domingo, 1 de abril de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 76

I – NOTÍCIAS

1- Monitoramento de Lubrificantes
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP divulgou os dados do Programa de Monitoramento dos Lubrificantes reativos aos meses de janeiro e fevereiro de 2012. Os problemas quanto à qualidade foram menores com relação ao boletim anterior, mas ainda representam 16,6% das amostras analisadas.
Mesmo com a redução relativa das não conformidades com relação à qualidade, os números ainda incomodam e mostram uma resistência quase histórica nesse patamar.
Das amostras analisadas, os maiores problemas continuam sendo a falta de aditivos ou a quantidade insuficiente deles, indicando que alguns fabricantes ainda utilizam o expediente de colocar simplesmente o óleo básico na embalagem ou diminuir a quantidade de aditivos para melhorar o seu preço final no mercado.
A maior preocupação da ANP é com o consumidor final que ainda não está devidamente orientado quanto à qualidade dos óleos lubrificantes que utiliza em seu carro, e acaba decidindo a compra pelo preço, ou então induzido por vendedores ou frentistas não especializados.
A utilização de óleos sem aditivos ou com aditivação incorreta irá colocar em risco o bom funcionamento do veículo, e aumentar a possibilidade de quebra do motor, ocasionando um custo bastante elevado para sua correção.
Além da qualidade, o número que também chamou bastante a atenção foi relativo à não conformidade quanto ao registro dos produtos, que vem subindo de forma significativa, nos períodos anteriores, atingindo a 15% das amostras, contra 13,1% no bimestre passado e 9% no anterior.
A Agência informa que as amostras foram coletadas em postos revendedores e pontos de venda (supermercados, lojas de autopeças, concessionárias de veículos e atacadistas), nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, EspíritoSanto, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
O procedimento de coleta seleciona amostras de forma a não repetir marcas comerciais, atingindo com isso, o maior número de marcas disponíveis no mercado.

2- José Maria Moreno é o novo CEO da Repsol Sinopec
Fonte: Redação TN Petróleo
A Repsol Sinopec anunciou que José Maria Moreno foi indicado para assumir o cargo de CEO da companhia. O executivo substituirá Graciano Rodriguez, que, de acordo com a empresa, "voltará à Espanha para desfrutar da sua aposentadoria".
José Maria Moreno é engenheiro de mineração e possui em seu currículo mais de 30 anos de experiência no setor petrolífero, especialmente em operações de exploração e produção de petróleo e gás, em países como Espanha, Egito, Líbia, Argélia, Bolívia e Argentina.
De acordo com o comunicado da Repsol, a "indicação será formalizada uma vez que todas as permissões necessárias sejam aprovadas".

3- Cenpes recebe visita da prefeita de Houston
Fonte: Redação TN Petróleo/ Agência Petrobras
O Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão, recebeu a visita da prefeita de Houston, Annise Parker. A comitiva da prefeita, que incluía representantes da indústria de petróleo e gás e de universidades do Texas, foi recebida pelo gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento em Abastecimento e Biocombustíveis, Alípio Ferreira.
Após conhecer os laboratórios de fluidos e de físico-química de rochas, além do Núcleo de Visualização Colaborativa, a prefeita destacou os avanços tecnológicos alcançados pela indústria de energia nas últimas décadas. “As ferramentas de que dispomos hoje são muito diferentes das que tínhamos 20 anos atrás. Isso tudo é muito sofisticado e impressionante”, disse.
Considerada pólo da indústria de petróleo e gás norte-americana, Houston é a sede, nos Estados Unidos, das principais empresas do setor, inclusive da Petrobras. Lá acontecerá, de 30 de abril a 05 de maio, a Offshore Technology Conference (OTC), um dos eventos mais importantes do mundo para desenvolvimento de recursos offshore nos campos de perfuração, exploração, produção e proteção ambiental.
A relação entre a companhia e a cidade texana também inclui cooperação tecnológica. “Nós precisamos estar em contato com o mundo, e não isolados. Temos trabalhos com universidades do Texas, como a Universidade Nacional, a Universidade do Texas e Universidade Rice”, listou Alípio Ferreira.
Presente nos Estados Unidos desde 1987, a Petrobras iniciou, em fevereiro desde ano, a produção no campo de Cascade com o primeiro FPSO (navio-plataforma flutuante de produção, com capacidade de estocagem e escoamento) a operar na porção norte-americana do Golfo do México. “A Petrobras está muito comprometida com a produção na região. Nós esperamos crescer e investir muito lá”, disse o gerente executivo da Petrobras para América, África e Eurásia, Fernando Cunha.
Para a prefeita de Houston, as perspectivas são de crescimento. “Considerando o trabalho que a Petrobras tem feito no mundo e a concentração de expertise em petróleo e gás e serviços em Houston, nós acreditamos que nossa relação vai continuar e deve crescer”, declarou.

