segunda-feira, 6 de agosto de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 94

I – NOTÍCIAS

1- Consolidação da indústria naval fluminense é discutida no evento
Fonte: Redação Portal Naval
A consolidação do Estado do Rio de Janeiro na indústria naval foi apresentada durante a Navalshore, no Centro de Convenções SulAmérica. O diretor de Política Industrial e Novos Negócios da Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin), Alexandre Gurgel, participou da abertura oficial do evento. Gurgel mostrou que o Rio é reconhecido como berço da indústria naval brasileira, já que concentra a maior parte das atividades desse setor ao longo da história.
A proximidade com a Bacia de Campos, a existência da mão de obra especializada e a formação da cadeia produtiva do setor consolidaram essa posição do Estado. 
- O Rio de Janeiro responde hoje por 60% do processamento de aço do Brasil, detém 62% da mão de obra nacional do setor e concentra 22 dos 25 estaleiros mais importantes do país – explicou Gurgel.
O diretor falou ainda sobre a análise em andamento para instalação do condomínio industrial no entorno da Baía de Guanabara, para criação do polo de navipeças, que vai incentivar a atração de empresas fornecedoras de equipamentos para estaleiros. Além disso, também abordou o interesse do Rio na busca por estaleiros de reparo.
- As empresas precisam cada vez mais buscar conteúdo local e o Estado do Rio é grande candidato a oferecer soluções para reparo naval – afirmou o diretor da Codin.
Durante o evento, Gurgel entregou ao coordenador do grupo de dragagem do Sinaval, Jorge Faria, a carta enviada pelo governador Sérgio Cabral ao ministro dos Portos, Leônidas Cristino, solicitando a dragagem da parte Leste da Baía de Guanabara. O documento tem como objetivo ampliar o potencial dessa região, já que pelo menos 15 dos 22 estaleiros instalados no Rio de Janeiro estão situados ao longo da Baía.

2- Petrobras anuncia descoberta de petróleo em águas profundas da Bacia do Ceará
Fonte:  Redação TN Petróleo
A Petrobras comunicou a descoberta de petróleo em águas profundas da Bacia do Ceará. De acordo com a estatal, foi constatado indícios de hidrocarbonetos durante a perfuração do poço 1-BRSA-1080-CES (1-CES-158). Conhecido informalmente como Pecém, o poço está localizado a cerca de 76 km do município de Paracuru, na costa do estado do Ceará, em profundidade de água de 2.129m. A profundidade atual do poço é de 4.410m e a perfuração prosseguirá até 5.500m.
As amostras de fluido obtidas indicaram a presença de hidrocarbonetos líquidos, que serão caracterizados por análise de laboratório.
A Petrobras é operadora da concessão BM-CE-2, com 60% de participação, em consórcio com a empresa BP Energy do Brasil Ltda, que detém 40%. O Consórcio dará continuidade às operações para concluir o projeto de perfuração do poço até a profundidade prevista, verificar a extensão da nova descoberta e caracterizar as condições dos reservatórios encontrados

3- Combustíveis: alta "explosiva" na importação de gasolina 
Há um nó na política de combustíveis. No primeiro semestre, aumentou muito a importação de gasolina. Hoje, o Estadão publicou que até maio cresceu 315%; no ano passado tinha aumentado 322%; esse é o ritmo, houve um aumento "explosivo" da importação do combustível. O governo fez várias opções erradas.
Além do mais, a estrutura logística não aguenta, não tem onde mais estocar o produto, por exemplo. Importa-se por um preço, mas entrega-se na distribuidora por um preço menor.
O governo tem reduzido o imposto sobre a gasolina e o diesel - zerou a Cide recentemente, deixando de arrecadar R$ 400 milhões por mês para incentivar o consumo de gasolina, aumentando o desequilíbrio entre ela e o etanol. Vale lembrar que a redução da Cide foi anunciada no último dia da Rio+20.
Parte da crise do setor do etanol está relacionada à situação das empresas que, muito endividadas, quebraram. Também falta horizonte de investimento, por causa dessa política que incentiva o consumo do combustível fóssil. O etanol emite menos gases de efeito estufa.
A tendência mundial é colocar imposto sobre o carbono. Ainda não se sabe como fazer a transição para uma economia de baixo carbono. O governo deve usar vários incentivos, como favorecer o produto que emite menos gases de efeito estufa; punir com imposto o combustível que emite mais, para se caminhar na direção de redução das emissões.
Hoje, o setor de etanol tem queda de produção por vários motivos. Falta investimento, como sabemos. O setor se pergunta se o governo vai regular de forma que ele consiga competir. Quando faz renúncia fiscal à indústria automotiva, por exemplo, o governo não pede aumento da eficiência dos motores com etanol.
Há vários caminhos. O que não pode é deixar tudo como está; o aumento descontrolado do consumo de gasolina importada é insensato.
*Artigo originalmente publicado no Blog Miriam Leitão no Portal O Globo, em 30/07/12. 
Miriam Leião
Jornalista, atua na área do jornalismo econômico e de negócios 

