I – NOTICIAS
1- ANP autoriza empresa de Eike Batista a exportar petróleo
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a OGX Petróleo e Gás, empresa do conglomerado de energia de Eike Batista, a fazer exportação de petróleo. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União. OGX estima que as importações poderão chegar a US$ 40 bilhões em 2015, podendo chegar a US$ 60 bilhões até 2020.
Neste mês, a MPX, que centraliza as empresas de energia do grupo empresarial de Eike Batista, firmou compromisso com a alemã E.ON para constituição de uma joint venture, que dará origem à maior companhia privada de energia do Brasil. A MPX e E.ON terão, cada uma, 50% de participação na joint venture. A MPX levantará ainda R$ 1 bilhão, por meio de um aumento de capital em que a E.ON participará com investimento de R$ 850 milhões.
Fonte: Economia SC
2- Schlumberger anuncia aumento de 36% em seu lucro
A Schlumberger, empresa franco-americana de serviços petrolíferos, anunciou na última semana um aumento de 36% no lucro do quarto trimestre em relação a um ano antes, para US$ 1,4 bilhão.
A empresa atribuiu o resultado, em parte, a uma forte atividade em águas profundas no Golfo do México e na América Latina, bem como a um aumento da produção de petróleo nos EUA.
Fonte:Valor Econômico
3- BP faz farm-in ao Ceará
A BP fechou farm-in com a Petrobras para aquisição de 40% da participação da estatal no bloco exploratório BM-CE-1, na Bacia de Ceará. A área foi arrematada pela estatal em 2001, na 3ª rodada de licitações da ANP, e até hoje ainda não foi perfurada. A negociação entre as duas empresas já foi aprovada pela ANP.
A Petrobras planeja perfurar dois poços exploratórios no Ceará ao longo do ano. Os trabalhos serão feitos nos blocos BM-CE-1 e BM-CE-2, em águas ultraprofundas. A depender do resultado das campanhas, a petroleira poderá ampliar a perfuração de poços na região.
Disposta a conhecer mais o setor de águas profundas da Bacia do Ceará, a ANP fechou, em 2010, contrato com o consórcio Fugro/Ipex para a aquisição de dados geoquímicos pelo sistema piston core na região. O contrato foi orçado em R$ 13 milhões e previa a conclusão e entrega dos dados em dezembro do ano passado. A meta era coletar 1.000 amostras de piso oceânico em profundidades que variam de 50 m a 2,5 mil m de lâmina d'água.
Fonte: energia hoje
4- ANP libera campos da OGX
A diretoria da ANP autorizou a OGX a iniciar os trabalhos de desenvolvimento de produção das estruturas que serão compartilhadas pelos campos de Gavião Real e Gavião Azul, ambos na área do antigo bloco PN-T-68, na Bacia do Parnaíba (MA). A petroleira do Grupo EBX pretende produzir o primeiro gás dos campos no segundo semestre.
Na última semana, a petroleira já havia recebido da Secretaria do Meio Ambiente do Maranhão (Sema) a licença de instalação para as áreas. A produção de gás será escoada à UTE Parnaíba (1.500 MW), da MPX, do mesmo grupo. O pico de produção deve atingir até 6 milhões de m³/ dia de gás natural.
O planejamento é que nas próximas semanas seja iniciada a construção da Unidade de Tratamento de Gás (UTG) nas proximidades da termelétrica. Na UGT será realizado o tratamento para remover líquidos do gás produzido, além de filtrar e aquecer. O investimento total das instalações será de cerca de R$ 110 milhões.
Fonte: energia hoje
5- Angolana anuncia descoberta no pré-sal da bacia de Campos
Fonte: Folha de São Paulo
A Sonangol Starfish, resultado da compra da brasileira Starfish pela angolana Sonangol, descobriu indícios de petróleo no pré-sal da bacia de Campos, no bloco C-M-622. Outro poço já havia sido perfurado anteriormente no mesmo bloco, em profundidade maior, mas sem sucesso.
A empresa informou à ANP (Agência Nacional do Petróleo) que encontrou indícios de petróleo em dois reservatórios com a perfuração de apenas um poço, o 6STAR24PRJS, nas profundidades de 4.700 metros e 5.200 metros, segundo informações da companhia. O poço foi denominado Gaivota.
A Sonangol Starfish é a sexta produtora de petróleo no Brasil, de acordo com ranking da ANP, com produção de 832 barris diários e 1,6 milhão de metros cúbicos de gás natural.
Originalmente a Starfish era composta por ex-funcionários da Petrobras e produzia petróleo em blocos terrestres. A empresa foi adquirida pela petrolífera angolana em 2010, por US$ 200 milhões.
II – COMENTÁRIOS
1- Gabrielli diz que Graça está apta a dirigir a Petrobras
"A Graça vai tocar isso de ouvido", afirmou Sergio Gabrielli sobre os desafios que aguardam sua sucessora na presidência da Petrobras, ao mesmo tempo em que falava que vai "partir para outro estilo de vida", ontem em entrevista no Forum Mundial de Economia.
