sexta-feira, 22 de março de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 125


I – NOTÍCIAS

1- Pré-sal pode atrair fornecedores alemães ao Brasil 
O potencial de negócios a partir das atividades de exploração e produção de petróleo na camada pré-sal pode servir de estímulo para atração de fornecedores alemães de navipeças para o Brasil. A avaliação é do diretor-executivo do escritório fluminense da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (conhecida como AHK-RJ), Hanno Erwes.
"A Alemanha é a maior exportadora de navipeças do mundo. O pré-sal, pela distância e profundidade, precisará de muitos navios e plataformas. Eu quero trazer os alemães como fornecedores para este mercado", afirmou Erwes, durante a cerimônia de posse do novo presidente da AHK-RJ, Sergio Boanada.
Erwes explicou que a política de conteúdo local brasileira é natural e deve também servir de estímulo para as companhias alemães interessadas em investir no país. "Estimulamos a empresa a vir para o Brasil, criar parceria com outra empresa do mesmo segmento e automaticamente atender o conteúdo local".
Segundo o diretor-executivo, a alemã Thyssenkrupp "teve as suas razões" para colocar à venda a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). "Só posso lamentar. Foi o maior investimento privado alemão no Rio de Janeiro nos últimos 20 anos. Mas o caso da CSA é mais conjuntural", disse Erwes, citando o nome de outras empresas alemães, como a Bayer, com investimentos expressivos no Brasil. "E a E.On, que está acreditando no projeto de Eike Batista", ressaltou.
O novo presidente da AHK-RJ, Sergio Boanada, diretor da Siemens no Brasil, ressaltou que o Rio de Janeiro tem um potencial para a "green economy", a partir de projetos de crescimento sustentável, consumo racional de energia e mobilidade urbana. 
"A Alemanha tomou uma decisão de cortar as suas usinas nucleares até 2030. E está desenvolvendo muitos esforços em energias renováveis. E o Brasil pode fazer intercâmbios nessa área", afirmou.
Ele lembrou que o fato de o ano da Alemanha no Brasil começar em maio pode estimular parcerias entre os dois países no longo prazo. "O Rio é foco para todo mundo hoje. E para os alemães também", acrescentou Boanada. O mandado do presidente da AHK-RJ tem duração de dois anos, prorrogáveis por mais dois. 
21/03/13
Rodrigo Polito
Fonte: Valor Econômico

2- Petrobras tem proposta por Refinaria
Fonte: Valor Econômico - 22/03/2013
A Petrobras recebeu  uma proposta de US$ 650 milhões pela refinaria Nansei Sekiyu K.K., em Okinawa, no Japão. O possível comprador é uma companhia sediada em Cingapura. Segundo o 'Valor' apurou com fontes a par das negociações, a oferta pela refinaria é de US$ 80 milhões e o restante será pago pelos estoques de produtos (petróleo e combustíveis), armazenados no local.
A refinaria do Japão é um dos cerca de 40 ativos de exploração e produção, refino, distribuição de gás e geração elétrica que serão vendidos no Brasil, América Latina, Estados Unidos e África em 2013 para engordar em US$ 9,9 bilhões o caixa da Petrobras. Também estão à venda participações acionárias nas distribuidoras Gaspisa (24,5%), CEBGas (32%), Goiás Gás (19,5%); Gasap (24,5%) e SCGás (23%), que não são atendidas por sua malha de gasodutos. Essas são apenas algumas das participações da estatal, que é sócia de 21 distribuidoras de gás canalizado no país.
No ano passado, a estatal recebeu uma proposta da Concord Energy, de Cingapura, pela refinaria Nansei Sekiyu, mas na ocasião o preço oferecido foi considerado baixo. A Petrobras pagou cerca de US$ 57 milhões pela Nansei. Agora, o conselho de administração da empresa ainda precisa aprovar a proposta para que seja assinado o contrato de venda das ações.
A refinaria tem capacidade para processar 100 mil barris de petróleo leve por dia, e também um terminal capaz de armazenar quase 10 milhões de barris de petróleo e derivados. A Petrobras comprou 87% dessa refinaria em 2008, de uma subsidiária da ExxonMobil por aproximadamente US$ 50 milhões. Em 2010 pagou outros US$ 7 milhões pelos 12,5% da Sumitomo.
Já a refinaria de Pasadena, no Texas, cuja aquisição está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ficou de fora. No resultado do quarto trimestre, a Petrobras fez uma baixa contábil (impairment) de R$ 464 milhões referente à refinaria americana, mas podem vir outros. E se ela for vendida agora, a estatal precisará realizar um prejuízo bilionário. Ela gastou US$ 1,1 bilhão na aquisição e a única oferta que recebeu, da refinadora Valero, o preço oferecido foi de US$ 80 milhões.
Entre os ativos da área de gás e energia no Brasil, a Petrobras decidiu se desfazer de todas as termelétricas movidas a óleo combustível e óleo diesel (cerca de 1.035 megawatts em capacidade de geração) e os quatro parques eólicos em Mangue Seco, no Rio Grande do Norte, com capacidade de gerar 104 MW. Com um parque que soma 6.952 MW, a estatal de petróleo é a sétima maior geradora de energia do país.
A Petrobras controla ou tem participação societária em oito termelétricas movidas a óleo combustível e diesel. Também é dona de sete térmicas que podem usar óleo ou gás natural com quase 1.700 MW de capacidade instalada. A decisão da companhia é de não vender suas térmicas a gás, consideradas estratégicas para o setor elétrico brasileiro. A área teve lucro de R$ 1,638 bilhão em 2012.
Na área de exploração e produção (upstream) estão à venda metade da participação acionária da Petrobras nos campos de Xerelete e Maromba, onde ela tem 41,2% e 70% respectivamente, operados pela Total e Chevron. Nos quatro campos que formam o Parque das Conchas, operado pela Shell, tudo foi posto à venda. A Petrobras tem 35% da área, onde foram descobertos os campos de Ostra, Abalone, Argonauta e Nautilus.
No exterior, estão atraindo grande interesse os ativos da estatal no Peru, onde foram feitas descobertas gigantes de gás nos blocos 57 (campo de Sagari) - a brasileira tem 46,16% do projeto em associação com a Repsol - e no bloco 58, onde foram encontrados os reservatórios de gás Urubamba, Picha e Taini. A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse esta semana que não vai sair totalmente da Argentina, onde procura sócios.

3- Qualificar mão de obra é principal desafio
Fonte: Noticiário cotidiano - Portos e Logística 
A qualificação de cerca de 35 mil trabalhadores nos próximos cinco anos é o principal desafio diagnosticado no Encontro Estadual do Pacto pelo Pecém que teve início ontem, no auditório Deputado João Frederico Ferreira Gomes, na Assembleia Legislativa. O evento tem o objetivo de discutir e consolidar o diagnóstico sobre a versão preliminar do Cenário Crítico do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O alerta é do deputado Lula Moraies (PC do B), presidente do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia.
Segundo ele a falta dessa mão de obra qualificada preocupa.”Precisaremos de 35 mil pessoas qualificadas para trabalhar em todas as empresas do complexo. Capacitar essa quantidade de pessoas não é tarefa simples”, afirmou ele. Cerca de 65 entidades participam das discussões que terminam hoje quando serão definidos os desafios e encaminhamentos a serem tomados.
Outra questão relevante, segundo o parlamentar, é o planejamento urbano dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. “Essas regiões vão receber muita gente. É preciso que isso se dê de forma planejada para não acontecer a favelização, como ocorreu em outros empreendimentos” alertou o parlamentar.
Rosana Garjulli, que coordenou a elaboração do documento prévio, reforçou a importância da preocupação com a falta de mão de obra. “Não envolveria apenas capacitação das pessoas da região, mas também de outras regiões, como Sobral, onde há escolas técnicas” apontou ela.
Após o documento ser aprovado, na reunião de hoje, as propostas serão encaminhadas a instituições que ficarão responsáveis por trabalhar nas propostas. O documento deve ser lançado publicamente em trinta dias.
Mobilização
O presidente da Assembleia, deputado José Albuquerque, participou da abertura do evento onde falou sobre a “campanha pró-refinaria” - uma mobilização do legislativo cearense pela implantação da Refinaria Premium II. Segundo ele, a campanha envolverá pequenos, médios e grandes empresários, prefeitos, vereadores, deputados, senadores e a população civil de 8 regiões do Estado para que a refinaria fique pronta no menor tempo possível.
“Vamos a oito regiões do Ceará para explicar a importância da refinaria para o Estado. Muita gente não tem noção do que é uma refinaria. O terreno já está pronto, a licença já foi dada pela Funai, já está na Semace. As coisas estão acontecendo.”

4- OGX encontra mais gás natural no Maranhão 
A OGX, petrolífera do grupo EBX, notificou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis  (ANP), a existência de indícios de gás natural no bloco PN-T-49, na Bacia terrestre do Parnaíba, no Maranhão. O poço onde ocorreu a descoberta foi o 4OGX108BMA.
Essa não é a primeira vez que a petroleira de Eike Batista encontra hidrocarbonetos na região. No início do mês, a companhia comunicou a conclusão de testes de formação no poço OGX-107, acumulação de Fazenda Chicote.
A OGX é a operadora do PN-T-49, com 66,6% de participação na OGX Maranhão, sociedade criada com a coligada MPX Energia (33,3%), empresa de energia do grupo EBX. A OGX Maranhão tem 70% do PN-T-49. Os 30% restantes pertencem à Petra Energia.
Na semana passada, a OGX submeteu à ANP três declarações de comercialidade, das acumulações de Pipeline, Fuji e Illimani, na Bacia de Campos. A empresa também enviou à autarquia os planos de avaliação de descoberta para as acumulações de Tulum, Viedma e Vesúvio, também na Bacia de Campos, e de Curitiba, Belém e Natal, na Bacia de Santos. 
Rodrigo Polito
Fonte: Valor Online 

5- Volta de térmicas a carvão pode liberar R$ 6 bi em projetos 
Cerca de R$ 6 bilhões em projetos poderão ser desengavetados se o governo federal permitir que usinas térmicas movidas a carvão participem do próximo leilão de energia, a ser realizado no segundo semestre deste ano. 
O último leilão que autorizou a participação das usinas a carvão foi realizado em 2008. Questões ambientais e de mercado (a energia de termelétricas é mais cara) foram responsáveis por excluí-las das disputas seguintes. 
A volta do carvão ocorreria para garantir uma maior segurança energética e evitaria sustos em decorrência do nível dos reservatórios de água. 
Hoje, a fonte gera 1,4% da matriz energética do país -a capacidade instalada é de 1.752 MW, segundo a Associação Brasileira do Carvão Mineral. 
"Outros 2.452 MW, cujos projetos demandarão cerca de R$ 6 bilhões, estão aptos a participar de leilões, pois já têm licença ambiental prévia", diz o presidente da entidade, Luiz Fernando Zancan. 
Um dos empreendimentos será o da Usitesc, das empresas Carboníferas Criciúma e Metropolitana, além do fundo de investimentos Energia PCH. 
"Desde 2009 estamos aguardando. Chegamos a estar qualificados para o leilão de 2009, que foi cancelado", diz Kaioa Gomes, responsável pelo projeto de R$ 1,6 bilhão. 
"Era inviável implantarmos a usina para operarmos no mercado livre, onde os preços são muito baixos." 
A empresa MPX, de Eike Batista, também tem projetos já licenciados. 
Maria Cristina Frias com colaboração de Luciana Dyniewicz,
Ronaldo Paschoalino e Daniel Lomonaco
Fonte: Folha de S. Paulo


II – COMENTÁRIOS

1- No horizonte, apagões 
Nos dez anos de governo do PT a política energética pode ser dividida em dois períodos.O primeiro vigorou até a crise econômica mundial de 2008 e foi caracterizado pelo incentivo a novos investimentos e pela preocupação com a garantia de suprimento. No setor de petróleo o governo manteve o marco regulatório, dando continuidade aos leilões de petróleo, e a defasagem dos preços da gasolina e do diesel, como era pequena, penalizava pouco o caixa da Petrobras. Os biocombustíveis viveram seu melhor momento nesse período.
Todos lembram que o presidente Lula anunciava aos quatro cantos do mundo que o Brasil seria a Arábia Saudita verde. É nesse período que o governo lança o Programa do Biodiesel e os investimentos, a produção e o consumo de etanol batem recordes. No biodiesel o governo estabelece a meta da mistura como diesel em 5% e assim dá previsibilidade, o que levará à construção de várias unidades de produção. No etanol a política de preços da gasolina permite competitividade ao etanol, fazendo com que autoridades do governo afirmassem que a gasolina no Brasil passaria a ser o combustível alternativo.
No setor elétrico, o governo, preocupado em evitar novo racionamento, de uma forma inteligente promoveu leilões de oferta de energia para o mercado cativo e manteve o mercado livre. As regras dos leilões beneficiavam a vitoria das térmicas,dentro da ideia de garantir o abastecimento. Nesse período, o governo acreditava que a melhor maneira de aumentar a oferta de energia elétrica seria através da concorrência.
Com a chegada da crise econômica e com o anúncio da descoberta do pré-sal, a política energética brasileira muda de rota. A nova rota será caracterizada pelo maior intervencionismo do Estado, pelo populismo dos preços. O primeiro setor vítima da nova política energética foi o do petróleo. A descoberta do pré-sal foi o álibi que os nacionalistas xiitas do PT precisavam para fechar o mercado do petróleo no país. Desde 2008 não foram realizados mais leilões e foi aprovado um novo marco regulatório, que dá um tratamento diferencial para a Petrobras. Ao mesmo tempo, o governo, tentando evitar que a crise econômica causasse maiores impactos no país, incentivou a venda de automóvei.
Uma das políticas adotadas para aumentar a venda de automóveis foi congelar o preço da gasolina. A política de congelamento incentivou o crescimento do consumo e das importações de gasolina, ferindo demorte o caixa da Petrobras. Ou seja,o governo deumais deveres e retirou os direitos da empresa de ter liberdade de fixar os preços dos seus produtos. Nesse período os biocombustíveis viveram e vivem seu inferno astral. O projeto Arábia Saudita verde morreu. Não existe mais marco regulatório, com o congelamento do preço da gasolina o etanol perdeu inteiramente sua competitividade, levando a uma quebradeira de inúmeras usinas, e o biodiesel está comuma enorme capacidade ociosa e sem nenhuma previsibilidade do que vai ocorrer com o percentual de mistura.
No setor de energia elétrica o governo abandonou a preocupação com a garantia de abastecimento e passou a ter uma política dedicada, exclusivamente, àmodicidade, oumelhor , ao populismo tarifário.Oclímax dessa política foi a publicação no ano passado daMP 579, que ignorou a necessidade de novos investimentos e promoveu um subsídio nas tarifas nummomento de escassez de energia.
A escassez de energia, causada pela falta de chuvas, tem obrigado o governo a ligar as térmicas a gás, a carvão e a óleo, todas mais caras que as hidrelétricas. Isso deverá anular amaior parte da redução de energia, principalmente, no setor industrial. E o que é pior: deverá obrigar o governo a dar soluçõesmais atrapalhadas e completamente fora da lógica de mercado para preservar a artificialidade da redução dos preços vindos por Lei.
A atual política energética confunde energia barata comenergia competitiva e isso no curto prazo destruiu a Petrobras e a Eletrobras e, no longo prazo, promoverá apagões.
*Texto originalmente publicado no O Globo, no dia 09/03/2013. 
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE)

2- Uma oportunidade histórica perdida? 
A História está cheia de exemplos de que uma escolha errada tem consequências funestas e uma escolha certa produz milagres. O grande desafio é fazer as escolhas certas - e o próprio conceito de "governar" significa escolher entre as opções disponíveis.
O governo brasileiro, em pleno regime militar, fez em 1975 uma escolha de grande sucesso, que foi lançar o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), o único combustível, existente até hoje, capaz de substituir a gasolina em grandes quantidades, com as características que todos desejam: ser economicamente competitivo e renovável, isto é, sem os problemas que caracterizam os combustíveis fósseis.
O programa sofreu muitos tropeços ao longo dos últimos 35 anos, mas sobreviveu. E chegou a substituir 50% da gasolina que seria consumida no País se ele não existisse.
As expectativas de expansão da produção de etanol da cana-de-açúcar no Brasil sempre foram bem fundadas. Ele poderia ser exportado para os Estados Unidos, onde o uso do milho para produzir etanol não tem as vantagens econômicas e ecológicas do nosso álcool de cana. Tampouco dispõem de tais vantagens os países da Europa, que usam beterraba e outros produtos e nos quais o etanol é mais caro. Não é de admirar, pois, que esses países tenham adotado medidas protecionistas que impediram a conquista do seu mercado interno pelo etanol brasileiro.
Sucede que as barreiras adotadas pelos Estados Unidos já caíram. E as europeias vão acabar caindo também, porque simplesmente não há condições geográficas e climáticas para produzir grandes quantidades de etanol na Europa. O Brasil poderia, portanto, ocupar o espaço deixado pelos Estados Unidos.
Com a tecnologia existente atualmente, somente etanol produzido da cana-de-açúcar, em países tropicais, pode atender às necessidades de combustível renovável. Novas tecnologias, as de segunda geração, poderão mudar esse quadro. Isso, contudo, levará alguns anos. Até agora os trabalhos nessas áreas estão sendo testados em diversas plantas-piloto, que não se mostraram ainda economicamente viáveis e em alguns casos, até mesmo tecnologicamente inviáveis.
Além disso, a produtividade em litros de álcool produzidos por hectare da tecnologia em uso no Brasil tem aumentado sistematicamente em cerca de 3% ao ano desde 1980, o que é realmente extraordinário. Novos ganhos de produtividade são ainda possíveis. Não é preciso esperar pela segunda geração para competir.
Há, pois, uma janela de oportunidade para o etanol do Brasil e de outros países com clima adequado e terra abundante, o que significa, principalmente, a África abaixo do Saara e alguns países da América Latina. Apenas para dar um exemplo, a União Europeia acaba de sobretaxar a importação de etanol dos Estados Unidos - cerca de 600 milhões de litros por ano - para proteger sua indústria. Essa sobretaxa não se aplica ao Brasil, que poderia facilmente conquistar esse mercado.
Os países da Europa e os Estados Unidos acabarão por se render à evidência: produtos tropicais são produzidos nos trópicos, mas podem ser importados e comercializados pelas empresas europeias e norte-americanas. Isso é verdade desde os tempos da Roma imperial, 2 mil anos atrás, quando o trigo consumido na Itália, produto essencial para o Império, era produzido no Norte da África, que na época era bem mais fértil do que é hoje. Parte da riqueza do Império Britânico veio da produção de chá na Índia - que não era produzido na Inglaterra, mas era comercializado pelos ingleses.
Isso é o que deve acontecer com o etanol da cana-de-açúcar. Existem no mundo mais de cem países produtores de açúcar (usando cana), a maioria na África e na América Latina, e eles poderiam com relativa facilidade usar parte da produção de cana para produzir etanol. Aos poucos isso está ocorrendo na Colômbia, em Angola, Moçambique e vários outros países. Neles é que existe uma grande oportunidade de expansão e o governo brasileiro precisa acordar para ela.
Quando houver muitos produtores, o etanol se transformará numa commodity, como é o açúcar, e contratos de fornecimento a longo prazo - que são raros hoje - passarão a ser a norma. Para não perder a oportunidade histórica de liderar a adoção do etanol da cana-de-açúcar como substituto da gasolina no mundo o governo brasileiro precisa, contudo, remover com urgência os obstáculos que estão asfixiando a sua produção, no momento, como o congelamento do preço da gasolina desde 2007, o que viola as mais elementares regras de uma economia de mercado.
Que a Venezuela, que é um grande produtor de petróleo, o faça, em nome de beneficiar sua população mais pobre, é até compreensível. Mas importar gasolina a preços internacionais de hoje e vendê-la a preços de 2007 é irracional. E a Petrobrás está pagando caro por isso.
O Programa do Álcool no Brasil já enfrentou outros percalços no passado, como o de não ser capaz de abastecer os carros usando etanol puro - em motores especialmente construídos para tal no nosso país -, o que quase destruiu o programa quando o petróleo baixou de preço. O desenvolvimento de motores flexfuel, cuja introdução no mercado foi entusiasticamente apoiada pelo governo do Estado de São Paulo, em 1973, resolveu, todavia, esse problema.
As dificuldades que o setor enfrenta agora, entretanto, são de âmbito nacional e só o governo federal pode resolvê-las. Ao fazê-lo, ele estaria tomando uma decisão histórica: hoje mais energia renovável é produzida como o etanol do que com qualquer outra opção - eólica, fotovoltaica, geotérmica ou solar.
O programa brasileiro de etanol não representa o passado, mas o futuro.
José Goldemberg
Fonte: O Estado de S. Paulo
Professor da Universidade de São Paulo

3- Petrobras venderá usinas térmicas para fazer caixa 
Oitava maior produtora de energia elétrica do país, a Petrobras quer reduzir sua participação na geração térmica, segundo apurou a Folha, para se concentrar no seu negócio principal: a produção de petróleo e gás natural.
A empresa não comenta oficialmente o assunto. Segundo duas pessoas próximas ao tema, a Petrobras incluiu algumas de suas usinas termelétricas no seu sigiloso Programa de Desinvestimentos (Prodesin), que prevê obter US$ 9,9 bilhões para os cofres da estatal neste ano.
Os recursos vão ajudar a concretizar o Plano de Negócios 2013-2017, divulgado na semana passada, no valor de US$ 236,7 bilhões.
Anteontem, a presidente da estatal, Graça Foster, disse que aumentou o escopo do Prodesin, mas não revelou quais seriam os ativos disponíveis. Ela só informou que a refinaria de Pasadena (EUA), investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), saiu da lista de venda.
De acordo com o presidente da Abragef (Associação Brasileira de Geração Flexível), Marco Antônio Veloso, já começaram a surgir rumores entre associados sobre uma possível venda de térmicas da empresa.
"Outro dia me ligou um agente dizendo que teria comprador paras as térmicas da Petrobras, mas só se fosse com venda do controle. Já está havendo um movimento."
Para ele, sempre é época de adquirir bons ativos e a estatal deve conseguir atrair investidores. Segundo suas estimativas, uma térmica a óleo de 100 MW, por exemplo, pode custar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. "Mas, como já está pronta e operando, ela [a Petrobras] pode pedir um pouco mais."
O processo ainda está no início e não há previsão de quanto poderá ser arrecadado. O foco principal serão as térmicas que não utilizam gás natural, cuja operação é mais onerosa, mas que encontrariam facilmente comprador.
Fazer fila
"Basta a Petrobras anunciar a venda que vai fazer fila na avenida Chile", diz o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires, referindo-se ao endereço da sede da Petrobras, no Rio.
As usinas térmicas a gás natural são acionadas antes das a óleo pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) por terem custo de operação mais baixo. Desde o fim de 2012, no entanto, todas as usinas térmicas do país estão funcionando em razão dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas.
Pires diz acreditar que a Petrobras vá vender participações em distribuidoras estaduais de gás natural. Ele afirma que, para obter recursos, a estatal poderia alugar espaços na infraestrutura que tem pelo país, quando não estiver usando, como gasodutos e unidades de regaseificação.
Para o analista Lucas Brendler, da Geração Futuro, "faz todo sentido a venda das térmicas". Ele afirma que o modelo de aquisições da empresa se esgotou e agora é hora de arrumar a casa, para poder investir em produção de petróleo e fazer caixa. 
Denise Luna
Fonte: Folha de S. Paulo

sábado, 16 de março de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 124


I – NOTÍCIAS

1- Subsea 7 fecha contratos de US$ 300 milhões com a Petrobras
A Subsea 7 fechou três contratos com a Petrobras que, juntos, somam US$ 300 milhões. Os acordos preveem a instalação, a partir deste ano, de sistemas submarinos nos campos de Sapinhoá e Lula Nordeste. 
Dois contratos são relativos à instalação de linhas flexíveis para compor o sistema de Lazy Wave Risers de Sapinhoá e Lula NE, em profundidades de aproximadamente 2.100 m. A terceira contratação, remunerada por uma taxa diária não revelada, é relativa aos serviços de EPC para instalação de umbilicais e linhas, a serem fornecidos por terceiros. 
Em Sapinhoá, localizado no bloco BM-S-9, a Petrobras já produz desde janeiro, através do FPSO Cidade de São Paulo - que tem capacidade para produzir 120 mil bpd e comprimir 5 milhões de m³/dia. Já o primeiro óleo de Lula Nordeste está previsto, de acordo com o Plano de Negócios 2012-2016, para maio. O projeto piloto do campo será conduzido pelo FPSO Cidade de Paraty, que possui capacidade para produzir 120 mil bpd.
Fonte: energia hoje

2- Cameron fecha contrato para fornecer 47 ANMs para a Petrobras
A Cameron recebeu um pedido da Petrobras de cerca de US$ 600 milhões para o fornecimento de 47 árvores de natal molhada (ANM) e outros equipamentos subsea. 
O início da entrega dos equipamentos, que serão destinados à produção de petróleo no pré-sal e no pós-sal brasileiro, está previsto para 2014. 
A encomenda será atendida pela fábrica da Cameron no Brasil, cuja expansão deve ser concluída neste semestre, segundo informou o presidente da Cameron, Jack B. Moore.
Fonte: energia hoje

3- Mercado de perfuração offshore aquecido no Oriente Médio e África
As despesas anuais com perfurações offshore no Oriente Médio e na África podem atingir US$ 17 bilhões em 2016. O aumento dos custos, de 25% na comparação com os gastos de 2012, deve-se ao crescimento de descobertas offshore nas regiões, o que deve puxar investimentos em atividades de exploração, segundo o último relatório da GBI. 
De acordo com a consultoria, as despesas com perfurações offshore na região devem saltar de US$ 13,56 bilhões em 2012 para US$ 17,03 bilhões em 2016. Durante esse período, a expectativa é que as despesas atinjam, no acumulado, US$ 77,3 bilhões, um aumento de aproximadamente 22% em relação ao período 2007-2011. 
Os gastos com perfurações devem aumentar em todos os países da região, com destaque para os países da África ocidental. A atividade crescente em países inseridos recentemente na indústria de perfurações offshore, como Serra Leoa e Libéria, contudo, pode gerar uma futura concorrência com os países da África ocidental, que já estão estabelecidos no setor. 
Gana, com 16 descobertas offshore entre 2008 e 2012, é vista como um dos países com maior potencial de exploração de petróleo e gás. Apenas Angola, com 22 descobertas durante o mesmo período, está à frente.
Fonte: energia hoje

4- HRT consegue mais quatro anos para explorar blocos na Bacia de Solimões
A HRT conseguiu uma extensão de quatro anos no prazo de concessão para explorar dez blocos onshore no sul e leste da Bacia do Solimões. A autorização da ANP permite que a campanha continue operando as áreas, em parceria com a TNK-Brasil (45%), até março de 2017. 
A decisão é válida para os blocos: SOL-T-151, SOL-T-174, SOL-T-196, SOL-T-197, SOL-T-192, SOL-T-214, SOL-T-215, SOL-T-216, SOL-T-217 e SOL-T-218. Juntas, as áreas somam mais de 27 mil km² 
Em 2012, a HRT perfurou seis poços na Bacia de Solimões e obteve resultados positivos de gás em cinco deles, incluindo os poços HRT-5, HRT-9 e HRT-10, localizados ao sul da bacia. 
A expectativa é de que o potencial da região aumente nos próximos anos e novas descobertas sejam declaradas.
Fonte: energia hoje

5- Finep tem novo diretor
A presidente Dilma Rousseff nomeou Cláudio Guimarães Júnior diretor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O novo diretor já ocupou diversos cargos executivos no Banco do Brasil, de 2002 a 2012. Entre eles, o de diretor de Finanças e o de gerente executivo de Operações Financeiras.
Após a compra da Nossa Caixa pelo Banco Brasil, o executivo ocupou o cargo de diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Nossa Caixa. Entre janeiro e março de 2013, esteve no Banco Fator, onde foi superintendente executivo.
A Finep é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que tem como missão promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.
Fonte: Agência Brasil

6- Terminais de contêineres prometem investir R$ 11 bilhões
São Paulo - As empresas de terminais de contêineres prometem investir, em cinco anos, R$ 10,8 bilhões na expansão e modernização das instalações, se o governo federal antecipar a renovação dos contratos de arrendamento. A proposta foi apresentada à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e à comissão mista do Congresso, que analisa a Medida Provisória 595, a MP dos Portos. A ideia é aproveitar as discussões e garantir a prorrogação por mais 25 anos.
Os contratos têm datas de vencimento variadas, nos próximos cinco, dez ou 20 anos, mas empresas querem evitar problemas no futuro, como houve em outras áreas. A prorrogação dos arrendamentos, em alguns contratos, fica a critério dos administradores portuários, que podem ou não aceitar a renovação, informa o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
"Fizemos um documento com apoio de várias associações e entregamos ao governo federal. A proposta permitirá a antecipação de investimentos", afirma. Para as empresas, que têm terminais nos portos organizados, essa é uma contrapartida à liberação dos terminais privados, fora dos portos públicos.
Desde antes das discussões, os empresários reclamam da falta de isonomia entre os terminais arrendados e os terminais privados. Além da questão da mão de obra e dos custos administrativos, eles destacam a questão do tempo que os novos terminais terão para explorar a atividade portuária.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)


II – COMENTÁRIOS

1- Governo lança Plano Inova Empresa com investimentos de R$ 32,9 bilhões
Lançamento do Programa Inova Empresa
O governo federal lançou o Plano Inova Empresa, para tornar as empresas brasileiras mais competitivas no mercado global por meio da inovação tecnológica e aumento da produtividade. Os recursos, da ordem de R$ 32,9 bilhões, serão aplicados em 2013 e 2014 e beneficiarão empresas de todos os portes dos setores industrial, agrícola e de serviços.
Do total, R$ 20,9 bilhões serão ofertados por meio de crédito para empresas, com taxas de juros subsidiadas de 2,5% a 5% ao ano, quatro anos de carência e 12 anos para pagamento. As subvenções econômicas às empresas representarão R$ 1,2 bilhão, enquanto o fomento para projetos em parceria entre instituições de pesquisa e empresas, R$ 4,2 bilhões. O governo também vai aplicar R$ 2,2 bilhões em participação acionária em empresas de base tecnológica.
As linhas de financiamento serão executadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, apresentou o plano durante a reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), no Palácio do Planalto, com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, o Plano Inova Empresa é um passo para a consolidação da ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante e sustentado da economia brasileira.
O governo informou que o plano também deve receber mais R$ 3,5 bilhões por meio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para atividades de pesquisa e inovação no setor de telecomunicações. Esses recursos ainda dependem do término do processo de regulação do setor, que está sob consulta pública.
O comitê gestor do plano será formado pela Casa Civil da Presidência e pelos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação; da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e da Fazenda, além da Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
Fonte: Agência Brasil

2- No horizonte, apagões 
Nos dez anos de governo do PT a política energética pode ser dividida em dois períodos.O primeiro vigorou até a crise econômica mundial de 2008 e foi caracterizado pelo incentivo a novos investimentos e pela preocupação com a garantia de suprimento. No setor de petróleo o governo manteve o marco regulatório, dando continuidade aos leilões de petróleo, e a defasagem dos preços da gasolina e do diesel, como era pequena, penalizava pouco o caixa da Petrobras. Os biocombustíveis viveram seu melhor momento nesse período.
Todos lembram que o presidente Lula anunciava aos quatro cantos do mundo que o Brasil seria a Arábia Saudita verde. É nesse período que o governo lança o Programa do Biodiesel e os investimentos, a produção e o consumo de etanol batem recordes. No biodiesel o governo estabelece a meta da mistura como diesel em 5% e assim dá previsibilidade, o que levará à construção de várias unidades de produção. No etanol a política de preços da gasolina permite competitividade ao etanol, fazendo com que autoridades do governo afirmassem que a gasolina no Brasil passaria a ser o combustível alternativo.
No setor elétrico, o governo, preocupado em enviar novo racionamento, de uma forma inteligente removeu leilões de oferta de energia para omerado cativo e manteve o mercado livre. As regras dos leilões beneficiavam a vitoria das térmicas,dentro da ideia de garantir o abastecimento. Nesse período, o governo acreditava que a melhor maneira de aumentar a oferta de energia elétrica seria através da concorrência.
Com a chegada da crise econômica e com o anúncio da descoberta do pré-sal, a política energética brasileira muda de rota. A nova rota será caracterizada pelo maior intervencionismo do Estado, pelo populismo dos preços. O primeiro setor vítima da nova política energética foi o do petróleo. A descoberta do pré-sal foi o álibi que os nacionalistas xiitas do PT precisavam para fechar o mercado do petróleo no país. Desde 2008 não foram realizados mais leilões e foi aprovado um novo marco regulatório, que dá um tratamento diferencial para a Petrobras. Ao mesmo tempo, o governo, tentando evitar que a crise econômica causasse maiores impactos no país, incentivou a venda de automóvei.
Uma das políticas adotadas para aumentar a venda de automóveis foi congelar o preço da gasolina. A política de congelamento incentivou o crescimento do consumo e das importações de gasolina, ferindo demorte o caixa da Petrobras. Ou seja,o governo deumais deveres e retirou os direitos da empresa de ter liberdade de fixar os preços dos seus produtos. Nesse período os biocombustíveis viveram e vivem seu inferno astral. O projeto Arábia Saudita verde morreu. Não existe mais marco regulatório, com o congelamento do preço da gasolina o etanol perdeu inteiramente sua competitividade, levando a uma quebradeira de inúmeras usinas, e o biodiesel está comuma enorme capacidade ociosa e sem nenhuma previsibilidade do que vai ocorrer com o percentual de mistura.
No setor de energia elétrica o governo abandonou a preocupação com a garantia de abastecimento e passou a ter uma política dedicada, exclusivamente, àmodicidade, oumelhor , ao populismo tarifário.Oclímax dessa política foi a publicação no ano passado daMP 579, que ignorou a necessidade de novos investimentos e promoveu um subsídio nas tarifas nummomento de escassez de energia.
A escassez de energia, causada pela falta de chuvas, tem obrigado o governo a ligar as térmicas a gás, a carvão e a óleo, todas mais caras que as hidrelétricas. Isso deverá anular amaior parte da redução de energia, principalmente, no setor industrial. E o que é pior: deverá obrigar o governo a dar soluçõesmais atrapalhadas e completamente fora da lógica de mercado para preservar a artificialidade da redução dos preços vindos por Lei.
A atual política energética confunde energia barata comenergia competitiva e isso no curto prazo destruiu a Petrobras e a Eletrobras e, no longo prazo, promoverá apagões.
*Texto originalmente publicado no O Globo. 
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE)

3- Oportunidade histórica para o biodiesel 
O Brasil tem uma chance histórica de mudar para melhor a sua matriz de combustíveis. Todas as condições estão dadas para o governo ampliar, imediatamente, de 5% para 7% a mistura de biodiesel ao diesel mineral e estabelecer um porcentual bem mais elevado para 2020. Desde 2010, o índice de 5% de mistura obrigatória de biodiesel ao diesel consumido no mercado doméstico não evolui, apesar de a oferta de matérias-primas ser muito superior à demanda.
Em 2013, pela primeira vez, o Brasil será o maior produtor mundial de soja em grão, deslocando os EUA dessa posição. O País deverá produzir mais de 82 milhões de toneladas de soja, dos quais 38 milhões serão processados em fábricas esmagadoras. Com isso, haverá disponibilidade recorde de 7,4 milhões de toneladas de óleo de soja, suficiente para garantir o aumento da participação de biodiesel na matriz de transportes brasileira, sem prejuízo do consumo alimentar, industrial ou das exportações.
Atualmente, cerca de 76% do biodiesel produzido no Brasil tem a soja como matéria-prima, seguida de 17% de sebo bovino e 4% de óleo de algodão. Há, ainda, melhor aproveitamento de resíduos, como nos casos do óleo de fritura usado e do sebo bovino. Como se sabe, o biodiesel polui substantivamente menos do que o diesel mineral, e o impacto inflacionário de um aumento do porcentual na mistura seria mínimo. Quando consumido no Brasil, o biodiesel de soja é responsável por reduções superiores a 70%, em comparação com o diesel mineral europeu, segundo estudo da Delta CO2, empresa ligada à Esalq-USP.
Do ponto de vista da inflação, estudos mostram que o aumento do uso de biodiesel geraria alterações imperceptíveis nos índices de preços IPCA, IGP-M e IPA. A adoção imediata do B7 (7% de biodiesel misturado ao diesel mineral) provocaria um aumento próximo a R$ 0,01 nos preços das passagens de ônibus urbanos. A mesma evolução no porcentual de mistura (B7) elevaria o custo da cesta básica nacional em algo como R$ 0,20/unidade.
Em termos de dependência energética, constata-se que, ao menos no curto e no médio prazos, a maior inserção do biodiesel reduziria a necessidade de importação de diesel mineral. Hoje essas importações representam cerca de 20% do consumo interno de diesel. Outra vantagem é a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento da agricultura familiar, que forneceu para a produção de biodiesel quase 2 milhões de toneladas em matérias-primas em 2011.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais de 100 mil famílias brasileiras que produzem biodiesel estão vinculadas à agricultura familiar. Em 2011, cada família recebeu, em média, R$ 14.500 no âmbito do PNPB, além de assistência técnica especializada. O setor gerou cerca de 86 mil empregos naquele ano.
Grandes instalações, com capacidade de produção de mais de 700 mil m³, devem iniciar operações de produção de biodiesel nos Estados de MT, PR, SC e RS ainda em 2013. A capacidade industrial nacional de produção gira em torno de 7,40 milhões de m³/ ano. Em 2012 o País produziu 2,71 milhões de m³ e, em 2011, 2,67 milhões de m³. Temos, pois, condições de assegurar o abastecimento, se a mistura passar a ser o B7, apenas utilizando a capacidade não utilizada.
O setor de biodiesel reúne 61 empresas autorizadas a comercializar biodiesel, das quais 70% operam ativamente nos leilões bimestrais promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em termos agregados, o setor movimentou, só nas vendas dos leilões ANP, cerca de R$ 6 bilhões, em 2011 e em 2012. Esse é o mercado predominante no País. Mas há ainda vendas a frotas cativas, por exemplo, em projetos de ônibus urbanos movidos a B20, em São Paulo e Curitiba.
O Brasil é o quarto maior produtor mundial do biocombustível, atrás de EUA, Argentina e Alemanha, e tem plenas condições de assumir a liderança mundial nesse mercado, seguindo sua tradição de incentivo às energias renováveis. A sociedade brasileira ganha com o incentivo ao uso de mais biodiesel na mistura com o diesel mineral. 
Carlo Lovatelli - Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais.
Fonte: O Estado de S. Paulo

domingo, 10 de março de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 123


I – NOTÍCIAS

1- Mercado brasileiro de gás precisa de novos trades, diz BRIX
A BRIX, plataforma eletrônica de negociação de energia elétrica, acredita que o Brasil precisa de mais players para produzir gás. Assim, segundo Marcelo Mello, CEO da BRIX, o setor conseguirá aproveitar seu potencial e expandir sua liquidez do mercado.
“Da mesma forma como ocorreu com a energia elétrica, o desenvolvimento do mercado de gás requer o estabelecimento de um ambiente de forte competitividade, implicando em um maior número de agentes atuando como vendedores, um segmento de comercializadores ativos e acesso garantido ao transporte e à distribuição”, afirma. 
Segundo ele, nestas condições, seria possível capturar índices de preços sendo negociados para o gás, assim como já é feito em relação à energia elétrica, para maior transparência, eficiência e segurança transacional ao mercado. Mello indicou também a necessidade do livre acesso a rede de transporte e distribuição (infraestrutura eficaz).
Fonte: Redação TN Petróleo/ Maria Fernanda Romero

2- HRT assina Termo de Compromisso para venda da Air Amazonia
A HRT assinou um Termo de Compromisso Vinculante para venda da Air Amazonia para a americana Erickson Air-Crane. O documento substitui o Termo de Compromisso Não Vinculante anunciado pela HRT em 6 de novembro de 2012, e reafirma o desenvolvimento de um acordo definitivo para a venda, que será concluída nos próximos meses. A conclusão da operação está sujeita ao cumprimento de diversas condições, incluindo a aprovação do contrato de prestação de serviços aéreos pelo parceiro da HRT no Projeto de Solimões. 
As negociações envolvem a transferência de 14 helicópteros e a prestação de serviços de logística aérea para as operações da HRT na Bacia de Solimões durante três anos. O valor total da operação será entre US$ 65 milhões e US$ 75 milhões, condicionados ao atendimento de termos contratuais específicos. 
“Nossa decisão de venda do negócio de logística aérea da Companhia, a Air Amazonia, para a Erickson permitirá a HRT concentrar seus esforços em exploração, transferindo a nossa atividade de logística aérea a um reconhecido operador, que irá aprimorar a disponibilidade e diversificar os tipos de aeronave, bem como dará flexibilidade e produtividade para o nosso programa de trabalho. Essa melhoria em eficiência trará economia significativa de custos às nossas operações na Bacia do Solimões”, enfatizou Marcio Rocha Mello, Presidente do Conselho e CEO da HRT.
A Air Amazonia foi criada como subsidiária integral da HRT, responsável pelo suporte logístico aéreo para execução da campanha exploratória na Bacia do Solimões. Em 2012, foram realizadas 11.443 horas de voo de helicópteros e 2.106 horas de voo de aviões, divididas entre o apoio logístico às bases de operação e locações de perfuração, mobilização e desmobilização das sondas, e a movimentação de colaboradores e terceirizados. No total, foram transportadas mais de 20.000 toneladas em carga (sobretudo carga externa – “içada”) e mais de 18.000 passageiros.
Fonte: Redação TN Petroleo

3- Após acordo com BTG Pactual, Eike busca o apoio da Petrobras 
No dia seguinte ao anúncio da parceria entre o Grupo EBX e o BTG Pactual, o empresário Eike Batista foi recebido ontem pela presidente Dilma Rousseff. O empresário foi a Brasília em busca de apoio da Petrobras para os seus projetos. A agenda possível de negócios do EBX com a estatal pode incluir a venda de plataformas (tipo FPSO) já encomendadas pela OGX à co-irmã OSX e que podem não ser necessárias caso a petroleira de Batista não encontre petróleo. Outro pedido seria o de arrendamento de alguma área no porto do Açu, da LLX, para petroleiros e navios de apoio. E até venda de ativos de outras empresas. "Pode ser qualquer coisa", resumiu um executivo.
Fonte próxima ao grupo resumiu o acordo anunciado, na quarta-feira, com o BTG Pactual como "fechado no momento adequado", para traduzir de uma forma mineira (como o próprio Batista, que nasceu em Governador Valadares) o "´timing" da operação.
Há alguns meses o mercado anda preocupado com a capacidade do empresário de conseguir recursos para levar adiante ou concluir seus projetos. Com a demora na entrega de resultados, Batista vem perdendo credibilidade. A entrada do BTG de André Esteves no negócio tenta trazer essa credibilidade de volta e, por enquanto, apenas isso. O comunicado (que sequer foi encaminhado pelas partes à Comissão de Valores Mobiliários) é vago. Fala em assessoria financeira, linhas de crédito e menciona investimento de capital de longo prazo. Todo esse aval é relevante no momento, como mostrou ontem o comportamento das ações de empresas do grupo, no entanto, não há nenhum número, nenhuma liberação de recursos para já.
Ontem, MMX subiu 17%, mas em 12 meses acumula queda de 59%. A desvalorização no longo prazo evidencia o espaço que a ação tem para subir, se o grupo recuperar a confiança dos investidores. A mesma análise vale para OGX, que teve alta de 16,4%, reduzindo a baixa em 12 meses para 80%. OSX subiu 10,18% e de um ano para cá ainda cai 53,86%. A MPX, que vem de altas recentes ante a perspectiva de que pode ser vendida, subiu menos, 1,5%, e perde, em um ano, 14,22%.
Pelo "acordo de cooperação estratégica de negócios", a remuneração do BTG e a liberação de recursos virá a partir dos resultados apresentados pelos projetos e pela performance das ações das empresas na EBX na bolsa.
Sem participação societária na EBX, o BTG não toma o risco de crédito do grupo, vai agir como banqueiro ao centralizar, embora sem exclusividade, as operações de captação de recursos do grupo e cobrar honorários pelo trabalho. Ou seja, em vez de Batista, será o BTG quem irá buscar parceiros e crédito para seus negócios.
O banco também entra na gestão estratégica, o que, em tese, serviria para dissipar a imagem de hoje do empresário, de que não entrega resultados.
Empresário ouvido pelo Valor pondera que o BTG não tem experiência com gerência de grandes empreendimentos, o que teria faltado também a Batista. Mais do que dinheiro. O mercado mantém a expectativa de que alguns ativos que já estão à venda continuem nesse processo. O principal deles é a elétrica MPX, que deve ter o controle passado à alemã E.ON e a um grupo de fundos. Batista ganhou mais fôlego para vender ativos e poderá conseguir melhores preços. Um analista acredita que a ideia do acordo foi dar um choque de percepção ao seu negócio, ainda que o preço aceito por ele possa ter sido alto.
Os investidores se perguntavam ontem como será a convivência entre duas personalidades muito fortes - o empreendedor e o homem das finanças. Um deles diz acreditar em um casamento perfeito: "Um faz o marketing; o outro vende", resumiu.
Para muitos, o processo pode terminar com apenas um deles no comando. O BTG poderá escolher os projetos em que irá investir. A partir de reuniões estratégicas vai se inteirar de tudo o que ocorre no império EBX. Por aceitar um parceiro como Esteves, investidores também interpretam que, para fechar esse acordo, Eike estava realmente sem fôlego financeiro. 
Ana Paula Ragazzi e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico

4- BR vai financiar centro de Gás Natural do IFES, no Espírito Santo
O Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) fechou uma parceria com a BR Distribuidora para financiar a construção de um Centro de Modernização do Gás Canalizado. O investimento inicial será de R$ 20 milhões na unidade, que será o embrião do Instituto de Energia do Espírito Santo. As obras começam em 2014. 
O centro atuará em diversas frentes voltadas para o desenvolvimento do mercado de gás no estado, como a capacitação de fornecedores de peças e serviços, calibração de instrumentos, pesquisa de tecnologias em medição, segurança operacional e eficientização de equipamentos, entre outras, além de apoiar empresas incubadas. 
Segundo o pró-reitor de Extensão do IFES, Tadeu Sant'Anna, o centro terá características semelhantes às de outras unidades do gênero no país como o CTGás e os laboratórios de Gás Natural da UFSC. 
“Estamos visitando várias instituições para ajudar na definição do nosso projeto”, assinalou. 
O centro será construído no campus do IFES no município de Serra (ES), um dos 17 campi da instituição no estado, com 1.300 alunos. O local também poderá receber o centro de controle e operação de dutos da BR Distribuidora. 
Sant'Anna revelou que o IFES já tem um acordo com a Agência Estadual de Serviços Públicos de Energia (Aspe) para a instalação de um centro voltado para o estudo de energias renováveis e está em negociações adiantadas com dois potenciais parceiros para viabilizar um centro para abrigar os estudos na área de energia elétrica.
Fonte: energiahoje 

5- Techint e Usiminas têm mais chance de levar CSA, mostra pesquisa
A possibilidade de a CSN comprar a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) atualmente é menor do que chance de a aquisição ser realizada pela ítalo-argentina Techint ou pela Usiminas, empresa cujo bloco de controle ela integra, mostra pesquisa realizada pelo banco de investimento Brasil Plural e divulgada. 
Foram consultados 38 investidores de 26 a 28 de fevereiro e, para eles, a probabilidade de uma união entre CSN e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levar a usina é de 46%. Um consórcio de Techint e Usiminas ou a dona da Ternium sozinha têm cerca de 55% das projeções. 
Em um estudo semelhante de outubro, a Brasil Plural mostrou que a companhia de Benjamin Steinbruch tinha 74% de chance de ficar com a CSA. Para a financeira, o mercado mostra que preferiria que a siderúrgica não comprasse o ativo, mas que a reação dos investidores, em geral, é de pessimismo exagerado em relação aos riscos. 
A maioria dos entrevistados — quase 40% — prevê que a transação saia por entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. Segundo fontes, a CSN ofereceu aproximadamente US$ 3,8 bilhões pela Steel Americas da ThyssenKrupp, que além da unidade brasileira agrupa ainda a usina de Calvert, no Estado americano do Alabama. 
Expectativa para Vale 
Quanto à Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, os investidores ouvidos pela Brasil Plural mostraram um otimismo que surpreendeu o banco. Quase 85% dos entrevistados acreditam que o novo marco regulatório da mineração trará tributos abaixo de 8% para o insumo, incluindo royalties e possíveis taxas de participação. 
“Como a visão dos investidores apareceu em grande parte na melhor possibilidade para a Vale, nos perguntamos se há algum potencial de alta para a ação quando os números forem revelados”, pondera o relatório. Caso a proporção venha muito acima dessa expectativa, poderia também haver uma forte queda no preço dos papéis. 
Sobre a contribuição referente ao lucro líquido conquistado pelas subsidiárias no exterior, o banco concorda com o mercado e acredita em um acerto que fique bem abaixo dos valores inicialmente propostos. 
Na pesquisa, o Brasil Plural mostra que a maioria dos entrevistados — aproximadamente 45% — creem em um valor presente líquido para essa nova cobrança entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões. Apenas 5% preveem a chance de esse montante ultrapassar os R$ 20 bilhões.
Fonte: Valor Econômico 

6- Shell alerta fornecedor
O presidente da Shell no Brasil, André Araújo, manifestou  preocupação com relação à capacidade da indústria petrolífera brasileira de atender os níveis de conteúdo local exigidos pelo governo brasileiro no futuro. Sem mencionar as regras de nacionalização da 11ª Rodada de Licitações de blocos exploratórios, em maio, o executivo disse que governo, investidores e fornecedores precisam entender o cenário do setor dentro de cinco anos, com o aumento da demanda.
"Nós temos nosso plano e os objetivos para atender esses percentuais. Temos trabalhado com cada um dos nossos principais fornecedores e temos sinais muito positivos. Mas não posso negar que a demanda por equipamentos e serviços é muito grande e existe sempre uma preocupação de como vai estar a capacidade da indústria para entregar produtos a preços competitivos daqui a cinco anos", afirmou Araujo, em evento no Rio de Janeiro.
Araújo explicou que a empresa analisa o problema no âmbito do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que tem estudado o tema e eventualmente pode fazer alguma recomendação ao governo. A entidade e a Petrobras enviaram à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sugestões de flexibilização das regras de conteúdo local para a 11ª Rodada. A autarquia, porém, decidiu manter o índice de exigência, o mesmo do leilão anterior, alegando que o assunto é uma política de governo.
Segundo Araújo, a Shell teve acesso esta semana aos dados técnicos das áreas que serão leiloadas em maio. A companhia vai avaliar o material para decidir, em até 60 dias, se participará da concorrência. O executivo disse ainda que a empresa analisa "com bastante interesse" a participação no leilão de áreas terrestres voltadas para exploração de gás natural, no fim do ano.
Sobre os rumores de que a Petrobras pode vender sua fatia de 35% no bloco BC-10, na Bacia de Campos, o executivo disse não ter nenhuma informação a respeito. A Shell é a operadora da área, com 50% de participação e também tem como sócia a indiana ONGC, com outros 15%.
"Não vou falar do que eu não sei. A gente sempre olha oportunidades. Já fizemos parcerias com a Petrobras nos últimos 12 meses, na Tanzânia, em Benin. Temos contato regular com Petrobras e outras empresas, sempre olhando oportunidades e ranqueando elas numa série de projetos", disse o executivo.
Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Polito | Do Rio


II – COMENTÁRIOS

1- Participação de mulheres na Petrobras cresceu 120%
Hidelene Lobato Bahia, primeira comandante da MMB
Em um ambiente de negócios onde predominam os homens, a Petrobras tem aumentado a participação feminina em seu quadro de funcionários de forma constante desde 2003. Em nove anos, a taxa de crescimento relativo da força de trabalho feminina foi de aproximadamente 120%, enquanto a taxa de crescimento dos homens cresceu a metade, cerca de 60%.
De um total de 6.563 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, cerca de 17%. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, é a primeira mulher a ocupar o cargo na história da empresa. Foster é funcionária de carreira, há 32 anos na estatal. A executiva desempenhou as mais diversas funções, até assumir a presidência, em fevereiro do ano passado.
Como resultado dos processos de seleção pública retomados desde então, a companhia totaliza hoje 9.652 mulheres, representando 15,6% do seu efetivo total. O índice cresceu mais de três pontos percentuais em relação a 2003, quando a empresa contava em seu quadro com 4.406 mulheres, 12% do total de empregados. Na Petrobras, a maioria das mulheres (em torno de 65%) possui ensino superior completo.
Em maio de 2012, a Petrobras assinou o Termo de Compromisso da 4º edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, com o apoio da Organização Internacional do Trabalho e ONU Mulheres, comprometendo-se a implementar Plano de Ação que inclui várias iniciativas, como a produção de material pedagógico com conteúdos que incentivam o combate à discriminação de gênero e raça e, também, a realização de atividades de formação e debates sobre equidade de gênero, raça e diversidade.
A companhia aderiu ao programa desde seu início, em 2005, e nas três edições conquistou o Selo Pró-Equidade de Gênero, concedido anualmente às empresas que se destacam no cumprimento das metas propostas. A iniciativa formalizou a política de igualdade de oportunidades na empresa para homens e mulheres da força de trabalho.
Para a gerente de Orientações e Práticas de Responsabilidade Social da Petrobras, Janice Dias, a participação mais efetiva de mulheres é fruto de uma série de iniciativas para promover a equidade de gêneros dentro da companhia. Segundo a gerente, após nove anos, a Petrobras dissemina o tema da diversidade de gênero e raça e tem efetivo compromisso como o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. “A perspectiva e o desafio para o futuro é transformar essas temáticas em parte intrínseca e inerente ao sistema de gestão da empresa, reafirmando uma conduta ética, permanente e de forma sistematizada em todo o Sistema Petrobras”, diz.
Em um ambiente de negócios onde predominam os homens, a Petrobras tem aumentado a participação feminina em seu quadro de funcionários de forma constante desde 2003. Em nove anos, a taxa de crescimento relativo da força de trabalho feminina foi de aproximadamente 120%, enquanto a taxa de crescimento dos homens cresceu a metade, cerca de 60%.
De um total de 6.563 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, cerca de 17%. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, é a primeira mulher a ocupar o cargo na história da empresa. Foster é funcionária de carreira, há 32 anos na estatal. A executiva desempenhou as mais diversas funções, até assumir a presidência, em fevereiro do ano passado.
Como resultado dos processos de seleção pública retomados desde então, a companhia totaliza hoje 9.652 mulheres, representando 15,6% do seu efetivo total. O índice cresceu mais de três pontos percentuais em relação a 2003, quando a empresa contava em seu quadro com 4.406 mulheres, 12% do total de empregados. Na Petrobras, a maioria das mulheres (em torno de 65%) possui ensino superior completo.
Em maio de 2012, a Petrobras assinou o Termo de Compromisso da 4º edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, com o apoio da Organização Internacional do Trabalho e ONU Mulheres, comprometendo-se a implementar Plano de Ação que inclui várias iniciativas, como a produção de material pedagógico com conteúdos que incentivam o combate à discriminação de gênero e raça e, também, a realização de atividades de formação e debates sobre equidade de gênero, raça e diversidade.
A companhia aderiu ao programa desde seu início, em 2005, e nas três edições conquistou o Selo Pró-Equidade de Gênero, concedido anualmente às empresas que se destacam no cumprimento das metas propostas. A iniciativa formalizou a política de igualdade de oportunidades na empresa para homens e mulheres da força de trabalho.
Para a gerente de Orientações e Práticas de Responsabilidade Social da Petrobras, Janice Dias, a participação mais efetiva de mulheres é fruto de uma série de iniciativas para promover a equidade de gêneros dentro da companhia. Segundo a gerente, após nove anos, a Petrobras dissemina o tema da diversidade de gênero e raça e tem efetivo compromisso como o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. “A perspectiva e o desafio para o futuro é transformar essas temáticas em parte intrínseca e inerente ao sistema de gestão da empresa, reafirmando uma conduta ética, permanente e de forma sistematizada em todo o Sistema Petrobras”, diz.
Fonte: Agência Petrobras

2- É preciso cuidar do mercado de etanol 
O crescimento expressivo da demanda por combustíveis é reflexo das políticas anticíclicas do período pós-crise, da estabilidade econômica brasileira nos últimos anos e do aumento de renda da população.
Tudo isso facilitou a aquisição de bens de consumo duráveis, inclusive automóveis. No período 2005-2012, a frota de veículos ciclo Otto cresceu 63%, uma taxa média de 7,2% ao ano. 
A frota flex-fuel aumentou 14 vezes no período, enquanto a quantidade de veículos movidos exclusivamente a gasolina encolheu 22% no período. Desta forma, a frota flex-fuel ultrapassou a gasolina e respondeu, em 2012, por 57% do total.
A hegemonia do carro flex-fuel trouxe uma nova dinâmica para o mercado de combustíveis, já que agora grande parte dos consumidores pode escolher o combustível que utilizará no momento do abastecimento. 
O preço relativo dos combustíveis é o critério preponderante de escolha, o problema é que o preço subsidiado da gasolina distorce o mercado e reduz a competitividade do etanol. 
A baixa competitividade do etanol fez com que a média das vendas diárias de gasolina em 2012 fosse 41% maior que em 2009 e as de etanol 41% menor comparando o mesmo período. De nada adianta o governo estabelecer uma política de incentivos aos carros flex-fuel para fomento do setor de etanol se continua a subsidiar a gasolina. 
Além da competição desleal com a gasolina, o setor vem enfrentando adversidades também em outras áreas. Desde a crise de 2008, o setor tem tido dificuldade em levantar recursos para investimento em ampliação, renovação e mecanização do canavial, e, para piorar, as últimas safras tiveram seus custos aumentados por problemas climáticos. 
Como consequência dessas adversidades, das 330 usinas de açúcar e etanol da Região Centro-Sul do Brasil, responsáveis por 90% de toda a cana de açúcar processada no país, 60 deverão fechar as portas ou mudar de dono nos próximos dois a três anos. 
Nos últimos cinco anos, 43 usinas foram desativadas e outras 36 entraram em recuperação judicial. Desde 2008, nenhuma decisão de instalação de nova usina foi tomada no país. Só quatro unidades estão previstas para entrar em operação até 2014, mas são projetos que foram decididos antes da crise.
Os efeitos da crise do setor também se revelam na atividade econômica das regiões nas quais as destilarias estão localizadas. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), feito com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em 2012, o setor sucroalcooleiro eliminou mais de 18 mil postos de trabalho no país.
A correção do preço do combustível e o aumento de 20% para 25% do porcentual do etanol na gasolina tendem a melhorar a situação do setor, mas são medidas de curto prazo. O setor carece de segurança para investir, e isso depende da elaboração de um marco regulatório de longo prazo e da definição clara do governo sobre o papel do etanol na matriz energética.
*Texto originalmente publicado no Brasil Econômico de hoje (7). 
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) 

3- Governo lança pacote de R$ 30 bi para inovação e cria a ´Embrapa da indústria´ 
O pacote oficial de apoio à inovação nas empresas, com recursos superiores a R$ 30 bilhões, será anunciado dia 14/03  pela presidente Dilma Rousseff e incluirá a oficialização, com orçamento em torno de R$ 300 milhões, da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial e Inovação (Embrapii) - que vem sendo chamada de a "Embrapa da indústria". Dilma pretende anunciar o programa de impulso à inovação nas empresas durante a reunião, no Palácio do Planalto, da Mobilização Empresarial pela Inovação, grupo com executivos privados e do governo.
A Embrapii já funciona sob a forma de contratos de gestão do governo em programas experimentais com institutos tecnológicos na Bahia (automação industrial), Rio de Janeiro (petróleo e gás) e São Paulo (bionanotecnologia). A partir de agora, terá personalidade jurídica, com capacidade de aprovar projetos em regime de "fast track" (via rápida), como definiu o diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Rafael Lucchesi, ao anunciar, para empresários do setor, a criação da empresa.
"Hoje as empresas têm de entrar no timing dos editais de financiamento, e isso não é compatível com o ritmo das indústrias e dos investimentos em competitividade", disse Lucchesi, durante lançamento da P&D Brasil, a nova associação de empresas nacionais de alta tecnologia desenvolvida no país.
A Embrapii será criada como organização social, o que lhe dará maior autonomia na gestão de pessoal e contratos com o setor privado. Ela apoiará projetos de inovação de processos e produtos, dividindo igualmente os custos com as empresas beneficiadas e as instituições de pesquisa contratadas.
O orçamento de R$ 300 milhões, para este ano e 2014, usará recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (FNDCT). O governo quer ampliar os investimentos nacionais em pesquisa, desenvolvimento e inovação, de 1,2% para 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), já em 2014.
Como antecipou o Valor, a presidente, além de reforçar as linhas de financiamento a pesquisa e desenvolvimento para a produção nacional, centralizará a análise, aprovação e liberação dos recursos, reunindo os instrumentos oficiais existentes em uma espécie de "porta única". Serão reunidos sob a mesma coordenação recursos hoje concedidos sob a forma de subvenção, financiamentos a taxas favorecidas e até a participação acionária em empreendimentos pelas instituições financeiras públicas.
Na mais recente reunião com os responsáveis pelo programa de inovação, Dilma comparou as mudanças a serem anunciadas ao que o governo Luiz Inácio Lula da Silva fez com o Bolsa Família, ao reunir sob uma só administração diversos programas de assistência social existentes no setor público federal.
Desde 2011, o governo testa esse modelo com dois programas oficiais, o Inova-Petro, de apoio tecnológico e de pesquisa ao setor de petróleo, e o Paiss, o programa de incentivo à competitividade do setor sucroalcooleiro.
A unificação dos programas permite reunir, no mesmo plano de negócios, atividades candidatas a receber recursos não reembolsáveis (para centros de pesquisa associados a grandes empresas), subvenção econômica (para empresa menores ligadas ao desenvolvimento tecnológico), créditos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES e até, em alguns casos, a participação societária da Finep e do BNDES.
Será centralizada, por exemplo, a administração dos recursos de fundos criados com contribuições compulsórias nos setores de telecomunicações e energia, do orçamento do Sebrae para inovação em pequenas e médias empresas e das verbas para inovação reunidas no plano de safra controlado pelo Banco do Brasil. O pacote terá seis editais, com estímulos para os setores de petróleo e gás, etanol, energias renováveis, defesa e aeroespacial, saúde e tecnologia da informação e comunicação. 
Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico

4- Governo do Rio pode cortar benefícios do setor de petróleo 
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro, Julio Bueno, afirmou nesta sexta-feira que o governo do Rio de Janeiro poderá cortar os benefícios fiscais para a indústria do petróleo no Estado. A medida seria uma retaliação à derrubada pelo Congresso do veto presidencial à redistribuição dos royalties do petróleo.
"O governador acenou com essa possibilidade [de retirar os benefícios da indústria do petróleo]", disse Bueno, que participou de reunião do Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Energia, no Rio de Janeiro. "É uma medida de retaliação. É evidente que não atrai nem ajuda investimentos", completou, admitindo que a medida pode ser um "tiro no pé".
Segundo ele, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta sexta-feira dois projetos de lei nesse sentido. O primeiro (PL 2004/13), de autoria do deputado Luiz Paulo, eleva para 18% o ICMS recolhido na circulação de combustíveis. O segundo (PL 2012/13), de autoria da deputada Clarissa Garotinho, prevê o corte de todos os benefícios fiscais concedidos ao setor no Estado.
Os dois projetos ainda precisam passar pelo governador do Estado, Sergio Cabral, para entrar em vigor.
Segundo Bueno, apesar de não haver muitos benefícios de ICMS no setor petrolífero no Estado, existem créditos fiscais aplicados às empresas e que podem ser retirados.
"Eu não queria seguir por esse caminho. É um caminho ruim, da guerra federativa", disse Bueno. O melhor caminho, segundo ele, seria o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovar as reivindicações dos Estados produtores de petróleo.
O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca, criticou as medidas, destacando que elas geram insegurança regulatória para os investimentos no setor. Ele lembrou ainda do projeto de lei aprovado pela Alerj no fim de 2012 que criava uma taxa para as atividades petrolíferas no Rio de Janeiro. O projeto, porém, foi vetado pelo governador do Estado.
Bueno lembrou que, com as mudanças na Lei dos Royalties do petróleo, o Estado e os municípios do Rio de Janeiro deixarão de arrecadar R$ 75 bilhões em royalties e participações especiais até 2020. 
Rodrigo Polito

segunda-feira, 4 de março de 2013

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 122


I –  NOTÍICIAS

1- Produção no pré-sal alcança 300 mil barris de petróleo por dia
Agência Petrobras
A produção de petróleo nos campos operados pela Petrobras na província do pré-sal nas bacias de Santos e Campos atingiu, no dia 20 de fevereiro, a marca de 300 mil barris de petróleo por dia (bpd). Desse volume, 83% (249 mil barris de petróleo por dia), correspondem à parcela da Petrobras e o restante, à das empresas parceiras da companhia.
Esse resultado foi alcançada sete anos, apenas, depois da primeira descoberta de petróleo na camada pré-sal, ocorrida em 2006. Um intervalo de tempo inferior ao que foi necessário para se chegar ao mesmo patamar em outras importantes áreas de produção marítima no mundo.
Na porção americana do Golfo do México, por exemplo, foram necessários 17 anos, depois da primeira descoberta, para se alcançar a produção de 300 mil barris por dia. Na Bacia de Campos, foram 11 anos. E no Mar do Norte, nove. Diferentemente dessas áreas, na camada pré-sal toda a produção de petróleo ocorre em águas profundas, o que torna esse resultado ainda mais expressivo.
A marca de 300 mil bpd, além disso, foi obtida com a contribuição de somente 17 poços produtores. Isso evidencia a elevada produtividade dos campos já descobertos. Desses poços, seis estão localizados na Bacia de Santos, que responde por 43% da produção (129 mil barris por dia). Os demais 11 poços estão localizados na Bacia de Campos e respondem por 57% da produção (171 mil barris por dia). A produção de gás natural nesses poços é de 9,8 milhões de m3/dia.
A produção média mensal de petróleo na camada pré-sal, no mês de fevereiro de 2013, já atinge 281 mil barris por dia, o que representa um crescimento de 138% em apenas 12 meses.
Atualmente, a produção do pré-sal ocorre em oito diferentes plataformas, quatro delas produzindo exclusivamente da camada pré-sal:
• FPSO Cidade de Angra dos Reis, operando desde outubro de 2010 no campo de Lula, na Bacia de Santos;
• FPSO Cidade de Anchieta, operando desde setembro de 2012 no campo de Baleia Azul, na Bacia de Campos;
• FPSO Cidade de São Paulo, operando desde janeiro de 2013 no campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos;
• FPSO Cidade de São Vicente, uma unidade itinerante utilizada para a realização de testes de longa duração que, desde fevereiro de 2013, está em operação também no campo de Sapinhoá, na área denominada Sapinhoá Norte.
As outras quatro plataformas são unidades que foram instaladas, no passado, na Bacia de Campos, para a produção de petróleo da camada pós-sal e que, por apresentarem capacidade disponível, viabilizam a rápida interligação de poços descobridores de petróleo na camada pré-sal.
Em maio deste ano, mais uma plataforma será colocada em produção no pré-sal de Santos: o FPSO Cidade de Paraty, com capacidade para processar 120 mil bpd e 5 milhões de m3/dia de gás. Essa plataforma, que se encontra em fase final de montagem, em Angra dos Reis, será instalada na área Nordeste do campo de Lula, na Bacia de Santos.
Entre 2014 e 2016 outras 11 novas plataformas entrarão em operação para a produção: dez na Bacia de Santos e uma na Bacia de Campos. Isso permitirá que a produção de petróleo operada pela Petrobras na camada pré-sal supere, já em 2017, 1 milhão de barris de petróleo por dia.
Fonte: Redação TN Petroleo

2- RJ inaugura primeira etapa de fábrica de submarinos
Inaugurada a Unidade de Produção de Estruturas Metálicas (Ufem), primeira etapa para a construção de submarinos. A fábrica está instalada na Base Naval de Itaguaí e faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
O programa é uma parceria entre o Brasil e a França e prevê a fabricação de cinco submarinos: quatro convencionais - de propulsão diesel-elétrica - e um com propulsão nuclear, segundo o Ministério da Defesa. Os equipamentos serão produzidos com tecnologia nacional, por técnicos treinados na França. O primeiro dos quatro submarinos convencionais deverá ser entregue em 2015. O prazo para a entrega do submarino nuclear é 2023.
O Prosub prevê também a construção do estaleiro e da base naval que abrigará os submarinos. O investimento nessas etapas será R$ 7,8 bilhões, com desembolsos até 2017.
Fonte: Redação TN Petróleo

3- Brasil pode gerar mais de 280 MW a partir do biogás
“O potencial de geração de energia limpa e renovável tende a ser ainda maior, considerando o horizonte de tempo de 2009 a 2039, ou seja, 30 anos. Isso porque o país terá, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que universalizar a destinação final dos resíduos, já que quase 30 milhões de toneladas por ano ainda não têm tratamento adequado”, observa o diretor executivo da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
De acordo com o levantamento inédito, atualmente o Brasil conta com 22 projetos que preveem o aproveitamento energético do biogás, o que equivale a uma capacidade instalada de 254 MW. Essas unidades de destinação final de resíduos têm potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) da ordem de 12 milhões de toneladas de CO2 equivalentes por ano, quantidade que considera apenas os projetos brasileiros de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) registrados perante a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) da ONU (Organização das Nações Unidas).
Baseado no horizonte de 30 anos, o Atlas aponta ainda que as emissões de GEE pela destinação de resíduos sólidos atingiriam cerca de 892 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, o que representa uma média anual de 29,7 milhões de toneladas, que seriam mitigadas por meio da implantação de tais projetos.
Sudeste lidera geração de energia a partir do lixo
Dos 46 projetos de MDL brasileiros relacionados a resíduos sólidos registrados na ONU, 33 estão localizados no Sudeste do país, cujo potencial energético pode atingir, até 2039, 170 MW, o suficiente para abastecer a cidade de São Bernardo do Campo, que tem pouco mais 750 mil habitantes. No horizonte de tempo analisado pela Abrelpe, a região também responderia por cerca de 60% das emissões de GEE.
As regiões Nordeste, Sul e Norte possuem 7, 4 e 2 projetos respectivamente, enquanto o Centro-Oeste não dispõe de nenhum atualmente. O potencial de geração de energia e percentual de emissão de GEE em cada uma dessas regiões, respectivamente, é o seguinte: Nordeste, 49 MW e 18%; Sul, 23 MW e 8%; Centro-Oeste, 22 MW e 8%; e Norte, 18 MW e 6%.
“Trata-se de um estudo inédito e bastante atrativo, pois permite mensurar não apenas as emissões específicas da destinação de resíduos no Brasil, como também o potencial energético dessas unidades, demonstrando a plena capacidade do país desenvolver projetos nesse sentido que, além de mitigar as emissões de GEE, contribuirão, de alguma forma, com a ampliação do mix energético no país”, conclui o diretor Executivo da Abrelpe.
Para realizar a estimativa de biogás nos diferentes locais de destinação final de resíduos e regiões do Brasil, a associação contratou a consultoria especializada MGM Innova, que aplicou o método do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou, em português, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), utilizando como base os dados do setor de resíduos sólidos publicados no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil.
Fonte: Redação TN Petróleo

4- Produção de biodiesel no país chega a 2,7 bilhões de litros 
A média mensal foi de 181 milhões de litros. O volume total representa um incremento de quase 2% se comparada a produção de 2011, que foi de 2,672 bilhões de litros. Com esse desempenho, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a produção do combustível no Brasil chegaa um volume histórico, sendo o maior dos últimos oito anos. É preciso ressaltar que a produção do produto em 2005 chegava a apenas 736 mil litros. 
O Centro-Oeste brasileiro concentra a maior produção de biodiesel, somando 1,164 bilhão de litros, ou 43% do total. O segundo maior volume é encontrado no Sul do país, com 34% de participação nacional, a produção foi de 926 milhões de litros no ano passado. Entre os estado, o Rio Grande do Sul se destaca com 806 milhões de litros, seguido por Goiás, com 600 milhões de litros, e Mato Grosso, com 474 milhões de litros. 
Com base nos dados acumulados até novembro de 2012,percebe-se que as vendas de diesel B pelas distribuidoras superaram em 7,1% a quantidade comercializada em 2011. Mantido o ritmo, estima-se que o valor final, em 2012, aproxime-se dos 56 milhões de m³. 
O balanço de matérias-primas utilizadas para a fabricação de biodiesel indica que o óleo de soja deverá representar cerca de 76% do total produzido,seguido de sebo bovino (17%) e de óleo de algodão (4%). Essas informações também abrangem o período de janeiro a novembro de 2012.
As estatísticas de preços indicam que, em 2012, o valor médio recebido pelas usinas pelo metro cúbico de biodiesel foi de aproximadamente R$2.384,20. A base de referência são os leilões realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Outros preços do diesel mineral também encontram-se à disposição nas planilhas publicadas. 
Fonte: Expresso MT

5- LLX tira foco do minério e investe em petróleo e gás no Superporto do Açu 
Fonte: Valor Econômico 
A LLX, braço logístico do grupo EBX, deu uma guinada no Superporto do Açu, principal projeto da empresa no município de São João da Barra, no norte fluminense. Construído para ter o minério de ferro como âncora, o Açu está voltando-se com força para a indústria de petróleo e gás. O primeiro embarque de minério de ferro da Anglo American pelo Açu está programado para o segundo semestre de 2014, com cerca de quatro anos de atraso em relação à previsão inicial. Mas ainda em 2013 devem começar no Açu operações de prestadoras de serviços à indústria de petróleo e gás, caso do estaleiro da OSX, empresa de construção naval e offshore da EBX, da Technip e da National Oil Varco (NOV).
Em nota, a LLX afirmou: "Com o início das operações previsto para este ano, o Superporto do Açu se qualifica como o hub [ponto concentrador] brasileiro para o setor de óleo e gás e como alternativa para a instalação de empresas que operam no Brasil neste setor", disse, em comunicado, Marcus Berto, diretor-presidente da LLX.
A empresa informou que estão se instalando no TX2, o terminal terrestre, empresas como Technip, NOV e Intermoor, além da OSX. Em fevereiro, a LLX assinou com a Asco contrato para a prestação de serviços de logística para empresas de exploração e produção de petróleo e fornecedores no Açu.
Em outra frente, o terminal marítimo, TX1, terá capacidade de receber navios de minério de ferro e petroleiros e realizar operações de transbordo, tancagem e blending (mistura). A LLX também tenta atrair a Petrobras para o Açu, projeto que tem investimentos previstos de R$ 4 bilhões, dos quais R$ 3,15 bilhões já realizados. O investimento remanescente será feito com recursos de financiamento enquadrado com o BNDES.
No ano passado, Eike Batista anunciou uma operação que poderia levar ao fechamento de capital da empresa, mas desistiu da operação. Na ocasião, a LLX disse que a decisão não afetava os planos e reafirmou que o Açu começaria a operar em 2013. O analista do UBS, Victor Mizusaki, descarta o risco de a companhia não conseguir financiar o projeto. Segundo ele, a LLX está capitalizada.
Em setembro, a companhia tinha R$ 877 milhões em caixa e endividamento de R$ 1,8 bilhão. Em dezembro, foi realizado o desembolso de R$ 318 milhões remanescentes referentes a um financiamento de R$ 518 milhões aprovado com o BNDES, alterando o caixa para R$ 1,2 bilhão e o endividamento para R$ 2,1 bilhões.
Mizusaki disse que a parte referente ao minério está garantida e vê boas possibilidades para o Açu no petróleo. "Nos últimos dois anos, o grupo se deparou com possibilidade de investir no business do petróleo. Era uma oportunidade, mas era distante e foi ganhando muito corpo."
Entretanto, a empresa tem enfrentado problemas. Dentre eles estão a desistência de algumas grandes empresas que se instalarem no local, como a norueguesa Subsea 7 e a chinesa Wuhan Iron and Steel, além de questionamentos ambientais e a forma como está sendo conduzida a desapropriação das terras. A LLX tem cerca de 60 memorandos de entendimentos com empresas interessadas em se instalar na retroárea do porto. Até agora, apenas nove fecharam contratos.


II –  COMENTÁRIOS

1- Fiesp atribui baixo crescimento à perda de competitividade
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atribui o baixo crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 à perda de competitividade brasileira nos últimos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou hoje (1º) que a economia brasileira cresceu 0,9% na comparação com o ano passado.
Na avaliação do presidente da entidade, Paulo Skaf, o país já apresentava sinais ao longo do ano de que não conseguiria crescer de forma mais vigorosa. “Com a indústria de transformação caindo 2,5%, em 2012, depois de ficar estagnada em 2011, não há PIB no Brasil que consiga crescer”, declarou por meio de nota.
Ele destacou um estudo recente da Fiesp que mostra que o produto brasileiro tem um custo 34% maior ao consumidor do que o produto importado. "Esse custo adicional vem unicamente das dificuldades estruturais do país: o chamado Custo-Brasil. Com esse peso nas costas e o real valorizado, fica muito difícil competir com os importados. Com menor perspectiva de venda, acontece um processo de redução do investimento por aqui”, avaliou.
Skaf aposta em medidas que reduzam essa desvantagem para que a economia brasileira tenha melhores resultados neste ano. "Temos de buscar agora a ampliação da competitividade brasileira por meio da redução de custos nos portos do nosso país, além do combate constante à alta carga tributária, burocracia elevada, aos juros ainda entre os mais altos do mundo, ao câmbio instável, à infraestrutura deficiente e ao preço do gás”, sugere.
A Fiesp calcula que a indústria de transformação vai crescer 2,4% este ano e que o PIB avance 3%.
Fonte: Agência Brasil

2- Brasil tem menor crescimento econômico entre Brics em 2012
O crescimento econômico de 0,9% registrado pelo Brasil em 2012 foi o menor entre os países do Brics. A China teve o maior crescimento (7,8%), seguida pela Índia (5%), Rússia (3,4%) e África do Sul (2,5%).
O crescimento da economia brasileira também ficou abaixo da média mundial, que foi 3,2% no período. O Japão (com alta de 1,9%), os Estados Unidos e a Coreia do Sul (ambos com 2,2%) também tiveram aumentos do Produto Interno Bruto (PIB) superiores ao do Brasil.
O crescimento brasileiro se equiparou ao da Alemanha, mas foi superior ao da França (0,1%). Na zona do euro, houve queda (-0,5%), assim como no Reino Unido (-0,1%), na Espanha (-1,4%), na Itália (-2,2%) e em Portugal (-3,2%).
Fonte: Agência Brasil

3- A crise de energia e as soluções 
As causas da crise de eletricidade que enfrentamos têm sido amplamente discutidas na imprensa e parecem ser bem compreendidas: a expansão do sistema de hidrelétricas - a principal fonte de energia elétrica no Brasil - tem sido feita nas últimas décadas em usinas a fio d´água. Isto é, sem reservatórios de água que mantenham as usinas em funcionamento mesmo quando não chove durante longos períodos de tempo.
Isso não é culpa do atual governo federal, mas da incapacidade geral dos governos, desde 1990, de se engajarem num diálogo maturo com os ambientalistas e os movimentos sociais contrários à construção de barragens para a formação de reservatórios. A oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso estimulou esses movimentos e paga agora o preço elevado que deles resultou.
Várias organizações ambientalistas, como a WWF-Brasil, tentaram iniciar esse diálogo, mas suas propostas foram recebidas com indiferença pelo governo, apesar de serem eminentemente razoáveis: escolher na Amazônia as bacias hidrográficas nas quais barragens e hidrelétricas poderiam ser construídas e preservar outras bacias em seu estado natural.
Atualmente os reservatórios das hidrelétricas estão praticamente no mesmo nível de 2001 e certamente teríamos um racionamento se não tivessem sido instaladas usinas termoelétricas, que usam gás, óleo combustível e até carvão. Sua construção foi iniciada no fim do governo Fernando Henrique e o governo Lula/Dilma Rousseff deu-lhes andamento. Mas energia gerada por elas é muito mais cara do que a das hidrelétricas.
Mesmo assim, o risco de racionamento não foi afastado, porque todas as termoelétricas disponíveis já foram acionadas e se a seca continuar faltará energia. A razão para tal é simples: as alternativas de geração de eletricidade disponíveis - que são as usinas eólicas (movidas pela força do vento) e as termoelétricas queimando bagaço - não foram estimuladas pelo governo, no fundo, por motivos ideológicos.
A partir de 2002 o governo decidiu expandir o parque gerador de eletricidade por meio de leilões que a Empresa de Planejamento Energético (EPE) realiza regularmente. Recebem as concessões as empresas que apresentam preços mais baixos para a energia produzida, seja ela hidrelétrica, térmica, eólica ou solar. A justificativa para esse procedimento é a de garantir a "modicidade tarifária", quer dizer, o preço mais baixo da energia produzida, que, em tese, favoreceria as camadas mais pobres da população.
Essa é uma visão equivocada: por motivos técnicos, diferentes formas de gerar eletricidade têm custos diferentes de produção e, também, fortes componentes regionais. Se a energia eólica for gerada no Estado do Piauí e consumida no Rio de Janeiro, é preciso construir as linhas de transmissão adequadas. Além disso, gerar eletricidade para ricos e para pobres custa o mesmo.
Se o governo federal deseja fazer programas sociais com eletricidade para beneficiar os pobres, deve fazê-lo na venda, e não na sua geração. Foi isso que o governo Franco Montoro fez em São Paulo, em 1982, estendendo as redes de eletricidade às favelas e cobrando preços reduzidos dos habitantes dessas áreas, por meio de subsídios cruzados, em que os mais ricos pagavam tarifas maiores do que os mais pobres.
Ao nivelar nos leilões da EPE todas as formas de energia, o governo federal tornou inviável, na prática, o uso de bagaço de cana para gerar eletricidade em grande escala no Estado de São Paulo. Essa energia pode até ser um pouco mais cara do que a das hidrelétricas, porém está perto dos centros de consumo, o que reduz significativamente os custos de transmissão.
Apesar dos esforços do governo paulista, menos de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar - que é comparável à potência da Usina de Itaipu - está sendo utilizado, por causa da falta de interesse do governo federal. O que torna a situação ainda mais paradoxal é que a ideologia da "modicidade tarifária" levou o governo a usar térmicas a gás, cujo custo da eletricidade é cerca de três vezes superior à média nacional.
Os problemas que enfrentamos na área de energia elétrica não serão resolvidos com medidas intempestivas como a Medida Provisória (MP) 579 e a redução forçada de cerca de 20% nas tarifas, que está tornando o Sistema Eletrobrás e outras empresas geradoras inviáveis. Como foi feita, essa medida tem claramente um conteúdo demagógico e o Tesouro Nacional - ou seja, toda a população brasileira - vai pagar por ela. Vamos ter agora, além da Bolsa-Família, uma "bolsa-eletricidade", que, aliás, vai beneficiar grandes indústrias eletrointensivas.
As consequências negativas da MP 579 já são evidentes na queda do valor das empresas, que terão, daqui para a frente, mais dificuldades para fazer investimentos, o que, como consequência, vai dar origem a mais "interrupções de fornecimento", na linguagem oficial.
Soluções para a crise atual existem.
No curto prazo, é preciso remover os obstáculos para que a eletricidade do bagaço de cana-de-açúcar possa competir nos leilões da EPE e tomar providências para completar a ligação de centrais eólicas ao sistema de transmissão.
No longo prazo, é preciso reanalisar o planejamento de novas hidrelétricas - incluindo reservatórios adequados de água - e acelerar medidas de racionalização do uso de eletricidade, que até agora são voluntárias. Não basta, por exemplo, etiquetar geladeiras alertando os compradores sobre quais são os modelos mais eficientes, é necessário proibir a comercialização das geladeiras com alto consumo de energia, como fazem muitos países.
Um pouco mais de competência na área energética é do que o País precisa agora.
*Texto originalmente puplicado no Estado de S. Paulo, no dia 18/02/2013. 
José Goldemberg
Professor emérito da Universidade de São Paulo