4- CEF  apresenta soluções financeiras e Melhor Crédito  na Navalshore 2012
Fonte: Portos e Navios
A Caixa Econômica Federal participou  da Navalshore – Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, que reúniu os principais fornecedores de produtos e serviços para segmentos do setor. O evento, no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro (RJ),  apresentou as últimas novidades em produtos e serviços para construção e reparo naval, equipamentos e suprimentos para estaleiros, além de soluções para o setor de petróleo e gás, e palestras com especialistas no tema.
Considerando todo o mercado potencial da Navalshore, a CAIXA apresentou, em seu estande, às empresas do setor, da cadeia produtiva e empregados vinculados, soluções financeiras como capital de giro, antecipação de recebíveis, financiamento a investimentos e operações de mercado de capitais, dentre outros benefícios, como crédito pessoal e imobiliário voltados às pessoas físicas. Para atender a este segmento, foram criadas e treinadas equipes de especialistas em análise de projeto, análise de engenharia e crédito, além de toda a rede de atendimento da CAIXA estar preparada para atender às demandas do setor.
Para 2012, a CAIXA planeja dobrar os financiamentos à indústria do petróleo em geral. Em 2011, as operações de crédito, feitas pelo banco ao setor de óleo e gás, somaram R$ 10 bilhões. Neste ano, apenas os projetos em análise, da indústria naval, já chegam a R$ 15 bilhões. O principal produto da CAIXA, no portal Progredir, é a Antecipação de Recebíveis Petrobras, que permite às empresas a mobilização de seus contratos, fazendo frente às despesas iniciais para cumprimento das obrigações assumidas. O crédito é, em média, 40% mais barato que em linhas convencionais.


II – COMENTÁRIOS

1- Indústria naval brasileira terá 100 mil vagas de trabalho em 2016
Fonte: Redação Portal Naval
Banco de Imagens Woodgroup 
Índice revelado no primeiro dia do evento poderá ser quatro vezes maior se a projeção incluir as oportunidades geradas nos setores subsidiários de equipamentos e serviços A consolidação e crescimento da indústria naval provocarão grande impacto na geração de vagas de trabalho no País. Segundo dados da Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), divulgados ontem (1) durante o primeiro dia da Navalshore 2012, o segmento terá, em 2016, 100 mil oportunidades de emprego, número de que pode até quadruplicar se a projeção incluir os postos gerados nos setores subsidiários de equipamentos e serviços. "Para cada trabalhador empregado por um estaleiro, há três ou quatro que são contratados por empresas que estão no elo da cadeia", explicou Sergio Luiz Camacho Leal, secretário-executivo do sindicato. 
Atualmente há 62 mil trabalhadores atuando diretamente em estaleiros nacionais. Outro índice que merece destaque, segundo Leal, e o número de postos gerados pela indústria naval náutica mais voltada ao lazer: 30 mil. A divulgação destes dados positivos para o segmento foi um dos destaques do primeiro dia da feira promovida pela UBM Brasil que reúne até sexta (3/8), no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro, 350 expositores nacionais e internacionais de 17 delegações estrangeiras. O evento é um dos maiores encontros do setor naval e offshore da América Latina e deve reunir 15 mil pessoas ao longo dos três dias, em um ambiente de oportunidades de negócios e networking para profissionais vindos de mais de 40 países.
O impulso na geração de empregos é reflexo da retomada da indústria naval. Há no País 26 estaleiros em operação e 11 em implantação, além de 385 obras em andamento no segmento. Atualmente há 570 mil toneladas de aço sendo processadas nestas unidades em funcionamento, número que chegará a 1,2 milhão em 2016, quando os 37 complexos estarão em operação integral. Além disso, serão necessários 287 barcos especiais e de apoio para atender o plano de negócios da Petrobras. Tudo isso soma um montante de R$ 180 bilhões em investimentos no setor até 2020. 
Para Milena Barcelos Soares, assistente de Marketing dos estaleiros Mauá, Eisa e Eisa-Alagoas, este cenário positivo está refletindo diretamente na Navalshore. "Este primeiro dia de feira surpreendeu pela quantidade de executivos com poder de decisão com quem estivemos reunidos em encontros de negócios", destacou. 
Consolidação - Presente na cerimônia de abertura, Tiago Lima, diretor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), acrescentou outro fator com influência decisiva: o crescimento exponencial da atividade portuária no Brasil. "No ano passado nossos portos movimentaram 900 milhões de toneladas, um crescimento de 8% em relação a 2010. É importante destacar que 95% do comércio exterior do País passam pelos portos", ressaltou. Ele afirmou que agência continua agindo para fortalecer a indústria naval e citou como exemplo o programa de utilização temporário de portos ociosos no Norte e Nordeste para empresas que queiram instalar estaleiros para construção de plataformas offshore. 
Agenor Junqueira Leite, diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, proferiu uma das palestras mais concorridas deste primeiro dia de Navalshore e reafirmou a importância da indústria naval para o desenvolvimento da exploração de petróleo e gás no País. "Estamos felizes de sermos, mais uma vez, patrocinadores da feira. Somos o maior armador da América Latina com 48 navios em operação. Temos 49 embarcações encomendadas e este evento é fundamental para reunir toda a cadeia produtiva do setor e fortalecer o conteúdo nacional, vital para o desenvolvimento da indústria brasileira", frisou. 
Para Gustavo Henrique Araruna Campos, analista de Comércio Exterior da Coordenação-geral das Indústrias de Transporte Aéreo, Aeroespacial e Naval do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Governo Federal está empenhado em consolidar o segmento. "O nosso grande desafio e meta agora são migrar o perfil de indústria montadora para encadeadora, ampliando e fortalecimento todas as empresas envolvidas no setor", explicou

