliação do parque de moagem e a renovação de canaviais. Neste sentido, o aperfeiçoamento do Prorenova (Plano de Recuperação dos Canaviais), bem como a sua flexibilização, é essencial para aumentar o nível de financiamento e reduzir a burocracia excessiva na contração de recursos.
O setor sucroenergético precisa de um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para ampliarmos e renovarmos os canaviais, aumentarmos a eficiência das unidades produtoras existentes e estimularmos a construção de novas plantas.
O setor passou por grande transformação nos últimos anos, tornou-se heterogêneo. Novos players se integraram e com isso criou-se visões diferentes. Por isso precisamos buscar o consenso em torno de um conjunto de medidas, pois temos acumulo para tanto. É preciso defendê-las com a consciência de que somos um setor essencial e estratégico ao país. O governo ajuda no que for seu papel e o setor com sua capacidade empreendedora. O que se busca é uma política de Estado para o etanol e não benesses.
O governo tem que assumir se o etanol é ou não prioridade e adotar medidas coerentes e urgentes a respeito. Não podemos perder mais tempo e abdicar da enorme vantagem apresentada pelo biocombustível em relação aos fósseis. O País pagará um preço se a indefinição e omissão persistirem. 
Arnaldo Jardim 
Deputado Federal (PPS/SP), Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional 

2- Cana é a fonte renovável que mais crescerá na matriz energética  
A cana-de-açúcar é uma das fontes de energia que mais crescerá no Brasil na próxima década, segundo previsto pelo governo no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2021. Nesta quarta-feira (31) foi encerrado o prazo para contribuições da sociedade à consulta pública sobre o PDE. O documento, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prevê que os derivados da cana-de-açúcar vão crescer 8,1% ao ano na próxima década, ficando atrás apenas do gás natural, com 9,1%.
Com esse crescimento, a cana aumentará sua participação na matriz elétrica brasileira de 16,4% em 2011 para 21,2% em 2021. As projeções mostram que os derivados da cultura representarão quase metade da energia renovável total utilizada no país daqui a dez anos. As fontes renováveis, que hoje representam 43,1% do consumo, crescerão para 45% em 2021. O etanol e a biomassa de cana crescerão mais rápido do que a média das fontes renováveis na próxima década: em média 8,1% ao ano, contra 5,1% anuais, respectivamente.
Os principais derivados da cana considerados na conta são o etanol e a eletricidade gerada a partir da queima do bagaço de cana-de-açúcar. Mas o PDE considera que, até 2021, o Brasil já poderá ter produções "modestas" de biocombustíveis avançados, como o diesel de cana, o etanol celulósico e o bioquerosene de aviação.
"Um dos desafios para aumentar a competitividade dos biocombustíveis é investir em pesquisa e desenvolvimento, porque ainda não há uma estratégia vencedora", disse nesta quarta-feira (31) Daniela Corrêa, especialista em regulação da Superintendência de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Desafios do etanol
Os números do próprio PDE mostram que o desafio não é fácil. Apesar de apontar boas perspectivas para o etanol, devido ao aumento da frota flex, o PDE 2021 reconhece as dificuldades do setor sucroenergético em ampliar a produção de etanol no curto prazo. Por isso, o documento traz projeções de produção mais baixas que o PDE 2020, definido em 2011.
No ano passado, o plano calculava que o Brasil produziria 73,3 bilhões de litros de etanol em 2020, enquanto o PDE 2021 reduziu essa projeção para 68,3 bilhões de litros em 2021. As projeções de exportação também foram significativamente reduzidas, de 6,8 bilhões de litros ao fim do período do PDE 2020 para 3,3 bilhões de litros no PDE 2021.
Segundo Daniela, da ANP, quebras de safra causadas por problemas climáticos têm afetado a produção de cana-de-açúcar, além de outros fatores. "As projeções da EPE apontam que só em 2016 a produtividade da cana recuperará os níveis de 2008", afirmou a especialista, após palestrar no 7º Congresso Internacional de Bioenergia, em São Paulo.
Desde 2008, a crise financeira e o clima têm atrapalhado o crescimento da produção. Segundo os empresários do setor, os custos subiram muito nos últimos anos, mas os preços do etanol não acompanharam essa alta porque a gasolina permanece com preço congelado pelo governo. 
Luiz Silveira
Fonte: Sou Agro

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