quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 68

I – NOTICIAS

1- Aneel autoriza operação do parque eólico Aratuá I, da Bionergy
Fonte: Redação TN Petróleo
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acaba de autorizar a operação do primeiro parque eólico totalmente desenvolvido pela iniciativa privada no Brasil. O parque de Aratuá I, no Rio Grande do Norte, conta com nove aerogeradores da GE, os primeiros a serem instalados no país, capazes de gerar 14,4 MW, com investimentos de R$ 60 milhões.
A nova operação eólica será oficialmente inaugurada em março deste ano, junto com o parque de Miassaba 2, também da Bioenergy, já em funcionamento como a primeira usina eólica no Ambiente de Comercialização Livre (ACL). “Antecipamos a entrada em operação de Aratuá 1 em cinco meses”, explica Sérgio Marques, presidente da Bioenergy.
Marques é um dos pioneiros em energia eólica no Brasil. Começou como executivo da ABB Energy Ventures, para depois arrematar a operação da multinacional em 2002 e fundar a Bioenergy. Os projetos da Bioenergy vão além do Rio Grande do Norte. “Temos, também, 50 projetos previstos no Maranhão”, complementa. “Estamos bastante otimistas com o avanço da energia verde no Brasil”, conclui.
A Bionergy, fundada em 2002, foi uma das pioneiras no Brasil em energia eólica. Conta, atualmente, com um portólio de 2,2 mil MW em projetos eólicos e 300 MW em energia solar. Atualmente, é a quinta maior empresa vencedora de leilões de energia no Brasil dentro de seu segmento de atuação.

2- OGX confirma reservatório no pré-sal em águas rasas na Bacia de Santos
Fonte: Redação TN Petróleo
A OGX confirmou a existência de reservatórios microbiais no pré-sal com hidrocarbonetos em águas rasas da Bacia de Santos. O anuncio divulgado hoje (1º) pela empresa, afirma que o poço pioneiro 1-OGX-63-SPS, no bloco BM-S-57, identificou hidrocarbonetos em reservatórios na seção aptiana, além de reservatórios com hidrocarbonetos na seção albiana. A OGX detém 100% de participação no bloco.
“A confirmação destes reservatórios do pré-sal em águas rasas da bacia de Santos representa um marco para a indústria e reforça o enorme potencial das bacias sedimentares brasileiras”, comentou Eike Batista, presidente do Conselho de Administração e diretor presidente da OGX. “Essa nova descoberta demonstra a capacidade de nossa equipe de testar novas idéias, desbravar novas áreas e criar perspectivas relevantes para o potencial desta bacia”, adicionou Paulo Mendonça, diretor geral e de Exploração da empresa.
Conforme anunciado em 16 de janeiro de 2012, o poço OGX-63 identificou uma coluna com hidrocarbonetos de cerca de 1.000 metros e net pay de aproximadamente 110 metros em reservatórios albianos e atingiu reservatórios aptianos, até a ocorrência de um "kick", com hidrocarbonetos, indicando a presença de reservatórios com boas condições de permo-porosidade e alta pressão.
Na sequência das operações, o referido "kick" foi controlado e a análise dos fragmentos de rocha permitiu a constatação de reservatório microbial de idade aptiana, ou seja, o mesmo tipo de rocha-reservatório encontrada no pré-sal de águas profundas e ultra-profundas das bacias de Santos e Campos. O poço foi perfurado até a profundidade de 6.135 metros, tendo sido constatada uma coluna em torno de 150 metros na seção aptiana até o momento.
Em virtude das altas pressões encontradas, a perfuração foi temporariamente interrompida para substituir a sonda Ocean Quest pela Ocean Star, da atual frota da OGX, que possui configuração apropriada para a continuidade das operações, que deverá incluir perfilagem e possivelmente a realização de pelo menos um teste de formação.
Por ora, a companhia mantém suas estimativas de volume de 1,8 bilhão de boe para a bacia de Santos. No entanto, serão conduzidos testes complementares, com perfuração de poços de delimitação, para avaliar os volumes existentes na área, o que pode superar as atuais estimativas.
O poço OGX-63, denominado Fortaleza, está localizado no bloco BM-S-57, situa-se a 102 km da costa do estado do Rio de Janeiro, em lâmina d'água de aproximadamente 155 metros.

