sexta-feira, 16 de março de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 74

I – NOTICIAS

1- SAMSUNG sai do Estaleiro Atlantico Sul
Na direção oposta do que desejava o governo, a Samsung vendeu aos sócios brasileiros - Camargo Corrêa e Queiroz Galvão - a participação de 6% que possuía no capital do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o maior do país. Nos últimos dias, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff, que está preocupada com atrasos na entrega de encomendas e com problemas tecnológicos do estaleiro, vinha negociando o aumento da fatia dos coreanos na empresa.
Em entrevista ao Valor, Graça Foster confirmou que esperava o incremento da participação da Samsung e criticou duramente o desempenho do EAS. "Contratamos a Sete Brasil [companhia da qual a Petrobras é sócia] e eu não vou ficar esperando a empresa resolver problemas que são muito maiores que ela, pois sei de um problema que é claro, de desempenho abaixo da expectativa por parte do Estaleiro Atlântico Sul", disse.

2- PETROBRAS deseja renegociar contratos das Plataformas na cessão onerosa
Um consórcio formado por Odebrecht/OAS/UTC é o favorito para vencer a licitação da Petrobrás para a conversão de cascos de navios nas quatro primeiras plataformas (FPSOs) das áreas da cessão onerosa, nas quais a Petrobrás terá o direito de explorar e produzir petróleo sem licitação, em nome da União, que é a proprietária das reservas. O grupo de empresas apresentou o menor preço para a construção destas unidades, US$ 1,753 bilhão, mas a Petrobrás negocia a redução desse valor.
As negociações para a redução do preço cobrado estão em andamento há semanas. As plataformas vão produzir, armazenar e escoar petróleo do conjunto de áreas localizadas no pré-sal que foram transferidas pela União à Petrobrás na cessão onerosa, durante a operação da megacapitalização da companhia realizada em 2010.
Função. As unidades, que devem ser batizadas de P74, P-75, P-76 e P-77, serão usadas para produção dos até 5 bilhões de barris de óleo equivalente que, pelo acordo, a Petrobrás terá o direito de explorar. A Petrobrás precisará construir ou arrendar outras unidades no futuro para explorar os reservatórios.
O montante apresentado pelo consórcio do qual participa a Odebrecht inclui a conversão em plataformas dos cascos de quatro navios petroleiros, a serem fornecidos pela Petrobrás, a troca de chapas e investimentos destinados a reformas de oficinas do estaleiro Inhaúma, que antes de ser arrendado pela Petrobrás se chamava Ishibrás, no Rio.
A Petrobrás convocou 19 grupos para a licitação. A Andrade Gutierrez ficou em segundo lugar, mas com um valor bem acima do primeiro colocado, oferecendo o serviço por US$ 2,33 bilhões. Keppel também teria apresentado proposta. Além disso, a Petrobrás teria desclassificado a proposta do Jurong, de US$ 2,512 bilhões, por considerar o preço alto demais.
A primeira das quatro embarcações a serem convertidas em plataformas já está ancorada no Rio, depois de vir da Ásia. Depois de virar P-74, poderá ser usada na área do pré-sal de Franco, na Bacia de Santos. O objetivo da Petrobrás é aumentar o conteúdo nacional na montagem das plataformas - a primeira unidade a entrar em operação no pré-sal, a FPSO Cidade de Angra dos Reis, esse índice é bastante baixo.
Fonte: MSN

