domingo, 4 de março de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 72

I – NOTICIAS

1- Petrobras inicia produção em águas ultraprofundas do Golfo do México
Fonte: Agência Petrobras
A Petrobras anunciou que a produção foi iniciada no dia 25 de fevereiro no campo de Cascade através do poço Cascade 4, interligado ao FPSO (navio- plataforma flutuante de produção, com capacidade de estocagem e escoamento) BW Pioneer, localizado a aproximadamente 250 quilômetros da costa do estado da Lousiana, em profundidade de água de 2500 metros, no Golfo do México americano.
Este é o primeiro FPSO a produzir petróleo e gás no setor americano do Golfo do México. O navio-plataforma tem capacidade de processar 80 mil barris de petróleo e 500 mil metros cúbicos de gás por dia, e de estocar 500 mil barris de petróleo. O navio possui um sistema de ancoragem desconectável, que permite o seu deslocamento para áreas abrigadas durante a ocorrência de furacões e tempestades.
O poço produtor de Cascade 4 foi perfurado e completado em reservatórios de idades geológicas do Terciário Inferior (23 a 65 milhões de anos), promissora fronteira exploratória marítima do Golfo do México, a uma profundidade de cerca de 8 mil metros.
Este poço está interligado ao navio-plataforma através de um sistema composto por equipamentos e linhas submarinas e risers auto-sustentáveis (linhas verticais de produção). O petróleo produzido será transportado para a terra através de navios aliviadores, e o gás, através de dutos.
A Petrobras é a primeira empresa a desenvolver um campo de petróleo no Golfo do México utilizando essas tecnologias, já aplicadas sistematicamente com sucesso no Brasil.
De acordo com a companhia, a implantação do projeto de desenvolvimento de Cascade cumpriu as diretrizes da área de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde da empresa, que continuarão a ser adotadas durante a fase de produção.

2- Petrobras e EBX buscam petróleo, carvão e ouro
Fonte: Valor Econômico
Não é de hoje que a Colômbia é alvo de interesse das empresas brasileiras de energia. O país entrou nas prioridades da Petrobras durante seu plano de internacionalização e hoje abriga ativos considerados importantes, como empresas de Eike Batista - OGX, CCX (associação de MMX com a alemã E.ON) e AUX.
Atualmente, a estatal tem cinco campos na Colômbia, de onde extrai 9,6 mil barris de petróleo por dia. Opera três campos no país: Guando, Purificación e Matachines. Além disso, a Petrobras tem contratos de exploração e produção em 14 blocos no país - oito em terra e seis deles onshore.
Apesar de ter baixado a atuação internacional, a estatal tem 4% do mercado de distribuição de combustíveis do país, com 86 postos de serviços, e uma fábrica de lubrificantes chamada Puente Aranda.
A OGX entrou no país em 2010 e no ano passado assinou cinco contratos com a Agencia Nacional de Hidrocarburos de Colômbia (ANH). Tem dois contratos para exploração e produção - blocos VIM-5, na Bacia do Vale Inferior Madalena e VMM-26, na Bacia do Vale Médio Madalena - e três para avaliação técnica em três áreas na Bacia de Cesar-Ranchería.
A MPX/CCX começou a explorar carvão de três minas nas concessões de La Guajira em 2010. Segundo a empresa, as reservas permitirão extrair 35 milhões de toneladas por ano. O plano prevê um sistema integrado, com mina, ferrovia de 150 km e um porto para exportação de carvão a usinas termelétricas do grupo no Brasil e no Chile e para o mercado asiático. Batista também adquiriu ativos de mineração de ouro, os quais foram reunidos na AUX.
Já a estatal colombiana Ecopetrol entrou no Brasil em 2004, quando participou da 6ª Rodada de Licitações da ANP, agência do setor. Hoje, é concessionária de oito blocos exploratórios, como parceira da Petrobras e quatro outra companhias. Na bacia de Campos é sócia de Petrobras, de Anadarko e Petrogal. No Pará-Maranhão, está com Petrobras e Vale, e em Santos, além da estatal brasileira, é sócia da indiana ONGC.