2- Graça Foster apresenta PN 2012-2016 para empresários
A presidente da Petrobras, Graça Foster, apresentou para uma platéia de empresários e executivos, o Plano de Negócios e Gestão da Companhia para o período 2012-2016, durante almoço-palestra no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). Na ocasião ela reafirmou que a prioridade para os investimentos será a garantia do alcance das metas de produção de petróleo e gás, destacando a importância das refinarias em construção pela Petrobras e da Unidade de Fertilizantes III, em Três Lagoas (MS).
“Precisamos fazer uma gestão muito forte para atingirmos nossa meta de produção, pois sabemos que podem ocorrer variações nos dois sentidos, para mais ou para menos", afirmou Graça Foster. Segundo a presidente, o potencial de produção no pré-sal está se mostrando maior do que o inicialmente planejado.
Destacando, entre outros pontos, a disciplina de capital, Foster lembrou que a Petrobras receberá 24 sondas até 2016, sendo 14 delas ainda este ano. Sobre conteúdo local, afirmou não ser “um dogma” para a companhia. “Conteúdo Nacional é uma decisão gerencial que viabiliza ganhos operacionais”, declarou.
De acordo com Graça, a essência do plano é a mesma do anterior, e, por isso, todos os projetos foram mantidos. Ressaltou, ainda, que as novas refinarias são imprescindíveis para a Petrobras, reafirmando que os primeiros trens da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, deverão entrar em funcionamento em novembro de 2014, o Trem 1 do Complexo Petroquimico do Rio de Janeiro deverá começar a funcionar em abril de 2015, e os primeiros trens das refinarias Premiuns I e II, no Maranhão e Ceará, partirão, respectivamente em 2017 e 2018.
“Precisamos melhorar nossa capacidade de refino para não ficarmos tão expostos aos preços internacionais”, disse, declarando que a estatal tem uma história de aprendizado com a construção da Abreu e Lima, já que desde 1980 não construia uma refinaria.
A última refinaria construida pela Petrobras foi a Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP). Segundo a presidente da Petrobras, há espaço para novas refinarias por conta da grande demanda por derivados no mercado nacional.
Lições Aprendidas
"Na Petrobras sempre seguimos o principio de que as lições devem servir para nos ensinar", frisou a executiva. "Com a Rnest (Refinaria Abreu e Lima) foi assim. A Renest nos ensinou muitíssimo. Lições aprendidas devem ser escritas, lidas e jamais esquecidas. Isso vale para todos os projetos do Sistema Petrobras", completou.