3- Semikron apresenta soluções para mercado de energia solar
Fonte: Redação TN Petróleo
A Semikron, líder mundial em módulos de semicondutores de potência, apresenta o SemixBox, um produto diferenciado para o crescente mercado de energia solar no Brasil e no mundo. O SemixBox é um módulo de potência para inversores e aplicações que variam de 10 kW a 100 kW, com patente obtida pelos engenheiros da empresa no Brasil. Os inversores são equipamentos que permitem transformar Corrente Contínua em Corrente Alternada, basicamente regulando a tensão elétrica.
A empresa possui desde diodos string para os inversores centrais até plataformas de potência completas, além de aplicações para geração distribuída de pequeno oe mesmo para grandes usinas solares. O Semikube, por exemplo, possui IGBTs para aplicações trifásicas com alto nível de integração e compactação, para aplicações de 75 kW a 1 MW. Já o Semistack, com módulo SKiiP4, abrange aplicações para potências de 450 kW a 2,5 MW.
As plataformas Semixbox e Semikube são mais dedicadas a inversores utilizados em sistemas de energia solar fotovoltaica. Esses produtos são igualmente compactos e flexíveis devido a sua característica modular, sendo aplicáveis a potência de até 1 MW. Há, ainda, o Semistack RE, montagem feita com o módulo mais completo já desenvolvido pela Semikron, o já citado SKiiP4.
Na cidade de Carapicuíba, em São Paulo, as plataformas Semixbox e Semistack RE são produzidas pela empresa em sua fábrica considerada como um dos Solution Centers da empresa no mundo. Os semicondutores de potência utilizados nessas plataformas são importados, normalmente da Semikron Alemanha. “Contudo, existem planos de nacionalização dos componentes, uma decisão que será pautada pelo volume do mercado”, explica Rivaldo Caram, gerente de Vendas e Marketing da organização.
No Brasil, esse mercado ainda é pequeno, previsto para 30 MW. Porém, no mundo, a estimativa é que os inversores para energia solar deverão movimentar US$ 9 bilhões, segundo estudo da consultoria iSupply.

4- Marinha americana inicia uso de diesel derivado de microalgas em embarcações militares
Fonte: Redação TN Petróleo
A Marinha americana realizou pela primeira vez uma viagem regular com uso de diesel marítimo renovável. Fabricado pela empresa Solazyme, Inc., que produz óleos renováveis e bioprodutos, o biocombustível é um derivado de microalgas e cana-de-açúcar.
A viagem entre o porto natal da embarcação em Everett, Washington, até San Diego, na Califórnia, demandou 25 mil galões do combustível. Os motores LM 2500 da embarcação receberam uma mistura 50/50 do diesel marítimo SoladieselHRD-76 e diesel de origem fóssil tipo F-76 (especificação militar). Em acordo com as exigências da Marinha nenhuma alteração foi realizada no navio ou no atracadouro de abastecimento para a realização da viagem.
Na avaliação dos engenheiros militares, o desempenho da mistura 50/50 no sistema de combustível e nos motores foi similar ao constatado com o uso de combustível fóssil tipo F-76.
“A Marinha continua a demonstrar eficiência de nosso combustível em diferentes embarcações. Estamos honrados em ter a oportunidade de colaborar com os esforços militares para reduzir a dependência de energia fóssil”, afirma o brasileiro Rogério Manso, Chief Commercialization Officer da Solazyme. “Este teste bem-sucedido é para nós um importante passo para viabilizar a comercialização dos nossos combustíveis renováveis”, complementa o executivo.
A Solazyme já produziu mais de 500 mil litros de combustível renovável in-spec para a Marinha, como parte do projeto Green Strike Group, do Departamento de Defesa. Este projeto tem por objetivo gerar até 2020 metade da energia demandada pelas atividades militares a partir de fontes renováveis, como biocombustíveis avançados.
A Solazyme é uma das empresas que integram este projeto. Em dezembro de 2011, a Dymanic Fuels, LLC, uma joint venture entre Tyson Foods, Inc. e a Syntroleum Corporation, recebeu um pedido de 1,7 milhão de litros de combustível renovável da Marinha, que serão entregues até maio de 2012. A Solazyme é parceria da Dynamic Fuels no cumprimento desse contrato, que é o maior pedido de biocombustível de uso militar já realizado pelo governo americano.

5- Estaleiro da OSX pode construir sondas para a Petrobras
Fonte: Redação TN Petróleo
A Sete Brasil está negociando a construção de duas sondas no estaleiro da OSX, no porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro. Juntas, as sondas têm valor estimado de US$ 1,6 bilhão.
Ao todo, a Sete Brasil irá construir 28 sondas para a Petrobras, em diferentes estaleiros do país - já instalados ou ainda em construção. Somente três contratos já foram assinados: um para sete sondas, com o Atlântico Sul (PE); um com o Jurong (ES), para uma unidade; e outro com a Keppel (RJ), também para um equipamento.
Além dessas 28, a empresa afirma que há previsão de construção de mais duas sondas para serem alugadas ao mercado em contratos de curto prazo. Não há informações se serão essas ou outras unidades a serem construídas no estaleiro da OSX.
A Sete Brasil também negocia um financiamento de US$ 13,5 bilhões do BNDES. De acordo com a empresa, o banco emprestará entre 80% e 100% do conteúdo local das sondas, o que corresponde a 50% do valor dos projetos.