3- Petrobras lança US$7 bi em bônus no exterior
Fonte: Agência Estado
A Petrobras lançou um total de US$ 7 bilhões em bônus no exterior, acima da expectativa inicial de US$ 6 bilhões. As informações são do IFR, um serviço da Thomson Reuters.
A demanda pelos papéis estava em cerca de US$ 25 bilhões, segundo o IFR.
A estatal lançou US$ 1,25 bilhão em bônus de três anos, US$ 1,75 bilhão em papéis de cinco anos, US$ 2,75 bilhões na reabertura de seus títulos com vencimento em 2021 e US$ 1,25 bilhão na reabertura de bônus 2041, segundo o IFR.
No final da terça-feira (31), a agência de classificação de risco Fitch atribuiu nota "BBB" à planejada emissão de bônus no exterior pela Petrobras.
Os bônus da tranche de três anos foram lançados com um spread de 275 pontos-básicos sobre os Treasuries comparáveis e os de cinco anos com 290 pontos-básicos.
Os títulos 2021 e 2041 embutem um prêmio de 295 pontos-básicos sobre os Treasuries, segundo o IFR.
A operação, a ser precificada ainda nesta quarta-feira, está sendo coordenada por Santander, Morgan Stanley, JPMorgan, Itaú, Citi e Banco do Brasil.
Os recursos levantados pela Petrobras com a emissão deverão ser utilizados para cobrir despesas corporativas e de investimentos.

4- Após adiamentos, OGX, anuncia produção de petróleo
A OGX, do Grupo EBX, anunciou que iniciou a produção de petróleo durante o Teste de Longa Duração (TLD) em Waimea, na Bacia de Campos. O início da operação da empresa estava previsto para acontecer no ano passado, mas adversidades climáticas dificultaram a preparação da plataforma.
O poço OGX-26HP foi aberto para produção nesta terça-feira, por volta das 18h30, após dois anos da descoberta da acumulação. A produção é a primeira da companhia e marca o início das vendas de óleo, com duas cargas para a Shell, que totalizam 1,2 milhão de barris. A empresa também informou que nos próximos dias espera estabilizar a produção para 15 mil barris por dia.
A OGX comunicou ainda que após a acumulação de Waimea, a próxima a ter produção de óleo é Waikiki, em 2013.
Fonte: Portal Terra

5- HRT inicia perfuração de poço na bacia do Solimões
A Empresa HRT deu início, em 29 de janeiro, à perfuração do poço 4-HRT-7D-AM, no prospecto Igarapé Maria, Bloco SOL-T-194, no município de Coari (AM), localizado na bacia do Solimões.
"A locação visa testar uma posição estrutural mais elevada em relação ao poço 1-HRT-4-AM, descobridor de gás e condensado, através de um poço direcional", diz a nota divulgada pela empresa.
O poço está sendo perfurado pela sonda Tuscany-116, com previsão de atingir a profundidade final em torno de 3.150 metros com afastamento horizontal de 1.200 metros, em relação ao poço 1-HRT-4-AM. Os objetivos principais desta perfuração são os reservatórios da Formação Juruá.
Fonte: Valor Econômico

