sábado, 30 de junho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 89

I – NOTÍCIAS


1- Coppe promove conferência internacional sobre oceanos, pré-sal e tecnologias offshore
Fonte: Redação TN Petróleo
Será realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 1º e 6 de julho, a 31ª edição da International Conference on Ocean, Offshore and Arctic Engeneering - OMAE 2012, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca. O evento, considerado estratégico para as empresas com interesses no Brasil, reunirá pesquisadores, engenheiros, estudantes, gestores e técnicos do setor de vários países. A organização é da Coppe/UFRJ e da American Society of Mechanical Engineers (Asme).
O evento terá mais de 700 apresentações e aproximadamente mil participantes. Serão 12 simpósios com os temas Tecnologia Offshore; Estruturas, Segurança e Confiabilidade; Tecnologia de Materiais; Pipelines e Risers; Utilização do Espaço Oceânico; Engenharia Oceânica; Ciências e Tecnologias Polares; Simulação Computacional para Dinâmica dos Fluidos; Energias Renováveis dos Oceanos; Geotecnia Offshore; Tecnologia do Petróleo. Também será realizado o simpósio em homenagem ao prof. Ronald Yeung (Hidrodinâmica de Navios e Estruturas Offshore), e o Workshop on Pre-Salt Technologies: Challenges and Opportunities, promovido pela Petrobras e pela Coppe/UFRJ.
A OMAE 2012 está sendo presidida pelo prof. Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, e prof. Antonio Carlos Fernandes, do Programa de Engenharia Oceânica da instituição.
Tenaris apresenta trabalhos e sugere tecnologias para o pré-sal
Com o compromisso de oferecer soluções que façam frente aos desafios da exploração offshore, sobretudo na era do pré-sal, a Tenaris participará do evento com a apresentação de sete trabalhos técnicos divididos pelas áreas de dutos submarinos, integridade estrutural e projeto, construção, montagem e materiais. Destaca-se um trabalho técnico feito em conjunto com a Petrobras, que trata do desenvolvimento de tubos API 5L X70MS com alta tenacidade para aplicação sour service em águas profundas e ultraprofundas.
Os demais trabalhos versam sobre soluções como: estimativa de vida em fadiga cargas complexas, modelagem do comportamento ao colapso e à pressão externa; influência de tratamentos térmicos em aplicações típicas de revestimento; sequência das deformações severas aplicadas à coluna pipeline, entre outros.
Além disso, nesta edição, a Tenaris receberá o prêmio “OMAE 2011 Best Paper” pelo Simpósio “Pipeline and Riser Technology”.
A empresa está instalando um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. O novo centro, que deve começar a funcionar no segundo semestre de 2013, focará no desenvolvimento de produtos e de tecnologias para OCTG (tubos para revestimento de poços), line pipe e outros mercados - como automotivo, nuclear, de mineração, etc.
A programação completa e outras informações sobre o evento estão disponíveis, em inglês (idioma oficial do evento), no site www.asmeconferences.org/omae2012.



2- UTC Engenharia espera aval para nova unidade em Charqueadas
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
A UTC Engenharia prevê obter no mês de julho a licença ambiental prévia para a construção da unidade de produção de módulos de plataformas de petróleo no município de Charqueadas. Depois desse passo, a expectativa é de que ainda no segundo semestre deste ano a empresa consiga da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) a licença de instalação.
Com esse último documento, a meta é iniciar imediatamente as obras de implantação do complexo que deverá levar cerca de dois anos para ser concluído. Essa perspectiva de término poderá ser antecipada, caso a UTC ganhe alguma licitação de encomendas de módulos. O diretor de Contrato da UTC Engenharia, Alex Sarmento, ressalta que independentemente de vencer ou não uma licitação em curto prazo o complexo será executado.
O investimento na implantação da estrutura é estimado atualmente em R$ 118 milhões. Deste total, R$ 11,9 milhões serão aplicados na construção de dois cais de 30 metros. A unidade ocupará uma área de 256 mil metros quadrados, com uma faixa de 320 metros de frente ao rio Jacuí, e terá uma capacidade para trabalhar com 48 módulos ao mesmo tempo.
Conforme Sarmento, a escolha por Charqueadas, além dos incentivos concedidos pelos governos estadual e municipal, deveu-se às condições logísticas e à oferta de mão de obra. A operação do complexo deverá gerar de 1,5 mil a 2 mil postos de trabalho. O executivo adianta que a intenção é aproveitar, o máximo possível, pessoas da região.
A UTC Engenharia, que no ano passado registrou um faturamento de R$ 1,6 bilhão, também utilizará a hidrovia para o transporte dos módulos fabricados e a perspectiva é do emprego de empresas gaúchas para realizar essa atividade. A UTC já tem experiência de operações no Estado sendo sócia da Quip, que implementa plataformas de petróleo no município de Rio Grande.
Sarmento apresentou ontem, na Fiergs, o projeto UTC Charqueadas, durante painel promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq/RS). No evento estava presente o presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester. O dirigente adiantou na ocasião que a AGDI promoverá em agosto, em Rio Grande e Porto Alegre, eventos chamados até o momento de Supply Day. O objetivo será aproximar investidores da cadeia de petróleo e gás de grupos de potenciais fornecedores.



3- Após forte queda de ações, OGX anuncia novo presidente
Fonte: Redação TN Petroleo
A OGX informou em comunicado ao mercado, que o executivo Paulo Manuel Mendes de Mendonça apresentou sua renúncia ao cargo de diretor presidente. A empresa anunciou também que foi nomeado para o comando da OGX Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, atual diretor presidente da OSX.
O novo presidente da OGX tem experiência de mais de 30 anos na indústria de petróleo, tendo ocupado diversas posições na Petrobras. Carneiro estava no comando da OSX desde 2009. O executivo é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal Fluminense e Engenharia de Petróleo pela Petrobras, e possui MBA pela Columbia University em Nova Iorque.
A OSX também anunciou seu novo presidente, Carlos Eduardo Sardenberg Bellot, atual diretor de operações, engenharia, afretamento e desenvolvimento. Segundo o comunicado, até posterior deliberação, ele acumulará os dois cargos na OSX.
Bellot trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras, onde ocupou diversas posições gerenciais, como a Gerência Geral da Unidade de Negócios da Bacia de Campos. Engenheiro químico, trabalhou também em subsidiárias internacionais da Petrobrás e foi membro do Conselho de Administração de companhias do Sistema Petrobras e de companhias privadas.



4- Montagem eletromecânica em Angra 3 deve começar em dezembro
Fonte: Valor Econômico
O assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirmou acreditar que, até dezembro, o consórcio vencedor de licitação - ainda em andamento -, esteja no canteiro de obra da usina nuclear Angra 3 para a montagem eletromecânica. O prazo inicial para a montagem era maio. No entanto, as datas foram postergadas devido a recursos impetrados por empresas participantes da concorrência.
A Eletronuclear divulgou no Diário Oficial da União que o Consórcio Angra 3, formado pelas empresas Queiróz Galvão, Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) e Techint Engenharia e Construções obteve as melhores notas técnicas na atual fase da disputa. Entretanto, o resultado segue indefinido porque os envelopes do Consórcio Construcap/Orteng, que recorreu ao Tribunal de Contas da União (TCU) da sua desclassificação na fase anterior, segue lacrado, aguardando o posicionamento do Tribunal.
De acordo com Guimarães, até o momento o atraso no desenvolvimento da construção da usina ainda pode ser recuperado. No entanto, admite que haverá necessidade de acelerar o processo. “Sem dúvida impacto [no cronograma da construção da usina] tem, porque estava previsto o início da montagem mais cedo”, disse Guimarães. “Hoje é possível compensar os atrasos”. Segundo o executivo, por enquanto, não adianta reavaliar o cronograma antes dos “pontos críticos” estarem resolvidos.
Está sendo julgada na atual fase a metodologia de execução dos serviços de montagem tanto da parte nuclear propriamente dita da usina (reator e periféricos) como da parte convencional (turbinas e periféricos). O Consórcio Angra 3 obteve nota 822,5 para o primeiro pacote (nuclear) e 841,25 para o segundo (convencional). O Consórcio UNA 3, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Construtora Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC Engenharia obteve notas 817,50 e 836,25, respectivamente. Como a nota mínima era 700, ambos os consórcios estão habilitados para a próxima fase da disputa que é a de preços.
Prevista para entrar em operação em 2015, Angra 3 terá capacidade para gerar 1.350 megawatts de energia elétrica. A construção da usina foi iniciada na década de 1980 e sua retomada só foi decidida no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). A divulgação no Diário Oficial de hoje foi feita sem a ressalva referente ao caso do Consórcio Construcap/Orteng, o que será feito em Aviso de Retificação a ser publicado amanhã.



