domingo, 15 de janeiro de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 65

I- NOTICIAS

1- FMC inaugura centro de pesquisas no Rio
A FMC inaugurou seu primeiro centro de pesquisas no Brasil, que será voltado para o desenvolvimento de um sistema de separação submarina para o pré-sal. As principais frentes de pesquisa serão a compactação dos separadores, a retirada do CO2 e o uso de inteligência artificial. As novas tecnologias poderão ser desenvolvidas e testadas na unidade.
A separação submarina para o pré-sal vai exigir módulos compactos, restringindo a utilização de vasos de grande diâmetro, como o que foi utilizado no SSAO (separador submarino água-óleo), desenvolvido pela FMC para o campo de Marlim, na Bacia de Campos. A solução requer a utilização inédita de ciclones em substituição ao método gravitacional.
Outra frente de desenvolvimento será na área do tratamento de gás, onde não será possível a utilização de uma solução com produtos químicos. Entre as alternativas estudadas está o desenvolvimento de um sistema de membrana submarino ou a liquefação do contaminante através da pressurização em escala supersônica.
As dificuldades logísticas do pré-sal também exigirão soluções de inteligência artificial para tornar o gerenciamento do sistema mais independente. “Os sistemas no pré-sal serão mais dinâmicos e não poderão ser controlados da plataforma em situações como variações de vazão mais acentuadas, pois isso levaria muito tempo de resposta”, explicou o vice-presidente de tecnologia da FMC, Paulo Couto.
Segundo o Gerente Executivo de E&P, José Formigli, foram identificadas oportunidades para fazer a transferência do óleo e do gás em fases separadas. “A tecnologia pode trazer um grande benefício em termos de vazão dos poços”, afirmou, acrescentando que a tecnologia desenvolvida para SSAO poderá ser aplicada, mas com algumas adaptações, em função do grau API maior do óleo do pré-sal.
O centro de pesquisa da FMC no Brasil é um dos três da multinacional no mundo, ao lado das unidades dos EUA e Noruega. A infraestrutura possui laboratórios de engenharia submarina e eletrônica, além de uma área para a realização de testes de integração em escala real. A unidade conta com recursos para o desenvolvimento local de todos os sistemas de processamento submarino, como separação e bombeio.
“A capacidade que montamos no Brasil é a mesma que possuímos no Golfo do México e no Mar do Norte tanto no aspecto técnico como no escopo de produtos”, afirmou o CEO da FMC, John Gremp, que participou da inauguração do centro de pesquisa da empresa no Parque Tecnológico do Fundão, no Rio de Janeiro.

2- Petrobras avalia afretamento de sondas de perfuração
A diretoria da Petrobras irá definir entre esta semana e a próxima semana o desfecho das duas licitações da área de E&P para afretamento de sondas de perfuração para 1,2 mil m e 1,5 mil m. A comissão de licitação concluiu as negociações com os participantes e indica em seu relatório resultados satisfatórios para a contratação de até quatro sondas – SSV Catarina, da Petroserv, GSF Explorer, da Transocean, Blackford Dolphin, da Dolphin, e Khamsin, da Pacific Drilling.
A Petrobras não revela os preços obtidos após as negociações, adiantando apenas que os valores foram reduzidos e que, em alguns casos, a comissão assegurou a oferta de sondas com capacidade para operação em até 3 mil m de lâmina d'água. As taxas originais variavam de US$ 350 mil a US$ 477 mil, de acordo com as várias possibilidades de oferta de propostas.
O relatório da comissão foi finalizado na semana passada, mas o tema não entrou na agenda da reunião de diretoria desta semana. Para isso, o tema terá que ser encaminhado em caráter extra , caso contrário sua avaliação será transferida para a reunião da semana de 16 a 20 de janeiro.
Caso a contratação não seja validada nesta semana, a comissão de licitação terá que solicitar extensão da validade das propostas às empresas participantes. A Petrobras já havia solicitado prorrogação da validade até o dia 16/2.
As sondas contratadas terão que estar disponíveis em dezembro de 2012. O processo de licitação da Petrobras previa a possibilidade de oferta para o prazo de três e/ou cinco anos. Na licitação para sonda de 1,5 mil m, foram solicitadas propostas para unidades ancoradas e de posicionamento dinâmico, enquanto no bid de 1,2 mil m foram solicitadas apenas sonda DP.
Fonte: energia hoje