3- Brasil ocupa posição de destaque no setor de energia eólica latino-americano
Números apresentados no Comitê Latino-Americano do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) durante encontro que foi realizado no México neste mês ressaltam a liderança do Brasil no mercado eólico latino-americano. O País foi responsável por 50% das instalações efetuadas na América Latina em 2011, com 582,6 GW, e também se destaca quanto à capacidade total investida em energia eólica.
Na segunda posição, no mesmo ranking, está o México, com 31%, Honduras, respondendo por 9%, Argentina em 7% e Chile com 3%. O Brasil também se sobressai quando o aspecto analisado é potência instalada acumulada por país, de 2008 a 2012, alcançando um volume de 1.509 MW.
Analisando as perspectivas de crescimento até 2020, as previsões não poderiam ser mais positivas para o mercado eólico brasileiro.
A ABEEólica - Associação Brasileira de Energia Eólica, instituição que congrega e representa o setor eólico no País, continua atuando para garantir a sustentabilidade da indústria eólica, que apresentou crescimento notável nos últimos anos. "Nossa previsão é que o Brasil atinja o potencial de 20.000 MW instalados até 2020 e esse número é muito plausível. Para sustentar essa indústria, basta vender, pelo menos, 2 GW por ano, somando-se o mercado regulado e mercado livre", destaca Pedro Perrelli, Diretor Executivo da Associação de Energia Eólica (ABEEólica), que participou do encontro.
Segundo dados disponibilizados pelo GWEC, a previsão é de que América Latina e Caribe atinjam 30.000 MW de capacidade cumulativa até 2020.
Mercado de turbinas eólicas
O Conselho também disponibilizou estatísticas quanto à participação dos fabricantes de turbinas eólicas nos três principais mercados latino-americanos. No Brasil, a Enercon tem 43%, Suzlon 24%, Impsa 22% e Vestas 10%, todas associadas da ABEEólica. No México, a Acciona WP tem 63%, Gamesa 23% e Clipper 14%. Já no Chile, Vestas detém 57%, Acciona 30%, Dewind 10% e Siemens 2%.
Fonte: Ultimo Instante

4- Vale e a logística na Asia
A Vale está avançando na estratégia de distribuição internacional de produtos de minério de ferro. O planejamento considera o uso de navios de grande capacidade de carga, o transbordo para embarcações menores em certas situações e a operação de centros de distribuição na Ásia. Amanhã a empresa inaugura, no Sultanato de Omã, um complexo industrial formado por duas plantas de pelotização e por um centro de distribuição localizado em porto de águas profundas em Sohar, no interior do país. O projeto demandou investimentos de US$ 1,356 bilhão.
No mês passado, a Vale começou a operar a primeira estação flutuante de transferência da empresa na Baía de Subic, nas Filipinas. A estrutura permite o transbordo total ou parcial dos navios Valemax, com capacidade para transportar 400 mil toneladas de minério de ferro, para navios menores. A Baía de Subic situa-se em águas profundas, em área protegida dos ventos e está a poucos dias de distância dos clientes asiáticos da mineradora.
A estação, que recebeu investimentos de US$ 52 milhões, é um navio cargueiro adaptado e armazena minério permitindo que os navios Valemax, com menor carga, possam entrar em portos de menor calado. A estrutura vai dar apoio não somente às operações na China, onde a Vale enfrenta resistências para a entrada dos Valemax, mas também em outros portos da Ásia de baixo calado e menor capacidade de carga.
A mineradora também está construindo um terminal marítimo com capacidade para receber os Valemax, além de um pátio de estocagem com capacidade para 30 milhões de toneladas por ano, em Teluk Rubiah, na Malásia. O projeto teve emitidas as licenças prévia, de construção e de instalação. O terminal, com investimentos estimados de US$ 1,37 bilhão, deve começar a operar em 2014.
Os navios Valemax já atracaram em Taranto, na Itália, em Rotterdã, na Holanda, e em Dalian, na China, porto em que o Berg Everst ancorou, em dezembro de 2011, com 350 mil toneladas de minério de ferro. No Brasil, o Valemax ancorou nos portos da empresa de Ponta da Madeira (MA) e em Tubarão (ES). Esse tipo de navio também já atracou em Sohar, Omã, onde o presidente da Vale, Murilo Ferreira, vai participar, amanhã, da cerimônia de inauguração do complexo industrial da empresa.
O complexo industrial de Sohar funcionará como "hub", um porto concentrador, e permitirá atender à demanda crescente por produtos de minério de ferro no Oriente Médio, Norte da África e Índia. Segundo a Vale, a capacidade das pelotizadoras em Sohar chega a 9 milhões de toneladas de pelotas de minério por ano, dividida em duas unidades. Em maio de 2010, a Vale anunciou parceria estratégica com o governo de Omã, vendendo participação de 30% na pelotizadora para a Oman Oil Company.
O centro de distribuição de Sohar tem capacidade para movimentar 40 milhões de toneladas por ano. A Vale contratou a Sohar Industrial Port Company para construir um terminal de águas profundas, a ser operado exclusivamente pela mineradora. Também foi assinado acordo de longo prazo com a Oman Shipping Company para a construção de quatro navios de 400 mil toneladas, que vão operar dedicados à Vale.
Fonte: Valor Econômico/Por Francisco Góes e Vera Saavedra Durão