5- Vale vê sustentação da China e mantém piso do minério
Fonte: Agência Reuters
A Vale avaliou que a China, o maior mercado para o seu principal produto, o minério de ferro, terá um crescimento sustentado e reafirmou a previsão de piso para o preço da commodity a despeito da crise internacional.
O preço do minério de ferro não será menor que US$ 120 a tonelada, segundo declaração do diretor financeiro da mineradora, Tito Martins.
Para ele, o preço não cai abaixo daquele valor porque esse é o custo de produção das mineradoras na China.
"Um preço praticado entre US$ 120 e US$ 100 faz com que a maior parte da produção chinesa (de minério) fique fora do mercado... Estamos falando de um volume de 400 milhões de toneladas ano... Toda vez que o preço cai abaixo de US$ 120 dólares, temos automaticamente uma saída muito grande de minério de ferro do mercado", disse Martins em evento no Rio de Janeiro.
O diretor de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, havia afirmado que projetava preços do minério para os próximos dois ou três anos entre US$ 120 e US$ 180 por tonelada, mas com maior probabilidade de ficar entre US$ 120 e US$ 150.
A Vale é a maior produtor global de minério de ferro, enquanto a China é a maior importadora mundial do produto.
O diretor financeiro afirmou também que "não vai haver pouso na China", indicando que o crescimento no país asiático "vai prevalecer".
"A despeito desta desaceleração (da economia global) não acreditamos que vai haver ruptura que significará redução do crescimento. Buscamos crescimento orgânico".
O diretor da Vale disse que crises na Europa não afetam de maneira significativa o negócio da mineradora porque o continente deixou de ser mercado importante há muitos anos.
Segundo ele, duas décadas atrás a Europa representava 40% do mercado de minério de ferro, hoje esse percentual caiu para 12%.
Tito Martins apresentou ainda que o volume de investimentos nos projetos atualmente em execução é de US$ 48,5 bilhões.
Isso inclui projetos em minério de ferro, fosfato, potássio, carvão, energia, entre outros.



6- Japoneses anunciam parceria com Atlântico Sul
Fonte: Folha de S. Paulo
O grupo japonês IHI Marine United (IHIMU), divisão de construção naval "offshore da" Ishikawajima-Harima Heavy Industries, fechou acordo para dar consultoria tecnológica ao EAS (Estaleiro Atlântico Sul), em Pernambuco.
Ao contrário do sócio anterior, Samsung, que abandonou a parceria com o EAS no início deste ano, o IHI não terá participação acionária no estaleiro. O EAS não informou quanto será pago.
O grupo japonês é ex-controlador do estaleiro Ishibras, hoje Inhaúma, no Rio.
A Petrobras tinha dado prazo até o fim de agosto para os controladores do estaleiro, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, conseguirem um novo parceiro tecnológico. Caso contrário, correriam o risco de perder parte das encomendas de navios da Transpetro, braço de transporte da estatal.
O EAS tem 22 navios encomendados pela Transpetro desde 2004. Até hoje, apenas um foi entregue, com atraso de dois anos.
Procurada, a Transpetro informou que ainda não havia sido informada oficialmente sobre a parceria.




II – COMENTÁRIOS



1- Clima e fator humano influenciam o mercado de açúcar
Até o dia 15 deste mês, a área plantada com cana-de-açúcar na Índia atingiu 5,18 milhões de hectares, novo recorde ligeiramente superior ao anterior, atingido em 2006/7, de 5,16 milhões de hectares.
Em condições normais, essa área deveria gerar produção também recorde de açúcar. No entanto, até agora as chuvas de monções têm estado entre 44% e 53% abaixo da média histórica nas principais regiões canavieiras. Mas ainda há tempo para a recuperação dos canaviais.
O endividamento da indústria e o atraso nos pagamentos da cana aos fornecedores também pode causar outro entrave, uma vez que o agricultor, contrariado, pode diminuir o volume de cana que vai para a indústria, direcionando-a para a produção de açúcares artesanais, denominados no mercado local como "jaggery", ou "ghur", e "khandasar", que são tipos diferentes de rapadura.
Enquanto na Índia predomina a habitual incerteza sobre qual volume poderá ser produzido na safra que vai começar em outubro, a produção de açúcar da Austrália está em recuperação, podendo crescer até 18% em relação ao ano anterior, gerando excedente exportável de 3,35 milhões de toneladas, ante 3 milhões em 2011/12.
Na região centro-sul do Brasil, as chuvas de inverno têm atrapalhado o ritmo normal de moagem, abrindo a perspectiva de que ocorra queda no volume de açúcares extraídos da cana.
De outro lado, essas chuvas melhoraram em muito o estado do canavial nesta safra, fragilizado por sucessivas secas e por atrasos na sua renovação. Também têm permitido um bom desempenho na rebrota das soqueiras, que constituem a maior parte do volume a ser processado no ano que vem, diferentemente dos dois anos anteriores, quando faltou umidade e os canaviais enfrentaram dificuldades para se desenvolver.
Não se espera para este ano a repetição dos episódios de florescimento e geada observados no ano passado. Chuvas acima do normal na região centro-sul devem levar a uma aceleração do ritmo de moagem quando retomado, o que levará boa parte do volume adicional gerado de cana para a fabricação de etanol.
Essa tendência vai se alinhar bem com o objetivo fixado pelo governo, de aumentar a produção de etanol.
Na região Nordeste, o problema é inverso, pois a produção começa a sofrer os efeitos da estiagem observada nas principais regiões canavieiras.
Além do imponderável causado pelo clima, o fator humano também tem sido motivo de incertezas. Ameaças de greve e algumas paralisações parciais na mão de obra do porto de Santos, o maior em exportação de açúcar no mundo, têm contribuído para manter o mercado em alerta.
Plinio Nastari
Fonte: Folha de S. Paulo



2- Água do mar deve ser vista como combustível a ser explorado
Fonte: Valor Econômico
Estudo do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água (IWMI) revela que, a partir de 2030, serão necessários mais 2 mil Km³ de água por dia para alimentar a população mundial. O volume é 25% maior do que o usado atualmente. Não é à toa que, assim como o petróleo, a água é apontada neste século como um combustível fundamental para a economia global e vem se tornando uma mercadoria cada vez mais valiosa. Trata-se de um mercado estimado em US$ 350 bilhões, montante que deverá crescer 4,7% ao ano e atingir US$ 530 bilhões em 2016.
Na ânsia de matar a sede do mundo, crescem, por exemplo, os negócios ligados diretamente à dessalinização de águas oceânicas. Estima-se que até 2016 a capacidade global de produção de água doce diária por meio da extração do sal deva alcançar 106,6 milhões de metros cúbicos por dia, contra 42,7 milhões de metros cúbicos registrados em 2007. E as oportunidades para novos empreendimentos não param por aí. Ao contrário do passado, têm grandes chances de dar certo nesse mercado quem conseguir transformar estudos, - antes fechados nos laboratórios de pesquisa das universidades -, em ferramentas a favor da diminuição do consumo e aumento do reúso da água, além de redução de perdas com a imprevisibilidade do clima em setores importantes como energia, agronegócio e petróleo.
Foi o que fez o oceanógrafo Daniel Ruffato, 27 anos, e seus sócios, ao fundarem em 2010, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), a Salt Ambiental, especializada em consultoria e suporte a empresas que atuam em ambientes lacustres e marinhos. Em pouco tempo, eles conquistaram clientes como a Petrobras, Shell e Queiróz Galvão. Mas, ao contrário do que se podia imaginar no início, o carro-chefe da empresa passou a ser os aplicativos desenvolvidos para facilitar o processamento e a apresentação de dados oceânicos em trabalhos de campo. O mais inovador é o Ocean DB, projetado para smartphones, tablets e computadores que usam sistema Android. O aplicativo fornece parâmetros oceanográficos, como temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido na água e frequência de empuxo. "Foi um ano de estudo até concluir o projeto, mas conseguimos oferecer as médias climáticas desde a superfície até o fundo de todos os mares e oceanos do mundo", afirma Ruffato. Lançado no início de abril, com acesso gratuito,
o aplicativo registrou nos primeiros 30 dias 100 mil downloads. O empreendedor observa, contudo, que o Ocean DB é um projeto em andamento, que deve evoluir para uma plataforma de gerenciamento de dados em tempo real, para auxiliar no planejamento e operações de monitoramento de emergências ambientais.
Com faturamento estimado de R$ 600 mil para este ano, a Salt Ambiental projeta investir, ainda, na divulgação de dois de seus produtos: a garrafa Van Dorn, que coleta água do mar em qualquer profundidade por meio de um dispositivo mecânico, já encomendada pelo Instituto Oceanográfico; e a modelagem numérica para simular cenários, ondas, marés, nível dos oceanos, correntes, níveis de dispersão de poluentes e transporte de sedimentos. "Trabalhamos de forma interdisciplinar na análise de todos os lados, o que traz à Salt um diferencial no mercado", observa Ruffato.
Atenta à movimentação que a descoberta da camada do pré-sal provocou - só a Petrobras deverá investir US$ 33 bilhões na exploração de petróleo no litoral brasileiro até 2014 - a carioca Aquamet mudou o rumo dos seus negócios, depois de uma encomenda feita pela própria Petrobras, em 2008. "Eles estavam atrás de alguém que fizesse projeções de longo prazo para o clima nos mares da costa brasileira", lembra Ricardo Silva, 38 anos, sócio da Aquamet. Como a petrolífera já era cliente, eles resolveram investir. Desde, então, a empresa cresce a uma média de 15% ao ano, devendo faturar em 2012 cerca de R$ 2 milhões.
A prestação de serviços de monitoramento marítimo capaz de dar à Petrobras informações sobre como agir em situações de emergência, como vazamento de óleo causado por problemas nas plataformas ou nos navios petroleiros, levou a Aquamet a desenvolver um aplicativo que incorpora tanto previsões meteorológicas quanto oceânicas, incluindo temperatura do mar, correntes e ondas. Lançado em janeiro desse ano, a novidade tem chamado a atenção não só dos tradicionais clientes de logística portuária e petroleiros, como de estaleiros internacionais, segundo Silva. "O próximo passo será desenvolver equipamentos para captação de dados no mar; por enquanto só se trabalha com fotos de satélite", adianta.
Quem também surfou na onda do pré-sal foi o oceanógrafo Manlio Fernandes Mano, 37 anos, que colou no mercado uma proposta alternativa e mais barata do que a prospecção de áreas a serem exploradas para extração de petróleo. O que antes era feito exclusivamente com o auxílio de um navio, a um custo médio de R$ 150 mil por dia, hoje pode ser feito em qualquer parte do mundo, sem sair do Rio de Janeiro e independentemente das condições climáticas. Uma exclusividade da start up criada por Mano, batizada de Oilfinder, com sede no Rio de Janeiro.
Mano desenvolveu um sistema de processamento e modelagem de imagens obtidas por satélite capaz de identificar a origem e a trajetória de vazamentos naturais de óleo antes da mancha chegar à superfície. "É algo extremamente novo", diz Mano. "Um projeto completo custa R$ 250 mil por dois meses. Com o navio, leva-se o dobro do tempo e o custo é por dia". O primeiro cliente foi a Petrobras, mas o empreendedor projeta grande crescimento, graças aos leilões das áreas de perfuração de petróleo que serão exploradas nos próximos cinco anos. Este ano o faturamento deve chegar a R$ 2 milhões, com previsão de dobrar até 2013.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 88