3- Eike Batista negocia venda de fatia na MPX
Eike Batista decidiu negociar a venda de uma participação acionária da sua empresa de geração de energia, a MPX, “para um grupo muito forte”, segundo relato de uma fonte a par das negociações.
O candidato favorito é a alemã E.On, uma das maiores empresas de energia do mundo, e que está com dinheiro em caixa depois de perder para a chinesa Three Gorges a disputa para aquisição da EDP em Portugal.
O que está sendo negociado é uma fatia entre 5% e 15% da empresa. O valor de mercado da MPX está em R$ 6,8 bilhões, mas a transação deverá envolver prêmio em relação à cotação de mercado.
Desde outubro do ano passado, as ações da MPX iniciaram forte trajetória de alta, acumulando, desde então, valorização de 40%. Eike concentra hoje 75% do capital da companhia.
Apesar de os alemães parecerem fortes candidatos e com maior identificação com Eike (o empresário se formou na Alemanha, país natal de sua mãe, Jutta Fuhrken Batista), eles vão competir com gigantes asiáticos.
O Valor apurou que entre os interessados em investir na MPX estão as japonesas Sumitomo e Mitsui. Essa última é dona da Gaspart, que tem participação em sete distribuidoras de gás do Brasil.
Também teriam demonstrado interesse dois poderosos fundos soberanos: o China Investment Corporation (CIC), encarregado de administrar as reservas de câmbio do Governo Popular da China, e o coreano Korea Investment Corporation (KIC).
Por causa do grande interesse no negócio, ainda não há um preço fechado, apesar de se mencionar cifras bilionárias. Por isso, Eike Batista ainda não bateu o martelo.
Um dos maiores atrativos da MPX é que ela tem mercado garantido para sua energia pelos próximos 20 anos, o que é uma boa garantia de retorno para investidores europeus, asiáticos e americanos que estão sem opção de investimento em suas regiões.
Parte dessa energia será gerada pelo gás natural descoberto pela OGX e sua parceira Petra na parte maranhense da bacia do Parnaíba, que se tornou um dos projetos com maior sinergia entre as “empresas X”. A MPX também tem ativos de gás e carvão na Colômbia e no Chile.
Fonte:Valor Econômio

4- CPFL acerta aquisição de quatro parques eólicos no RS
Fonte: Valor Online
A CPFL Renováveis fechou a compra de quatro parques eólicos, a serem construídos no município de Palmeiras do Sul, no Rio Grande do Sul. Após concluídas, as unidades terão em conjunto potência instalada de 120 megawatts (MW). As plantas foram compradas do grupo espanhol Cobra Instalaciones y Servicios. O valor do negócio não foi informado.
As unidades possuem autorizações, pelo prazo de 35 anos, para geração de energia elétrica de fonte eólica sob o regime de produção independente e tiveram toda sua energia certificada comercializada no Leilão de Fontes alternativas ocorrido em agosto de 2010. A energia foi vendida a preço de R$ 135/MWh na data-base de abril daquele ano - R$ 143,79/MWh na data-base de abril de 2011.
O negócio ainda depende da aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