II – COMENTÁRIOS

1- Contenção de preço de combustíveis traz mais perdas e distorções que benefícios
Desde os idos de 1985 a 1989, o setor sucro energético não era tão afetado, como agora, pela política distorcida de preço dos combustíveis.
A diferença é que naquele período a moagem média de cana era de 223 milhões de toneladas, ante os cerca de 600 milhões atuais.
No passado, houve pouca repercussão internacional a esse tipo de ação, pois a participação do Brasil no mercado mundial de açúcar era reduzida -em 1990, representava somente 4%.
O impacto atual é muito maior, para o Brasil e o resto do mundo. Em 2010, a participação brasileira nas exportações mundiais foi de 51%, mas em 2011 já caiu para 45%.
Os preços defasados dos combustíveis controlados, principalmente da gasolina, afetam em primeiro plano a Petrobras, ao diminuir a geração dos recursos necessários para execução do seu plano de investimentos.
Mas os preços defasados da gasolina têm afetado também o setor sucroenergético, desestimulando a produção de etanol ao estabelecer um teto artificial de preço.
Isso ocorre enquanto a demanda potencial por etanol é elevada e crescente nos mercados interno e externo.
No mercado interno, o potencial é considerável pela dimensão atingida pela frota flex, capaz de usar etanol hidratado, que já representa mais de 50% da frota total.
No mercado externo, o potencial também é grande, em particular agora que caíram as barreiras para a exportação de etanol ao mercado norte-americano.
Para atender o mercado mundial, os produtores brasileiros estão cada vez mais preparados para exportar etanol com certificação de sustentabilidade. Apesar disso, o Brasil perde terreno.
Em 2006, os EUA superaram o Brasil como maior produtor de etanol. Em 2011, superaram-no também como maior exportador (4,5 bilhões de litros, ante 1,97 bilhão).
Além de preços defasados, o governo também errou ao reduzir a mistura de etanol anidro à gasolina, de 25% para 20%, a partir de outubro.
Obrigou a Petrobras a importar gasolina a preços mais elevados que os do mercado interno, em volume superior à equivalente redução da mistura, pois a produção interna caiu pela necessidade de se produzir gasolina com maior octanagem para compensar a redução do teor de etanol.
Essa medida foi mais um fator de desestímulo no momento em que a indústria havia se preparado, com produção e importações, para suprir o mercado interno.
Resultado: os produtores adicionam água ao etanol anidro que deveria estar sendo misturado à gasolina, vendendo-o como hidratado.
A experiência anterior mostra que a contenção artificial do preço tem efeito temporário e traz mais distorções e perdas no longo prazo do que benefícios.
Para o setor sucroenergético, o desestímulo a investimentos representa mais uma oportunidade perdida e uma chance para que produtores de outros países avancem.
*Texto originalmente publicado na Folha de S. Paulo
Plinio Nastari
Fonte: Folha de S. Paulo Mestre e doutor em economia agrícola, é presidente da Datagro Consultoria