4- Petrobras prevê importar 80 mil barris/dia de gasolina em 2012
Fonte: Valor Online
A Petrobras pretende importar 80 mil barris por dia de gasolina em média em 2012. O volume supera em cerca de 20 mil barris por dia o montante importado em 2011.
Segundo o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, nos dois primeiros meses de 2012, a importação de gasolina foi 34% superior a igual período de 2011. A importação de diesel, na mesma comparação, subiu 10%.
A petroleira prevê importar em média 150 mil barris por dia de diesel este ano. O volume é igual à quantidade de diesel importado em média no ano passado. Segundo o executivo, isso se deve ao aumento da produção interna de diesel nas refinarias brasileiras.

5- Sociedade no Estaleiro Atlântico Sul custará US$ 400 mi
Fonte: Agência Reuters
O novo sócio do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) terá que colocar US$ 400 milhões no projeto para arrematar 30% da companhia, disse uma fonte familiarizada com as negociações. O estaleiro precisa de um novo sócio que detenha a tecnologia de fabricação de sondas, uma vez que a coreana Samsung, que detinha 6% do EAS, saiu da sociedade recentemente.
A Samsung não chegou a transferir a expertise para os sócios e isso coloca em risco o programa de exploração de petróleo da Petrobras.
As construtoras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que hoje possuem 50% do estaleiro cada, estão em negociação com as japonesas Mitsui e Mitsubishi, com a polonesa Remontowa e também a norueguesa LMG, segundo a fonte, que pediu para não ser identificada.
A Petrobras contratou, via Sete Brasil, uma empresa intermediária, sete sondas para serem construídas no EAS. Cada uma custa entre US$ 600 e US$ 800 milhões.
Como a entrega das sondas dentro do prazo é essencial para que a Petrobras cumpra seu cronograma de exploração e produção de petróleo, a estatal chegou a negociar a ampliação da participação do Samsung para aproveitar o conhecimento tecnológico do grupo e acelerar projetos.
O objetivo agora é fechar uma participação maior no Atlântico Sul, onde a empresa estrangeira e os sócios brasileiros tenham divisão homogênea da sociedade, entre 30% e 40% cada.
As relações entre os sócios brasileiros e os coreanos vinham piorando desde 2011, quando o navio João Cândido apresentou uma série de problemas.
A embarcação foi entregue com mais de um ano de atraso à Transpetro, subsidiária da Petrobras, e as falhas do projeto levaram os sócios brasileiros a questionar a parceria tecnológica com os asiáticos.
A Camargo Corrêa, o Queiroz Galvão e o EAS não quiseram comentar o assunto