5- Gerador portátil de hidrogênio produz energia limpa
O objetivo de Ted Motyka e seus colegas do Laboratório Nacional Rio Savana é construir um gerador de eletricidade portátil alimentado a hidrogênio.
Para isso, o gerador de hidrogênio libera o gás a partir de um material sólido de armazenamento e usa o gás para alimentar uma célula a combustível, que produz a eletricidade.
"O objetivo é fornecer energia suficiente em um sistema que seja leve o bastante para ser carregado ou ser usado em um veículo aéreo não tripulado, além de outras aplicações onde o peso é um fator importante," disse Motyka.Energia do hidrogênio
Há várias aplicações que poderiam tirar proveito de geradores capazes de fornecer uma energia específica acima dos 1.000 watts/hora por quilograma (Wh/kg) - para comparação, isto é cerca de 2 a 3 vezes mais do que as atuais baterias recarregáveis de íons de lítio.
O hidrogênio pode oferecer 33.000 Wh/kg, a maior energia específica dentre todos os combustíveis.
O problema é criar um mecanismo para armazenar o hidrogênio.
Como tanques sob pressão não se prestam ao serviço, a solução tem sido buscada no armazenamento sólido de hidrogênio - a molécula de hidrogênio é pequena demais, o que significa que a maioria dos materiais é permeável ao gás, além do que ele apenas se condensa em sua forma líquida a -252°C.
Hidreto de alumínio
Um dos materiais mais promissores, capazes de conter o gás em sua própria estrutura, é o alano, ou hidreto de alumínio (AlH3).
Embora o hidreto de alumínio não atenda às especificações necessárias para armazenar hidrogênio suficiente para alimentar um carro, os pesquisadores descobriram que ele é bom o bastante para geradores portáteis.
Ao contrário dos hidretos metálicos, o hidreto de alumínio pertence à classe dos materiais que armazenam o hidrogênio quimicamente.
Isso significa que, uma vez que todo o hidrogênio tenha sido retirado dele, o material precisa ser reprocessado - algo inadequado para um tanque de combustível de um carro, mas aceitável para um "cartucho" de combustível de um gerador portátil.
Uma das vantagens do alano é a sua capacidade de retenção de hidrogênio, que é muito elevada: ele pode reter duas vezes mais moléculas de hidrogênio por volume do que o hidrogênio líquido.
Protótipo de laboratório
Testes em escala de protótipo demonstraram que o gerador de hidrogênio funciona bem para atender às necessidades de uma célula a combustível de 150 watts.
Um "cartucho" com 240 gramas de alano alimentou a célula de combustível a hidrogênio continuamente por três horas.
O único impedimento atual para a construção de protótipos maiores é a disponibilidade do aluno, um material que ainda não é produzido comercialmente, precisando ser sintetizado em laboratório.
Fonte: Site Inovação Tecnológica

6- 2012 é o ano da FINEP
Otimista com o andamento das negociações no Governo Federal para a transformação da FINEP em instituição financeira, o presidente Glauco Arbix sinaliza que 2012 será o ano da FINEP. Na primeira entrevista do ano, o presidente faz um balanço de sua gestão e adianta algumas metas necessárias para atingir este objetivo. As mudanças envolvem aperfeiçoamento institucional, qualificação e reforço no orçamento, entre outras medidas.