A presidente da Petrobras fez questão também de destacar a importância da nova planta de fertilizantes - Unidade de Fertilizantes III - em Três Lagoas (MS), que deverá entrar em operação em dezembro de 2014. "Há necessidade de substituição de importações de uréia (o país importa 66% do que consome) e amônia (cuja importação é de 70% da demanda). Temos um grande mercado no Brasil, mesmo considerando a entrada em operação da Unidade”, afirmou.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, apresentou, na quarta-feira (1º), para uma platéia de empresários e executivos, o Plano de Negócios e Gestão da Companhia para o período 2012-2016, durante almoço-palestra no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). Na ocasião ela reafirmou que a prioridade para os investimentos será a garantia do alcance das metas de produção de petróleo e gás, destacando a importância das refinarias em construção pela Petrobras e da Unidade de Fertilizantes III, em Três Lagoas (MS).
“Precisamos fazer uma gestão muito forte para atingirmos nossa meta de produção, pois sabemos que podem ocorrer variações nos dois sentidos, para mais ou para menos", afirmou Graça Foster. Segundo a presidente, o potencial de produção no pré-sal está se mostrando maior do que o inicialmente planejado.
Destacando, entre outros pontos, a disciplina de capital, Foster lembrou que a Petrobras receberá 24 sondas até 2016, sendo 14 delas ainda este ano. Sobre conteúdo local, afirmou não ser “um dogma” para a companhia. “Conteúdo Nacional é uma decisão gerencial que viabiliza ganhos operacionais”, declarou.
De acordo com Graça, a essência do plano é a mesma do anterior, e, por isso, todos os projetos foram mantidos. Ressaltou, ainda, que as novas refinarias são imprescindíveis para a Petrobras, reafirmando que os primeiros trens da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, deverão entrar em funcionamento em novembro de 2014, o Trem 1 do Complexo Petroquimico do Rio de Janeiro deverá começar a funcionar em abril de 2015, e os primeiros trens das refinarias Premiuns I e II, no Maranhão e Ceará, partirão, respectivamente em 2017 e 2018.
“Precisamos melhorar nossa capacidade de refino para não ficarmos tão expostos aos preços internacionais”, disse, declarando que a estatal tem uma história de aprendizado com a construção da Abreu e Lima, já que desde 1980 não construia uma refinaria.
A última refinaria construida pela Petrobras foi a Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP). Segundo a presidente da Petrobras, há espaço para novas refinarias por conta da grande demanda por derivados no mercado nacional.
Lições Aprendidas
"Na Petrobras sempre seguimos o principio de que as lições devem servir para nos ensinar", frisou a executiva. "Com a Rnest (Refinaria Abreu e Lima) foi assim. A Renest nos ensinou muitíssimo. Lições aprendidas devem ser escritas, lidas e jamais esquecidas. Isso vale para todos os projetos do Sistema Petrobras", completou.
A presidente da Petrobras fez questão também de destacar a importância da nova planta de fertilizantes - Unidade de Fertilizantes III - em Três Lagoas (MS), que deverá entrar em operação em dezembro de 2014. "Há necessidade de substituição de importações de uréia (o país importa 66% do que consome) e amônia (cuja importação é de 70% da demanda). Temos um grande mercado no Brasil, mesmo considerando a entrada em operação da Unidade”, afirmou.
Fonte: Agência Petrobras

