sábado, 13 de agosto de 2011

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 46

I – NOTICIAS

1-Clariant terá centro de pesquisa para o pré-sal
A fabricante de produtos químicos para produção de petróleo Clariant vai instalar no Brasil um centro de pesquisa voltado para as demandas do pré-sal. Entre os desenvolvimentos previstos está o de produtos polivalentes para aperfeiçoar a logística de suprimento às áreas mais distantes de exploração e produção.
Uma possível combinação será a de desemulsificantes (usados para separar o óleo da água) e sequestrantes de H2S, um contaminante encontrado em teores mais altos no pré-sal brasileiro. O produto já é comercializado pela Clariant no exterior, mas em aplicações com especificidades diferentes do pré-sal no Brasil.
Segundo o vice-presidente da Clariant, Carlos Tooge, a pré-sal no Brasil tem características diferenciadas em vários aspectos, como pressão, temperatura, salinidade e até nos sistemas de produção. “Não basta reformular os produtos, vamos ter que encontrar novas moléculas e novas composições”, ressaltou.
Entre os produtos que terão o desenvolvimento priorizado no novo centro estão desemulsificantes, inibidores de parafinas e inibidores de incrustação por sais. O local exato ainda não foi definido, mas o laboratório ficará na região metropolitana do Rio de Janeiro. O trabalho será feito com apoio de pesquisadores da Coppe/UFRJ.
Todos os equipamentos para a realização dos ensaios já foram comprados e a entrada em funcionamento do laboratório está prevista para 2012. Será a terceira unidade de pesquisa brasileira da empresa, que já está instalada em Macaé (RJ) e Suzano (SP). Toda a pesquisa para aplicações em áreas de pré-sal no mundo será centralizada no local.
Em dezembro de 2010, a empresa fechou o primeiro contrato de suprimento para uma operação no pré-sal do Brasil, no campo de Jubarte, na Bacia do Espírito Santo. O contrato prevê o fornecimento de oito produtos para utilização no TLD de um poço e nas plantas de processo da plataforma FPSO Capixaba.
Fonte: energiahoje

2-Fundos de investimentos aceleram negociações para participarem do mercado de petróleo
Fonte: Redação TN Petróleo
A Petrobras acabou de aprovar seu Plano de Negócios 2011-2015 com investimentos totalizando US$ 224,7 bilhões (R$ 389 bilhões) direcionados para mais de 650 projetos. Desse total, a maior parte do investimento é voltada para o segmento de Exploração e Produção com foco no Pré-Sal. Diante deste anúncio e do cenário positivo da economia brasileira, os fundos de investimentos aceleram suas negociações para participarem do mercado.
O Escritório Jurídico Jardson Bezerra (EJJB), por exemplo, é credenciado de um Fundo de Investimento em Participações (FIP) e recebeu a missão de identificar e proceder com a aquisição parcial de empresas do setor. Para isso, criou uma área chamada Advocacia de Resultados, com uma equipe destinada a realizar um diagnóstico profissional, minucioso e preciso das empresas de todo Brasil que tenham real potencial de crescimento e que seja inovadora.
“Com o crescimento vigoroso na demanda de derivados e em consonância com a Lei Federal do Petróleo nº 9.478/1997 e as regras contratuais que instituiu a obrigatoriedade do Conteúdo Local que garante aos fornecedores brasileiros condições amplas e equânimes de concorrência na contratação de bens, sistemas e serviços nas atividades econômicas relacionadas à fase de exploração e nas etapas de desenvolvimento, os fundos de investimentos apressam suas negociações para participarem do mercado”, explica Jardson Bezerra, sócio fundador do EJJB.
De acordo com ele, as empresas do setor que já atendam a Petrobras e que precisem acelerar seu crescimento para conquistar novos contratos encontram no EJJB soluções jurídicas aliadas a conceitos econômicos, como Project Finance, Sociedade de Propósito Específico (SPE), reestruturação societária e Gestão Tributária. Entendemos o Pré-Sal como propulsor da Indústria brasileira.
“Montamos as diretrizes para propiciar a capitalização de fornecedores de todos os elos da cadeia produtiva (E&P, Abastecimento, Gás e Energia, Distribuição, Petroquímica e Biocombustíveis) e sinalizamos com uma grande oportunidade para os empresários do segmento que estejam dentro do perfil”, afirma Bezerra.