6- Petróleo vaza novamente de poço da Chevron em Campos
A petrolífera americana Chevron anunciou a existência de uma nova mancha de óleo na Bacia de Campos, nas proximidades do Campo de Frade, o mesmo onde foi registrado um grande vazamento, em novembro do ano passado. Horas depois, o diretor de assuntos corporativos da Chevron, Rafael Jean, anunciou que a empresa pediu à Agência Nacional de Petróleo (ANP), autorização para suspender a produção de petróleo no Brasil até descobrir as causas do novo vazamento, que começou a ser investigado pela empresa no dia 4 de março, ou seja, há 11 dias.
Segundo a Chevron, o novo afloramento de óleo está ocorrendo a 3km do poço anterior - não se sabe ainda as causas nem se há ligação com vazamento anterior. Segundo a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a suspeita inicial é que o vazamento esteja vindo de fissuras no fundo do mar, não do poço da Chevron. A produção diária do campo de frade é de 61,5 mil barris de petróleo por dia.
A ANP informou que só após receber as justificativas técnicas da Chevron terá condições de analisar o pedido da petroleira de suspender a produção no país. A solicitação ainda chegou à ANP
Em nota divulgada hoje, à tarde, a ANP informou ter autuada ontem a empresa, porque a Chevron não atender a notificação da agência para apresentar as salvaguardas solicitadas para evitar novas exsudações na área. Ainda na mesma nota, a ANP informou que, desde ontem, técnicos da agência estão no Centro de Comando de Crise da Chevron e que foi determinada a instalação de um coletor no novo ponto de vazamento identificado pela empresa.
A conclusão das investigações sobre o acidente no Campo de Frade havia sido anuncada pela ANP na última terça e, naquele dia, a diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, não deu detalhes do inquérito, apenas infomou que haviam divergências com a Chevron sobre o acidente. A agência também informou que a empresa americana continua proibida de perfurar novos poços no país.
Segundo a Chevron, já foram instaladas máquinas para capatação de óleo, que está sendo contido pelos equipamentos de segurança. Segundo a companhia, estão sendo observadas bolhas de óleo, mas até agora apenas cinco litros de óleo chegaram à superfície do mar.
Fonte: O Globo


II – COMENTÁRIOS

1- ABDI apresenta perspectivas para o setor de energia fotovoltaica no Brasil
Fonte: Redação TN Petróleo
Nos dias 13 e 14 de março, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apresentou os planejamento do Plano Brasil Maior (PBM) para a cadeia de suprimentos em energias, no II Workshop Inovação para o Estabelecimento do Setor de Energia Solar Fotovoltaica no Brasil, realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP). A intenção é criar condições, por meio de políticas públicas, para a instalação e o desenvolvimento da indústria na área de energia solar.
“Para alcançar esse objetivo, o governo está dedicado à construção de uma agenda setorial que busca o desenvolvimento de fontes de energia renovável, o que inclui sistemas eólicos e solares”, explica Eduardo Tosta, especialista da ABDI que participou do evento. “A construção dessa agenda acontece no âmbito do Comitê Executivo de Energias Renováveis, passando também pelo Conselho de Competitividade dessa cadeia - que reúne representantes das iniciativas pública e privada -, ambos instâncias de articulação e formulação do PBM”, acrescenta.
Um dos primeiros passos para a construção da agenda setorial é a elaboração do diagnóstico da cadeia. “Estamos reunindo informações sobre a dinâmica mundial do setor, tendências de mercado, regulação, financiamento, pesquisa, desenvolvimento e inovação, regimes especiais, compras governamentais, recursos naturais, investimentos estrangeiros, mercados potenciais, entre outros diversos fatores de impacto direto no setor”, elenca Tosta.
Com conclusão prevista para abril, a agenda setorial de energia solar indicará os desafios, diretrizes, objetivos, mapa estratégico, indicadores, metas, iniciativas, medidas e instrumentos que estão sendo planejados para o setor, no âmbito do PBM.
Outro tema apresentado pela ABDI durante o evento é o desenvolvimento tecnológico da indústria de bens de capital para energia renovável. “Estamos acompanhando as perspectivas para esse setor, em energia fotovoltaica, eólica, de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e de biomassa. O objetivo é estimular a inovação e o aproveitamento, pela indústria de bens de capital, de oportunidades geradas pela diversificação da matriz energética brasileira. Para identificar essas oportunidades, estamos promovendo um estudo em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Os resultados desse trabalho - cuja realização técnica é da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - devem ser apresentados no próximo mês de maio”, declara Valdenio de Araujo, que também representou a ABDI no workshop.