Para Gabrielli, o grande desafio da Petrobras "é levar a cadeia de fornecedores a investir para atender aos projetos da maior companhia da América Latina". "Tem de estimular o fornecedor do fornecedor do fornecedor", afirmou.
Ele recusa a idéia de relaxamento nas exigências de conteúdo nacional para a produção de equipamentos afim de atender a Petrobras. Diz que os problemas de atraso na entrega de sondas e outros equipamentos são todos internacionais, originários por companhias abaladas pela crise financeira. "A crise de 2008 e do euro afetou a Petrobras por ai, mas não a exigência do conteúdo local, que vai melhorar a situação", afirmou.
Para o executivo, a Petrobras precisará consolidar também as 50 redes temáticas nas universidades brasileiras para desenvolver pesquisas e atender a demandas tecnológicas dos fornecedores, por exemplo. Outro desafio será fazer a transferência de conhecimento e retenção de pessoal, quando se sabe que 52% dos funcionários da Petrobras tem menos de dez anos na empresa e que o mercado está aquecido e a busca por mão de obra qualificada é grande.
Com relação ao plano de investimentos até 2014, de US$ 225 bilhões, Gabrielli admite que a geração de caixa está pouco abaixo da prevista, por causa do câmbio e do aumento de custo inesperado. Por exemplo, se o preço do barril de petróleo estivesse em US$ 95, estaria gerando fluxo de caixa de US$ 140 bilhões mas, como todas as empresas de petróleo estão investindo e aqueceram o mercado, os custos tanto operacional como de investimento aumentaram.
Também acha que a Petrobras precisará de uma operação de financiamento um pouco diferenciada. Terá de buscar mais bancos não europeus para emissões de títulos de dívida, porque a captação está menor no velho continente. Outro caminho será buscar financiamento junto a bancos de desenvolvimento, desde o BNDES ao banco chinês e agências de crédito a exportação.
Nos próximos dois anos, a nova presidente vai comandar um plano de venda de ativos de US$ 14 bilhoes no mundo todo.
Indagado sobre a reação do mercado financeiro, que fez a ação da Petrobras valorizar 10% após o anúncio de sua substituição, o executivo disse que não foi nenhuma surpresa. Ele defende que investidores de curtíssimo prazo aproveitaram para ganhar dinheiro.
Gabrielli considera, em todo caso, que no curto prazo tudo o que a empresa tiver em caixa vai para investimentos, e não será geradora de dividendos. "Investir na Petrobras é investir no longo prazo." E nota que o preço da ação está barato. Estima que em quatro anos a Petrobras terá o equivalente a 30 bilhoes de barris de reservas. Como o valor de mercado da empresa hoje está em torno de US$ 169 bilhoes, isso significa US$ 5,3 por barril de reservada comprovada.
Gabrielli participou pela nona vez do Fórum Mundial de Economia. Ele esteve no encontro da "Comunidade de óleo e gás", fora do fórum, reunindo os dirigentes das empresas de petróleo. "Quem sabe venho ano que vem para atrair investidor para a Bahia", brincou.
Fonte: Valor Econômico/Por Assis Moreira | De Davos
2- Finep terá linha de crédito progressiva para empresas que investem em inovação tecnológica
Fonte: Agência Brasil
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação prepara uma nova linha de crédito, a Conta Especial Inova Brasil. Por ela, serão concedidos empréstimos subsidiados a empresas que invistam em pesquisa e desenvolvimento. A idéia é conceder linhas de crédito durante cinco anos, aumentando o aporte de recursos para as empresas que inovem conforme as metas do governo.
“Vamos oferecer crédito às empresas para que trabalhem tecnologia, mas condicionado a uma série de metas. Se cumprirem as metas, terão mais crédito. Isso faz com que se esforcem mais para conseguir mais crédito”, disse o presidente da Finep, Glauco Arbix. Ele falou à "Agência Brasil" após a primeira audiência concedida pelo novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp.
Entre as metas, Arbix antecipou que será estimulado o aumento do nível de qualificação de pessoal (acima de 10% da média do setor), além da contratação de pequenas empresas de base tecnológica como fornecedores e de institutos, universidades ou departamentos acadêmicos para desenvolverem pesquisas. Também está prevista a internalização de processos de tecnologia que hoje são comprados no exterior. No total, o aponte de recursos pode chegar a 135% do crédito inicialmente contratado.
Os empréstimos, até R$ 200 milhões por operação, serão liberados durante cinco anos, a uma taxa de juros anual de 4% (abaixo do percentual do centro da meta de inflação para 2012, 4,5%), com carência de três anos e prazo de pagamento de dez anos. O dinheiro tem como fonte o Tesouro Nacional, e será liberado por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em julho de 2009 como política anticíclica contra os efeitos da crise econômica mundial. A pretensão da Finep é que R$ 6 bilhões do PSI estejam disponíveis (60% acima do estabelecido em 2011).
De acordo com Glauco Arbix, o empréstimo “não é para qualquer projeto. Quanto maior o risco tecnológico, melhores são as condições que as empresas vão encontrar na Finep”. O dinheiro estará disponível para diversos setores econômicos. “Nenhuma empresa que queira inovar no Brasil vai ficar sem o apoio da Finep. Nenhuma empresa que procura tecnologia vai ficar sem apoio”, disse.