3-Petrobras Biocombustível vai construir usina de etanol em Moçambique
Fonte: Agência Brasil
Uma usina de produção de etanol será construída pela Petrobras Biocombustível (PBio) em Moçambique. Segundo o presidente da PBio, ela vai atender exclusivamente o mercado interno do país africano. Ele não revelou o volume de investimento necessário para o empreendimento, mas disse que a iniciativa não tem como finalidade atender a questões geopolíticas do governo federal.
“A Petrobras é uma empresa que responde por seus investimentos e todos os nossos empreendimentos objetivam o retorno e o lucro em relação ao capital aplicado. Nós só investimentos em projetos que assegurem a rentabilidade esperada”.
O presidente da PBio informou que a Petrobras já tem uma usina em Moçambique, em parceria com a Guarani, para a produção de açúcar. Segundo Rossetto, como o governo moçambicano disciplinou o uso do etanol a partir de 2012, a Petrobras decidiu avaliar a construção da usina para atender ao mercado local.
“Eles vão iniciar com o E-10 [10% de adição de etanol á gasolina]. Moçambique é um país pobre que importa todos os derivados que consome. Então, nós estamos avaliando a construção da usina de etanol para atender ao mercado local. O empreendimento deverá se concretizar em 2012 por meio da Guarani”.

4-QGEP destaca início da perfuração de três blocos exploratórios
Fonte: Redação TN Petróleo
A QGEP, maior empresa de controle privado brasileiro no setor de Exploração e Produção (E&P), divulgou ontem os resultados financeiros deste trimestre, ressaltando os avanços no plano estratégico da companhia de longo prazo. A empresa confirmou o início da perfuração de três blocos exploratórios: bloco BM-J-2, na Bacia do Jequitinhonha, bloco BM-S-12, na Bacia de Santos, e o Bloco BM-S-8, na Bacia de Santos.
O fluxo de caixa de atividades operacionais atingiu R$ 101,8 milhões no primeiro semestre. Já a receita líquida totalizou R$ 60,8 milhões contra R$ 86,9 milhões, refletindo a redução temporária da produção de gás por conta do fechamento temporário para manutenção de poços no Campo de Manati. O EBITDAX foi de R$ 34,1 milhões, com margem de 56 %. O lucro líquido neste período foi de R$ 58,4 milhões, representando um aumento de 73% com relação ao mesmo período em 2010.
“Mantivemos uma trajetória de crescimento, progredindo em todas as principais áreas de nosso plano estratégico. Negociamos com sucesso um contrato de farm in no Bloco BM-S-8 e iniciamos a perfuração em três dos mais promissores ativos exploratórios”, afirma José Augusto Fernandes Filho, presidente da QGEP. Ele ressalta que com a aquisição de 10% de participação no Bloco BM-S-8, um dos maiores blocos exploratórios offshore na Bacia de Santos, a companhia se torna uma das primeiras companhias brasileiras de E&P a participar da área premium do pré-sal.
A produção de gás da QGEP no 2T11 foi de 142,4 MMm³ contra uma produção de 228,5 MMm³, no primeiro trimestre de 2T10. A expectativa da empresa, porém, é que a capacidade total de produção seja retomada ainda no segundo semestre de 2011, com a volta da operação dos poços que estavam fechados para manutenção.

5-Petrobras Biocombustível quer produzir biodiesel para a aviação até 2015
A Petrobras Biocombustível (PBio) investirá US$ 600 milhões, do total de US$ 4,1 bilhões previstos para ser investido pela subsidiária até 2015, no segmento de biodiesel e de suprimento agrícola. Com isto, a empresa espera manter nos próximos anos a participação de cerca de 25% do mercado nacional, disse nesta quinta-feira (11) o presidente da PBio, Miguel Rossetto, ao detalhar o Plano de Negócios 2011/2015 no segmento de biodiesel.
Nos planos da estatal, está a previsão de investir parte dos US$ 300 milhões, destinados à área de pesquisa, a fim de desenvolver tecnologia para a produção de biocombustíveis para a aviação, o bioqueresone, que a subsidiária espera colocar no mercado até o final de 2015.
Rossetto disse ainda que a PBio trabalha com a escolha entre duas rotas tecnológicas: uma via óleo vegetal e a outra a partir da sacarose (açúcar).
Fonte: Agência Brasil - AB

6-FLNG tem três propostas
Os grupos SBM/Chiyoda, Saipem/Hyundai e Modec/Technip/JGC apresentaram propostas técnica e comercial para a construção de uma embarcação do tipo FLNG (planta de GNL flutuante, na sigla em inglês) destinada ao cluster da Bacia de Santos. Apenas os envelopes técnicos foram abertos e a expectativa do consórcio Petrobras, BG, Repsol YPF e Galp Energia, que coordena o processo, é de que as propostas comerciais possam ser abertas no dia 25 de agosto, caso não haja contratempo.
A previsão é de que o resultado da classificação técnica seja divulgado na próxima semana, possivelmente, entre os dias 17 e 18 de agosto. Desde ontem (10/8), as empresas participantes tem acesso às propostas de seus concorrentes.
A embarcação será projetada para liquefazer 14 milhões de m3/dia de gás. O processo de confirmação da viabilidade técnica e econômica do FLNG foi aberto em 2009.
Fonte:energiahoje