I– NOTÍCIAS

1- Vale e Pacific Hydro formam joint venture em energia eólica 
Fonte: Redação TN Petróleo
A Vale e a Pacific Hydro, líder australiana em energias renováveis, anunciam uma parceria para a construção e operação de dois parques eólicos no Nordeste do Brasil. Pelo acordo, cada empresa será proprietária de 50% dos novos parques eólicos, localizados no Rio Grande do Norte. Os projetos, que já contam com todas as licenças ambientais necessárias, receberão investimentos estimados em R$ 650 milhões. O início das operações de ambos está previsto para 2014. 
A Vale será consumidora exclusiva da energia elétrica produzida pelos parques eólicos por um período de 20 anos, utilizando 100% da geração dos projetos como autoprodução para suas operações. A parceria permitirá que as companhias finalizem os projetos, incluindo a compra de equipamentos e o desenvolvimento de linhas de transmissão.
Segundo a diretora de RH, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Energia da Vale, Vânia Somavilla, este é o primeiro empreendimento da companhia em energia eólica e representa um importante passo para aumentar o uso de fontes limpas e renováveis na matriz energética da empresa.
"A demanda global da Vale por energia elétrica deve crescer 150% até 2020 e estamos buscando alternativas para suprir essa necessidade de modo sustentável, utilizando fontes renováveis, como hidrelétrica, eólica e biomassa", explica. A executiva acrescenta ainda que a inclusão de projetos eólicos também ajuda a diversificar nossa matriz energética, reduz o volume de emissões e assegura a competitividade de custos em longo prazo.
De acordo com o CEO da Pacific Hydro, Rob Grant, a parceria com a Vale é o primeiro modelo de comercialização de energia que combina mercado livre e autoprodução para parques eólicos no Brasil, e é um passo importante para a estratégia da empresa no País. "Este modelo vai permitir a expansão do mercado eólico brasileiro para além do mercado de leilões regulados, no qual a maior parte da capacidade eólica brasileira tem sido desenvolvida até hoje, e estamos buscando aprofundar nossa parceria com a Vale no Brasil e no mundo", afirma.
Operando no Brasil desde2006, aPacific Hydro é pioneira na construção de parques eólicos com recursos do Proinfa - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica do Governo Federal e tem 58 MW em operação em seus dois parques eólicos na Paraíba, que fornecem energia para a Eletrobras.
Internacionalmente, a Pacific Hydro é responsável pelo desenvolvimento e operação de mais de 300 MW em parques eólicos e usinas hidrelétricas na Austrália, onde construiu o primeiro parque eólico comercial do país, e opera 500 MW em hidrelétricas de correnteza no Chile.

2- EUA anuncia fundo para projetos de energia limpa na África
Por Maria Fernanda Romero 
Fonte: Redação TN Petroleo/EUA anuncia fundo para projetos de energia limpa na África
Fonte: Redação TN Petróleo/ Por Maria Fernanda Romero 
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, anunciou na Rio+20, a criação de um fundo de US$ 20 milhões para projetos de energia limpa na África que ficará aberto à contribuição de empresas privadas.
O fundo, que beneficiará principalmente pequenas e médias empresas, é um mecanismo financeiro no qual participam o Departamento de Estado, a Agência de Comércio e Desenvolvimento (USTDA) e a companhia de investimento privado no estrangeiro (OPIC).
“Todos dizem que são a favor da energia limpa, mas chegou a hora de agir. A África é abençoada com recursos naturais abundantes, no entanto, apenas um em cada quatro domicílios africanos tem energia”, disse Clinton. Segundo a secretária dos EUA, um financiamento de US$20 milhões foi aprovado pelo Congresso americano para impulsionar projetos de energia limpa no continente.
"A energia limpa gera novos trabalhos e apoia a educação. Muitas pessoas de diversos lugares da África não têm acesso a eletricidade tradicional", lembrou, convidando o setor privado a contribuir para este fundo, que pretende fornecer segurança energética às famílias e negócios em todo o continente africano.
"Reconhecemos que sozinho os governos não podem solucionar o problema (do desenvolvimento sustentável), por isso apostamos em uma forte associação com o setor privado e com a sociedade civil", afirmou.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, anunciou nesta sexta-feira (22), na Rio+20, a criação de um fundo de US$ 20 milhões para projetos de energia limpa na África que ficará aberto à contribuição de empresas privadas.
O fundo, que beneficiará principalmente pequenas e médias empresas, é um mecanismo financeiro no qual participam o Departamento de Estado, a Agência de Comércio e Desenvolvimento (USTDA) e a companhia de investimento privado no estrangeiro (OPIC).
“Todos dizem que são a favor da energia limpa, mas chegou a hora de agir. A África é abençoada com recursos naturais abundantes, no entanto, apenas um em cada quatro domicílios africanos tem energia”, disse Clinton. Segundo a secretária dos EUA, um financiamento de US$20 milhões foi aprovado pelo Congresso americano para impulsionar projetos de energia limpa no continente.
"A energia limpa gera novos trabalhos e apoia a educação. Muitas pessoas de diversos lugares da África não têm acesso a eletricidade tradicional", lembrou, convidando o setor privado a contribuir para este fundo, que pretende fornecer segurança energética às famílias e negócios em todo o continente africano.
"Reconhecemos que sozinho os governos não podem solucionar o problema (do desenvolvimento sustentável), por isso apostamos em uma forte associação com o setor privado e com a sociedade civil", afirmou.

3- Shell anuncia investimento de mais de R$ 4 bi no Espírito Santo
Fonte: Gazeta Online 
A Shell Brasil anunciou que vai investir R$ 4 bilhões no Espírito Santo nos próximos anos para a sequência dos projetos de exploração e produção de petróleo no Estado. O anúncio foi feito  pelo presidente da empresa, André Araújo, durante reunião com o governador Renato Casagrande.
Atualmente, a companhia opera no Parque das Conchas, litoral Sul Capixaba, onde produz cerca de 52 mil barris de petróleo por dia. Com o investimento, a empresa avança na Fase 2 do projeto, visando ampliar sua produção com o incremento de 11 poços, sendo 7 produtores e 4 injetores de água e gás natural. A meta é que estejam produzindo até o fim de 2013.
Segundo o governador Renato Casagrande, o encontro foi importante para estreitar os laços com a empresa que atua no Estado. “Trata-se de um investimento robusto, que abre oportunidades para nossa indústria. Por isso, é importante estreitar as relações da companhia com o Governo, as universidades e os fornecedores locais, de modo que possamos atuar juntos, em sintonia com o programa de desenvolvimento que planejamos, para crescermos de forma equilibrada e sustentável”, destacou.
O presidente da Shell Brasil, André Araújo, compartilha da opinião do governador. Para ele, o encontro foi importante para aproximar a empresas dos fornecedores e das instituições capixabas. “O Espírito Santo já fornece cerca de R$ 170 milhões por ano para a Shell e representa 8% do nosso cadastro de fornecedores. Mas, com certeza, isso tende a crescer bastante com esse diálogo com o Governo, as empresas e instituições do Estado. O desenvolvimento de conteúdo local é parte de nossa estratégia”, destacou.
Para o secretário de Desenvolvimento, Márcio Félix, o encontro foi positivo e abre novas perspectivas para a economia local. “A Shell é um ator importante do nosso setor de petróleo e gás. Queremos aproximá-la da nossa sociedade, integrando-a às diversas instituições e segmentos para atuar mais em conjunto e gerar novas oportunidades no Estado”, reforçou.
Além do investimento de US$ 2 bilhões, os executivos da Shell anunciaram ainda o lançamento do programa “Embaixador Shell” na Ufes, que visa à formação e atração de talentos profissionais, além de projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico junto à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