Leia abaixo alguns destaques da entrevista do presidente,que discorre sobre as propostas que vão nortear o funcionamento da FINEP no decorrer deste ano. E leia a íntegra da transcrição aqui.
Grandes mudanças: “O Brasil precisa investir muito mais do que investe em tecnologia e inovação. Não se trata de um acréscimo incremental, que se dá gradativamente a cada ano, mas de um verdadeiro salto de qualidade no volume de recursos para inovação e tecnologia”.
Instituição financeira: “A FINEP multiplicou muito nos últimos 10 anos os recursos que ela trabalhou e investiu na economia, sejam voltados para empresas, no caso os reembolsáveis e a subvenção, sejam os recursos orientados para as universidades e institutos de pesquisa. É evidente que a FINEP viu esses recursos crescerem, mas ao mesmo tempo, se olharmos por outro ângulo, a FINEP foi perdendo autonomia para decidir em que lugar, em qual setor, em qual área ela poderia fazer esses investimentos”.
Papel da FINEP: “A FINEP precisa (..) se transformar, antes de mais nada, naquilo que não é – uma instituição financeira com normas e procedimentos claros, funções segregadas, um plano de trabalho de médio e longo prazo, com recursos estáveis e autonomia para decidir e definir onde alocar os seus investimentos. (...) A FINEP precisa ser imprescindível”.
Próximos passos: “Com a [futura] transformação da FINEP em uma agência de fomento, criaremos condições para construir uma gestora de recursos, de fundos de investimento. Essa é uma ideia chave, porque aumentará as possibilidades de combinarmos os instrumentos atuais e potencializar os recursos públicos que gerimos”(...). “O movimento deflagrado em 2011 para atribuir um novo estatuto à FINEP deverá ser concluído em três anos.”.
Limites do sistema: “...a questão da estabilidade de recursos para a FINEP continua na ordem do dia. Ou seja, para cumprir sua missão, a FINEP deverá buscar outras fontes, para além do PSI e mesmo do FNDCT”(...). "Se queremos efetivamente transformar o Brasil em uma potência tecnológica, teremos de investir 1% do PIB com recursos públicos, mais 1% ou 1,5% com recursos privados em tecnologia”.
Expertise: “Tecnologia e inovação não cabem em caixinhas predeterminadas. Por mais que você tente formalizar e estabelecer um padrão de comportamento, nada permitirá que a gente prescinda da presença do analista, aquele que vai lá olhar como a tecnologia está se dando, sendo gerada e construída. Esta capacidade a FINEP conseguiu construir e é um de seus ativos mais preciosos”.
Janela de oportunidades: “Estou confiante no que a FINEP pode fazer. Acho que há condições políticas, organizativas e estruturais para que ela avance nesta direção”(... ). “a FINEP tem de ser uma empresa que respeita os recursos públicos, fazendo sempre o melhor uso dele. A FINEP trabalha no coração do investimento, pois mexe com tecnologia e ciência. Por isso, precisamos afinar instrumentos para sermos uma instituição de elite”.
Metas de longo prazo: “Pensamos numa FINEP que em 10 anos estará investindo entre R$ 40 e R$ 50 bilhões em tecnologia”.