3- Labirinto do etanol 
Roberto Rodrigues foi, inquestionavelmente, o maior ministro da Agricultura da República Brasileira e, ainda, é uma referência do agronegócio nacional. Filho do ex-vice-governador Antoninho Rodrigues, ele nasceu em Cordeirópolis, no interior paulista, e, prestes a completar 70 anos, ironiza a sua aposentadoria compulsória da Universidade Estadual Paulista (Unesp), na região de Jaboticabal, onde preleciona na cadeira de cooperativismo: "Isso não é aposentadoria compulsória, mas sim expulsória". 
Nos dias atuais, coordena o Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo e, recentemente, foi designado embaixador brasileiro junto à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Abastecimento (FAO). Engenheiro agrônomo pela conceituada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) de Piracicaba, possui um vastíssimo currículo e larga folha de dedicação e atividades voltadas à atividade econômica mais relevante da nação, o agronegócio. 
Na condição de ministro da Agricultura (2003/2006), encetou a reorganização da Pasta, implantando os alicerces de uma agricultura moderna e eficiente, com ênfase à energia da biomassa, notadamente da cana-de-açúcar. 
Em face das dificuldades encontradas com o setor econômico e financeiro do governo de Lula e sem condições de solucionar os desafios do agronegócio, resolveu deixar o ministério, estruturando, em seguida, o Conselho Superior do Agronegócio (Deagro) do sistema Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 
Nas entidades das indústrias paulistas lançou o "SouAgro", movimento exitoso, visando a estruturar a comunicação planejada sobre a relevância e força do agronegócio. 
A ausência de Roberto Rodrigues do governo é sentida pela defesa intransigente mantida dos produtores rurais, mesmo que recebendo acerbas críticas, diante das posições assumidas em relação ao Código Florestal. 
Na sua gestão ministerial, Roberto Rodrigues procurou, exaustivamente, esclarecer que uma das mais relevantes descobertas brasileiras no setor energético: o etanol extraído da cana-de-açúcar poderia fracassar e isto aconteceria no bojo da Conferência da Rio+20 por falta de adequadas políticas governamentais. 
Ao contrário do que sucedera na Conferência do Rio 92 (Eco 92), chefes de Estado e de Governo, inclusive grandes produtores de petróleo, circulavam em carros movidos a gasolina, comprovadamente mais poluentes do que os veículos a etanol, quando o evento (Rio + 20) bradava a imperiosidade de implantação do desenvolvimento sustentável entre as nações. É contraditório. 
Atualmente, quem comprou um carro flex, veículo resultante do desenvolvimento da tecnologia brasileira, verifica que o abastecimento com o etanol não é mais compensatório. A gasolina, extraída do petróleo importado ou nacional, é a melhor escolha dos usuários nas bombas dos distribuidores. 
Com efeito, há uma enorme contradição. Enquanto se promovem infindáveis reuniões governamentais nas academias e universidades, a fim da promoção universal das energias ecológicas, mais limpas e renováveis, o governo brasileiro anda na contramão. 
Cada vez mais, torna-se inviável encontrar a saída do labirinto do etanol brasileiro, que tem de competir com o preço da gasolina congelado pelo governo, para manter a inflação dentro das metas fazendárias e com o preço remunerador do açúcar no mercado internacional. Não bastasse a defasagem do preço da gasolina, os preços dos derivados brasileiros encontram-se desalinhados com os valores internacionais. 
O Brasil já importou nos últimos 12 meses perto de 4 bilhões de litros de gasolina, o que ocasionou um prejuízo estimado à nossa principal estatal (Petrobrás) de perto de US$ 650 milhões. Os trabalhos mais recentes da Universidade Estadual Paulista evidenciam, ademais, que os canaviais paulistas estão mais velhos e menos produtivos, necessitando a sua renovação. Daí, a falta de matéria prima, a ser esmagada nas moendas. 
Conforme os especialistas, haverá a necessidade de construção no próximo decênio de mais 120 indústrias sucroalcooleiras, no sentido do atendimento da demanda do açúcar, para o mercado interno e do exterior, bem como do etanol anidro, para a mistura (25%) à gasolina ou hidratado nos carros flex, cujas vendas continuam aquecidas. 
O Brasil necessita passar dos atuais 555 milhões de toneladas de cana processados para 1,2 bilhão, em 2020, com o propósito de produzir 51 milhões de toneladas de açúcar, 69 bilhões de litros de etanol e 14 milhões médios de eletricidade, o equivalente a Itaipu. 
Após três décadas de criação do Proálcool, não temos etanol sequer para o uso interno e, vergonhosamente, passamos às importações mais caras do etanol de milho dos Estados Unidos, gerando empregos na grande Nação. Existem, ainda, os nossos cientistas que preconizam que a melhor solução constituirá no futuro fabrico do etanol celulósico, extraído do bagaço da cana, o que já acontece em planta piloto. 
Como preconizava, acertadamente, Roberto Rodrigues, o planejamento agrícola e industrial necessita ser realizado, com a antecedência devida, a fim de que as demandas sejam atendidas, com a implantação de um modelo econômico mais sustentável no Brasil nas áreas do etanol, açúcar e bioeletricidade. É o que esperamos. 
*Artigo originalmente publicado no DCI -Diário, Comércio, Indústria e Serviços , em 02/08/12. 
Luiz Gonzaga Bertelli
Vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, conselheiro e diretor da Fiesp-Ciesp e presidente da Academia Paulista de História (APH)

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