2- Investimentos Estrangeiros
De acordo com informações divulgadas na semana passada pelo Banco Central do Brasil, o total de investimentos estrangeiros na economia brasileira em 2011 foi de 66,6 bilhões de dólares, o que representou um crescimento de 37,5% em relação ao ano anterior.
O setor de serviços foi o que recebeu mais investimentos, com um aumento, em relação a 2010, de 117,6%.
Em seguida vem a indústria, cujos investimentos estrangeiros cresceram 26,2% de 2010 para 2011. Ai o setor que mais cresceu foi o da indústria de Alimentação, com um salto de 78,5%.
A grande surpresa ficou com o setor primário cuja variação foi negativa em 36,7%. Em 2010 os investimentos estrangeiros neste setor somaram pouco mais que 16 bilhões contra apenas 10,29 bilhões em 2011. Isso porque o sub-setor Extração de Minerais Metálicos caiu 50,3% e o de Extração de Petróleo e Gás Natural caiu 39,7%. Mas o setor ligado à Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados teve um aumento de investimentos da ordem de 52,7%, sendo de longe o que mais cresceu, seguido pelo de Produção Florestal, com mais 3,3%. No entanto, o valor absoluto das aplicações nestes dois setores foi inferior a 1 bilhão de dólares, insignificante diante dos espetaculares valores alocados nos serviços e na indústria.
A análise destes dados permite constatar a interferência de duas variáveis.
A primeira tem a ver com a demanda por produtos de origem rural. Não é à toa que o setor industrial que mais cresceu foi o de Alimentos. Mesmo com os diversos problemas de industrialização enfrentados pelo país, em função das dificuldades cambiais e de concorrência com a China, a área de alimentos avançou bastante. Deve-se à crescente demanda global por alimentos, sobretudo em função da melhoria de renda dos países emergentes, como o espetacular salto do nosso mercado interno, por exemplo. Ainda nesta primeira análise, avulta a enorme diferença dos investimentos na Agricultura dentro do setor Primário. Enquanto a expansão aí foi de 52,7% os setores mais fortes, Petróleo e Mineração, caíram bastante.
E não é só alimento: roupas, calçados, produtos de papel e celulose, frutas e flores, são outros setores cuja demanda vem crescendo.
É por isso que a segunda análise é preocupante.
Considerados os valores absolutos dos investimentos realizados em 2011, o dinheiro que veio para Brasil foi assim dividido: para serviços, 46,3%, para indústria, 38,8%, e para o setor primário 14,9%. Porque será? Mesmo sendo o Brasil o país mais admirado pelo mundo todo em relação à sua agricultura altamente sustentável, mesmo com grandes Fundos e Investidores globais super interessados em vir para cá, porque o setor recebeu tão pouco?
Um fato que contribuiu para isso foi que em agosto em 2010 a AGU proibiu a compra de terra por estrangeiro. Deveria ter impedido a compra de terras por fundos soberanos, alem de ratificar as limitações já existentes, como o máximo de 20% da área de um município para empresa estrangeira; poderia ter estabelecido regras adicionais para evitar especulação imobiliária, mas ao assumir tal posição, espantou investidores que viriam produzir aqui, comprando máquinas, sementes e fertilizantes produzidos aqui e, portanto, gerando empregos e renda aqui. Mas não é só isso: precisamos melhorar muito a segurança jurídica, nossa política comercial colocou todos os ovos na cesta da imóvel OMC; não resolvemos graves problemas de logística e infraestrutura... Enfim, há uma série de gargalos que inibem investimentos estrangeiros, e que acabam fazendo com que eles se dirijam a outros países.
Segundo a UNCTAD, o Brasil foi o 4º país do mundo que mais recebeu investimentos estrangeiros em 2011, superando todos os países do euro. E se a avaliação for apenas para novos projetos, sem incluir a aquisição de empresas por multinacionais, só ficamos atrás da China.
Tem dinheiro sobrando no mundo atrás de investimentos produtivos: vamos buscá-lo.
Roberto Rodrigues
Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e professor de Economia Rural da UNESP/Jabuticabal

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