II– COMENTÁRIOS

1- Acordo entre Galp e Sinopec ainda espera aval da Petrobras
Fonte: Valor Econômico
O acordo de US$ 5,2 bilhões entre a Galp Energia e a Sinopec envolvendo 30% dos ativos da portuguesa no Brasil esbarrou na Petrobras, sócia majoritária da Galp nos principais campos do pré-sal que são objeto do negócio. A Petrobras estaria demorando para dar o aval para o fechamento do negócio, o que a Galp não confirma. Questionada pelo jornal "Valor", a empresa portuguesa negou que precise de autorização da sócia brasileira para concluir o negócio. "A operação de aumento de capital da Petrogal Brasil está unicamente sujeita à aprovação das autoridades competentes, o que não inclui a Petrobras", disse a Galp, referindo-se à subsidiária integral detentora dos ativos.
Ao ser perguntado sobre o assunto, Carlos Stenders, diretor-adjunto da Sinopec no Brasil, disse que, "em princípio", tudo está correndo bem. "O negócio está sendo discutido de forma normal. Nós somos sócios e existem condições comerciais normais que precisam ser negociadas", informou, acrescentando que nada mais poderia ser dito. A Petrobras não comenta o assunto.
A portuguesa tem participação em 20 blocos no Brasil, a maioria em sociedade com a Petrobras, incluindo 10% dos gigantes Lula e Cernambi, 14% de Bem-Te-Vi (no bloco BM-S-8), 20% de Caramba (BM-S-21) e 20% de Júpiter (BM-S-24). O acordo de operação conjunta (JOA, na sigla em inglês) é amplo. Prevê que os sócios têm direito de preferência em qualquer transferência de participação integral, ou uma parte da participação, diretamente ou indiretamente, seja por meio de fusão, consolidação, venda de ações ou outro tipo de transferência.
A preocupação da Petrobras parece estar relacionada com uma possível venda, no futuro, de uma fatia maior para a Sinopec.
A companhia portuguesa se negou a informar se recebeu alguma notificação da Petrobras nesse sentido, afirmando que a Galp "não comenta cenários hipotéticos ou especulativos". Uma fonte próxima à estatal brasileira explicou que não se trata de xenofobia ou de qualquer atitude contrária à presença chinesa. "É folclore dizerem que a Petrobras não quer chineses, até porque dinheiro não tem pátria. É apenas uma questão de interpretação do contrato", disse a fonte.
Em 2010, quando a Repsol anunciou um aumento de capital de USS$ 7,1 bilhões que permitiu à chinesa Sinopec comprar 40% da empresa que detém suas participações no Brasil, a Petrobras não fez comentários. Mas se manifestou um ano depois, em outubro do ano passado, depois que foi publicada notícia sobre uma operação nos mesmos moldes que estava em gestação na BG, também com a Sinopec associada a outra estatal chinesa, a CNOOC. Na ocasião, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, repetiu em entrevistas que a estatal tinha interesse em exercer a preferência se os ativos da BG fossem oferecidos ao mercado. Disse explicitamente que interessam à estatal todos os ativos no pré-sal.
Repsol e Galp interpretam que as regras do JOA não se aplicam a um aumento de capital com entrada de um sócio minoritário, já que não se trata de uma venda direta de ativos. O tema é controverso, segundo admitem advogados com experiência em transações dessa natureza ouvidos com a condição de sigilo. Um deles entende que a Petrobras, assim como os demais sócios da Galp, deveria ter sido notificada sobre as negociações e informada sobre os ativos à venda, os valores e as condições. "Nesse caso o sócio não tem o direito de bloquear, só de pagar e comprar no lugar do outro interessado".
O jornal "Valor" apurou que a Petrobras quer deixar claro que se for vendida participação acionária na empresa detentora dos direitos exploratórios (no caso a Petrogal Brasil, subsidiária integral), a Galp tem de manter o controle, abrindo espaço só para investidor financeiro. "Se o vendedor perder o controle da empresa, a opção se reverte para quem tem a preferência [hoje]", disse fonte a par do assunto.
A Galp ressaltou que desde o início do processo que resultou no aumento de capital no Brasil, seu presidente executivo, Manuel Ferreira de Oliveira, "assumiu publicamente o compromisso de não escolher um parceiro sem a garantia de que este seria bem recebido pela Petrobras".
Os US$ 12 bilhões investidos pela Sinopec na Repsol e na Galp são bons indicadores do apetite da chinesa pelo pré-sal e também pode estar incomodando a Petrobras. E ao estressar o acordo sino-português, a brasileira estaria dando um recado para a Sinopec, avalia uma fonte. "A Petrobras pode estar dizendo que dessa vez passa, mas que se mudar o controle os acionistas terão de dar o direito de preferência que não foi oferecido quando vendida uma participação minoritária", interpreta outro advogado.