4- Contra a poluição, São Paulo e Rio apostam no biodiesel 
O site de VEJA tratou  dos desafios da sustentabilidade em São Paulo e no Rio de Janeiro e as iniciativas que estão sendo tomadas para vencê-los. São abordados cinco temas: água, lixo, reciclagem, a influência das metrópoles na exploração dos recursos da Amazônia e, a poluição do ar. Confira abaixo como as duas cidades enfrentam a questão:
São Paulo
Problema: Os engarrafamentos e a poluição sonora fazem parte do dia-a-dia do paulistano. A cidade tem uma frota de 7,2 milhões de veículos, dos quais 5,2 milhões são automóveis. Apesar de 45% dos carros brasileiros serem flex - ou seja, habilitados ao uso de biocombustíveis menos poluentes -, a poluição dos veículos continua a ser a principal fonte de emissão de gases que causam mudanças climáticas. "Vinte e cinco por cento dos gases do efeito estufa são emitidos a partir do lixo; 75%, pelo uso de energia. Dessa última parte, 90% derivam do uso de petróleo no transporte", afirma Eduardo Jorge, secretário municipal de meio ambiente de São Paulo.
Solução: Além do rodízio, que tira das ruas 20% dos veículos de passeio nos horários de pico, e do apoio financeiro (2 bilhões de reais) à extensão do metrô, que hoje já transporta 4 milhões de usuários em seus 74,3 quilômetros, a administração municipal aposta no programa Ecofrota da Prefeitura. Essa iniciativa deve trocar os combustíveis fósseis pelos renováveis de todos os ônibus municipais até 2018. Em execução há um ano, já conseguiu reduzir 13,9% das emissões de poluentes. O diesel de cana-de-açúcar, utilizado em 160 ônibus na cidade, reduz em até 41% a fumaça preta em comparação ao diesel B5. A este último é obrigatoriamente adicionado 5% de biodiesel. Há também ônibus movidos a etanol e uma tecnologia nacional de veículos híbridos.
Rio de Janeiro
Problema: Um estudo da Coppe, instituto de pós-gradução em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostrou que o transporte rodoviário responde por 38,7% das emissões de CO2 registradas na cidade, que hoje são de 5.277 toneladas por ano. 
Solução: Um novo corredor garante que os ônibus circulem mais rápido, sem dividir a pista com outros veículos. Chamado de BRT, ou Transoeste, deve ajudar a reduzir a frota de 337 para 276 ônibus. Além disso, a frota é abastecida com diesel B5 ou de cana-de-açúcar. "Vai ser um estímulo para a população migrar do transporte individual para esse sistema, já que ele deve reduzir em até 60 minutos o trajeto entre a Barra da Tijuca e Campo Grande", afirma o prefeito, Eduardo Paes. 
21/06/12
Fonte: Revista Veja

5- Mantega convida chineses a investirem em petróleo e gás no Brasil 
A China tem intenção de investir em petróleo e gás no Brasil, e o governo quer aumentar o investimento de empresas chinesas no país, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. 
"O Brasil tem grande demanda por produtos na área petrolífera --bens de capital, plataformas etc.--, que queremos que sejam feitos no Brasil. Estamos convidando os chineses para participarem disso", disse Mantega, após encontro com o presidente da China, Hu Jintao, na Rio+20. 
O ministro disse que a Petrobras e a Petrochina são as maiores empresas de investimento do mundo, e que devido à representatividade dessas duas companhias, os dois países devem ampliar sinergias na exploração de petróleo e gás. 
"Falta demanda no mundo, e o Brasil tem demanda em petróleo e gás", disse Mantega. "Somos um dos países que mais investem nisso, então os chineses estão convidados a virem para cá." 
Para o ministro, o cenário de crise europeia se agravando e mercados americano e europeu travados impõe a necessidade de novos acordos. "Os países avançados vão ficar para trás, e países emergentes vão continuar avançando", disse. 
21/06/12
Fonte: Reuters

6- SUL COREANA POSCO ANALISA AQUISIÇÃO DA CSA
O presidente da siderúrgica sul-coreana Posco, Joon-Yang Chung, disse  que a empresa analisa internamente as operações da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que a alemã TyssenKrupp colocou à venda. De acordo com o executivo, ainda não é possível dizer se há interesse na unidade, mas, se houver, envolverá tanto as operações no Rio de Janeiro quanto a dos Estados Unidos. O executivo participou de reunião na sede na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Chung afirmou, ainda, que a empresa ainda não conversou com a Vale, sócia minoritária na CSA sobre o assunto. As duas são sócias na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, que deverá entrar em operação em 2015. O presidente da Posco disse, ainda, que a indústria siderúrgica mundial passa por um momento de pressão, mas que na segunda metade do ano o preço do aço deve melhorar, ainda dependendo do desempenho da economia mundial.
Sobre o preço minério de ferro, o executivo afirmou que espera que o valor caia em breve, embora não tenha falado em prazo. O presidente da Posco disse também que "no geral" as siderúrgicas preferem o sistema anual de precificação do minério (sistema benchmark), já que proporciona maior estabilidade às usinas. Hoje o minério é comercializado principalmente pelo mercado spot (à vista) e também pelos contratos trimestrais.
Fonte: FERNANDA GUIMARÃES - Agencia Estado


II– COMENTÁRIOS

1- Subsal vs Pré-sal 
Alguns petrogeólogos ao se referirem aos depósitos de petróleo e gás que jazem abaixo da camada de sal no interior do leito do fundo do mar chamam-na de Pré-sal. 
Fazem-no por ter a camada de sal se depositado sobre a jazida, cronologicamente, depois da formação dos hidrocarbonetos. Descrevem, portanto, a gênese temporal da jazida, anterior à da camada de sal. Ora, o público em geral está provavelmente mais interessado em saber onde estão os hidrocarbonetos do que a história de seu nascimento! Estão mais interessados na localização da jazida do que na cronologia de sua formação. 
O prefixo pré é temporal, significando cronologicamente antes. Exemplos de pré incluem pré-temporada, pré-primário, pré-candidato, e assim por diante. Já o prefixo sub é locacional, significando abaixo ou inferior. Por exemplo, subsolo, subtenente, submarino, etc. Portanto, a nomenclatura mais útil e prática para descrever as enormes jazidas descobertas costa afora no Sudeste brasileiro é Subsal, que indica com clareza onde estão os hidrocarbonetos, sem se preocupar com sua biografia. 
Tanto é assim, que em inglês é muito mais frequente a designação "Sub-salt" para descrever formações de hidrocarbonetos abaixo da camada de sal. Tais formações são encontradas não apenas no Brasil, mas também em Angola, no Golfo do México, Bacia Leste do Mediterrâneo e Mar Vermelho. 
Apesar da lógica da argumentação apresentada, é pouco provável que a atraente designação Pré-sal ceda lugar na mídia e no discurso oficial à mais precisa, mas mais difícil de pronunciar, Subsal. Além do mais o prefixo "sub" pode conotar para muitos uma condição inferior, o que embora locacionalmente correto, não condiz com a grandeza dos depósitos. 
Incertezas do Subsal
As descobertas no Subsal, em vastos depósitos em águas profundas das Bacias de Campos e Santos oferecem um enorme potencial estimado em talvez 50 bilhões de barris de petróleo. Para se ter uma idéia do que isto significa, esse volume é da ordem de 50 anos do consumo brasileiro atual.
Entretanto, ao longo do tempo, dos primeiros indícios até a exploração comercial do Subsal haverá muito que fazer. Os desafios técnicos e logísticos são muito grandes. 
Para começar, a camada de sal dificulta a obtenção de imagens sísmicas de alta resolução face à absorção da energia das ondas sísmicas pelo sal. É relativamente recente o desenvolvimento de imagens sísmicas em 3-D que facilitam a interpretação dos resultados. Por isso, até há bem pouco tempo, não havia iniciativas de explorar o Subsal. 
A exploração e produção de hidrocarbonetos em um ambiente de fronteira como o Subsal constitue um desafio único. A superação desse desafio de segurança, custos elevados e crescente regulação governamental requer avaliação de melhores práticas de perfuração e novas soluções tecnológicas que empurrem a fronteira da exploração em águas profundas e no Subsal e a perfuração para produção. 
Esse processo envolve enfoques multidisciplinares sobre a interação das brocas e do fluido de perfuração para entender os riscos, manter a segurança nos poços em perfuração, com a habilidade de prever a pressão nos poros da formação e a estabilidade e integridade do poço. O entendimento integrado das tecnologias e métodos são críticos para permitir decisões com risco mínimo. 
Os hidrocarbonetos do Subsal estão debaixo de uma camada de sal tão afastada do nível médio do mar, quanto a altitude dos jatos comerciais que sobrevoam a área1. 
Os recursos requeridos, financeiros, materiais, humanos e tecnológicos2 são de tal ordem que serão difíceis de mobilizar e implementar. Por outro lado, quanto aos recursos financeiros necessários, a classificação internacional de crédito da Petrobrás vem melhorando e suas ações vem atraindo crescente interesse em vários mercados. Entretanto, não é razoável esperar que a Petrobrás sozinha disponha dos recursos humanos, tecnológicos, financeiros e materiais para o pleno desenvolvimento do Subsal. A mudança das regras da exploração e explotação de petróleo no Brasil com o advento do Subsal colocou uma demanda exagerada sobre a estatal brasileira. 
Portanto, há incertezas quanto ao tempo necessário para o início de produção expressiva de óleo e gás do Subsal. José Sergio Gabrielli, então Presidente da Petrobras, em Agosto de 2011, revelou que "a empresa planeja expandir a produção dos atuais 2,772 milhões de barris de óleo equivalentes por dia (boe/d) para 6,418 boe/d em 2020". Assim, o horizonte previsto para que o Subsal exerça um impacto pleno é da ordem de uma década, se tudo correr bem. 
Subsal e o meio ambiente
Entretanto, os riscos de não correr bem não são nulos. O acidente com a BP no Golfo do México chamou dramaticamente a atenção internacional para os riscos da produção em águas profundas. 
A BP, líder de um consórcio com a empresa americana Anadarko e a japonesa Mitsui realizava uma perfuração exploratória, a 1.500 m de profundidade, no campo de Macondo a 66 km da costa da Louisiana, utilizando a plataforma Deepwater Horizon capaz de operar em águas tão profundas quanto 2.400 m e perfurar até 9 mil metros. Em 20 de abril de 2010, a cimentação imperfeita do poço permitiu escapamento de metano em alta pressão, que causou explosão resultando na perda de 11 vidas humanas e na destruição e afundamento da plataforma. 
Em decorrência da explosão, e da incapacidade de fechar as válvulas na cabeça do poço, no solo marinho, cerca de 5 milhões de barris de petróleo (cerca de dois dias do consumo brasileiro) vazaram no mar durante quase três meses e causaram tremenda destruição ambiental em extensa área do Golfo do México e no litoral dos Estados do Texas, Louisiana, Mississipi e Alabama. A BP constituiu um fundo de US$ 20 bilhões para indenizar as partes afetadas3.
O acordo definitivo entre a BP e os advogados representantes as demandas de indivíduos e empresas afetadas pelo derramamento de petróleo no Golfo, protocolado em 18 de abril de 2012 no tribunal federal de New Orleans, montou a US$ 7.8 bilhões em compensações por perdas econômicas e despesas médicas e hospitalares4. As centenas de advogados envolvidos receberam cerca de US$ 600 milhões! Portanto, o custo total de tais eventos catastróficos pode ser astronômico. 
E no Brasil, episódios que vem ocorrendo na Bacia de Campos, com Petrobras (p. ex. Roncador) e Chevron (Frade) confirmam os riscos do pioneirismo em águas profundas e no Subsal. A reportagem de O Globo5 transcrita parcialmente abaixo descreve os incidentes acontecidos: 
"O vazamento de petróleo em Roncador, campo operado pela Petrobras, foi descoberto pela Chevron," conforme a Reuters. `A Chevron Brasil identificou um novo pequeno vazamento em 7 de abril. Ao investigar mais com um veículo operado à distância, foi verificado que o ponto do escoamento estava fora do limite do campo de Frade. 
Notificamos o operador da concessão do achado´, disse a companhia. O poço de Roncador é vizinho ao de Frade, ambos na bacia de Campos. A Chevron está com suas operações no Brasil temporariamente suspensas por conta de dois vazamentos ocorridos no campo de Frade, o primeiro em novembro do ano passado e o mais recente em março. No Frade, a Petrobras é sócia da Chevron e detém 30% do consórcio. Separadamente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que foi registrado mais um vazamento da Petrobras. É o sétimo derramamento da estatal somente neste ano. Desta vez, foi detectado o vazamento de gotículas de óleo a partir do solo marinho do Campo de Roncador, na Bacia de Campos, operado pela própria estatal. O acidente envolvendo a Petrobras é semelhante ao registrado pela Chevron, em março." 
Subsal e sustentabilidade
Com frequência, o público em geral entende sustentabilidade como apenas ambiental. Entretanto, o conceito de sustentabilidade, isto é, propiciar às gerações futuras nível de bem estar idêntico ou superior à atual, se apoia em três pilares: econômico, social e ambiental. Portanto, vai além do ambiental. Neste contexto, a qualidade dos recursos humanos é fundamental para a sustentabilidade do Subsal. Tanto para a operação quanto para a pesquisa que leve a um melhor entendimento das jazidas e da forma mais sustentável de explorá-las e explotá-las. 
A demanda rapidamente crescente de pessoal qualificado em todos os níveis está levando as empresas interessadas no Subsal a criar programas de pesquisa e treinamento para remover as lacunas existentes6. Por exemplo, a empresa inglesa BG planeja investir acima de US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento na indústria do petróleo no Brasil, objetivando se transformar no maior produtor estrangeiro no país. O investimento proposto é superior à contribuição requerida no Brasil de um por cento das receitas brutas. A BG está construindo um centro no Rio de Janeiro com uma equipe de cerca de 100 pessoas engajadas em P&D e treinamento. E também apoia financeiramente o programa "Ciência sem Fronteiras" do Governo Federal.
A oportunidade oferecida pelo Subsal atraiu pelo menos três dezenas de empresas estrangeiras, que incluem além dos nomes tradicionais do setor, uma forte presença de empresas chinesas como Sinopec e Sinochem. Todas essas empresas requerem recursos humanos de qualidade e disputam o mesmo estoque limitado da capacidade existente. 
Obviamente, a sustentabilidade do Subsal passa por sua viabilidade econômica, que depende, entre outros fatores, do preço do petróleo, cuja tendência histórica é de crescimento. Depende também do custo marginal de longo prazo do petróleo, cuja orientação é de alta. Assim sendo, a sustentabilidade econômica do petróleo depende das margens realizadas na sua produção, transporte, refino e comercialização. Não há contradição no conceito de sustentabilidade de recursos finitos, como o petróleo, se se considera que a "continuidade" do recurso é garantida pelo investimento, a longo prazo, dos recursos financeiros líquidos gerados pelo petróleo em atividades renováveis, como, por exemplo, biocombustíveis, energia solar, energia eólica7. 
No mundo inteiro, o aumento do custo marginal de longo prazo do petróleo, combinado com pressões ambientais e regulamentações governamentais mais estritas e mandatos, estão levando ao declínio da centralidade do petróleo na matriz energética global em favor do gás natural. Esse deslocamento da dominância de uma fonte principal de energia tem ocorrido historicamente, com a madeira e o carvão ao longo dos dois últimos séculos e está se passando agora com o petróleo. 
As empresas petrolíferas estão pensando cada vez mais como empresas de energia. Algumas dentre elas vão alavancar suas margens atuais de produção, refino, transporte e comercialização, para transitar suavemente para energias alternativas renováveis ao longo do tempo. Uma transição lucrativa de petróleo para alternativas vai requerer uma transferência gradual dos lucros do petróleo em investimento "verdes", ao mesmo tempo em que estica a disponibilidade de petróleo a custos marginais satisfatórios. 
A sustentabilidade social do Subsal, apoiada por sua sustentabilidade econômica, será evidenciada pela qualificação dos recursos humanos nele envolvidos; pela elevação do nível educacional e cultural e pela saúde das famílias nas comunidades afetadas pelo Subsal; pela transparência e fortaleza das instituições relevantes. 
A sustentabilidade ambiental do Subsal, com suporte de sua sustentabilidade econômica e social, será alcançada através do comportamento responsável em todos os níveis de decisão, investimento, pesquisa, treinamento e operação dos campos-alvo. O objetivo permanente que permite alcançar a sustentabilidade ambiental é a minimização de riscos.

Notas
1 - Phillips, Dom (2011). Brazil´s Oil Frontier: Sub-salt drilling could net billions of barrels. Technology, August 23rd. 2011. 
2 - Technical Agenda (2012). The Challenges of Sub-Salt Exploration in Middle-East & North Africa Deepwater. Beirut, Lebanon, 11-13 June 
3 - Deepwater Horizon Oil Spill. (2011). Wikipedia, March. 
4 - Schwartz, John (2012). Papers Detail BP Sttlement. The New York Times, 19 abril, p.A17.
5 - Vazamento em campo da Petrobras foi achado pela Chevron. O Globo, 10 abril 2012.
6 - Pearson, Samantha (2012) BG to invest 2bn in Brazil´s oil industry. Financial Times, 9 April. 
http://www.ft.com/cms/s/0/990645b2-7f29-11e1-a06e-00144feab49a.html#ixzz1s9co94aI
7 - Trindade, Sergio C. (2011). Promote Prosperity of Biomass Energy Market in Line with Local Conditions. World Petroleum Industry, Vol. 18, No. 6, December 30, p.46-49 (em Mandarim). 
*Texto originalmente publicado na Revista Eco 21, Edição 187. 
Sergio C. Trindade
PhD. ChE e MSc. em Engenharia Química pelo MIT e BSc pela UFRJ
Ex-Secretário-Geral Adjunto da ONU para Ciência e Tecnologia
Co-laureado com o Prêmio Nobel da Paz, 2007, como membro do IPCC

2- Uma avaliação da Rio+20 
É cedo ainda para fazer uma avaliação completa dos resultados da Rio+20, mas já é possível ter uma ideia geral do sucesso ou fracasso do evento.
O objetivo da conferência é fazer um balanço do que se conseguiu realizar nos últimos 20 anos na direção de um desenvolvimento sustentável e, eventualmente, propor novos caminhos e novas ações. As perspectivas de seu sucesso são ainda incertas e é necessário mais esforço para evitar que ela se torne apenas um palco para declarações politicamente corretas e retóricas.
O que ocorreu no Rio de Janeiro foi um número impressionante de eventos científicos e culturais que cobrem um amplo arco que vai desde entidades empresariais, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a universidades públicas e privadas, fundações de apoio à pesquisa nacionais e internacionais e cientistas eminentes do mundo todo.
O impacto educacional desses eventos se reflete também no público, por meio da imprensa, nos próprios jornalistas que cobriram os eventos e, por intermédio deles, nos políticos.
Do ponto de vista de conscientização da sociedade brasileira para os problemas que o atual sistema de produção e consumo geram, a conferência será um sucesso. A quantidade de eventos paralelos e até mesmo a participação popular terão um efeito positivo na adoção de políticas ambientais corretas no País.
Do ponto de vista de resultados concretos, como foi a Rio-92, contudo, a conferência será desapontadora.
Ao que tudo indica, serão apenas enunciados na Rio+20 objetivos de desenvolvimento sustentável, a exemplo do que ocorreu com as Metas do Milênio adotada pelas Nações Unidas no ano 2000. No entanto, os temas específicos que constarão desses objetivos ainda não foram definidos nem as propostas de ações concretas para atingi-los. Um passo importante que talvez seja adotado será o lançamento de um processo de negociação para definir essas ações de forma quantitativa, a ser a concluído até 2015 - o que apenas adia o problema.
Em contraste, na conferência de 1992 foram adotados documentos importantes como a Convenção do Clima, a Convenção da Biodiversidade e a Convenção para o Combate à Desertificação, que são instrumentos legais que se transformaram em leis nacionais quando ratificados pelos órgãos legislativos próprios. Além disso, foi adotada a Agenda 21, um roteiro bastante detalhado para um desenvolvimento sustentável. A palavra-chave que entrou no vocabulário de todos, desde então, foi sustentabilidade, que significa crescimento econômico de um tipo que não comprometa o futuro.
Após a conferência do Rio em 1992, foram necessários cinco anos para a adoção do Protocolo de Kyoto, que fixou metas para a redução das emissões de gases responsáveis pelo aquecimento da Terra e um calendário para cumpri-las. Esse protocolo só entrou em vigor em 2005 e, mesmo assim, os Estados Unidos se mantiveram fora dele. Um protocolo para a implementação da Convenção da Biodiversidade foi aprovado em Nagoya em 2009.
Por conseguinte, os progressos alcançados desde 1992 foram modestos, o que não significa que nada tenha sido feito. Os países da União Europeia cumpriram razoavelmente bem os seus compromissos. Muitos municípios e até Estados de países federativos seguiram as recomendações da Agenda 21 - alguns inclusive adotaram metas para a redução de emissões, como o Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e o de São Paulo, no Brasil.
O que é frustrante no processo de negociação das Nações Unidas - que busca o consenso das 194 nações participantes - é que qualquer resultado só pode ser conseguido com a adoção de um denominador comum mínimo aceitável por todos, e este é, em geral, o menos exigente de todos no que se refere a reduções e metas.
Só para exemplificar, basta mencionar que foi preparado em janeiro deste ano um documento com o sugestivo título O Futuro que Queremos, com 19 páginas e 128 parágrafos. A grande maioria deles são exortações aos países-membros da ONU para que façam mais na direção do desenvolvimento sustentável, mas não delineia planos de ação para torná-los realidade. As palavras "reafirmar", "reconhecer", "encorajar" e "apelar" aparecem em 118 dos 128 parágrafos. Há alguns parágrafos que propõem inovações, tais como:
* transformar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes e recursos;
* criar, até 2015, indicadores para medir os progressos feitos;
* e aceitar uma transição para uma "economia verde" como meta global e abrangente que nos leve a uma "economia de baixo carbono". A "economia verde" deve ser entendida como uma estratégia que proteja a base natural de recursos disponíveis e contribua para a erradicação da pobreza.
Todos os parágrafos foram objetos de inúmeras emendas de diversos países. Como resultado, a última versão do documento inicial tem 81 páginas e as emendas o tornaram até difícil de compreender.
O mais frustrante é saber que o próprio Grupo dos 77 (os países em desenvolvimento, inclusive a China) propôs a eliminação das recomendações sobre economia verde e das propostas para aumentar a fração de energia renovável em uso no mundo. O risco, portanto, como alertado pelo secretário-geral das Nações Unidas, é de que não se chegue a nenhuma recomendação concreta.
*Texto originalmente publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 18/06/12 
José Goldemberg
Fonte: O Estado de S. Paulo
Professor da Universidade de São Paulo, 
foi ministro do meio ambiente em 1992, durante a Rio-92

domingo, 17 de junho de 2012

IPGAP OIL & GAS & ENERGY NEWS - N° 87

I – NOTÍCIAS

1- Petrobrás eleva investimento em 5,2%
O plano de negócios da Petrobrás para o período 2012-2016 elevou em 5,2% os investimentos em relação ao plano anterior (2011-2015), mas reduziu as metas de produção a longo prazo e limitou o comprometimento de recursos em projetos que ainda não têm o planejamento básico aprovado.
Aprovado pelo Conselho de Administração, o plano de negócios prevê o investimento de US$ 236,5 bilhões até 2016, ante US$ 224,7 bilhões do plano 2011-2015, anunciado em 2011. São US$ 11,8 bilhões a mais. Em reais, a alta é ainda maior, de 7,1% (de R$ 389 bilhões para R$ 416,5 bilhões), de acordo com valores especificados nos documentos do ano passado e atual, com as conversões de cada um.
A reação do mercado ao plano foi negativa. As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobrás caíram 3,87% na Bovespa e a preferenciais, 3,86%. Foram a segunda e terceira maiores baixas do Ibovespa, que terminou o dia com perda de 0,54%. Analistas consideram que, sem reajustar os combustíveis, a empresa pode ter dificuldade de financiar seu plano de investimentos.
O plano 2012-2016 espelha o embate travado desde fevereiro - quando tomou posse a presidente Graça Foster - entre a cúpula da Petrobrás e a equipe econômica do governo Dilma Rousseff. Graça e seus diretores defendiam um plano com metas mais realistas, sem exageros. Ela defende também uma correção da defasagem de preços dos combustíveis com o mercado internacional. Já o governo, sócio controlador, exige que a Petrobrás contribua intensamente com a política de ampliação dos investimentos, para estimular a economia e impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB). E diz que não há previsão de alta da gasolina.
Uma semana antes da reunião, o ministro da Fazenda e presidente do conselho de administração, Guido Mantega, já adiantara a ampliação dos investimentos, confirmada anteontem. Em contrapartida, Graça conseguiu que as metas de produção de longo prazo fossem reduzidas. A medida é necessária para que a estatal evite descumprir metas, como tem ocorrido.
A queda prevista na produção para 2020, de acordo com o novo plano, foi de 11%. Passou a 5,7 milhões de barris de óleo e gás diários, ante os 6,4 milhões previstos pelo plano de 2011-2015.
Para 2016, a produção estimada também caiu em comparação com a prevista há um ano para 2015. A meta foi reduzida de 3,7 milhões de barris/dia em 2015 para 3 milhões em 2016. Para os próximos dois anos, foi mantida estável, mesmo com investimentos robustos. "A perspectiva de aumento da produção somente em 2014 leva investidores a questionar por que deveriam comprar ações da empresa agora", disse o analista Marcus Sequeira do Deutsche Bank, em relatório.
Graça também defendia foco na área de produção e exploração. O primeiro plano de negócios de sua gestão reflete a prioridade. Não só foram elevados em 11% os investimentos para o setor, de US$ 141,8 bilhões, como seu peso cresceu 3 pontos porcentuais. O segmento de exploração e produção agora concentra 60% dos investimentos. O Brasil concentrará US$ 131,6 bilhões.
A área que mais sofreu foi a de refino, transporte e comercialização, que perdeu US$ 5,1 bilhões em investimentos desde a última revisão, que já tinha enxugado o orçamento da área. O setor é um dos mais afetados pela estratégia de Graça de limitar os projetos ainda em "fase conceitual" (preliminar).
A partir de agora, com exceção da área de exploração e produção, terão prioridade empreendimentos com projeto básico (posterior ao conceitual) aprovado. Projetos em fase anterior disputarão recursos entre si. Só será aprovada a contratação quando o projeto comprovar viabilidade financeira. Caso contrário, ficará de fora.
Sabrina Valle e Sergio Torres
Fonte: O Estado de S. Paulo

2- Opep mantém produção em 30 milhões/dia
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) chegou a um acordo para manter em 30 milhões de barris por dia o teto de produção dos integrantes do cartel. O acordo foi anunciado pelo secretário-geral da organização, Abdullah al-Badri (foto), em coletiva após o término da reunião a portas fechadas em Viena.
Por sua vez, o ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, declarou-se feliz com o resultado da reunião. A Opep não descarta uma reunião extraordinária se os preços caírem muito.
Fonte: O Estado de S. Paulo

3- BNDES e Caixa liberam R$ 2,7 bi para subsidiária da OSX
A OSX Brasil informou que sua subsidiária OSX Construção Naval contratou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal o financiamento com repasse de recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM), respectivamente no valor aproximado de R$ 1,35 bilhão cada, totalizando quase R$ 2,7 bilhões.
Os financiamentos se destinam à implantação da Unidade de Construção Naval do Açu, que a OGX está construindo no norte do Estado do Rio de Janeiro desde julho de 2011, com previsão de início parcial de operações no primeiro trimestre de 2013. A carteira de pedidos contratados pela clientela da UCN Açu é composta de 16 unidades offshore destinadas à produção de petróleo e gás no Brasil, segundo a OSX.
"A UCN Açu é um extraordinário instrumento para o desenvolvimento da produção de petróleo e gás do Brasil. A contratação do financiamento do FMM reafirma a importância estratégica de sua implantação para o nosso País", disse, em comunicado, Eike Batista, presidente do Conselho de Administração da companhia.
O prazo do financiamento é de 252 meses (21 anos) para ambas as instituições financeiras, com 42/36 meses de carência para amortização de principal e 36/30 meses de carência para pagamento de juros junto ao BNDES e à CEF, respectivamente. A taxa média de juros prevista é de dólar mais 3,38% ao ano, com pagamentos mensais junto às amortizações de principal após a carência. A prioridade do apoio financeiro ora contratado pela OSX junto ao BNDES e à Caixa foi aprovada pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM), em junho de 2011.
Fonte: Agência Estado

4- Brasil pode ser exemplo para outros países no uso de fontes renováveis de energia
No que depender do uso de fontes renováveis de energia, o Brasil pode se apresentar como um exemplo durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. No ano passado, o país chegou a 44,1% de utilização de fontes como energia hidráulica, eólica, etanol e biomassa na sua matriz energética, enquanto a média mundial é 13,3%.
Além da combinação de recursos naturais favoráveis, como grande quantidade de rios, vento, sol e solo apropriados para a utilização de fontes renováveis, o Brasil ainda desenvolve tecnologias nacionais que favorecem, por exemplo, a construção de usinas hidrelétricas sem reservatórios e também o aumento da produção de etanol.
"O setor energético é uma vitrine para o país. Todo brasileiro pode se orgulhar de sua matriz energética porque realmente poucos países têm esse quadro, tanto na geração de energia elétrica como no setor de transportes", avalia Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão público responsável por estudos e pesquisas que servem para subsidiar o planejamento do setor energético.
A participação da hidreletricidade é um dos destaques na matriz energética brasileira. O país tem o terceiro maior potencial hidráulico do mundo, atrás da China e da Rússia, e até agora só utilizou um terço desse potencial. "É claro que temos um desafio porque grande parte do que falta ser explorado está na região amazônica, que tem uma riqueza de biodiversidade que deve ser preservada. Mas não é incompatível o objetivo de preservação da Amazônia e a construção de hidrelétricas", diz Tolmasquim.
Outra fonte com potencial de crescimento no país é a eólica, aquela que gera energia com a força dos ventos. O potencial instalado de geração eólica é 143 mil megawatts-hora (dez vezes mais que a geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu). Hoje, o país está em vigésimo lugar em geração de energia em termos mundiais e deve chegar ao fim deste ano em décimo lugar.
Os leilões de energia eólica que vêm sendo realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) têm contribuído para aumentar a participação dessa fonte na matriz energética, aumentando a escala de produção de equipamentos, o que acaba barateando o custo dessa energia. A estimativa da EPE é chegar ao final de 2012 com mais de 3 mil megawatts de potencial instalado de energia eólica e, ao final de 2014, o país deve chegar a 7 mil megawatts.
Já o uso de energia solar é pequeno, pois essa fonte ainda é bastante cara no país. Mas Tolmasquim acredita que a aprovação da Aneel para a instalação de pequenos geradores residenciais de energia solar para a troca eletricidade com as distribuidoras poderá impulsionar o mercado. "As perspectivas são muito boas. A tendência é que ela [energia solar] rapidamente vá ficando mais competitiva".
Nos próximos dez anos, a expectativa do governo é aumentar o percentual de participação do conjunto das fontes renováveis de energia. Segundo estimativas da EPE, a presença desses recursos vai passar dos atuais 44,1% para 46,3% em 2020. "O nosso maior desafio é garantir o desenvolvimento do país mantendo a participação de renováveis na produção de energia. E a resposta é sim, o Brasil pode crescer mantendo alto nível de renováveis seja nos recursos de rios, biomassa, vento e sol. Temos um grande potencial", prevê Tolmasquim.
Apesar de reconhecer o avanço na diversificação da matriz energética desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92), realizada há 20 anos, o coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, avalia que o país poderia estar mais bem posicionado no desenvolvimento de outras fontes renováveis, como biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, que, na sua avaliação, estão sendo "desprestigiadas".
Ele também critica os altos investimentos previstos no país para os próximos anos nos setores de petróleo e gás, incluindo a área do pré-sal, em detrimento de fontes renováveis. "Estamos bem avançados no desenvolvimento de fontes renováveis, mas, na hora de ver os investimentos, eles estão indo com maior intensidade para o petróleo". Para o Greenpeace, a Rio+20 não vai resultar em avanços significativos em relação ao setor energético. "A gente ainda carece de uma política nacional para fontes renováveis", diz Baitelo.
A matriz elétrica brasileira, que inclui apenas as fontes que servem para a geração de energia elétrica, tem uma participação de 88,8% de fontes renováveis. A média mundial é 19,5% e, entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média é 18,3%.
Sabrina Craide com edição de Lana Cristina
Fonte: Agência Brasil - ABr

5- Energia solar é a próxima fronteira que o Brasil terá que atravessar
Fonte: Redação TN Petróleo
Com a redução do custo de produção da energia eólica nos últimos anos - que passou de R$ 300,00 MWh em 2004, para R$ 100,00 MWh em 2012 - a geração eólica se fortaleceu assumindo posição de destaque na expansão da matriz energética brasileira até 2020.
Agora, a próxima fronteira é o aumento do aproveitamento da energia solar no país. “O Brasil tem uma insolação privilegiada, mas a capacidade instalada ainda é incipiente com apenas 20 MW. Já a Alemanha, onde a geração solar está em etapa mais avançada, a capacidade instalada é de 17.000 MW”, conta Marcelo Mello, CEO da Brix.
O Ministério de Meio Ambiente tem como meta atingir 15 milhões de m² de área com coletores solares até 2015. Atualmente, são cerca de 6,24 milhões de m².
Para o executivo, a solução para aumentar a participação da energia solar na matriz energética passa pela geração distribuída aliada à “rede inteligente” (smart grid), permitindo sua implantação de maneira pulverizada nos centros de consumo.

6- Statoil faz descoberta de "alto impacto" na Tanzânia
Fonte: Agência Reuters
A Statoil e a parceira ExxonMobil fizeram uma grande descoberta de gás em um bloco na Tanzânia que a companhia norueguesa opera.
A descoberta de grande impacto tem uma estimativa preliminar de 3 trilhões de pés cúbicos de gás.

7- Petrobras apresenta etanol produzido com bagaço de cana
Fonte: Agência Petrobras
A presidenta da República, Dilma Rousseff, visitou na quarta-feira (13), o estande da Petrobras na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e conheceu a tecnologia do etanol de segunda geração da Petrobras. O biocombustível abastecerá 40 minivans que iniciam nesta quinta-feira (14) o transporte de participantes da conferência. A tecnologia aproveita o bagaço de cana como matéria-prima e permite ampliar a produção de etanol em 40% sem utilizar recursos adicionais da natureza.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, também participou da visita ao estande. Lobão ressaltou que o Brasil é pioneiro nessa tecnologia para produção de energia renovável. “O Brasil prossegue criando e estabelecendo padrões novos para a economia e para criação de energia limpa”, destacou. O secretário geral da Rio+20, Sha-Zukang, comentou que o Brasil tem excelentes condições, como água, terra, sol e um belo povo.
O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, que apresentou a tecnologia no estande, ressaltou a missão da Petrobras como grande empresa de energia e de inovação tecnológica. “Produzir etanol a partir de resíduos é uma conquista. Significa mais energia com a mesma área plantada. Essa é uma tecnologia que preserva os recursos naturais”.
Tecnologia do etanol de segunda geração
A Petrobras já produziu 80 mil litros de etanol de segunda geração em uma planta de demonstração localizada nos Estados Unidos. As pesquisas são realizadas pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) desde 2004, em parceria com instituições científicas e empresas de tecnologia nacionais e internacionais, apontando um rendimento de 300 litros de etanol por tonelada de bagaço seco. Uma das parceiras é a KL Energy, proprietária da unidade adaptada por pesquisadores da Petrobras para testar a tecnologia que abastecerá as minivans durante a Rio+20.
A companhia tem como meta iniciar a produção em escala comercial no Brasil em 2015. A unidade deverá ser integrada a uma usina de etanol operada pela Petrobras Biocombustível. O investimento no desenvolvimento dessa tecnologia faz parte dos US$ 300 milhões previstos para pesquisas em biocombustíveis nos próximos anos.

8- Licença de Instalação da EBR depende do Estaleiro
Segundo o presidente da Fepam, Carlos Fernando Niedesberg, a consolidação da Licença de Instalação do empreendimento EBR em São José do Norte depende apenas do próprio Estaleiro. A Licença Prévia (LP), concedida no final de 2011, dá o aval quanto à questão ambiental. Cabe à EBR, desde que recebeu a LP, atender a algumas condições para obter a Licença de Instalação (LI). As informações são do deputado Alexandre Lindenmeyer.
Abrangendo uma área de 1,5 milhão de metros quadrados e 65 mil metros de área coberta, o empreendimento contará com um cais de 700 metros de extensão e um dique seco. Em operação, deverá processar cerca de 110 toneladas de aço por ano e irá gerar de um a quatro mil empregos diretos em até três anos. Entretanto, o processo não está avançando nos prazos previstos. Para Lindenmeyer, “é importante esse posicionamento da Fepam para esclarecer os motivos pelos quais a questão está pendente”.
Fonte: Jornal Agora,RS


II – COMENTÁRIOS

1- O falso verde
Em tempos de construção de imagem verde para o mundo ver, o governo tem dito que está incluindo o econômico na questão ambiental. Não é verdade. Se incluísse, determinaria às montadoras o desenvolvimento de motores mais eficientes ao usar o álcool; os bancos públicos fariam exigências de respeito às leis ambientais na concessão dos empréstimos; os impostos seriam reduzidos para produtos e energia de fato sustentáveis.
O governo prepara pacotes de estímulo ao crescimento como se não houvesse ligação entre o econômico e o ambiental. Tudo é tratado em compartimentos estanques, com uma visão fraturada da realidade. Os temas não cruzam a Esplanada dos Ministérios, com raras exceções. Há muito tempo as mudanças climáticas uniram questões que, por andarem separadas, criaram para a humanidade o problema que temos agora.
Foram concedidos sucessivos benefícios às montadoras. Tantos, tão frequentes e tão extravagantes, que até o governo começou a ficar incomodado. E nos últimos dias tem ameaçado as montadoras caso elas não se comportem adequadamente. Quando lista o que pretende fazer é de arrepiar: quer controlar remessas de lucros, vigiar preços, exigir das empresas a abertura de suas contas e estrutura de custos.
Empresas de capital fechado não são obrigadas a abrir contas e estruturas de custos, se o governo fizer isso será uma violência. País de economia de mercado não pode impedir uma empresa de remeter lucros e dividendos para a matriz. Vigiar preços é uma velharia sem tamanho.
A indústria do biocombustível recebe elogios externos, como no último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), por ser um dos pontos positivos do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono.
Nós aqui dentro sabemos que o programa está com conhecidas dificuldades. Algumas delas criadas pelo governo, que através do sistema tributário e de subsídios beneficia o combustível fóssil, no sentido exatamente oposto ao que deveria fazer.
Para corrigir essa política estranha teria que retirar os incentivos à gasolina. Isso elevaria a inflação, o que atrapalharia os planos de derrubar mais os juros para incentivar à retomada econômica. Preso na armadilha que ele mesmo criou, o governo prepara um pacote para ajudar o etanol como forma de compensar o setor.
Se os preparadores de pacotes e levantadores do PIB tivessem alguma noção dos dilemas ambientais e climáticos nos quais o mundo está mergulhado teriam unido as duas pontas e fariam um pacote de socorro às montadoras com exigências de motores mais eficientes quando rodados com etanol. Isso aumentaria a eficiência do álcool e eliminaria a desvantagem do combustível.
É tecnologicamente possível, economicamente coerente e ambientalmente desejável. Por que não acontece?
Porque o pensamento econômico no governo é velho. Prefere as exigências descabidas dos anos 80.
A área econômica do governo poderia aproveitar a Rio + 20 e atualizar o seu pensamento. Se o fizer, entenderá que a questão ambiental não é um apêndice, mas a lógica da política. Pode-se aumentar o crescimento econômico, a oferta de emprego e o investimento através dos incentivos à redução das emissões dos gases de efeito estufa.
Quem não entender a crise climática que o mundo vive não entenderá a economia dos próximos anos e décadas. Ao contrário de alguns slogans e expressões que são moda passageira na vida empresarial, a exigência de "sustentabilidade" veio para ficar. A palavra tem sido mal usada e pela repetição vai perdendo a força. Mas o conceito que ela expressa permanecerá conosco.
Como a "Folha de S. Paulo" publicou na sexta-feira, o governo transferiu às empresas, em forma de subsídio ao crédito, quase R$ 30 bilhões em três anos. No ano passado o Tesouro pagou juros em média de 12,83% e emprestou a 6%. Essa diferença é custo direto.
O governo nunca divulgou o preço da diferença de taxas, mas foi obrigado agora pelo TCU. E isso é só uma parcela do subsídio dado às empresas porque não incluem as capitalizações e renúncias fiscais. Imagina se pelo menos uma parte dessa Bolsa Empresa fosse concedida com exigências de eficiência de energia e contrapartidas ambientais?
Políticas tributárias e creditícias são armas poderosas para induzir a economia em determinada direção. O governo poderia pensar em medidas como redução do IPI de placas solares e componentes; redução do custo fiscal de turbinas eólicas; incentivos aos modais de transporte, urbano e de carga, de baixo carbono; estímulo à formação de clusters da economia verde; exigência de contrapartida ambientais. Tudo isso é política industrial; mas na direção certa.
Às vésperas da Rio + 20, a área econômica avisa que vai beneficiar empresas verdes. Fez o oposto nos últimos anos: apostou em campeões nacionais sem ver a cor de suas práticas; concedeu empréstimo barato para termelétrica a carvão; subsidiou empresas que descumpriram legislação ambiental; deu estímulos para indústria de alto carbono e subsidiou o uso de combustível fóssil.
O governo não deveria improvisar nesse tema. Quem entende do assunto não confunde maquiagem verde com transição para a economia de baixo carbono.
* Artigo originalmente publicado no Portal O Globo, em 10/06/12.
Miriam Leitão
Jornalista, atua na área do jornalismo econômico e de negócios

2- Vexame ambiental
Que Código Florestal, nada. O grande fiasco brasileiro na Rio+20 se esconde no etanol. O país que ensinou ao mundo como trocar a gasolina fóssil pelo álcool renovável engata marcha ré na utilização do combustível limpo. Um vexame ambiental.
Pode-se comprovar facilmente esse retrocesso na bioenergia. Em 2011, o consumo dos combustíveis derivados de petróleo - gasolina principalmente - cresceu 19%, enquanto o uso do etanol nos veículos despencou 29%. Não precisa dizer mais nada. Anda na contramão da história a matriz energética dos transportes no Brasil.
Aconteceu que os consumidores reagiram ao desequilíbrio de preços a favor da gasolina. Duas razões básicas explicam a mudança do mercado. Primeiro, o governo federal tem reduzido o encargo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, taxa que nos últimos anos recuou de 14% para 2,6%. Em consequência, acabaram praticamente equiparados os custos tributários de ambos os combustíveis. Uma política moderna de sustentabilidade, como buscada em todo o mundo, procederia ao contrário, ou seja, reduziria a carga tributária sobre o biocombustível, não sobre o derivado de petróleo.
Trata-se, obviamente, de uma decisão política, arcada pelo governo federal desde 2002. Com a redução da referida taxa, a Petrobrás, que normalmente deveria ter elevado o preço dos derivados de petróleo para manter sua competitividade global, se compensa pela perda de rentabilidade recolhendo menos imposto ao governo. Tudo dissimulado. Conta paga pela sociedade.
Em segundo lugar, a gasolina barata segura, obviamente, o preço do etanol na bomba, roubando margem dos produtores. Pouco lucrativa, a atividade alcooleira vê sua matéria-prima se direcionar para a fabricação de açúcar, movimento que se observa há tempos nas usinas. Bastante rentável no mercado internacional, o açúcar estimula a pauta das exportações. Resultado: a oferta de etanol se retrai, tendendo a elevar seu preço no posto de combustível, espantando a freguesia. Elementar.
O Brasil produziu cerca de 28 bilhões de litros de etanol nesta última safra (2010/2011). Nos EUA o volume já ultrapassou 50 bilhões de litros. Incrível. O país que inventou o Proálcool, obtido a partir da cana-de-açúcar, está tomando poeira dos gringos, que destinam 40% de sua safra de milho para a fermentação alcoólica. Mais ainda. A necessidade de manutenção de estoques confiáveis começou a exigir volumosas importações de etanol. Sabem de quem? Dos norte-americanos, claro. No ano passado, o Brasil comprou acima de 1,1 bilhão de litros de etanol dos EUA. Acredite se quiser.
Não é à toa que paira desilusão no setor sucroalcooleiro. Estimulados pela agenda da economia verde, nos transportes viabilizada definitivamente com a geração dos motores flex fuel, inéditos e fortes grupos, nacionais e multinacionais, entraram na atividade. Anunciaram planos formidáveis que, após quatro anos, micaram, roubando o fôlego do parque alcooleiro. Notícia ruim chega dos canaviais. E quem pensa que é chororô de usineiro se engana feio. Corretores garantem que 20% das usinas do Centro-Sul estão à venda. Sem comprador. As chamadas greenfields, novas plantas a serem construídas, em vários Estados, ficaram no papel. O pouco dinamismo existente advém da ampliação e modernização de fábricas já instaladas. Passos de tartaruga no etanol.
Milhares de estudiosos, ambientalistas e jornalistas se encontrarão logo mais na Rio+20. O governo brasileiro fará ginástica para justificar o inexplicável. Enquanto as nações se debruçam para encontrar soluções capazes de esverdear sua (suja) matriz energética, por aqui se desperdiça uma oportunidade de ouro, retrocedendo no uso do combustível renovável.
Os produtores de cana-de-açúcar e os usineiros de etanol, por sua vez, lançaram por aqui o Movimento Mais Etanol, querendo influenciar a mídia e sensibilizar o governo para sua agenda. Eles se propõem a dobrar de tamanho até 2020 - o que, ademais, geraria 350 mil empregos diretos -, mas precisam viabilizar uma estratégia de política pública que devolva ao etanol a competitividade roubada pelo controle dos preços da gasolina. Basta, de cara, reduzir a carga tributária sobre o biocombustível.
Gasolina barata e etanol caro acabam criando um círculo vicioso contra o meio ambiente, prejudicando a saúde pública. Segundo a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês), o etanol derivado da cana-de-açúcar pode ajudar a reduzir até 91% o efeito estufa da Terra, quando comparado com as emissões advindas da queima de gasolina. Mas, curiosamente, o ambientalismo pouca bola dá para essa tragédia da poluição urbana. O foco de sua ferrenha atuação, conforme se verificou na questão do novo Código Florestal, mira no assunto da biodiversidade. Contra o desmatamento.
A intolerância dos ambientalistas agride os agricultores, como se do campo partisse todo o mal contra a natureza. Citadinos, eles poupam as desgraças ecológicas provocadas pela urbanização, a começar pelos escapamentos veiculares. Novos estímulos públicos ao setor automobilístico favoreceram agora as montadoras. Nenhum compromisso ambiental se firmou. Pouco importa, tristemente, aos radicais verdes.
Tal miopia do movimento ambiental, infelizmente, ajudará o governo a esconder, na Rio+20, o retrocesso na agenda do etanol. Seria interessante, aliás, como subproduto da reunião, discutir para onde caminha o ambientalismo brasileiro.
A incrível capacidade fotossintética do Brasil garante enorme vantagem na produção de biocombustível, energia renovável misturada com geração de empregos. Desprezá-la significa maltratar o etanol, um filho da Pátria.
*Texto originalmente publicado no Estadão, em 12/06/2012.
Xico Graziano
Fonte: O Estado de S. Paulo
Agrônomo, foi secretário de agricultura e secretário do meio ambiente do estado de São Paulo

3- LUBRIFICANTES – ENCONTRO COM O MERCADO
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