II – COMENTÁRIOS

1-Fonte limpa coloca setor de energia em destaque
No setor de energia, o Brasil ostenta números invejáveis em relação a outros países. Sustentada pelo consumo de álcool nos veículos e pela geração hidrelétrica, 45% da matriz energética são formados por fontes renováveis, o triplo dos países desenvolvidos. Já na matriz de geração de energia elétrica, cerca de 90% provém de fontes limpas, enquanto no mundo esse percentual é de apenas 20%. Manter esses números nas próximas décadas não será fácil, segundo destacaram especialistas reunidos no debate sobre energia, realizado na Conferência Ethos 2011.
Um primeiro desafio é o paradoxo existente no setor. Com matriz baseada em hidreletricidade, o Brasil tem um dos custos mais baixos para gerar energia, mas a conta de luz é uma das mais elevadas do mundo. Na média mundial, a tarifa está em US$ 30 MWh. Aqui, chega a US$ 60 o MWh. Em paralelo, nos últimos anos, com a ascensão social das classes C, D e E, uma grande faixa da população vem saindo das tarifas subsidiadas, ao comprar mais equipamentos eletrônicos, consumir maisenergia - e gastar mais.
"Metade da conta é reflexo de encargos e tributos, que encarecem o preço final e também desestimulam a indústria, que passa a analisar investimentos produtivos em outros países", disse Augusto Rodrigues, diretor de comunicação empresarial da CPFL Energia.
A média de consumo per capita anual no Brasil está em 2.400 kWh, abaixo da média mundial de 2.900 kWh e de 3.330 kWh no Chile ou de 15 mil kWh nos EUA. Com a expansão da renda e a inclusão social, o consumo deverá aumentar, o que traz outro desafio: a expansão da matriz de energia elétrica.
Atualmente, a capacidade de geração está em 110 mil MW, sendo que mais de 80% proveem de hidrelétricas. "Para mantermos essa presença elevada nos próximos anos, é preciso avançar na Amazônia, onde são feitas licitações caso a caso de hidrelétricas, sem uma visão integrada", disse Pedro Bara Neto, líder da estratégia de infraestrutura da iniciativa Amazônia Viva da rede WWF, uma organização não-governamental dedicada à conservação da natureza.
Rodrigues, da CPFL, apontou outra dificuldade: hoje a ideia é que as hidrelétricas sejam construídas a fio d´água, ou seja, sem grandes reservatórios. "Como o governo tem um planejamento hidrotérmico, essa escolha exige uma energia de segurança térmica, pois sem água essas hidrelétricas param de funcionar", diz.
Em 2006 e 2007, em função do atraso na obtenção de licenças ambientais para hidrelétricas, o governo federal contratou térmicas a gás natural e a óleo diesel. "Tivemos de investir em térmicas por segurança. Mas é bom frisar: há grande capacidade de geração a partir da biomassa de cana, que poderia ser estimulada pelo governo", explicou Rodrigues.
Para Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace Brasil, a questão deve ser olhada de outra forma. "O modelo hidrotérmico é promovido até pela academia. As usinas de fio d´água não exigiriam a segurança das térmicas se houvesse uma matriz mais diversificada com fontes renováveis e linhas de transmissão cortando o país."
Segundo estimativas do diretor do Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer, até 2043, a população brasileira deve atingir 220 milhões de pessoas e o consumo per capita chegará a 5 mil kWh por ano, mais que o dobro do atual. Isso exigiria a expansão de l mil Twh por ano. Grande parte da expansão poderia ser feita com hidrelétricas, usinas de biomassa de cana e eólicas, além de investimentos em racionalização do uso dessa energia. "O potencial de eólicas é enorme, podendo chegar a 300 mil MW, mas, para deslanchar, é preciso tornar essa tecnologia mais barata", disse.
Outro desafio do setor será decisão sobre a renovação ou licitação das concessões que vencem a entre 2015 e 2017, quando expiram concessões que abrangem 20% da geração de energia, 73 mil quilômetros de linhas de transmissão e 37 distribuidoras.
Boa parte dos contratos está nas mãos de estatais, como Cesp, Cemig e Eletrobrás. Trata-se em grande parte de ativos amortizados, que não necessitam de investimentos em expansão. O governo federal indicou que qualquer decisão irá se refletir numa queda dos preços da energia dos contratos. "O essencial é ter a melhor alternativa para ter o maior ganho dessas usinas amortizadas para a sociedade", disse Rodrigues, que se disse favorável à licitação dos ativos.
Para Sauer, é preciso discutir a questão com cuidado. "Grandes consumidores estão de olho em como se apropriar dessaenergia", analisou. O especialista é favorável à criação de uma estatal nos moldes da empresa criada para gerenciar o pré-sal. Essa companhia faria a gestão da venda de energia e usaria os recursos, que poderiam chegar a R$ 10 bilhões anuais, em investimentos em saúde, educação e gestão ambiental.
Roberto Rockmann
Fonte: Valor Econômico