II – COMENTÁRIOS

1- Vontade política para a Rio +20
Estamos chegando à Rio +20, mega evento da ONU que discutirá a sustentabilidade futura humanidade e os mecanismos de governança global para este assunto. Quem vai estabelecer as regras e metas, quem vai punir os países que não as cumprirem serão temas presentes na grande reunião que acontecerá em junho próximo no Rio de Janeiro, 20 anos depois da Rio 92, que originou a chamada Agenda 21.
O Brasil rural terá vários troféus para exibir na Rio +20, mostrando sua sustentabilidade. A produtividade agrícola cresceu espetacularmente graças às nossas instituições de pesquisa e um dado notável é que, se tivéssemos hoje a mesma produtividade de grãos por hectare que tínhamos há 20 anos, seriam necessários mais 53 milhões de hectares (alem dos 52 milhões atualmente cultivados com grãos) para termos a produção deste ano. Em outras palavras preservamos 53 milhões de hectares!
O Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) lançado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é um exemplar modelo de produção sustentável, e sua recente desburocratização oferece aos produtores rurais do nosso país uma chance de liderar globalmente esta inovação.
A integração lavoura/pecuária/floresta é outro exemplo notável de contribuição que nossos pesquisadores, extensionistas e produtores rurais dão ao mundo, e pode mudar o paradigma da agropecuária tropical. Tanto ou mais ainda que o Plantio Direto na Palha, outra tecnologia da qual o Brasil já é hoje o segundo maior usuário, atrás apenas dos Estados Unidos.
A economia de defensivos, água e diesel obtida com os OGM, e a conseqüente redução da emissão de Gases de Efeito Estufa, o crescente rendimento da pecuária de corte, a redução do desmatamento, etc, são muitos dos nossos bons exemplos.
Tomara que o Código Florestal seja votado rapidamente na Câmara dos Deputados (com o equilíbrio do projeto de Aldo Rebelo) porque este será também um maravilhoso exemplo de moderno tratamento à questão ambiental.
Pena que tenhamos uma grande fraqueza, que seguramente nos será cobrada, no setor daagroenergia.
A lamentável falta de estratégia para este relevante segmento que ajuda a mitigar o aquecimento global com a forte redução da emissão de CO2 dos carros a álcool em relação à gasolina, nos levou a perder a liderança mundial no tema, e agora importamos álcool de milho dos Estados Unidos para garantir nosso abastecimento interno. Uma vergonha nacional. Que aconteceu?
Recentemente, Bob Dinneen, Presidente da Renewable Fuels Association, uma espécie de ÚNICA norte americana, deu as respostas a esta pergunta incômoda.
Segundo ele, apesar da crise financeira global, os EUA inovaram, são hoje líderes em fonte disponível de energia renovável, com os menores custos, estão reduzindo a poluição, revitalizando a economia rural do país e levando aquela Nação à independência energética.
As 209 usinas em operação em 27 estados americanos têm capacidade instalada para 56,5 bilhões de litros, e no ano passado produziram 52,7 bilhões, alem de 39 milhões de toneladas de ração protéica usada na alimentação animal como sub produto do álcool. Nós só produzimos 27,6 bilhões de litros.
Esta estrutura toda gerou lá cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos, com bons salários médios, e injetou no PIB americano 43 bilhões de dólares. Segundo Bob Dinneen, estudos da universidade de Iowa e Wisconsin mostram que o aumento de uso de etanol reduziu os preços da gasolina no atacado em U$ 0,89 por galão (ou 16%) de 2000 e 2010.
O Brasil foi o maior importador de álcool americano em 2011, com 1,1 bilhão de litros.
Não podemos passar este vexame em junho no Rio, pela simples razão de não termos estabelecido uma estratégia para um produto estratégico, porque é combustível.
Mas ainda dá tempo: faltam 3 meses, e os pontos para tal estratégia são conhecidos por todo mundo no governo: basta vontade política!
*Texto originalmente publicado na Folha de São Paulo, em 24/03/2012
Roberto Rodrigues,Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da FIESP e professor de Economia Rural da UNESP/Jaboticabal

2- China é parceiro do Brics com o qual o Brasil tem maior estabilidade
Fonte: Agência Brasil
A China figura como o parceiro comercial onde as exportações brasileiras tiveram maior estabilidade no Índice de Complementaridade Comercial (IC), entre 2000 e 2010, comparado às importações daquele país, no âmbito do Brics - bloco que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul.
De acordo com o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Flávio Lyrio Carneiro, coordenador do estudo divulgado na quarta-feira (28) no Boletim de Economia e Política Internacional, o Brasil tem possibilidade de equilibrar esse fluxo comercial com mais reciprocidade em muitas categorias de produtos.
A Índia foi, no período, o parceiro comercial cujas importações foram menos complementares às exportações brasileiras, seguida da Rússia e da África do Sul.
O IC do Brasil com a China subiu, no período analisado, de 9% para 17% na área de produtos primários; e de 28% para 32%, de manufaturados. O índice caiu de 24% para 14% em produtos de baixa tecnologia e de 34% para 31% em produtos de alta tecnologia.
Com a Rússia, a distribuição do total de produtos com IC subiu de 12% para 14% no período; caiu de 26% para 24% na área de manufaturados; de 24% para 18% na área de baixa tecnologia, subindo de 33% para 38% na área de alta tecnologia. Já o IC dos produtos primários subiu de 24% para 59%; dos manufaturados caiu de 74% para 40%; e o IC dos produtos de baixa e alta tecnologia ficou estável no período.
Entre o Brasil e a Índia, a distribuição do total de produtos com IC registrou queda de 10% para 9% nos produtos primários; de 34% para 31% nos manufaturados; e de 17% para 13% em produtos de baixa tecnologia. Já nos produtos de alta tecnologia, houve elevação do IC de 34% para 41%.
Com a China, houve clara tendência de expansão do IC nas categorias dos produtos primários e de manufaturas, em detrimento da indústria de baixa e média tecnologia, enquanto, na alta tecnologia, o índice manteve-se relativamente estável.
Para Flávio Carneiro, essa trajetória pode significar um reforço à tendência de ampliação da participação dos produtos primários e de manufaturas na pauta exportadora do Brasil. Na média tecnologia, há complementaridade em pouco menos de um terço dos produtos no comércio com a China.
Nas exportações brasileiras para a Índia, a categoria de média tecnologia assume posição de destaque ao chegar aos 40% em 2010. A contrapartida de IC da Índia na área de manufaturas apresentou ligeiro decréscimo, ao contrário do verificado com a China, não tendo havido acréscimo na parcela referente aos produtos primários. A redução na concentração dos produtos de baixa tecnologia foi comum a ambos, assim como a reciprocidade comercial na categoria de alta tecnologia.