2- A indústria da cana não pode parar
No início do mês de dezembro, a principal entidade representativa da indústria canavieira, a Unica, lançou no Distrito Federal a campanha "Movimento mais etanol", com a participação de parlamentares, executivos governamentais, empresários e trabalhadores do setor. A precípua finalidade da iniciativa é evitar, aliás como já está acontecendo, a paralisação do crescimento da produção sucroalcooleira na Nação. -
Na safra agrícola encerrada de 2011, as empresas fabricantes do açúcar e do etanol esmagaram perto de 560 milhões de toneladas de cana, e necessitamos, nos próximos 8 anos, até 2020, processar 1,2 bilhão de toneladas desse vegetal, visando à comercialização de 51 milhões de toneladas do açúcar, para o mercado doméstico e exportações, além de 69 bilhões de litros do etanol (anidro e hidratado), bem como a geração às distribuidoras de eletricidade de 13 mil MW médios, o que corresponde à produção de uma grande hidroelétrica, à semelhança de Itaipu.
A imprescindibilidade de alcançarmos e superarmos essa meta é incontestável, diante do crescente uso do etanol hidratado nos veículos híbridos (flex) ou na mistura à gasolina automotiva (percentual de 25%). É inconteste, também, a fantástica colaboração do etanol na melhoria das condições ambientais das grandes cidades brasileiras, além da diminuição das enfermidades respiratórias e cardiovasculares advindas do péssimo ar que respiramos, mormente na terra do padre Anchieta. Não devemos olvidar, igualmente, que metade do açúcar consumido no universo provém das indústrias brasileiras, com absoluta predominância das organizações paulistas.
Na última década, a produção da cana-de-açúcar cresceu 10%, graças aos consideráveis investimentos financeiros havidos nas lavouras da cana, tratos culturais, novos projetos industriais e ampliação das empresas existentes.
Com a crise econômica de 2008, houve a desaceleração da evolução setorial, acentuadas aquisições de usinas descapitalizadas, adversidades climáticas, majoração dos custos no campo ou nas indústrias e perda de eficiência ou competitividade do combustível da cana versus os derivados do petróleo, em especial com a gasolina automotiva. Para o professor Marcos Sawaya Jank, presidente da Unica, a conjuntura do setor sucroalcooleiro exige, com celeridade, providências urgentes, objetivando a retomada do desenvolvimento setorial.
Temos todas as condições favoráveis para alcançarmos o mencionado escopo: disponibilidade de terras agricultáveis (a indústria da cana ocupa apenas cerca de 3% das terras aráveis do Brasil), tecnologia desenvolvida entre nós, fabricantes de modernos equipamentos, mão de obra abundante e barata, bem como condições climáticas favoráveis.
Na próxima colheita, em 2012/13, 63% da cana do nosso estado paulista serão recolhidas com moderníssimas máquinas, o que dispensará, doravante, a queima da palha na colheita. O novo período da produção, a iniciar-se na segunda quinzena de abril ou maio de 2012, vai absorver 350 mil empregos diretos, ligados à indústria e ao campo, e em torno de 700 oportunidades de trabalho adicionais. Em coordenação com o sistema "S" e com escolas técnicas, serão capacitados 25 mil trabalhadores tão-somente em 2012, contingente do qual um terço será oriundo da colheita manual da gramínea.
O balanço de 2012 encerra-se com a redução anual de emissões provenientes do uso do etanol de 46 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Com a expansão preconizada pela Unica, passaremos para 112 MT de CO2 equivalente em 2020. Havendo essa diminuição adicional de 66 MT de CO2, superaremos a meta de redução de 35% de CO2, fixadas para a área de energia pela política nacional sobre mudanças do clima.
Diante do desenvolvimento científico e tecnológico do CTC, das universidades e fabricantes de equipamentos brasileiros, a nossa produção do etanol alcançará 12 mil litros por hectare (atualmente fazemos 7 mil por hectare).
Ademais, falta-nos a aprovação, com a urgência indispensável, de políticas voltadas à produção da cana, do açúcar, do álcool e da eletricidade dos resíduos, notadamente do bagaço. O investimento na cogeração do bagaço é compensador do ponto de vista econômico e ambiental.
Outrossim, é fundamental a estruturação de diretrizes para a política de preços dos combustíveis e da eletricidade.
A fim de socorrer a indústria do petróleo e a nossa principal empresa do Estado, o governo decidiu recentemente diminuir a incidência tributária na gasolina de automóvel. Tal decisão possibilitou à Petrobras aumentar o preço do subproduto fóssil (valor ex-refinaria), de forma que não houvesse majoração nos postos de abastecimento.
Em decorrência, o imposto incidente na gasolina atualmente é de 35% na bomba, depois de termos chegado a 47% em 2002. Quanto ao etanol, é de 31% e do diesel, responsável na sua quase-totalidade pelo transporte da produção e da população brasileira, é de 22% nas bombas.
Nos países mais desenvolvidos, o etanol e os demais combustíveis limpos e renováveis não são tributados, ou recebem impostos predominantemente menores do que os derivados do petróleo. Em termos de quilômetro rodado, nos dias atuais a tributação do etanol é similar à da gasolina. O Brasil inicia 2012 como um dos principais produtores de energia limpa, ambiental e renovável do planeta. É preciso, portanto, a manutenção desse status, inclusive a fim de evitarmos possíveis apagões no abastecimento elétrico e dos combustíveis, quando o Brasil necessitará importar mais gasolina em 2012 do que fez em 2011. De janeiro a novembro do período findante, a petroleira do Estado precisou trazer do exterior mais de 180 mil barris diários do petróleo, a fim de atender à demanda interna.
Luiz Gonzaga Bertelli
Fonte: DCI - Comércio, Indústria e Serviços Associação Comercial de São Paulo

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