2- Brasil é apenas o 25º em ranking de tecnologias limpas
O Brasil, com seu grande mercado interno, criatividade e recursos naturais, tinha tudo para ser uma das potências no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono, mas não é. Isto fica claro com o primeiro Índice Global de Inovação em Tecnologias Limpas 2012 (Coming Clean: The Global CleantechInnovation Index 2012), produzido pelo WWF e pelo CleantechGroup, que classificou 38 países de acordo com 15 indicadores relacionados com a criação, comercialização e incentivos para empresas de novas tecnologias de baixo carbono.
A Dinamarca aparece em primeiro lugar no ranking, seguida por Israel, Suécia e Finlândia. Estes países, apesar de suas pequenas economias, são fontes de grande parte da criação de novas formas de gerar energia e possuem centros de pesquisa que se destacam no cenário mundial.
- A macroeconomia global está se transformando; dar suporte para empreendedores e possibilitar o crescimento de empresas com soluções inovadoras de tecnologias limpas será um importante fator para o crescimento dos países e de sua competitividade no mercado internacional - afirmou Richard Youngman, diretor do CleantechGroup para a Europa e Ásia.
O Brasil ficou apenas em 25º no ranking, pontuando alto em indicadores como `Motivadores Gerais de Inovação´ e `Evidência de Comercialização´, porém com uma nota extremamente baixa em `Evidência de Inovações Emergentes´, retrato da falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento.
O relatório afirma que o Brasil possui um histórico repleto de políticas de incentivo às fontes renováveis, principalmente aos biocombustíveis. Entretanto, nos últimos anos, o país perdeu espaço para outras nações e atualmente não é mais o detentor das tecnologias mais modernas nem para produção de etanol.
Para o futuro, o documento aponta que o Brasil tem tudo para se tornar um dos líderes mundiais em inovação, dada a nossa cultura empreendedora, o recente crescimento econômico e a grande riqueza de recursos, mas precisa começar a investir desde já.
"O Brasil possui um enorme potencial, porém o governo deve fornecer condições que facilitem a criação e manutenção de novas empresas e investir mais em pesquisa e desenvolvimento", afirma o relatório.
- A grande maioria do capital necessário para a transição para um futuro de baixo carbono virá de uma variedade de fontes privadas. Desenvolver e fortalecer o financiamento público-privado para as tecnologias limpas é fundamental para que os países experimentem o sucesso econômico da inovação - explicou Samantha Smith, líder da Iniciativa de Energia e Clima Global do WWF
Os Estados Unidos aparecem em quinto no ranking, mas em termos absolutos é atualmente o melhor lugar para se investir em inovações. De acordo com o relatório, o país apresenta o maior orçamento para pesquisa e desenvolvimento do planeta, assim como o maior número de empresas e de investidores no setor de tecnologias limpas.
Outra região que ganha destaque é a da Ásia-Pacífico, principalmente pelo grande interesse da Índia e da China por todo o tipo de geração de energia.
Os países ocupam respectivamente o 12º e 13º lugares no ranking, sendo que a China já é responsável por boa parte das instalações de manufatura de equipamentos para as tecnologias renováveis e a Índia apresenta grandes investimentos em educação e planos sólidos com metas para a geração de fontes limpas de energia.
- O índice mostra que muitos países estão no caminho certo, porém ainda há muito mais a ser feito para que possamos lidar com as mudanças climáticas e para alcançarmos um futuro global 100% renovável - concluiu Samantha. (Fonte/ Fabiano Ávila, do Instituto Carbono Brasil, com Cleantech Group e WWF).
Agostinho Vieira
Fonte: O Globo

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