2-Uma boa comemoração
Tenho tratado aqui, muitas vezes, de uma tese um tanto polêmica: não existem mais líderes planetários porque, com a economia globalizada, o que falta é um projeto global. Não há mais espaço para lideranças nacionalistas ou imperialistas como no passado, animadas por planos de poder. Isso explica também a inoperância de organizações multilaterais cujo protagonismo só fará sentido se ousarem propor temas que interessem a toda a humanidade.
Um tema assim e que vem sendo objeto de debates em todos os quadrantes é o da segurança alimentar e energética com sustentabilidade. Até mesmo a OCDE e o G20 têm se debruçado sobre este assunto com freqüência cada vez maior em função dos altos preços dos alimentos, que inibiriam seu acesso para a população mais pobre da Terra. E isso não elimina a fome, que é inimiga da democracia.
Portanto, um projeto de interesse global será, sem dúvida, aquele que propuser uma verdadeira Economia Verde, capaz de produzir alimentos, energia e fibras sem destruir os recursos naturais. Por outro lado, também se sabe que o Brasil já fez boa parte de sua lição de casa neste capítulo: em 20 anos a área plantada com grãos cresceu 20% enquanto a sua produção aumentou 179%. O número em si já é formidável, mas o que está por trás dele é mais notável: com esse aumento de produtividade por área, mais de 50 milhões de hectares de matas ou cerrados foram preservados. Adicionalmente, oetanol de cana, além de não competir com alimentos, ainda reduz em 89% a emissão de CO2 da gasolina, contribuindo de fato para a redução do aquecimento global. Muitos outros dados - como, por exemplo, os seis milhões de hectares de florestas plantadas - seriam comprovantes da sustentabilidade de nossa economia verde, o que poderia fazer do Brasil o grande condutor deste projeto formidável que se caracterizaria pela difusão de nossas tecnologias para países tropicais do nosso e de outros continentes. Nosso país, um incontestável líder mundial? Finalmente?
Sem dúvida, mas para tanto há uma vasta tarefa a executar, representada por políticas públicas e ações privadas ainda pendentes: são os problemas da logística, da política comercial, da defesa sanitária, da política de renda rural, o associativismo e outras questões já aqui exauridas. Em uma democracia como a nossa, políticas públicas só serão implementadas se a sociedade estiver convencida delas. E é aqui que o carro pega na questão agrícola: o desconhecimento da nossa sociedade sobre este tema é muito grande, sobretudo a total falta de conectividade entre o rural e o urbano. Não é visível para nenhum dos dois que há estreitíssima interdependência entre ambos: não há produtor sem consumidor nem há abastecimento sem produção. Agronegócio é tudo, desde a pesquisa até a gôndola do supermercado, passando por serviço, indústria, etc.
Por décadas foram feitos esforços para montar uma campanha institucional de esclarecimento tanto para as populações rurais quanto urbanas deste vínculo tão evidente. E na semana passada, finalmente, foi lançado um Movimento, o "Sou Agro", destinado a esclarecer para todo o mundo o papel notável que o setor rural representa para o desenvolvimento do Brasil. Com uma forte presença nas redes sociais através de dois portais (www.souagro.com.br e www.redeagro.org.br), o movimento também tem uma campanha ancorada por Lima Duarte e Giovanna Antonelli que vem sendo veiculada em TVs, rádios, jornais e revistas.A idéia é mostrar a verdade, sobretudo em termos transversais, comuns a todas as cadeias produtivas. Sem liderança de ninguém (mas patrocinado por instituições e empresas do agro), sem brigar com ninguém, a proposta é esclarecer e informar, mesmo que isto represente eventuais críticas a setores incorretos.
Anteontem foi o dia do Produtor Rural. Nada melhor para comemorar a data do que este movimento, que resgata o amor próprio do homem do campo brasileiro.
Texto originalmente publicado na Folha de S. Paulo, em 30/07/2011
Roberto Rodrigues
Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da FIESP e professor de Economia Rural da UNESP/Jaboticabal

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