3- Com Galp, China avança no pré-sal
Fonte: Valor Econômico
O fechamento da aquisição de 30% dos ativos da portuguesa Galp Energia no Brasil pela China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec), eleva para US$ 15,37 bilhões os investimentos de estatais chinesas na exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. Também consolida a entrada da China no pré-sal da bacia de Santos, sem que nenhuma das estatais desse país tenha participado diretamente de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A Sinopec pagou US$ 4,8 bilhões por todos os blocos em fase de exploração e produção da Galp reunidos na Petrogal Brasil, incluindo a fatia de 10% que a portuguesa detinha em Lula (antigo Tupi) e Cernambi (antigo Iracema), algumas das descobertas mais emblemáticas do pré-sal da bacia de Santos. A controlada da Galp tem participação acionária em 20 blocos no Brasil, a maioria em sociedade com a Petrobras. No pré-sal a agora luso-chinesa também tem 14% de Bem-Te-Vi (no bloco BM-S-8), 20% de Caramba (BM-S-21) e 20% de Júpiter (BM-S-24), todos no pré-sal de Santos.
Na operação, a Sinopec também emprestou US$ 360 milhões para pagamento de dívidas da Petrogal Brasil com a Galp.
Essa foi a segunda maior aquisição da Sinopec no país. Em 2010, a companhia comprou, por US$ 7,1 bilhões, uma fatia de 40% em uma empresa que também reunia os ativos de exploração e produção da espanhola Repsol no país. Criaram assim a RepsolSinopec Brasil, empresa de US$ 18 bilhões. Ao adquirir a fatia dos espanhóis, os chineses tiveram acesso a Carioca e Guará, outros gigantes do pré-sal.
No mesmo ano, outra chinesa com apetite pelo país, a Sinochem, se tornou sócia da norueguesa Statoil no campo de Peregrino, na bacia de Campos, pagando US$ 3,07 bilhões.
No comunicado divulgado na quarta-feira, a Galp Energia informou que o conselho de administração da nova empresa terá sete membros, sendo cinco deles indicados pelos portugueses, refletindo sua posição de controle. "Este aumento de capital dota a empresa do fôlego financeiro necessário para suportar as atividades de exploração e desenvolvimento no Brasil dando-lhe, em simultâneo, flexibilidade adicional para desenvolver outros projetos de upstream [exploração e produção], tanto dentro do seu atual portfólio como em oportunidades futuras que venham a surgir, no Brasil ou noutras geografias", informou a nota da Galp.
A investida da China no Brasil tem características diferenciadas dos investimentos comuns no setor. As petroleiras tradicionais entram com tecnologia, investimentos e, quando possível, querem se tornar operadoras das áreas, o que permite decidir sobre projetos de engenharia, por exemplo, e administrar as compras de equipamentos.
Já as chinesas, tradicionalmente, colocam recursos em dinheiro para garantir investimentos. No caso do Brasil, já tinha ficado claro que os aportes bilionários programados pela Petrobras no pré-sal tinham se tornado um desafio, para dizer o mínimo, para suas sócias.
Mas no caso chinês, o mais importante para as estatais é garantir o suprimento de energia para seu país, um consumidor voraz de recursos energéticos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário