I– NOTÍCIAS
1- Empresas norueguesas confirmam presença na Navalshore e Rio Oil & Gas
Fonte: Redação Portal Naval
A Innovation Norway - Agência de Promoção do Governo da Noruega - confirmou a participação da Noruega nos dois principais eventos dos setores de petróleo e gás, indústria naval e offshore do país: a Navalshore e a Rio Oil&Gas 2012.
O estande da Noruega na Navalshore, que está sendo organizado pelo NME (Norwegian Maritime Exporters), vai reunir grandes empresas do setor entre as quais a STX OSV Electro, Eltorque, Clayton Scandinavia, Sperre e Tamrotor Marine Compressors.
“Outras empresas da Noruega participarão da feira individualmente ou através de agentes”, destaca Helle Moen, nova diretora da Innovation Norway, que também integrará o estande da organização no evento, dando suporte às ações das empresas norueguesas.
Na Rio Oil&Gas, 35 companhias estarão expondo no pavilhão da Noruega, organizado pela Innovation Norway.
“Devido ao crescente interesse no mercado brasileiro, além de ocupar uma área maior no Pavilhão 4, diversas empresas norueguesas estarão reunidas no Anexo 4 do Riocentro”, conta.
Além disso, estão confirmadas a participação de delegações de duas cidades da Noruega, que são importantes polos da indústria naval e offshore: Stavanger - que tem memorando de entendimento assinado com o governo do estado do Rio de Janeiro - e Bergen - que tem compromisso similar com o Espírito Santo.
2- Em Londres, Dilma afirma que leilão do pré-sal sairá em breve
Fonte: Agência Petrobras
A presidente Dilma Rousseff afirmou a executivos britânicos, que há interesse em realizar os novos leilões do pré-sal. Ela esclareceu que as próximas rodadas dependem de finalização da parte regulatória do processo. A questão foi levantada por representantes de empresas do Reino Unido que investem no setor no Brasil.
O encontro não estava previsto na agenda de Dilma e ocorreu a pedido dos executivos no fim da tarde (horário local), no hotel onde ela está hospedada no centro da capital britânica. Compareceram 16 executivos, entre eles o presidente do conselho de administração do BG Group, Andrew Gould; o presidente da BG Brasil, Nelson Silva; o presidente da BP, Bob Dudley; o diretor executivo da Shell, Andrew Brown; a presidente da Anglo American, Cynthia Carrol; o presidente da Tecnologia da Arcelor Mittal, Louis Schorsch; o presidente da Balfour Beatty, Ian Tyler; e o presidente da Rolls Royce, John Rishton.
A área de petróleo e gás, que atrai maior volume de investimentos no Brasil, também foi tema da reunião de quarta-feira (25) entre Dilma e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, em sua residência oficial, em Downing Street.
O interesse dos britânicos por investimentos no Brasil nunca foi tão grande - em 2011 somaram US$ 2,7 bilhões. O Reino Unido busca formas de retomar o crescimento econômico, e a América Latina passou a fazer parte central da política externa britânica.
3- Produção de álcool ja caiu 25,5% neste ano, até maio
Fonte: Agência Estado
A produção nacional de álcool recuou 25,5% de janeiro a maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo cálculos do economista Silvio Sales, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), feitos a pedido da 'Agência Estado'.
Problemas climáticos prejudicaram a produtividade da cultura de cana este ano e atrasaram a moagem, mas também houve redução na área plantada, o que deve afetar ainda a safra de 2013. As perdas foram calculadas com base nos dados da Pesquisa Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Na produção industrial, o que está puxando o setor de refino são os derivados de petróleo, não o álcool. A produção de álcool está caindo muito", notou Sales.
A concorrência com os preços do açúcar e a falta de investimentos no setor também estão prejudicando a produção. Como consequência, torna-se menos viável uma decisão do governo em prol do aumento do porcentual de etanol na gasolina, de 20% para 25%, ainda este ano, conforme cogitou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em evento no Rio, no dia 10.
Segundo Lobão, a proposta de aumentar o teor do álcool anidro na gasolina foi apresentada pela Petrobras, na tentativa de reduzir a importação de gasolina. Porém, o ministro reconheceu, dez dias depois, que a oferta de etanol no país ainda é insuficiente para aumentar a mistura. "De onde vão tirar esse álcool?", questionou o engenheiro de produção Cristiano Guimarães, consultor da indústria sucroalcooleira.
Guimarães apontou como problema a margem de lucro apertada do setor sucroalcooleiro, o que deixa os empresários desestimulados a investir ante um cenário de incertezas e dos altos juros nas linhas de crédito. "A lavoura de cana é intensiva em investimentos. Mas a linha de crédito do BNDES para incentivar o setor não adianta nada. O produtor tem margem de lucro de 10%, enquanto a linha de crédito do BNDES cobra juros de 8%. O produtor só pega financiamento se for maluco".
O pesquisador Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, confirma que a crise no crédito vem atrapalhando o ritmo de crescimento da produção de cana desde 2008. Os planos de novas usinas não teriam saído do papel por falta de recursos disponíveis. Também houve perdas pela falta de renovação no plantio. "A cana dá vários cortes, mas, se não houver investimento na lavoura, o rendimento vai caindo", contou Andreazzi.
O IBGE calcula que a área plantada este ano é 10% menor do que em 2011. "Então a gente pode concluir que a produção também vai cair no ano que vem, porque se plantou menos", alertou o gerente do IBGE.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE estima produção de 662.014.177 toneladas de cana-de-açúcar em 2012, uma redução de 7,4% em relação a 2011. A estiagem no início do ano em São Paulo, maior região produtora, retardou o desenvolvimento da planta. As chuvas só chegaram na hora da colheita, o que também atrasou a moagem e prejudicou o conteúdo de açúcar.
A produção de açúcar vinha ganhando do etanol pela valorização do produto no mercado internacional. No entanto, os problemas climáticos que deixaram a cana com menor teor de açúcar este ano podem até favorecer a produção do biocombustível.
4- OSX espera assinar contrato com Petrobras na próxima semana
A OSX espera assinar contratos com a Petrobras para a construção de dois módulos para plataformas de produção da petroleira destinadas aos blocos BM-S-9 e BM-S-11, no pré-sal da Bacia de Santos. A companhia realizará o serviço em parceria com a Mendes Jr.
A informação foi dada por Carlos Eduardo Bellot, presidente da OSX, durante teleconferência com analistas sobre os resultados da empresa no segundo trimestres de 2012.
Na semana passada, a Petrobras anunciou que, junto com seus parceiros - BG, Petrogal e Repsol - havia aprovado a assinatura de dez contratos, no valor total de US$ 4,5 bilhões, para construção e integração dos primeiros seis módulos de oito plataformas de produção destinadas ao pré-sal da Bacia de Santos.
"Temos a felicidade de constar no cadastro de fornecedores da Petrobras, que, sem dúvida, é o principal cliente da indústria do petróleo no Brasil", disse Bellot.
Plataforma para OGX
A OSX adiou para o segundo trimestre de 2014 a previsão de entrega da plataforma fixa de produção de petróleo WHP-1 para a OGX, petroleira do mesmo grupo controlador. A previsão inicial de entrega da unidade era o terceiro trimestre de 2013.
"Houve uma mudança de lâmina d´agua demandada pela OGX. E isso implica em rever algumas coisas no projeto. Essa é a nova data da WHP-1", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da OSX, João Borges Neto.
De acordo com o executivo, a WHP-2 continua dentro do cronograma inicial, com entrega prevista para o quarto trimestre de 2013. Já as encomendas da WHP-3 e WHP-4 ainda aguardam especificações técnicas da OGX. "Não temos nenhuma preocupação com cronograma no momento", salientou.
Sondas de perfuração
Bellot afirmou também que a companhia está negociando contratos para o fornecimento de sondas de perfuração. Ele, no entanto, não quis fornecer mais detalhes para não atrapalhar as negociações.
"Estamos negociando também sondas, mas infelizmente não podemos falar no momento. Pelo menos um contrato relativo a sondas está bastante avançado. Mas não temos nada firme a esse respeito", contou o executivo.
Estaleiro no porto do Açu
O presidente da OSX afirmou ainda que a obra do estaleiro da companhia em construção no porto do Açu "continua no prazo". Segundo ele, o primeiro lote do empreendimento ficará pronto no quarto trimestre deste ano.
"Nossa obra continua no prazo. Estamos prevendo a disponibilidade do lote 1 no cais no quatro trimestre deste ano. E gradualmente outras partes do estaleiro estarão disponíveis para construção de unidades offshore. A última etapa do estaleiro está prevista para o segundo trimestre de 2014, que é o dique seco", disse o executivo.
No relatório trimestral da companhia, o início de operação da unidade de construção naval do porto do Açu está previsto para o primeiro trimestre de 2013.
Segundo Borges Neto, ainda não é possível saber o valor total do investimento no projeto, porque ainda estão sendo finalizados alguns contratos relativos ao empreendimento. "Os contratos estão em fase final de negociação comercial. Assim que terminarmos, poderemos dar o número fechado", afirmou.
Rodrigo Polito
Fonte: Valor Online
5- Pedidos de turbinas eólicas caem 30% no mundo em 2012
As encomendas de turbinas eólicas fechadas em todo o mundo no primeiro semestre de 2012 foram 30% menores do que as registradas no mesmo período do ano passado. A conclusão aparece em estudo da MAKE Consulting divulgado nesta semana.
Segundo o material, o desempenho foi puxado pela "fraqueza nos principais mercados", como Ásia e Europa, particularmente afetados por uma demanda menor em China, Índia e Alemanha. O movimento é atribuído a "incerteza regulatória, cortes de subsídios e questões de conexão à rede".
A queda nos pedidos acontece mesmo com "um bom crescimento nos mercados emergentes", como a América Latina, onde "diversos países" apresentaram alto índice de demanda. Nos Estados Unidos também houve aceleração, mas por outro motivo: uma lei que oferece incentivos a usinas eólicas acaba no final de 2012 e, sem saber se o mecanismo será renovado, os investidres têm acelerado os projetos.
Como o levantamento registra pedidos, que são feitos com antecedência, a consultoria prevê que 2013 será "um ano mais fraco para as instalações" de novos parques. A expectativa é de uma queda de 5% na capacidade a entrar em operação.
Ainda assim, a MAKE vê indícios de uma recuperação nos pedidos em 2013 e nos anos seguintes, uma vez que há mais de 11GW em turbinas já sendo negociadas e outros 18GW em pré-contratos que podem se tornar acordos efetivos.
Luciano Costa
Fonte: Jornal da Energia
II– COMENTÁRIOS
1- Petrobras preocupada com fornecedores
Fonte: Diário do Nordeste
Em campanha para listar possíveis fornecedores de serviços para a Refinaria Premium II há cerca de dois anos, a Petrobras conta apenas com 68 empresas devidamente cadastradas para a função em seu sistema, o qual contabiliza 32 empresas com documentação pendente e outras 657 apenas com o nome na lista de intenções para trabalhar com a petrolífera brasileira, mas que nunca preparam a documentação e se adequaram aos pré-requisitos exigidos.
"Essa é a nossa preocupação. A nossa equipe já entrou em contato com esse pessoal, mostrou as vantagens, fez o corpo a corpo, mas ainda não surtiu o efeito desejado", contou o analista de implantação de energia da Premium II, Daniel Pordeus.
Apesar da dificuldade declarada e admitida pelos grandes empreendimentos de conseguir fornecedores e parceiros para serviços mais específicos e que necessitam de mão de obra com qualificação maior, eles lamentam da falta de interesse até dos pequenos empresários.
Parcerias não captam
Durante reunião do Pacto pelo Pecém, o gerente de Negócios da Premium II, Raimundo Lutif, contou dos esforços para captar novos fornecedores junto a órgãos como a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), o que, como os números apontam, não tem surtido o efeito.
Eventos com sindicatos patronais de determinados setores - como o metal-mecânico - são promovidos pela petrolífera estatal desde 2010, segundo o gerente de Negócios, na tentativa de angariar esse pessoal. "Mas o que acontece é que num setor que tem mil pessoas, todos são convidados, mas apenas 100 respondem que vão e apenas 60 comparecem de verdade", exemplifica Pordeus.
Lutif ainda contou da dificuldade até de conseguir fornecedores menores, como os que trabalham com alimentação. "Aqui no Pecém tivemos que recorrer a uma parceria com o Sebrae para que os restaurantes usados por nós pudessem emitir nota fiscal eletrônica, pois a Petrobras exige a nota", contou.
Terreno gerará interesse
A expectativa dos dois funcionários da refinaria Premium II é de que os empresários cearenses despertem para as oportunidades geradas pelo empreendimento depois de o terreno ser liberado, o qual ainda não tem data certa. A administração ainda aguarda documento da Fundação Nacional do Índio (Funai).
2- Energia de lixo atrai investimento
Fonte: Valor Econômico
Uma nova onda de investimentos contagia grandes empresas de saneamento. Apesar de os projetos ainda não terem saído do papel, aportes expressivos estão sendo direcionados para uma área que poderá mudar o setor, com a transformação de resíduos em energia, seja em aterros já existentes ou novos. As vantagens econômicas estão implícitas, com o maior aproveitamento do lixo tratado, porém os custos elevados e a falta de incentivo estatal ainda despertam insegurança com relação à viabilidade dos projetos.
O grupo Estre, do empresário Wilson Quintella Filho, iniciou uma operação experimental em 2011 que, atualmente, passa por um processo de licenciamento com os órgãos ambientais. Instalada em Paulínia, interior de São Paulo, onde a Estre tem seu maior Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR), a unidade é capaz de produzir combustível a partir dos resíduos sólidos do lixo urbano para utilização no processo produtivo (caldeiras e fornos). A usina tem capacidade para processar mil toneladas de lixo por dia, o que corresponde à geração de 500 toneladas ao dia de unidade de valorização de resíduos (UVR).
A Estre investiu cerca de R$ 50 milhões no projeto, entre equipamentos, terrenos e obras. Sem precisar uma data, o diretor de desenvolvimento organizacional do grupo, Alexandre Alvim, destaca que a expectativa é migrar de operação piloto para comercial ainda neste ano. "Estamos explorando diversas frentes, como as cimenteiras, tradicionais usuárias de combustíveis fósseis, e outras empresas que de alguma forma se baseiam em processo térmicos para geração de vapor ou energia", diz.
Além de Paulínia, a Estre avalia implantar o projeto em outras unidades no Estado de São Paulo, na região Nordeste e na cidade de Curitiba (PR).
A empresa cearense Marquise busca há seis anos uma tecnologia para fazer o tratamento dos resíduos sólidos, mas considera o custo elevado ainda um entrave ao desenvolvimento do projeto.
"As fábricas têm um valor muito alto e, na Europa, os preços que os municípios pagam pelo tratamento não têm referencia com o das cidades brasileiras. A conta não fecha. Os valores que serão gerados para tratar e vender energia não são suficientes para remunerar o dia a dia da fábrica, nem o investimento feito", afirma o diretor operacional da Marquise, Hugo Nery.
De toda forma, ele avalia que os projetos estão sendo barateados. "Antes, uma unidade com capacidade para queima de 900 toneladas de lixo por dia e geração de cerca de 20 megawatts (MW) de energia custava € 400 milhões. Hoje, o valor está em torno de € 210 milhões", aponta.
Nesse contexto, a Marquise se associou à Foxx em um projeto no município de Osasco (SP), em que fornecerá os resíduos coletados para geração de energia via tratamento térmico, a ser realizado pela empresa paulista.
Novata no setor de saneamento, a Foxx já anunciou a intenção de investir R$ 3,2 bilhões em cinco anos para implantar 16 Usinas de Recuperação de Energia (UREs) com capacidade para receber 825 toneladas de resíduo ao dia cada.
Uma das maiores do setor, a Foz do Brasil, controlada pela Odebrecht, também pretende entrar nessa área por meio de projetos de tratamento térmico de resíduos. Ela entrou em três PMIs (Procedimentos de Manifestação de Interesse) nas cidades de Mauá (SP), Porto Alegre (RS) e Camaçari (BA) e avalia que, a partir de 2015, terá condições de operar essas unidades.
Já a Essencis, joint venture formada pelos grupos Solví e Estre, está de olho nas oportunidades em biogás no aterro de Caieiras (SP), que recebe 8 mil toneladas de lixo ao dia. A empresa negocia a construção de uma termelétrica e também projeta a operação efetiva até 2015. "A ideia é pegar o metano e utilizá-lo para geração de energia através de motores a combustão", diz o coordenador de biogás da Essencis Soluções Ambientais, Fernando Freitas.
Na prática, o aterro tem sua vida útil encerrada em 2030, mas pode gerar energia até 2045. A usina teria capacidade para abastecer uma cidade de 500 mil pessoas, com produção entre 25 e 30 megawatts hora (MWh). No pico, em 2030, o volume pode alcançar 40 MWh, atendendo 650 mil pessoas.
Lúcia Coraça, diretora de química e energia da Pöyry, empresa finlandesa especializada na implantação de usinas térmicas a partir de lixo, chama atenção para a saturação dos aterros brasileiros e destaca que a melhor solução para as novas unidades está no processo de incineração.
"O tratamento térmico é o caminho mais adequado técnico e ambientalmente. Mas o que vai estimular esse tipo de investimento é a necessidade, já que ele não tem um retorno tão convidativo", diz.
O gerente do setor de projetos especiais da paulista Cetesb, Milton Norio Sagabe, destaca o maior potencial de aproveitamento da energia gerada em projetos de tratamento térmico, quando comparado aos de biogás, e chama atenção para seu menor impacto sobre o meio ambiente. "Nos aterros, num bom processo de geração de energia, se aproveita no máximo 70% do gás gerado", observa.
3- Visão estratégica da matriz energética
O governo federal não tem uma visão estratégica da nossa matriz energética. O curioso e ao mesmo tempo preocupante é que vivemos um momento em que o que diferencia o Brasil de outros países, em particular, entre os Brics, é a nossa independência energética. Portanto, o mais difícil a natureza nos deu, basta que elaboremos políticas públicas para que a energia passe a ser, de fato, uma vantagem comparativa. Hoje estamos perdendo essa oportunidade e com isso comprometendo a competitividade da indústria brasileira.
No setor elétrico, chama a atenção a insistência do governo em manter os leilões de energia com caráter nacional e englobando todas as fontes. Outro ponto é o fato de o governo, no seu planejamento, afirmar que a expansão da oferta a partir de 2014 será feita, exclusivamente, com fontes renováveis.
A atual metodologia dos leilões teve importância no passado, assegurando a oferta de energia, uma vez que naquele momento a prioridade era evitar um novo racionamento.
A ideia, defendida por poucos membros do governo, de que é necessário manter a atual metodologia dos leilões em função da modicidade tarifária não é uma verdade e, mesmo que fosse, o argumento não é suficiente. Se considerarmos unicamente o aspecto preço da energia comercializada para o mercado cativo, realmente passa a impressão de se ter conseguido contratar energia a preços antes não imaginados. E de eólicas, mais ainda. Das demais fontes, nem tanto.
Mas seria o preço da energia o único parâmetro que se deveria levar em consideração nos leilões? E caso a resposta seja sim, será que esse parâmetro nos conduzirá à construção da matriz de energia elétrica de que o País vai precisar no futuro? É inteligente e estratégico abandonar fontes de geração que, por diferentes motivos, não estão sendo beneficiadas por subsídios específicos, financiamentos privilegiados e mesmo garantia de oferta, e com isso não têm preços competitivos? Seria estratégico não levar em consideração nos preços obtidos nos leilões a localização do mercado consumidor? Não estamos escondendo com isso o verdadeiro preço da energia?
Quanto a abandonar as fontes térmicas a partir de 2014, esse é um grave erro estratégico. O Brasil não pode e não deve abrir mão do gás natural e do carvão, até porque serão essas fontes que vão regularizar a energia produzida pelas usinas a fio de água. Aí entra outro questionamento: até que ponto o País vai ceder a pressões externas e de falsos ambientalistas, mantendo reservatórios a fio de água? A visão estratégica seria partirmos para leilões por fonte e regionais, implantando uma matriz hidrotérmica, rediscutir os reservatórios a fio de água, reduzir tributos e encargos setoriais.
No setor de gás natural, o desafio é aumentar a oferta, promover a concorrência, reduzir o preço e, com isso, contestar o monopólio da Petrobrás. A estratégia para alcançar esses objetivos seria os Estados, que possuem o monopólio da comercialização e distribuição, proporem políticas que incentivem, em particular, as distribuidoras de gás e as geradoras de energia elétrica a construir, por meio de consórcios, terminais de gás natural liguefeito para atender aos seus respectivos mercados. Além disso, os Estados que não promoveram licitações das áreas de concessão de distribuição de gás canalizado deveriam seguir o exemplo do Rio de Janeiro e de São Paulo, lançando programas de privatização. No curto prazo, a Petrobrás deveria passar a cobrar pelo gás natural associado a um valor menor, dado que é um subproduto do petróleo. Por exemplo: na Colômbia, o preço do gás natural associado vendido pela Ecopetrol é 50% do preço do gás não associado ao petróleo.
No setor de petróleo, a estratégia é a retomada dos leilões, mudar o rumo da política de conteúdo local, modificar o marco regulatório do pré-sal e a política de preços dos combustíveis. Nos oito anos de governo do presidente Lula, a Agência Nacional Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou apenas cinco leilões e a área exploratória, que alcançou um máximo de 341 mil quilômetros quadrados em 2009, será reduzida a 114 mil quilômetros quadrados no final de 2012. Isso acabará comprometendo o nível futuro de reservas e a produção de petróleo e gás natural, bem como o montante de royalties.
No conteúdo local, a estratégia seria voltar a adotar um arcabouço não mandatório, em que os objetivos principais são garantir a igualdade de condições de tratamento de empresas fornecedoras locais competitivas, incentivar o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a transferência de tecnologia; retirar da lei da partilha o monopólio da Petrobrás na operação dos campos e os 30% mínimos nos leilões do pré-sal; e a política de preços dos combustíveis ter como meta a paridade com o mercado internacional.
No setor de etanol, a estratégia seria o governo, no curto prazo, permitir que a Petrobrás aumente o preço da gasolina. No médio e no longo prazos, promover uma desoneração tributária, acompanhada de melhores condições de financiamento. Em contrapartida, cobrar das empresas redução de custos, aumento de produtividade e investimentos em novas tecnologias.
*Texto originalmente publicado no jornal Estado de São Paulo.
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)