A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015 tem como prioritários os setores de tecnologia da informação e comunicação; fármacos e complexo industrial da saúde; petróleo e gás; complexo industrial da defesa e indústria aeroespacial; além das empresas que trabalham com a “economia verde”, como energia limpa. “Para esses setores, vamos trabalhar de forma mais integrada, mais rápida, e é possível que tenhamos melhores condições”, anunciou o presidente da Finep.
Conforme Arbix, o dinheiro da Conta Especial Inova Brasil não será contingenciado pelo governo, pois é recurso de investimento, e não de custeio. Arbix prevê para os próximos dias o anúncio da linha de crédito, após decisão do Ministério da Fazenda e da Presidência da República. A concessão de empréstimos com recursos do Tesouro Nacional (incluindo o PSI) e o custo fiscal dessas operações estão sob análise do Tribunal de Contas da União (Processo 022.684/2010-7).
3- Não, não temos mais etanol
O Brasil ficou anos torrando a paciência dos americanos para que eliminassem os subsídios à produção do etanol de milho e suspendessem a tarifa de importação cobrada sobre o nosso álcool de cana.
Pois os americanos fizeram melhor. O presidente Barack Obama, como parte do programa de redução da poluição, determinou o aumento progressivo da mistura de etanol na gasolina americana e o Congresso eliminou subsídios e a tarifa de importação.
Ou seja, aumentaram a perspectiva de consumo de etanol e derrubaram as barreiras que protegiam o combustível do milho. Pois neste momento o Brasil não tem etanol para exportar, enquanto as usinas estão com 30% da capacidade ociosa. Pior: o País precisou importar etanol americano, pois o plantio de cana e, pois, a produção do álcool estão em queda.
Pode haver desastre maior? Reparem: o Brasil é bom em toda essa cadeia. Sabe produzir cana de qualidade (e a preço competitivo), tem a tecnologia de construção de usinas e entrega um etanol eficiente e que efetivamente substitui a gasolina.
Além disso, desenvolveu-se aqui a excelente tecnologia dos motores flex. Logo, podemos exportar açúcar (o que se faz), etanol, as usinas,os carros flex e sua tecnologia.
Pois está faltando cana e etanol, competitivos internacionalmente. Os carros produzidos aqui são atrasados e caros. Porém, mesmo que fossem competitivos nos países desenvolvidos, como oferecer o veículo sem o combustível que o torna vantajoso?
O ex-presidente Lula fez um barulho danado atacando o produto americano e alardeando o biocombustível verde-amarelo. Disse que o Brasil estava pronto para inundar o mundo. De fato, havia e há oportunidades. Hoje, por exemplo, no mundo, o etanol substitui cerca de 5% da gasolina, segundo notou o professor José Goldemberg, em artigo neste Estadão. E deve substituir 20% antes de 2020, considerados os programas em andamento especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
Eis uma oportunidade não aproveitada, por falta de uma política consistente. A produção brasileira de etanol está em queda acentuada (30 bilhões de litros no ano passado; 24 bilhões neste). Causa: o preço não oferece rentabilidade adequada aos produtores.
A história do enorme equívoco começa na gasolina, cujo preço interno o governo mantém praticamente congelado, apesar da alta internacional. Isso impõe um prejuízo à Petrobrás, mas segura a inflação num quesito que os consumidores prestam muita atenção.
Ora, o uso do etanol só compensa se custar 70% do preço da gasolina. Quando está mais alto do que isso,o consumidor vai para a gasolina e derruba a demanda por álcool. Por isso, aliás, o governo tem dito que pretende forçar para baixo o preço do álcool.
Ocorre que, com isso, o álcool, basicamente produzido no setor privado, perde rentabilidade. Os preços do setor agrícola tiveram alta acentuada nos últimos anos, em consequência de expressivo aumento no consumo de alimentos.
Há especulação no setor, mas o essencial está no mercado real: as pessoas, especialmente no mundo emergente, estão ganhando renda, indo para as cidades e comendo mais. A produção não acompanhou a velocidade.
Para simplificar, aqui no Brasil subiram os preços da terra e dos insumos - compensados, nas commodities globais, pela alta das cotações internacionais. Mas o preço do etanol ficou artificialmente empurrado para baixo.
Além disso, uma política de controle ambiental deveria mesmo impor custos ao uso da gasolina poluidora - como, aliás, fazem muitos países. Pois o governo brasileiro está conseguindo a proeza de fazer tudo pelo avesso: barateia e incentiva ou soda gasolina, sendo o país com o maior potencial de produção de biocombustível.
Isso é falta de visão de longo prazo. É governar no dia a dia, quebrando um galho aqui, outro ali. Recentemente, o BNDES abriu uma linha de financiamento para renovação dos canaviais.
Pouco dinheiro e atrasado, diz o pessoal do setor. E sabem o que mais? O governo já está empurrando a Petrobrás para o álcool. Não será surpresa se resolver ampliar a estatização do setor. E aí mesmo é que vai sobrar etanol, não é?
Carlos A. Sardenberg Jornalista