6- Maersk demonstra interesse nos ativos da Anadarko no Brasil
O mercado do petróleo tem sido agitado nas últimas semanas por rumores de que três grandes companhias petroleiras europeias preparam-se para comprar os ativos da americana Anadarko Petroleum no Brasil, num negocio estimado em mais de US$ 3 bilhões.
Jakob Thomasen, presidente da dinamarquesa Maersk Oil, uma das três companhias que estariam interessadas, evitou em entrevista ao Valor, em Davos, confirmar o negócio alegando que não comenta "rumores".
Mas o executivo imediatamente explicitou dois pontos: primeiro, Maersk Oil quer se expandir no Brasil e não exclui aquisições. E segundo, "gosta" dos ativos que a americana Anadarko quer vender no pré-sal. "Os ativos que a Anadarko está vendendo são bons, estão próximos de alguns dos nossos blocos, e gostamos daqueles blocos", afirmou o executivo.
As informações publicadas na Europa são de que a Maersk, a francesa Total e a norueguesa Statoil fariam juntos uma oferta para aquisição de blocos da Anadarko até amanhã. A companhia americana contratou em setembro o Citigroup, Morgan Stanley e Scotia Waterous para coordenar a venda de seus blocos.
A Maersk tem seis blocos na bacia de Campos. A expectativa é de explorar mais onze poços este ano. Os investimentos previstos para o Brasil ficam por volta de US$ 200 milhoes em 2012 - sem eventual negocio envolvendo a Anadarko.
Como outras empresas, a dinamarquesa constata que o mercado aquecido no Brasil aumentou o custo de investimentos. Outra preocupação é com a exigência de conteúdo local nos equipamentos para exploração, inclusive, para o pré-sal.
"A ideia do conteúdo local é interessante, mas acho que todas as companhias no Brasil vão enfrentar o desafio de como executar os projetos", afirmou, em referência as dificuldades dos fornecedores na entrega de equipamentos necessários a exploração de petróleo.
Além do Brasil, a Maersk Oil produz petróleo e gás na Dinamarca, Noruega, Catar, Angola, Grã-Bretanha, Golfo do México e Cazaquistão. "O que fazemos é projeto robusto comercialmente, sem estar focados na volatilidade do preço do petróleo", afirmou Thomasen.
Fonte: Valor Econômico


II – COMENTÁRIOS

1- Exportações do agro a caminho dos US$ 100 bilhões
Os números finais de 2011 do agro brasileiro surpreenderam as mais otimistas projeções. As exportações cresceram 24% em relação a 2010, chegando a US$ 94,59 bilhões.
Os puxadores de dólares foram as seguintes cadeias: soja (US$ 24 bilhões), cana (US$ 16,35 bi), carnes (US$ 15,25 bi) café (US$ 8,7 bi), madeira (US$ 8,7 bi), fumo (US$ 2,9 bi), milho (US$ 2,7 bi), laranja (US$ 2,5 bi), couros (US$ 2,1 bi), algodão (US$1,95 bi) e arroz (US$ 0,6 bi), entre outras.
As exportações para os países emergentes foram as que mais cresceram, sendo 33% a mais para a Ásia, 43% para a África e 55% para a Oceania.
Somente a China rendeu em exportações do agro brasileiro a incrível soma de US$ 16,51 bilhões. Pode chegar a US$ 20 bilhões em 2012.
As importações do agro foram de US$ 17,08 bilhões. Chamam a atenção alguns números: US$ 2,1 bilhões em madeira e papel, US$ 2 bi em trigo, US$ 1,25 bi em tecidos e vestuário de algodão, US$ 1,1 bi em borracha natural e US$ 1 bi em diversos óleos US$ 700 milhões em frutas, US$
605 milhões em leites e laticínios, US$ 600 milhões em aveia, centeio e cevada.
Seguem como vilões os US$ 630 milhões em couros e calçados, US$ 600 milhões em peixes, US$ 400 milhões em hortícolas, US$ 300 milhões em vinhos, US$ 300 milhões em carnes US$ 260 milhões importados em cacau e chocolates, US$ 250 milhões de arroz, US$ 40 milhões em café torrado.
Uma triste novidade foram as importações de quase US$ 450 milhões de etanol, fruto dos equívocos sucessivos de políticas públicas para o setor de cana, isto sem somar as importações de gasolina feitas para suprir a lacuna de etanol.
Em todos estes produtos cabe analisar se parte destas importações podem ser competitivamente substituídas por produção nacional e quais políticas seriam necessárias.
Mas a balança brasileira fechou 2011 com superávit de US$ 29,8 bilhões, e o agronegócio com US$ 77,51 bilhões.
Se o Brasil perdesse o seu negócio agro a balança viria de um saldo de US$ 29,8 bilhões para um déficit de quase US$ 48 bilhões, complicando a economia brasileira.
É plenamente factível crescer 6% para se atingir US$ 100 bilhões em 2012. As projeções mais recentes do Banco Mundial indicam para 2012 um crescimento médio de 2,5%, sendo 5,4% nos países emergentes e 1,4% para os países de alta renda. O comércio mundial crescerá quase 5%.
Portanto os mercados de alimentos crescerão compensando possíveis menores preços recebidos em relação a 2011.
Fora isto, a taxa de câmbio começa o ano um pouco mais favorável ao exportador e nada indica que as mudanças estruturais de distribuição de renda, urbanização e crescimento populacional na Ásia alterarão o seu curso altamente benéfico ao agro exportador brasileiro. Serão atingidos os US$ 100 bilhões em 2012.
Marcos Fava Neves professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.

2- Berço esplêndido até quando?
Alguns dos principais líderes mundiais públicos e privados estão reunidos na gelada Davos, na Suíça, debatendo acaloradamente o futuro. A crise financeira da Europa - com seus reflexos na economia global - está por trás das discussões todas. Como sempre, analistas farão as mais variadas previsões, das quais muitas jamais se confirmarão. É o World Economic Forum, onde os dirigentes têm uma excelente oportunidade de trocar idéias e experiências, além de entabular negócios.
E, finalmente, a agricultura ganhou importância no temário geral, empurrada pelas questões ligadas ao combate à fome e ao aquecimento global; entre outros fatores.
Um competente grupo de trabalho foi constituído para estudar o assunto, e construiu o documento chamado "Uma Nova Visão para a Agricultura", alicerçado em três pilares (segurança alimentar, sustentabilidade e oportunidade econômica), que estabelece o "Compromisso 20/20/20", propondo que a cada década, o Planeta deve aumentar a produção agrícola em 20%, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 20% e diminuir a pobreza rural em outros 20%.
Naturalmente, cada um destes pilares tem uma variada receita de propostas e projetos que passam pelo uso de novas tecnologias, minimização de desperdício, melhoria de hábitos alimentares, redução do impacto no meio ambiente, gestão de bacias hidrográficas, seqüestro de carbono, preservação da biodiversidade, aumento da renda dos mais pobres, etc. E também assinala a necessidade de esforços coordenados e concentrados no sentido de investimentos em inovação, infraestrutura e logística, e mecanismos de mercado acessíveis a todos.
O interessante deste trabalho de fôlego é a premissa principal: mobilizar o setor privado internacional para tornar a agricultura o motor central do crescimento social e da estabilidade do futuro.
Não há nenhuma garantia de que isso gere ações concretas, até porque a receita é extremamente variada e rica, dependendo do país em que seja aplicada.
Mas, é a primeira vez que um fórum da qualidade do WEF, com a assistência de tantos líderes poderosos, trata do agro de forma objetiva e propositiva. A compreensão de que a fome é ameaça à paz pode estar determinando esta novidade.
E, é claro, o Brasil emerge como um potencial grande produtor mundial. Mas, surpreendentemente, com importância relativa menor.
A propósito, esta semana estive em Berlim para um encontro de grandes empresas mundiais ligadas ao agro para discutir investimentos em agricultura na África.
Os números mostrados lá foram impressionantes. Só a África subsaariana teria mais de 200 milhões de hectares agricultáveis, três vezes a área atualmente cultivada no Brasil. Nós temos mais 100 milhões de hectares para incorporar à área produtiva, e temos tecnologia, gente e competência para crescer rapidamente, mas não temos estratégia, política coordenada, regras. Já os países africanos não têm isso, nem infraestrutura, nem gente preparada e ainda lhes falta institucionalidade, como a propriedade da terra, por exemplo. Mas os governos africanos estão chamando os investidores e pedindo para dizerem o que querem, propondo-se a fazer o que for necessário para que venham investir. E esses, sentindo o potencial de altíssimos lucros em função de custos baixos e de um gigantesco mercado demandante, querem ir logo, com pressa. E nós aqui, sem estratégia, ainda criamos dificuldades de toda ordem para atrair investidores. Sem falar no nosso conhecido Custo Brasil.
Será possível que ficaremos deitados eternamente em berço esplêndido? Está na hora de nos levantarmos do berço, trabalhar com vigor para depois dormirmos tranqüilos na grande cama que estão querendo levar para outros continentes. Basta ver os pesados investimentos agrícolas que estão sendo feitos por empresários estrangeiros na Rússia, na Ucrânia e em outros países da Europa Central. E agora é a vez da África...
*Texto originalmente publicado na Folha de S. Paulo, em 28/01/2012
Roberto Rodrigues Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e professor de Economia Rural da UNESP/Jaboticabal

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